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MISSA DO ORFANATO DE MOZART

#196 Mensagem por wheresgrelo » 21 Mai 2006, 20:48

maestroalex escreveu:definitivamente Réquiem de Mozart... :wink:
Uma dúvida que me acompanha desde tenra idade. Assistí à Missa do Orfanato do Ballet Corpo de Belo Horizonte (sou natural de lá).

Afinal, que catso de Sinfonia é essa que nunca encontrei em lugar nenhum do mundo para comprar em CD, ou DVD, ou FITA, ou LP, nem achei prá baixar no KAZAA????

Missa do Orfanato de Mozart é qual peça????

Obrigado... Putaria também é cultura...

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Re: MISSA DO ORFANATO DE MOZART

#197 Mensagem por Maestro Alex » 21 Mai 2006, 21:00

wheresgrelo escreveu:
maestroalex escreveu:definitivamente Réquiem de Mozart... :wink:
Uma dúvida que me acompanha desde tenra idade. Assistí à Missa do Orfanato do Ballet Corpo de Belo Horizonte (sou natural de lá).

Afinal, que catso de Sinfonia é essa que nunca encontrei em lugar nenhum do mundo para comprar em CD, ou DVD, ou FITA, ou LP, nem achei prá baixar no KAZAA????

Missa do Orfanato de Mozart é qual peça????

Obrigado... Putaria também é cultura...
“Missa do Orfanato” K. 139

Sobre Mozart...:

"...Em 1776 ele regressa à pátria. Em Viena o jovem Mozart começa a sua carreira de compositor de música religiosa, escrevendo e dirigindo, para a consagração da igreja de um orfanato de Viena, uma missa solene e um ofertório..."

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199 MISSA DO ORFANATO Eder SANTOS Rodrigo PEDERNEIRAS 1989 56' BRESIL

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#198 Mensagem por Maestro Alex » 21 Mai 2006, 21:18

Caro Wheresgrelo...
um site com arquivos midi e mp3-bem completo sobre Mozart (lamento a a k139 não esta disponível...

http://www.nonono.com/mozart.html

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#199 Mensagem por Maestro Alex » 21 Mai 2006, 21:28

Wheresgrelo existe um Cd... mas é para importar...

http://shopping.lycos.co.uk/3957en5617692.html

São 3 cd´s com as Missas de Mozart

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#200 Mensagem por Maestro Alex » 21 Mai 2006, 22:03

Continuando com clássicos...

Gustav Mahler (1860-1911)

De origem judaica, Mahler nasceu na Boêmia em 1860. Seu pai, um comerciante humilde, era dono de destilarias de bebidas e de uma taverna em Iglau. Mahler cresceu num povoado convivendo com diversas manifestações da cultura popular que o marcaram muito, em especial a tradição musical militar e as canções folclóricas.

Começou os estudos de piano de forma irregular e apresentou-se em concerto, pela primeira vez, em 1870, aos dez anos de idade. Um amigo da família persuadiu seu pai a enviá-lo para o Conservatório de Viena. Em 1875, após a entrevista com o diretor, foi imediatamente admitido.

Aos 25 anos regeu a Ópera de Praga, iniciando uma promissora carreira como maestro: Ópera Real de Budapeste (1888), Ópera de Hamburgo (1891) e diretor da Ópera da Corte de Viena (1897-1907). Foi convidado, em 1907, para ser o maestro titular da [Metropolitan Opera de Nova York.]

Sua obra divide-se principalmente em canções e sinfonias. Dando grande destaque ao folclore alemão e austríaco, sua orquestração é vibrante, tentando descrever a força e a grandeza da Natureza. Suas melodias apresentam traços de temas populares. Nesta vertente, destacam-se a Sinfonia n.º 1 em ré maior (Titã 1888), a Sinfonia n.º 2 Ressurreição, assim como as canções que incluem coleções de poesias em estilo folclórico.

As suas últimas composições refletem uma preocupação com a morte, expressa de forma complexa, tanto harmônica como tonal. A música de Mahler transita entre o romântico e o moderno, e sua escrita inovadora exerceu grande influência sobre a geração seguinte, de Schönberg, Webern e Berg.

Principais obras:

Das Klagende Lied
Titã
Ressurreição
Oitava Sinfonia ou Sinfonia dos Mil

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#201 Mensagem por Maestro Alex » 22 Mai 2006, 09:29

continuando com os clássicos:

Franz Joseph Haydn

VIDA

Nasceu em 31 de março de 1732, na cidade austríaca de Rohrau. Morreu em 31 de maio de 1809, em Viena.
Foi um dos maiores compositores do período clássico. É o primeiro nome da tríade "clássica", seguido de Mozart e Beethoven.
Não foi homem de grande cultura, mas de rara inteligência musical. Aproveitou o folclore musical que habitava Viena, ou seja, o folclore musical alemão, tcheco, húngaro, italiano, croata e romeno.
Começou tocando violino em pequenas bandas onde não havia piano ou cravo (ou seja, sem baixo-contínuo) e nenhum dos músicos desempenhava o papel de solista-virtuose. O que valia era o conjunto. Essa independência das cordas em relação ao baixo-contínuo, assim como a importância dada ao conjunto instrumental, fez com que a música barroca chegasse ao fim.
Haydn elabora uma nova polifonia instrumental com a finalidade de dar coesão ao quarteto e à sinfonia, sem o apoio do baixo-contínuo. O princípio de construção será a sonata-forma de Carl Philipp Emanuel Bach que, aperfeiçoada por Haydn, tornou-se a base do classicismo vienense.
Usando só os instrumentos, Haydn fala o idioma da música sacra italiana da época precedente, ou seja, seus temas são cantáveis. É o começo da música moderna.
Os quartetos de Haydn constituem um mundo da música, completo e autônomo, como as cantatas de Bach.
Nota-se a influência de Mozart na segunda fase da sua produção musical.
Sua música sacra é bonita mas sem muita relação com o texto litúrgico. Ela teve grande repercussão, não apenas na Europa como também na América do Sul. No Brasil, a música mineira barroca segue o estilo da música sacra italiana de Haydn.


