A respeito de pinga, vejam só o que podemos encontrar no Paraná:
As histórias fantásticas do engarrafador de cobras
Depois de 25 anos como proprietário de um bar na beira do Rio do Nunes, em Morretes, Cláudio Los, de 71 anos, vendeu o ponto e tornou-se dono de uma pequena criação de galinhas. Há 10 meses na nova vida, Los, porém, continua a carregar a fama de quando era dono do botequim. Na região, é conhecido por fabricar “a mais venenosa das marvadas”: uma pinga de cobra.
Claúdio Los, de 71 anos, começou a fabricar a pinga curtida na cobra a pedido de um senhor que afirmava que essa cachaça curava gota
Pelos idos de 1990, ele não se lembra ao certo, um morador da cidade que estava doente requisitou a fabricação da bebida, com o fim de que, acreditava o enfermo, curasse seu problema de gota. “Não sei quem disse pra ele que curava. Mas como ele iria me pagar, eu fiz”, conta Los. “Acharam duas jararacas e me trouxeram. Cortei dois centímetros para baixo da cabeça e dois centímetros do rabo e coloquei cada uma numa garrafa com cachaça. Ele comprou uma e a outra ficou no bar.”
Apesar de não ter visto se o senhor de fato tomou a bebida, Los decidiu, meio que por insistência, que iria vender a tal pinga. Afinal, o tal senhor continuava vivo e a cachaça não teria causado mal algum a ele. Numa tarde, apareceram dois motoqueiros no bar e viram a bebida no balcão. “Na hora, eu quis recusar. Mas depois, como eles insistiram, eu fiz um copo para cada. Quando eles saíram, olhei o céu pela janela e pensei: agora está na mão de Deus!”, disse ele, preocupado que um possível resquício do veneno pudesse fazer mal aos dois.
No dia seguinte, para alívio do comerciante, os dois motoqueiros reapareceram no bar e voltaram a pedir a bebida. “Depois daquilo, cada vez mais pessoas iam ao bar só pra tomar a pinga”, diz Los. O Bar do Nunes foi se tornando, então, conhecido pela cachaça à base de cobra.
Situações estranhas e constrangedoras por causa da bebida é o que Los mais tem para contar. Segundo ele, reza a lenda que a pinga de cobra ajuda homens com impotência. “Vai ver que o problema do outro lá não era gota. Já vi muita mulher aqui pedindo pro marido tomar”, divirte-se Los.
Enquanto alguns duvidavam que a cobra era de verdade, outros tomavam a bebida por engano. Foi o caso de um senhor que chegou ao bar e pediu uma pinga venenosa. “Eu servi a pinga de cobra. Achei que ele conhecesse. Muita gente pedia assim. Depois de tomar, ele olhou pra garrafa e perguntou: mas o que é isso aí dentro? Quando eu falei, ele ficou amarelo. Achei que o homem ia ter um treco.”
Segundo Cláudio Los, as cobras boas para a pinga são aquelas que estão com a barriga vazia. “Se alguma tiver com barriga grande, não adianta: senão suja a pinga.” Outro segredo é sempre cortar a cabeça e o rabo do animal, porque, segundo ele, é onde fica o veneno. “Me falaram que o veneno fica na cabeça. Então, eu sempre tirei fora pra não dar problema.”
Depois de 15 anos comercializando a bebida, Los, no entanto, revela um segredo. Seria ele próprio um ávido fã da pinga de cobra? “Eu não sou nem louco. Nunca tomei”. Los ainda faz a bebida para o novo dono do bar. No momento, porém, “as cobras estão em falta no mercado”, afirma ele, que diz só usar cobras mortas que lhes são levadas por conhecidos.
Retirado de
http://canais.ondarpc.com.br/verao/noti ... ?id=541878
Warum, O Senhor das Moscas