Jazz - Autor: Maestro Alex

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Jazz - Autor: Maestro Alex

#1 Mensagem por Maestro Alex » 02 Nov 2005, 21:36

Ele pensou em ligar pra ela novamente, dizer que não era bem assim, que a amava, que precisava dela... mas foi um pensamento breve, passou e ele desistiu, mesmo porque ela já sabia de tudo o que ele tinha a dizer. Sabia e não dava a mínima. Sabia e o tinha mandado à merda. Desligou o telefone, desligou-se dele. Ele que fosse pro inferno, foi o que ela disse.
Ficou ali com os pés sobre a mesa olhando profusamente para o aparelho telefônico imaginando se houvera mesmo a conversa de há pouco. Acendeu um cigarro, pigarreou, colocou uma velha fita K-7 no Philips. Pensou que já era hora de se render ao CD. Descartou a idéia. Puxou um cinzeiro de vidro e esperou. Passou um tempo quase prolixo e aí a música começou. E era Charlie Parker. Achou então que foi um tempo que não pesou esperar.
Pensou em resignar-se. Pensou em ajoelhar-se e rezar o rosário. Pensou em emudecer pro resto da vida. Pensou em outras mulheres e sugou a fumaça pra dentro do peito. Pensou em se matar. Pensou em roubar um banco. Pensou em ver um filme. Pensou em tirar segunda via de identidade. Pensou em comprar um quadro de Gauguin. Pensou em estudar Brahms. Pensou em não pensar em nada e soltou uma fumaça disforme.
Ufanou-se da sua coleção de livros do Borges, todos com capa verde, edição de luxo. Achou sua unha do pé grande demais. Achou-se combativo e hostil ao mesmo tempo. Calculou não haver mais muitos como ele. Concluiu que o Jazz era ainda um dos poucos lampejos de decência da humanidade. Teve pena da história de Rodney King. Marejou os olhos ao lembrar a letra de "O Bêbado e o Equilibrista". Achou graça de pensar em tantos paradoxos. Sentiu-se pedante e sorriu entre o fog do cigarro.
Sentiu fome mas nada fez a respeito. Ouviu de além-da-janela o barulho de crianças brincando na rua. Teve vontade de ver mas permaneceu ali sentado com os pés sobre a mesa e o cigarro já quase diluído a ponto de queimar-lhe entre os dedos. Praguejou contra a Souza Cruz. Bateu as cinzas no cilindro de vidro. Sentiu náuseas. Quase vomitou. Conteve-se. Suava Frio.
Refletiu sobre sua vida. Lembrou da infância, dos inúmeros álbuns de cromos, das bandeirinhas, jogos de botão, brinquedos Revel, mangás, Capitão Sete, Vila Sésamo, Ultraman, Ultraseven, Shazam & Cia, Joe O Fugitivo, Corrida Maluca. Sentiu seu hálito forte. Entregou-se à brisa que entrava com a noite. Tomou fôlego e sucumbiu à ideia de viver ainda um pouco mais.

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Ridi, Pagliacci
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#2 Mensagem por Ridi, Pagliacci » 11 Jan 2006, 17:11

Maestroalex, PARABÉNS !!!!!!

Gostei muito de ler seu texto.

Você fez uma RELEITURA de um excelente texto de William Saroyan, na obra que o lançou no caminho de uma certa fama literária. Se isso foi intencional ou não, se foi por mero acaso, isso não retira nenhum valor de seu texto. Segue link e pequeno excêrto do paradigma.

Não estou tirando o mérito de seu trabalho, até porque, releitura é muito "fashion", vivemos numa época onde se revisitam desde King Kong até Titanic, e efetuar releituras é capturar a essência de uma obra, agregando algo de novo, refrescante.

No caso da obra paradigma, a nota dominante é a recessão americana de 1929, o fim é trágico. Você transpõe as escalas, o seu contra-forte é a desilusão amorosa mas a mensagem é de radiosa esperança.

Enquanto Saroyan estabelece que a literatura, a palavra escrita, é a expressão máxima da humanidade, você elege o Jazz, essa genial forma de comunicação musical, seria um dos únicos, ou único, lampejo de decência na humanidade.

Mas ambos rodearam em torno de literatura e jazz...



Abraços !!!!!! E continue firme, vou acompanhar sua produção... !!!




http://208.177.152.139:16080/~bedrosaf/ ... apeze.html

Horizontally wakeful amid universal widths, practicing laughter and mirth, satire, the end of all, Rome and yes of Babylon, clenched teeth, remembrance, much warmth volcanic, the streets of Paris, the plains of Jericho, much gliding as of reptile in abstraction, a gallery of water-colours, the sea and the fish with eyes, symphony, a table in the corner of the Eiffel Tower, jazz at the opera house, alarm clock and the tap dancing of doom, conversation with a tree, the river Nile, the roar of Dostoyevsky, and the dark sun.