OBRA

Sinfonias:
Sinfonia nº 45 (Do Adeus);
Sinfonia nº 48 (Maria Teresa) (1769);
Sinfonia nº 99;
Sinfonia nº 102;
Sinfonia nº 104 (London);

Concertos:
Sinfonia Concertante (1794);

Quartetos de cordas:
Os seis do Opus 76;
Os dois do Opus 77;

Obras vocais:
Harmoniemesse (Missa da Banda de Sopros) (1802);

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#202 Mensagem por Maestro Alex » 22 Mai 2006, 11:32

Continuando com a boa música:

IGOR FYOROVICH STRAVINSKY


(Oranienbaum, Russia 14 de Junho de 1882 - Nova York, EUA 06 de Abril de 1971)

Compositor russo naturalizado francês e depois norte-americano. Autodidata, tomou algumas lições de instrumentação com Rimsky-Korsakov e celebrizou-se com três balés apresentados em Paris pela companhia de Diaghlev: O Pássaro de Fogo (1910), Petruchka (1911) e a Sagração da Primavera (1913).

Parecia ser, então, o mais nacionalista dos músicos russos, embora armado de todos os recursos de um radical modernismo musical. Debussy, que ajudou Stravinsky a libertar-se do pitoresco da escola russa, foi influenciado por suas inovações; desta época data especialmente a ópera O Rouxinol.

Em seguida Stravinsky escreveu Renard (1916), A História do Soldado (1918), com um texto francês de Ramuz, que assinala sua ruptura com a escola orquestral russa, e Les noces (1917-1923), cantata dançada.

Aliou-se, durante certo tempo, a Cocteau e ao grupo parisiense dos "six". Já estava então totalmente ocidentalizado. Adotou um estilo neoclassicista, ou então, pré-classicista, procurando inspiração em Handel, Pergolesi e outros mestres antigos, mas sempre com uma dose de ironia e usando os modos de expressão modernos. São deste tempo o balé Pulcinella (1920), Concerto para piano e orquestra de harmonia (1924), o oratório profano Oedipus-Rex (1927), os balés Apollon Musagète (1928), O Beijo da Fada (1928), Jogo de Cartas (1936), a Sinfonia em dó (1940), a Sinfonia dos Salmos (1930) e, mais tarde, no mesmo estilo a ópera A carreira do libertino (1951).

Por volta de 1950, diante do impacto cada vez maior da escola de Viena e de Varése, voltou-se para a música serial: Canticum sacrum (1956) e o balé Agon (1957). Nesta última fase criativa, a inspiração religiosa ocupa um lugar preponderante, especialmente com Threni (1958). Escreveu Crônicas de minha vida (1935) e Poética Musical (1942).

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#203 Mensagem por Maestro Alex » 22 Mai 2006, 14:37

FucaBala escreveu:Desculpem-me grandes conhecedores destes clássicos fantásticos, mas será que nesta imensa biblioteca encontro algo sobre Tchaikovsky? Estava remexendo meus CDs ontem à tarde (onde se tem de tudo, desde axé até música clássica) e encontrei um CD do mesmo que há tempos não ouvia, fiquei curioso e encontrar algo por aqui.
Piotr Ilych Tchaikovsky


No século XIX, o Império Russo era uma organização burocrática de enorme proporções, de fazer inveja à qualquer tentativa brasileira de inchar o estado com funcionários públicos. Em uma modesta repartição pública de Moscou trabalhava um funcionário de nome Piotr - Pedro, em português. Homem gentil, amável e educado, mas sempre meio desligado e com estranhas manias. Uma delas, por exemplo, era o hábito de rasgar pedaços de documentos oficiais para fazer bolinhas de papel para mascar. Certa vez, por distração, mascou um documento inteiro. O nome completo do funcionário? Pyotr Illich Tchaikovsky.

Tchaikovsky nasceu em Vyatka, na Rússia, em 7 de maio de 1840, segundo de uma família de cinco filhos. Ainda criança foi estudar na capital do Império, São Petersburgo, acompanhado por sua mãe. Sua personalidade já tinha as características que viriam a marcar sua vida adulta: muito inteligente e emotivo, embora bastante impetuoso.

Já nessa época de estudante apresentava uma auto-crítica que, no futuro, o faria rasgar muitas de suas partituras, insatisfeito com seu desenvolvimento.
Em sua juventude, por insistência da família, foi estudar Direito e conseguiu um emprego no Ministério da Justiça.

Com pouco mais de vinte anos, porém, mandou a família às favas e foi estudar música no Conservatório de São Petersburgo. Qualquer pessoa nessa idade é considerada, pelos entendidos, como "velha demais" para estudar música. O caso de Tchaikovsky não fugiu à regra. Com vinte e um anos, apesar de conhecer e gostar de Mozart, não sabia quem era Schumann e não tinha a menor idéia de quantas sinfonias Beethoven havia escrito. Todavia, em um gigantesco esforço de trabalho, coordenado por seu professor Anton Rubinstein, fez com que o aluno progredisse rapidamente. Um exemplo: certa vez, Rubinstein pediu-lhe que escrevesse variações sobre um tema de Beethoven. Tchaikovsky passou a noite trabalhando e na manhã seguinte apresentou duzentas.


