A verdade é que sou um romântico impossível. Já chorei por mulher me abandonando (merecidamente) mais de uma vez. Mais de uma vez peguei ônibus com cheque especial, horas de estrada de madrugada com gorda ao meu lado não deixando eu dormir, para eu passar o dia inteiro com um amor, o tempo mostrou, impossível.
O meu limite era financeiro. Não só pela pobreza, mas não aguentava a idéia de vantagens materiais ser um motivo para uma mulher estar nua de joelhos aos meus pés.
Ficava feliz, mas a um preço alto e as vezes literal. Nada que os mais velhos não tenham passado ou (dado o grande número de casados) ainda passam.
O tempo eventualmente endurece, caleja a alma. O coração escurece, começa a lembrar mais uma válvula do que um desenho fofo. A paciência acaba, o tempo torna-se mais valioso, fiquei mais a vontade para dar conselhos não solicitados e mais apegads a ser chamado de "senhor".
De tempos em tempos conheço alguém que poderia considerar especial. A cada pessoal especial, o especial fica menos especial. Quando penso nos futuros gastos financeiros, de tempo, paciência, e seus respectivos custos de oportunidade, já desanimo. Em resumo, prefiro não comer. Gosto de tratar bem e não cedo nada que vá além do poder aquisitivo dela. Nunca fui mas longe do que um bom restaurante para uma moradora de bairro nobre, e os presentes e gentilezas dados por ela superam meus gastos.
Eu fazia terapia. Não há nenhuma estória triste, apenas cismas mal resolvidas. Nos últimos meses a coisa parecia não evoluir tanto quanto nos anos anteriores. Parecia algo mais remediativo do que algum conhecimento catártico. Parecia que eu estava mais desabafando do que evoluindo. Resolvi dar um tempo.
Achei que voltar a fazer música poderia ajudar a me sentir bem. Arteterapia é subestimada. Para mim sempre fez um bem difícil de por em palavras. Música é um hobby caro e só tem graça quando toma boa parte do tempo. Há todo tipo de terapia. Dizem que surf cura qualquer dia ruim. Motociclistas dizem o mesmo sobre si.
Verificando que o preço da hora de um bom terapeuta, veja você, está curiosamente igual aos de putas, resolvi experimentar. Putaterapia. Se for para pagar para ser ouvido por alguém, ter boquete melhora, imagino.
Estou surpreso em como há pouca diferença em uma foda com uma GP e uma civil. Quando não é uma puta chata que não entende que objetificação é também adoração, acho que é ainda melhor que civil. Tem putas hoje em dia que são quase gueixas. Oferecem água, cerveja, antes e depois da massagem com oral até o final.
É também prático, e dá menos dor de cabeça. Vejo o catálogo de corpos, se uma me agradar, pago pela foda bem dada, para ir embora, para não me procurarem com D.R. quando quero ficar sozinho. E ainda há variedade. É melhor assim. No final das contas e da vida, a gente só quer paz, um boquete até o final, e não ter motivo para escrever um TD negativo.
Obrigado pela paciência de ler este idoso alcoólatra funcional em negação.