This earth, the face of one who lived, the form without the weight, weeping upon snow, white music, the magnified flower twice the size of the universe, black clouds, the caged panther staring, deathless space, Mr. Eliot with rolled sleeves baking bread, Flaubert and Guy de Maupassant, a wordless rhyme of early meaning, Finlandia, mathematics highly polished and slick as a green onion to the teeth, Jerusalem, the path to paradox.

The deep song of man, the sly whisper of someone unseen but vaguely known, hurricane in the cornfield, a game of chess, hush the queen, the king, Karl Franz, black Titanic, Mr. Chaplin weeping, Stalin, Hitler, a multitude of Jews, tomorrow is Monday, no dancing in the streets.

O swift moment of life: it is ended, again the earth is now.


(...)



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Maestro Alex
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#3 Mensagem por Maestro Alex » 11 Jan 2006, 17:17

muito obrigado nobre colega Pagliaccio... sim alguma coisa existe disso...
e de tantos outros... só quis passar um momento de spleen & blues...

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Ridi, Pagliacci
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#4 Mensagem por Ridi, Pagliacci » 11 Jan 2006, 17:46

Dei uma passeada de olhos na sua obra recente (só o que está na primeira página...).

Estatuto do Cafajeste: Um scherzo, um chiste literário. ÓTIMO !

UM CONTO DE PUTARIA ESCRITO POR MEMBROS DO GPGUIA: Esse, não podemos dizer que é propriamente literatura, mas sim uma INSTALAÇÃO!!! O povo foi passando e agregando. No caos está o divino, e no divino estamos nós.

Mas, me lembrou demais o teorema dos macacos.

Um milhão de macacos, datilografando um milhão de teclados... você deve estar familiarizado com o conceito.

Sendo você um leitor de Jorge Luiz Borges (porque no seu subsconsciente, o elegeu como sintese literária), sabe que este praticou "La biblioteca total" e "la biblioteca de babel", que são exercícios em torno do tema.

Sexo aos 13 anos em 1970: Uma provocação, que rendeu resultados, muito embora ninguém tenha querido praticar essa espécie de regressão literário-hipnótica, ao menos não que eu tenha notado.


É, o GPGUIA é tão maior do que as pessoas inicialmente imaginam que ele seja... nós, milhões de macacos, digitando milhões de teclados, produzimos coisas impensáveis para o "meio" em que estamos. Para Beethoven, a "Nona" eram ruídos distantes, que captava em algum lugar infinito e fazia reverberar no solfejo. No fim, todos somos Beethoven, só não conseguimos estar sempre sintonizados numa faixa de onda só.

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Maestro Alex
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#5 Mensagem por Maestro Alex » 11 Jan 2006, 18:03

Ridi, Pagliacci escreveu:Dei uma passeada de olhos na sua obra recente (só o que está na primeira página...).

Estatuto do Cafajeste: Um scherzo, um chiste literário. ÓTIMO !

UM CONTO DE PUTARIA ESCRITO POR MEMBROS DO GPGUIA: Esse, não podemos dizer que é propriamente literatura, mas sim uma INSTALAÇÃO!!! O povo foi passando e agregando. No caos está o divino, e no divino estamos nós.

Mas, me lembrou demais o teorema dos macacos.

Um milhão de macacos, datilografando um milhão de teclados... você deve estar familiarizado com o conceito.

Sendo você um leitor de Jorge Luiz Borges (porque no seu subsconsciente, o elegeu como sintese literária), sabe que este praticou "La biblioteca total" e "la biblioteca de babel", que são exercícios em torno do tema.

Sexo aos 13 anos em 1970: Uma provocação, que rendeu resultados, muito embora ninguém tenha querido praticar essa espécie de regressão literário-hipnótica, ao menos não que eu tenha notado.


É, o GPGUIA é tão maior do que as pessoas inicialmente imaginam que ele seja... nós, milhões de macacos, digitando milhões de teclados, produzimos coisas impensáveis para o "meio" em que estamos. Para Beethoven, a "Nona" eram ruídos distantes, que captava em algum lugar infinito e fazia reverberar no solfejo. No fim, todos somos Beethoven, só não conseguimos estar sempre sintonizados numa faixa de onda só.
Meu caro Palhaço...
a seguir um poema sobre lilith... escrevi pensando nela... será que alguma das nossas GP´s assim se sentem? esta na versão original no meu site... no meu idioma(postei hoje)... por tanto podem existir alguns erros...
na realidade isto veio de uma lembrança que tive de uma noite de muita bebida e sexo com uma bela PUTA, na época eram assim mesmo... lá pelos anos 80 num belo Bordel Parisino... Nunca vou esquecer do momento em que já pra lá de Bagdad ela começou com o papo de que se sentia LILITH, num papo depressivo...