Seus progressos foram visíveis: em 1866 foi convidado por Nicholas Rubinstein, irmão de Anton, para ser professor no Novo Conservatório de Moscou, cidade para onde se mudou. Datam desse período suas primeiras composições sérias, em especial a Primeira Sinfonia, intitulada "Sonhos de Inverno". O poético título não escondia uma melancolia sempre presente, que nas obras posteriores se transformaria em desespero. Desespero, porém, presente durante o período de composição da sinfonia: o ritmo de trabalho foi tão estafante que Tchaikovsky chegou a ter alucinações, crises nervosas e dores de cabeça a tal ponto que jurou a si mesmo nunca mais escrever música de noite.

Os primeiros dez anos em Moscou foram particularmente difícieis para ele: além das constantes crises de depressão, não obtinha o sucesso desejado. Teve oportunidade de conhecer alguns de seus grandes contemporâneos - Liszt, Tolstoi, Wagner - e desenvolver sua carreira de compositor.
Quarteros de Cordas (1871, 1874 e 1876), Sinfonias (No.2, 1872, and No.3 1875) óperas Francesca da Rimini (1876), Romeo e Julieta (1869), e o famosíssimo Concerto para Piano em Si Bemol Menor de 1874.

Há uma anedota interessante sobre esse concerto, que viria a tornar o nome de Tchaikovsky mundialmente famoso. A obra foi dedicada à Nicholas Rubinstein, que, quando a ouviu pela primeira vez, disse que "duas ou três páginas poderiam se salvar", mas que "o resto tinha de ser refeito". Tchaikovsky não mudou uma linha da partitura, exceto a dedicatória, que foi transferida para o pianista e Maestro Hasn Von Bullow, casado com Cósima Wagner.


Para tentar resolver alguns de seus problemas, decidiu que a melhor solução era casar. Antonina Ivanovana Milyukoff era uma jovem russa que, impressionada pela música de Tchaikovsky, escreveu-lhe uma carta dizendo-se apaixonada. O compositor não pensou duas vezes: casou-se em 6 de julho de 1877, separando-se em menos de um mês.


Sua situação não poderia ser pior: se sua vida pessoal estava em ruínas, tampouco sua vida profissional estava em seus melhores dias: o emprego no conservatório não lhe rendia o esperado.
De repente, do meio do nada, uma carta mudou completamente essa situação. Nadejda Fillaretovna von Meck, uma milionária da alta aristocracia russa enviava-lhe uma carta expressando sua admiração por sua música e sua intenção de patrocinar o compositor com um subsídio de cerca de 6.000 rublos por ano. (Não, não imagino quanto seja isso em reais, mas deve ser uma tremenda grana).

Nadeja era nove anos mais velha que Tchaikóvsky, viúva e muito, muito rica. O contrato de patrocínio especificava que os dois jamais poderiam se encontrar. Apesar de estranha, essa situação salvou o compositor do desespero total. Avesso às relações pessoais, a amizade de Nadeja era uma válvula de escape para a personalidade ao mesmo tempo nervosa e expansiva de Tchaikovsky.
Nadeja tornou-se amiga e confidente de Tchaikovsky. O fato de não se conhecerem pessoalmente não os impediu de se tornarem amigos íntimos: trocavam cartas e mais cartas, às vezes seis por dia, dividindo esperanças, sonhos e música, muita música.


A produção do compositor crescia, junto com sua fama: a Quarta Sinfonia - já marcada por um tema recorrente simbolizando o "Destino"- de 1878, Eugene Onegin, sua ópera mais famosa, no mesmo ano. O Concerto para Violino, e a ópera Manfredo em 1885; a Quinta Sinfonia em 1888; Pique Dame, outra ópera de sucesso, em 1890; O Quebra-Nozes, ballet de 1891 ainda hoje um de seus sucessos;
Sua fama atravessou a fronteira do país, e ele visitou todas as grnades capitais da Europa dando concertos e regendo suas próprias obras. Esses anos felizes terminaram em 1890, quando, já tendo dispensado há algum tempo o subsídio de Nadeja Von Meck, rompeu com ela. A amizade chegou a o fim, e a vida do compositor também: três anos depois, em sua propriedade rural, na cidade de Klin, completou sua mais fantasmagórica obra, a Sexta Sinfonia, conhecida como "Patética". Dias depois da estréia, Tchaikovsky tomou um copo de água não filtrada (talvez intencionalmente) e morreu de cólera em 6 de Novembro de 1893.

Obras

Tchaikovsky teve uma produção bastante diversificada, mas seus trabalhos mais conhecidos são para orquestra. Se ele não teve o mesmo brilho de seus colegas russos (como Rimsky-Korsakow) no que tange à orquestração, soube usar bem os recursos da moderna orquestra sinfônica, já estabelecidos por Beethoven.


Concertos e Sinfonias


Concerto para Piano n. 1, em Si Bemol Menor - Uma das jóias do repertório pianístico, inicia-se com um arrebatamento majestoso nas trompas que não deixa dúvidas quanto ao que vem por aí. O primeiro movimento, em especial, é uma excelente introdução à obra de Tchaikovsky.


Sinfonia n. 5 - A partir da Sinfonia N. 4, as obras de Tchaikovsky passaram a ser marcadas pelo tema do destino cruel, à que todas as criaturas devem se submeter, sem esperança. Essa situação é desenvolvida na Sinfonia N. 5, mas ainda com esperança de vitória. O segundo movimento, Adagio, tem um belíssimo solo de trompa (que já foi transformado em balada por - bleargh - Waldo de Los Rios) e, no festivo último movimento, a vitória completa sobre o mal.


Sinfonia n. 6 - Vitória bastante discutível, uma vez que na sinfonia seguinte toda e qualquer esperança é aniquilada sob o efeito mortal da falta de sentido perante e vida. (Ou eu paro por aqui ou vou começar a falar de Kierkegaard e Sartre). Dessa obra destacam-se, para o iniciante, o segundo movimento, uma estranha valsa em 5/4, e o último, de onde a sinfonia tirou seu título.

