O motor do Sucatão ronca e emerge da garagem, aquecendo os pneus na madrugada fria do asfalto de sexta-feira. Ligo o rádio e Lady Gaga surge na cabine do carro cantando “Bad Romance”. A velocidade faz o vento sussurrar rouco o nosso destino: Vila Mimosa, onde moram o sexo e todos os vícios humanos.
Lady Gaga...
O movimento me surpreendeu. As galerias estavam vivas, com amazonas e gladiadores buscando cada um o seu prêmio. No entanto, para mim, a Vila Mimosa hoje é mais nostalgia do que um desejo de estar ali. Ainda pude conhecer a VM quando ficava no terreno onde atualmente está a estação do metrô do Estácio, era literalmente uma vila com casas precaríssimas e oferecendo os riscos que desafiam os bravos. Já na Praça da Bandeira, pude ver mulheres belíssimas há uns 10 anos. Nestes novos tempo, é raro observar mulheres tops seja em que local for.
Fui caminhando pelos paralelepípedos da rua Sotero Reis sem nenhuma pretensão que fosse além de passar o tempo. De repente, vejo uma loira de olhos verdes, esguia, de compridos cabelos finos e esvoaçantes descendo os degraus da casa 46. A visão inesperada me paralisou. Pingava sensualidade pelas pedras em que pisava. Não digo que seja linda, mas é dona de um magnetismo avassalador. Decidi segui-la junto com as centenas de olhares masculinos que acompanhavam a sua passagem. No meio do corredor de uma das galerias, decidi interceptá-la.
Karin seu nome. Gaúcha de Cruz Alta, 23 anos, um sotaque forte dos pampas, havia chegado na Mimosa naquela mesma semana. Uma sedutora. Perguntei se atendia fora dali e combinamos o valor de 150 reais por duas horas. Fui para o Hotel Bariloche, na rua Hadock Lobo, um santuário Tijucano.
Ao entrar no quarto, a menina não me negou generoso beijos na boca com um enroscar de línguas que quase alcançava minhas cordas vocais. A mulher possui uma língua alienígena. Tirou a pouca roupa que a cobria revelando seus seis em forma de peras, sua barriga sarada e um par de cochas grossas que sustentavam uma bunda esférica onde poderíamos desenhar o mapa mundi. Uma bela fêmea.
O boquete da menina, talvez pela língua privilegiada, é uma experiência espírita. A cada engolida que ela me dava, eu me sentia saindo do corpo e flutuando invulnerável sobre o morro do Turano. Eu alerto, estimado leitor, é quase impossível não gozar naquela boca, mas vale a pena tentar. Ela fica de quatro e a bunda emoldurada pela marca de um fio dental comove meus olhos, uma obra renascentista, um desenho de Da Vinci. Penetro naquela vagina como quem entra numa igreja barroca. Karin geme alto. Começo a socar num ritmo suave e aumento as batidas à medida que o som do coito me empolga. Resistir é inútil. Gozei um pedaço da alma e caí semi-inconsciente sobre a cama.
Deixei a menina novamente na Vila com a promessa de retorno. Voltei para casa dirigindo devagar, sentindo o entusiasmo da juventude desopilar minhas veias cansadas. Ligo o rádio e lanço meu corpo a som da música. Para o libertino, o sexo é ressureição.
World, hold on...