SOU A ETERNA LUTADORA DAS MIL BATALHAS
SOU A SEM TERRA SEM TER SIDO NUNCA AMADA
SOU A DONA DO TEU SANGUE
SOU LILITH A DEUSA SOBERANA

ME DESEJAM TODOS MAS TODOS ME ODEIAM
ME PROCURAM SEM SABER MUITO BEM QUE CONSEGUIRÃO
SOMENTE DESEJAM USAR-ME COMO UM OBJETO, MAS...
ACREDITAM QUE SOU A PUTA DAS TREVAS
E NINGUEM SABE O QUE VAI ACHAR

SOU LUXURIA E PERVERSÃO
SOU VINGANÇA SOU O PODER
SOU A ESSÊNCIA FEMININA EM TODA SUA PLENITUDE
SOU O QUE DEVE SER TODA MULHER

SOU LILITH

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#6 Mensagem por ElPatrio » 12 Jan 2006, 02:16

E por falar em palhaços e literatura isso me fez lembrar de uma historieta onde o Coringa trava um diálogo com o Batman, se não me engano, dentro do Asilo Arkan. O Coringa conta a seguinte história:

Um psicólogo recebe a visita de um paciente que adentra a seu consultório pela primeira vez. O paciente é atendido e o psicólogo lhe faz a pergunta:

- Oq te traz aqui ? Conte-me qual sua situação?

- Doutor, estou sofrendo de forte depressão, preciso de ajuda.

- Mas quais são os sintomas?

- Sinto-me solitário e profundamente triste, diz o paciente com lágrimas nos olhos.

- Meu filho, não se preocupe, hoje a noite todos seus males serão curados.

- Mas como, doutor?

- Vc não está sabendo? Já vi que vc não é desta cidade. O Circo está aqui onde o grande Pagliacci fará sua apresentação para alegrar a todos. Vc deve ir a este circo. Lá vc esquecerá de todas as suas amarguras, diz o médico sorridente e seguro de si.

- Mas doutor...o Pagliacci sou eu.

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#7 Mensagem por Ridi, Pagliacci » 12 Jan 2006, 10:23

Valeu aí Elpatrio !!!

Sei lá, vai ver eu estou com síndrome de esfinge do Egito, "Decifra-me ou devoro-te".

Mas o que você está fazendo "solto" ?

Volta já pro hospício !!!! hehehe clica aí que você volta "spresso": http://www.gp-guia.net/phpbb2/viewtopic. ... 820#302820

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Puro jazz

#8 Mensagem por MaosDeFada » 13 Jan 2006, 22:03

Parabéns, Maestroalex.
E era Charlie Parker...
... Concluiu que o Jazz era ainda um dos poucos lampejos de decência da humanidade.
Eu estava ouvindo um jazz quando li este tópico.
Não era o sax alto, (daí seria demais, né?) mas Ella Fitzgerald interpretando Cole Porter.
Adorei a coincidência.

Obrigada pelo momento cultural.

Mãos De Fada

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Re: Puro jazz

#9 Mensagem por Maestro Alex » 14 Jan 2006, 00:24

MaosDeFada escreveu:Parabéns, Maestroalex.
E era Charlie Parker...
... Concluiu que o Jazz era ainda um dos poucos lampejos de decência da humanidade.
Eu estava ouvindo um jazz quando li este tópico.
Não era o sax alto, (daí seria demais, né?) mas Ella Fitzgerald interpretando Cole Porter.
Adorei a coincidência.

Obrigada pelo momento cultural.

Mãos De Fada
Agradecido pelo seu carinho na leitura... :wink:

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Moore

#10 Mensagem por Compson » 22 Jan 2006, 21:26

ElPatrio escreveu:E por falar em palhaços e literatura isso me fez lembrar de uma historieta onde o Coringa trava um diálogo com o Batman, se não me engano, dentro do Asilo Arkan. O Coringa conta a seguinte história:

Um psicólogo recebe a visita de um paciente que adentra a seu consultório pela primeira vez. O paciente é atendido e o psicólogo lhe faz a pergunta:

- Oq te traz aqui ? Conte-me qual sua situação?

- Doutor, estou sofrendo de forte depressão, preciso de ajuda.

- Mas quais são os sintomas?

- Sinto-me solitário e profundamente triste, diz o paciente com lágrimas nos olhos.

- Meu filho, não se preocupe, hoje a noite todos seus males serão curados.

- Mas como, doutor?

- Vc não está sabendo? Já vi que vc não é desta cidade. O Circo está aqui onde o grande Pagliacci fará sua apresentação para alegrar a todos. Vc deve ir a este circo. Lá vc esquecerá de todas as suas amarguras, diz o médico sorridente e seguro de si.

- Mas doutor...o Pagliacci sou eu.
Caro ElPatrio, a citação é pertinente, mas, se eu ñ me engano, ñ é do Coringa. É do Rorschach, no segundo volume de Watchmen, após o enterro do Comediante. Estou certo???

Desculpe a chatice.

Abraços,

L.V.V.

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