Ballets

O Quebra-Nozes - Baseado em um conto de fadas sobre o soldadinho de chumbo que se apaixona pela bailarina, este balé resume toda a riqueza de orquestração de Tchaicovsky. Para os novatos, a Suíte extraída do balé completo é uma boa introdução.


A Bela Adormecida - Lembra do filme da Disney, com as três fadas boazinhas, a bruxa malvada, a Bela Adormecida e o Príncipe? Pois é: sabia que toda a trilha sonora é extraída do Ballet de Tchaikovsky? Sem detalhes: vá até a locadora e ouça o filme. É o melhor resumo que posso oferecer.

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#204 Mensagem por Maestro Alex » 22 Mai 2006, 16:42

Continuando com os clássicos:

Richard Strauss
1864-1949

Richard Strauss nasceu em Munique, Alemanha, no dia 11 de junho de 1864. O pai era um excelente músico, trompista da Ópera de Munique, e deu todos os meios para que o pequeno Richard, que já dava sinais de entusiasmo pela música, desenvolvesse seu talento. Inclusive, apesar de sua antipatia pela música de Wagner, levou o filho, quando este tinha 18 anos, para Bayreuth. Futuramente, a influência wagneriana, para desgosto do conservador pai, iria ser determinante para a música de Strauss.

Mas Richard ainda estava iniciando sua carreira. Compunha bastante, e suas primeiras obras recebiam boa acolhida, sendo inclusive regidas por importantes maestros, como Hermann Levi e Hans von Bülow. O último achou o jovem músico tão promissor que o contratou, em 1885, para ser seu assistente em Meiningen.

Em Meiningen, Strauss acabou conhecendo Alexander Ritter, o primeiro-violino da orquestra. Ritter era defensor do que se chamava, na época, de "música do futuro": os poemas sinfônicos de Liszt e o drama musical de Wagner, que tanto tinha impressionado Richard em sua passagem por Bayreuth. Strauss, através das influências de Bülow e do pai, seguia uma linha mais tradicional, mais ligada à música pura - o que é demonstrado claramente nas primeiras obras, de feição bastante mozartiana até. Depois da amizade com Ritter, a mudança seria total. O próprio Strauss confessaria mais tarde: "foi Ritter quem fez de mim um músico do futuro".

Foi então que Strauss começou a escrever algumas obras-primas no gênero que o tornaria famoso: o poema sinfônico. O primeiro foi Aus Italien, composto em 1886. Em seguida a ele viriam Don Juan, de 1888, Morte e transfiguração, de 1889, Till Eulenspiegel, de 1894, Assim falou Zaratustra, de 1895, Dom Quixote, de 1897, e Uma vida de herói, de 1898. Enquanto isso, compunha dezenas de lieder, outro dos gêneros a qual se dedicou.

Mas o sonho oculto de Strauss era o teatro: ele queria escrever uma ópera. A primeira tentativa se deu entre 1887 e 1893 e resultou em Guntram. A segunda foi feita em 1900, quando foi composta Feuersnot. Hoje, a crítica considera essas duas óperas meros ensaios, um tanto infrutíferos. O golpe de mestre só seria proferido em 1905, com a estréia da ópera Salomé.

Salomé, baseada em uma peça teatral de Oscar Wilde, foi o primeiro grande sucesso operístico de Strauss. Irmã desta seria a ópera Elektra, primeira colaboração com o libretista Hugo von Hofmannsthal, estreada em 1909.

Strauss parecia estar se tornando um "Wagner exasperado", nas palavras de Debussy, quando surpreendeu a todos com O cavaleiro da rosa, mais uma vez com libreto de Hoffmannstahl, estreada em 1911. A ópera, ambientada na galante Viena do século XVIII, é leve e luminosa: as semelhanças com Mozart seriam mais vezes lembradas pelos críticos. Obra totalmente diversoa em espírito das sombrias, muitas vezes cruentas, Salomé e Elektra. Outra mudança de rumo?

Sim. Em 1916, foi finalizada Ariadne auf Naxos; desta vez a referência não era o rococó, mas o barroco, que estava na moda. O contraste com Salomé não poderia ser maior - enquanto esta requeria uma orquestra gigantesca, com mais de cem músicos, Ariadne auf Naxos pede apenas um conjunto de câmara, de 35 músicos.

Enquanto isso, Strauss construía uma carreira invejável. Após inúmeros anos como diretor da Ópera Real de Berlim, em 1919 foi nomeado para a direção da Ópera de Viena, lá permanecendo por cinco anos. Além de reger e compor, não parava: em 1917, junto com Hoffmannsthal, ajudou a criar o Festival de Salzburgo, ao mesmo tempo em que organizava um sindicato de músicos.

Mas estava em uma entressafra composicional. Em 1915 terminou a Sinfonia Alpina, em que voltava ao universo dos poemas sinfônicos, mas combinado a um gênero mais "clássico". Em 1917, estreou a ópera A mulher sem sombra, que não atingiu o nível das obras anteriores.

O sucesso só viria novamente com a ópera Arabella, finalizada em 1932. O libreto ainda é do fiel Hoffmannsthal, que morreu sem ver a ópera composta. Arabella retoma a linha límpida de O cavaleiro da rosa, e inclusive presta homenagem às valsas de seu xará vienense mais famoso, Johann Strauss Jr.

Por essa época, o nazismo já era o regime na Alemanha, e Richard Strauss acabou se envolvendo, um tanto que ingenuamente, com o sistema. Aceitou ser o presidente da Câmara de Música do Reich e, apesar de ser demitido por Goebbels (insistiu em colocar o nome de seu libretista Stefan Zweig, um judeu, no cartaz da ópera A mulher silenciosa, que estreou em 1935), não foi mais incomodado pelos nazistas.

Pouco a pouco, Strauss foi se isolando em sua casa de campo em Gramisch. Sua carreira chegava ao fim. Mas ainda viveria mais dez anos, e estes nos dariam mais algumas obras-primas: a "meta-ópera" Capriccio, concertos (para oboé, o segundo para trompa), o poema sinfônico Metamorfoses, as Quatro últimas canções.

Com esta magistral coleção de lieder, Strauss dava adeus à vida. A última canção termina com uma comovente citação de uma obra de juventude, Morte e transfiguração. No dia 8 de setembro de 1949, morria Richard Strauss.


SUA OBRA

Richard Strauss, que nasceu enquanto Wagner erigia seu templo musical e enquanto Brahms escrevia suas obras-primas, morreu junto com Bartók e Schoenberg, dois grandes símbolos da modernidade vanguardista da primeira metade do século XX. E acabou não pertencendo a nenhuma das duas correntes.

É um artista de transição. Embora Strauss tenha se definido como um "músico do futuro" na juventude e assustado os críticos com as "cacofonias heterodoxas" de seus primeiros poemas sinfônicos, ao morrer era, perto de compositores como Stravinsky e até mesmo de contemporâneos como Debussy, um músico do século XIX. Como explicar essa contradição? Talvez a constatação seja a de que Strauss foi, principalmente, um compositor de juventude. Mas é uma observação injusta.

Richard Strauss tem quatro fases principais em sua carreira: a primeira, descontando-se as obras juvenis, "moderna" (pelo menos para sua época), dos poemas sinfônicos como Don Juan e Assim falou Zaratustra; a segunda, das "óperas sombrias" Salomé e Elektra; a terceira, das "óperas róseas" O cavaleiro da rosa e Ariadne auf Naxos; a última, com as últimas obras-primas, Metamorfoses e as Quatro últimas canções.

Todas as obras citadas são exemplos perfeitos dos três gêneros em que Strauss foi um mestre consumado: o poema sinfônico, a ópera e a canção. Excetuando-se as incursões que fez nos gêneros clássicos (as primeiras composições, a Sinfonia Doméstica, a Sinfonia Alpina, os concertos para oboé e trompa), estes foram os únicos gêneros em que trabalhou.

Os Poemas Sinfônicos
Os poemas sinfônicos formam a parte mais querida pelo público da obra de Strauss. A grande parte deles foi composta entre 1886 e 1898, nos anos posteriores à estadia em Meiningen. Neles Strauss mostra-se um orquestrador de enorme estatura, do calibre de um Rimsky-Korsakov, de um Ravel. Como o maestro Sir Georg Solti gostava de exagerar, "em Strauss a orquestração é tão fantástica que até quando a música é mal tocada ela soa maravilhosamente bem".

Cada um dos poemas sinfônicos de Strauss é uma pequeno universo: Don Juan, mais próximo das obras similares de Liszt, evoca a imagem do mito; já Dom Quixote e Assim falou Zaratustra voltam-se mais ao modelo de Berlioz, com suas referências aos gêneros tradicionais (Dom Quixote, quase um concerto para violoncelo; Zaratustra, uma sinfonia heterodoxa); Till Eulenspiegel e Uma vida de herói contam uma história (na última obra, a do próprio compositor, através de citações dos outros poemas sinfônicos); já Morte e transfiguração tem um caráter metafísico bastante ambicioso.

Muitas vezes, Strauss trabalha seus programáticos poemas sinfônicos em formas clássicas, mas expandidas: Till Eulenspiegel é um complexo rondó, Morte e transfiguração é uma forma-sonata bastante modificada.

O conjunto dos poemas sinfônicos de Strauss formam, certamente, o mais criativo e elaborado já composto no gênero, e estão entre as obras mais interessantes do compositor. São, certamente as mais queridas e executadas: todas elas estão no repertório usual das maiores orquestras do mundo.

As Óperas
Strauss dedicou a maior parte de sua longa vida à ópera. Após algumas tentativas mal-sucedidas, ele acertou a mão em Salomé, sobre texto de Oscar Wilde. Sua temática bíblica, altamente simbólica (a dúvida de Salomé entre a corrupção de Herodes e a pureza de João Batista), aliada à música complexa, "dissonante", intensa, de forte carga dramática, fazem de Salomé uma ópera moderna e chocante ainda nos dias de hoje.

Elektra, a recriação do mito grego, é uma ópera da mesma extirpe. Juntamente com Salomé, ela forma o grupo das óperas straussianas "modernas", para os críticos as mais importantes do compositor e as primeiras grandes óperas do século XX. Elas estão bastante integradas aos primeiros poemas sinfônicos de Strauss: orquestração suntuosa, grande liberdade formal e temática, enorme força inventiva. Alguns teóricos enxergam as duas óperas como grandes poemas sinfônicos cantados.

Com O cavaleiro da rosa, depois com Ariadne auf Naxos, Arabella e Capriccio, Richard Strauss faria uma reviravolta: nada de estridências nem de complexas orquestrações. A referência aqui é o mundo suave da Viena oitocentista, das valsas; a atmosfera é de encantamento, de doçura e nostalgia. Não são obras tão importantes historicamente quanto Salomé, mas elas têm muitos e fiéis defensores e estão até hoje no repertório das companhias de ópera no mundo inteiro.

As Canções
Richard Strauss também foi um grande compositor de canções. A maior parte dos 150 lieder que compôs se encontra em sua primeira fase de composição. São obras contemporâneas aos poemas sinfônicos. Algumas obras-primas desse período: Zeuignung, Ständchen, Ruhe meine Seele, Du meines Herzens Krönelein, Nichts, Schlechtes Wetter. A maior parte das canções, originalmente instrumentadas para piano e voz, seriam mais tarde orquestradas por Strauss.

Canções para orquestra são as magníficas Quatro últimas canções, compostas no final da vida do compositor - o epíteto "últimas" foi dado pelo próprio Strauss. O ciclo é uma deliberada despedida da vida, emocionante e meditativa. O últimos dos lieder traz reminiscências de um dos primeiros poemas sinfônicos, Morte e transfiguração. As Quatro últimas canções são, talvez, a obra mais profundamente bela do compositor: um comovente adeus.

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#205 Mensagem por Maestro Alex » 22 Mai 2006, 18:18

Colega DBZ continuando comteu pedido de dicas...
um Jazz que é clássico... Um verdadeiro mestre...


George Gershwin
1898-1937

Jacob Gershwin nasceu em 26 de setembro de 1898, no East Side, bairro pobre de Nova York, Estados Unidos. Era o segundo filho de Moritz Gershovitz e de Rosa Brushkin, ambos imigrantes judeus russos, de São Petersburgo. Os dois tiveram seus nomes americanizados - Morris e Rose -, o que aconteceu também com o sobrenome da família, que mudou sucessivamente de Gershovitz para Gershvine, Gershvin, até chegar em Gershwin. Jacob (que ganhou o sobrenome Gershwine por um erro do escrivão) e seu irmão mais velho Israel também nunca foram chamados pelos nomes de registro. A posteridade os chamaria de George e Ira.

Ira era um garoto quieto, estudioso, fascinado por livros e por cultura; George, ao contrário, preferia as ruas do East Side, onde jogava beisebol e - principalmente - brigava com os outros moleques das redondezas. Já mais velho e famoso, perguntaram-lhe se tocava alguma coisa quando criança; "só moscas", foi a reposta.

Seu primeiro contato com música foi quando tinha seis anos de idade. Ele estava perambulando pela cidade, quando passou em frente a uma galeria onde soava uma pianola. A música era a Melodia em fá, de Anton Rubinstein. George ficou fascinado com a experiência. Alguns anos mais tarde, conheceu, na escola onde estudava, Maxie Rozenzweig, violinista prodígio. Ficaram muito amigos. Maxie tocava seu violino para ele e contava a vida de compositores como Beethoven e Schubert. Além disso, o incentivou a brincar em seu piano, descobrindo suas primeiras notas.

Mas foi Ira que tornou mais séria essa atração de George pela música. Ele cismou que queria estudar piano e pediu um para os pais. Apesarem de não terem uma situação financeira estável, decidiram comprar um piano de armário usado para Ira. No entanto, quem ficou excitado com o instrumento foi George, na época com 12 anos, que logo foi experimentar suas teclas. Certo dia, George, ao piano, tirou de ouvido uma canção que fazia sucesso: Put your arms around me, honey, and hold me tight. Os pais ficaram impressionados pela demonstração e decidiram também pagar um professor para ele também.

Os primeiros professores - Ms. Green e Mr. Goldfarb - foram desastrosos. Apenas com Charles Hambitzer é que George tem um contato mais sólido com música. Hambitzer é tanto um pianista como um professor excelente. E fica assombrado com a vontade de George em aprender. Tanto que mencionou o pupilo em uma carta que escreveu para irmã:

Tenho um novo aluno que será notável na música, se alguém o orientar. O menino é um gênio, sem dúvida. É doido por música e não consegue esperar a hora da aula. Para esse menino, o relógio não existe. Ele quer derivar para essa bobagem moderna, o jazz, ou coisa que o valha, mas não vou deixar que o faça já. Quero primeiro que ele adquira uma báse sólida na música erudita.

A carta de Hambitzer já demonstra claramente as tendências de George. De fato, ele já declarava sua preferência para a música popular, e não adiantava o professor reclamar. Algum tempo depois, anuncia aos pais que irá largar o curso de comércio que estava fazendo para ganhar a vida como compositor. Compositor de música popular. Já escrevia inclusive algumas canções - entre elas um tango! O ano era 1914 e George tinha 16 anos. Hambitzer não chegaria a ver o sucesso que Gershwin faria - morreu em 1918, com 40 anos, vítima de tuberculose.

Já decidido que iria ser um compositor popular, George teria que começar a sua carreira. Na época, as portas do sucesso estavam na Rua 28, apelidada de Tin-Pan-Alley ("a rua da fervura", aproximadamente). Lá estavam as grandes editoras de música, que lançavam as canções que faziam sucesso. George, naturalmente, foi para a Tin-Pan-Alley pedir emprego. Conseguiu na Editora Remick um emprego de pianista demonstrador, que consistia em tocar para os fregueses as novidades da casa.

Enquanto isso, ia compondo. Mostra suas canções aos fregueses e aos editores da Remick, mas todas são recusadas, como "pouco comerciais". Em outras editoras, o mesmo insucesso. Até que ele consegue publicar sua primeira canção, que recebeu de um letrista o comprido nome de When you want'em, you can't get'em, when you got'em, you don't want'em, em 1916.

De canção em canção, Gershwin conseguiu ser chamado para compor toda a música de um espetáculo da Broadway: La La Lucille, que conta o "terrível" problema de um dentista que herdaria dois milhões de dólares caso se separasse da mulher. O musical faz sucesso e é um grande impulso na carreira de Gershwin.

Seu primeiro grande sucesso só veio em 1919: Swanee, que foi cantada por Al Jonson no musical Sinbad. Milhares de cópias da partitura e de gravações (das primeiras, em 78 rotações) foram vendidas em todos os Estados Unidos, e George ganhou dinheiro como nunca com os direitos autorais.

O sucesso chegou finalmente para George Gershwin. Seu novo e grande apartamento começa a ser cada vez mais freqüentado pelas celebridades do teatro e da música americanas. Enquanto isso, não pára de compor. A década de 20 é um musical atrás do outro, todos grandes sucessos: Lady be good, Oh Kay, Funny face, Rosalie, Treasure girl, Girl crazy, a maioria com letras do irmão Ira.

Junto com o êxito popular, vem o reconhecimento dos outros artistas. Todos começam a notar que Gershwin não é simplesmente um grande fabricante de sucessos; é um músico extremamente preocupado com a qualidade e com a profundidade de suas canções. Nada é gratuito em Gershwin, que nunca apelou para o simples efeito, ou para os chavões. O pianista Beryl Rubinstein foi um dos primeiros a chamar a atenção do público quanto a esse aspecto:

Com o estilo e a seriedade que possui, Gershwin não pertence exatamente à escola da música popular, mas se constitui numa das mais proeminentes figuras do cenário musical do país.

Pensando de maneira semelhante, Eva Gauthier, famosa cantora lírica, interpretou três canções de Gershwin em um recital que fez em Nova York, ao lado de peças de Purcell, Bellini, Bartók e Schoenberg, entre outros. Gershwin começa a ser respeitado como grande artista.

Paul Whiteman, dono de mais respeitada orquestra de jazz dos Estados Unidos, que tinha pretensões de ampliar o nível da música popular americana e fazê-la igualar-se à música sinfônica européia, viu em Gershwin o parceiro ideal para seu projeto. Em janeiro de 1924, convidou George para compor uma grande peça de jazz sinfônico. O compositor, a princípio, recusou a proposta, se dizendo incapaz de tal empreitada.

Qual foi a sua surpresa, ao ver estampado no New York Tribune tal anúncio: em 12 de fevereiro, aniversário de Lincoln, Paul Whiteman apresentará, com sua orquestra, entre outras novidades, uma peça de jazz sinfônico de George Gershwin. Imediatamente George telefonou para Whiteman querendo explicações; ao final da ligação, viu-se com uma encomenda nas mãos. E tinha três semanas para cumpri-la.

Gershwin trabalha freneticamente na peça, que chama de American rhapsody. Mas Ira, no mesmo dia em que George apresentava parte da rapsódia para alguns amigos, havia visitado uma exposição de quadros de Whistler, entre os quais Noturno em azul e verde. Daí a idéia de Ira: Rhapsody in blue, que foi imediatamente aceita, e pela qual conhecemos a obra até hoje. Gershwin entregou a partitura para dois pianos para Ferde Grofé, que era o arranjador oficial de Paul Whiteman, orquestrá-la.

A estréia foi um acontecimento, tendo na platéia personalidades como Stravinsky, Rachmaninoff, Leopold Stokowski, John Philip Sousa. A peça foi entusiasticamente recebida, tanto pelo público como pela imprensa. Henry Osgood, do Musical Courier, jornal especializado, escreve: "a Rhapsody in blue é uma contribuição superior à música do que a Sagração da primavera de Stravinsky". O famoso crítico Henry T. Finck declara coisa semelhante: "Gershwin é muito superior a Schoenberg, Milhaud e aos demais moços futuristas".

O sucesso da Rhapsody in blue fez com que Walter Damrosch, regente da Sociedade Sinfônica de Nova York, encomendasse um concerto para piano e orquestra, nos moldes clássicos, para Gershwin. Desta vez, George se preparou melhor - consta inclusive que comprou um compêndio de formas musicais para saber melhor como funcionava um concerto.

E resolve orquestrar o concerto também. Para tanto, contrata uma orquestra para sentir, na prática, o que estava instrumentando. E o Concerto em fá (seria um reminiscência da Melodia em fá de Rubinstein que o encantou quando garoto?) estava pronto. Estreou em 3 de dezembro de 1925, no Carnegie Hall. A recepção foi menos calorosa que a da Rhapsody, principalmente pela formatação "artificial" - com várias imperfeições técnicas - de concerto que foi dada à música de jazz. Mas o crítico Samuel Chotzinoff fez um comentário que se sobrepôs às críticas e que se tornou célebre:

As deficiências apontadas nada significam em face a uma coisa que só Gershwin, entre todos os que escrevem música hoje em dia, possui: na realidade, só ele nos representa. Ele é o presente, com toda sua audácia, impertinência, deleite febril. Gershwin é um artista instintivo, capaz de manipular corretamente o material rude com o qual começou, dom que nem mesmo um estudo constante de contraponto e fuga poderiam dar a alguém que não tivesse nascido com ele.

Mas o "trauma" de não ter uma formação mais acadêmica acompanharia o resto dos dias de Gershwin. Tanto que na viagem que fez à Europa em 1928, procurou alguns compositores famosos para que eles lhe dessem aulas. Ficou célebre o diálogo que manteve com Stravinsky, que lhe perguntou quanto Gershwin ganhava com sua música. A resposta: "Cerca de cem mil dólares por ano". O russo, irônico, concluiu: "Neste caso, talvez seja melhor eu estudar com você".

Dessa passagem pela Europa nasceu o poema sinfônico Um americano em Paris, que ganhou de Samuel Chotzinoff a seguinte posição: "trata-se da melhor peça de música moderna desde o Concerto em fá, do senhor Gershwin". Nos anos seguintes, mais musicais, duas trilhas sonoras para filmes (que começavam a ser sonorizados) e três peças "sérias": a Segunda Rapsódia, a Abertura cubana e as Variações I got rhythm.

Até que Gershwin começou seu mais audacioso projeto: uma ópera americana. O libreto escolhido foi Porgy, de Edwin duBose Hayward, que trata do amor entre Porgy, um mendigo, e Bess, uma linda mulher, ambos negros. A história se passa em uma comunidade negra de pescadores na Carolina do Sul. Para se ambientar e adequar a partitura ao clima do libreto, George viajou com Hayward para uma ilha bem parecida com a do libreto. Lá conviveu com os negro gullahs da região, anotando os spirituals, os shoutings e conhecendo seu folclore.

Em 1935 estréia Porgy and Bess, com um elenco de atores negros. Foi um sucesso apenas moderado no início - complementado pelas inúmeras polêmicas raciais que surgiriam em decorrência - mas se firmou no repertório, tornando-se, sem dúvida, a maior ópera americana. Tanto que o governo americano a utilizou como parte de sua "política de boa vizinhança" organizando uma turnê histórica que visitou vários países da América Latina.

O futuro de Gershwin parece ainda mais brilhante. Está cada vez mais entusiasmado com sua carreira "clássica" - embora não deixa de compor canções e musicais para a Broadway e Hollywood -, estudando e fazendo planos. Mas George que, sempre tivera boa saúde, começava a sentir estranhos sintomas do tumor que o mataria: lapsos de memória, dores de cabeça, desmaios.

Após um desmaio em julho de 1937, Gershwin entra em coma. Levado às pressas a um hospital, é detectado um tumor no cérebro. Já em estado avançado. Ele é retirado, mas seu estágio já não permitia recuperação. George Gershwin morreu na manhã de 11 de julho de 1937, ao lado do irmão. Nem tinha completado 39 anos.


SUA OBRA

A obra "clássica" de Gershwin não é difícil de ser estudada: 7 peças.

A Rhapsody in blue, para piano e orquestra; o Concerto para piano e orquestra em fá maior (o Concerto em fá); o poema sinfônico Um americano em Paris; a Segunda Rapsódia, como a primeira, para piano e orquestra; a Abertura cubana, para orquestra; as Variações I got rhythm, para piano e orquestra; e a ópera Porgy and Bess. Além dessas, alguns pequenos prelúdios para piano, transcrições de canções e esboços (inclusive uma pequena peça para quarteto de cordas, que tem o título de Lullaby).

As duas obras-primas, sem dúvida, são a primeira, Rhapsody in blue, e a última, Porgy and Bess. A Rhapsody é, segundo consta, a obra do século XX mais executada em concertos. Porgy and Bess é a única ópera americana a permanecer solidamente no calendário dos teatros no mundo inteiro. Muitas das árias da ópera, inclusive, se transformaram em canções de existência independente, como Summertime e It ain't necessairly so.

Das outras peças, Um americano em Paris é a mais conhecida. A Segunda Rapsódia acabou sendo esquecida - injustamente, visto que é uma obra bastante interessante. Entretanto, o vôo mais avançado de Gershwin é realmente o Concerto em fá, que representa claramente o propósito de unir a música popular americana (charleston, blues, ragtime, jazz) às formas clássicas (concerto). Foi a obra que mais causou polêmica.

E a polêmica aumentou para abraçar toda a obra de George Gershwin. De uma coisa todos estavam certos: ele foi um dos maiores, se não o maior, dentre os compositores da história do teatro musical. Suas canções atingiram o topo de qualidade que o gênero permitia, ultrapassando grandes nomes como Irving Berlin e Jerome Kern.

Mas e as suas tentativas de música de concerto? Como avaliá-las? Elas poderiam ficar lado a lado com as grandes obras de Beethoven ou Mozart? Certamente não, mas não por causa do talento ou das potencialidades de um ou de outro como compositor. Gershwin é radicalmente diferente de Beethoven por sua proposta; em outras palavras: Beethoven se define fortemente como um clássico universal, enquanto Gershwin quer fazer música popular americana mesmo quando compõe concerto para piano.

Algumas das palvaras de George podem ser escalerecedoras:

Considero o jazz a música do povo, uma manifestação artística muito poderosa e que, provavelmente, está no sangue do povo americano mais do que qualquer outro estilo de música. Acho que o jazz pode constituir a base de sérios trabalhos sinfônicos de valor real e duradouro.

Por trás disso, revelam-se os objetivos das experiências de Gershwin: eternizar o jazz, como música americana, elevando-a ao nível da "grande" música européia. Gershwin não quer inovar na música erudita, quer apenas mostrar o jazz ao mundo como forma de arte séria e válida. Nessa busca, como na sua música, Gershwin não tem paralelos em toda a história.

O maestro Serge Kussevitsky foi um dos primeiros a compreender essa faceta do compositor:

Como uma flor rara que floresce de vez em quando, Gershwin representa um fenômeno singularmente original. O som de sua música propagou-se muito além de sua terra: é ouvido além-mar. Compreender a natureza de seu talento e de sua missão é compreender que Gershwin compôs como um pássaro canta - porque é algo natural, inato, é parte de seu ser.

Muito se falou da falta de qualidade técnica (problemas formais, de orquestração, falta de unidade) das obras de concerto de Gershwin. Leonard Bernstein, grande admirador e intérprete do compositor, tendo inclusive adotado algumas de suas propostas, declarou o seguinte a respeito da Rhapsody in blue:

A Rhapsody não é de fato uma composição. É uma colagem de diversos parágrafos. Na verdade, pode-se eliminar uma parte, trocar os temas de lugar, inverter trechos, tocá-la com qualquer número de instrumentos... mas, no fundo, a peça sempre será identificada como a Rhapsody in blue. A unidade da obra é a sua qualidade. Cada tema isolado da Rhapsody in blue tem harmonias e proporções ideais. Os temas são cantáveis, límpidos, ricos, comoventes. Não creio que tenha aparecido nesta Terra um melodista tão luminoso como Gershwin, desde Tchaikovsky.

O comentário de Bernstein pode ser aplicado à toda obra de Gershwin. Na realidade, George nunca deixou de ser um compositor de canções - inclusive em sua obra sinfônica.

Vale a pena lembrar que Gershwin era um artista extremamente auto-crítico. Embora compusesse de maneira quase improvisatória, era bastante exigente consigo mesmo, e em suas canções estava sempre em busca da perfeição. Mas essa auto-crítica transformou-se em complexo de inferioridade no que dizia respeito à música de concerto. Apenas após a conclusão de Porgy and Bess que Gershwin se deu conta de suas potencialidades; mesmo assim, continuava estudando.

Infelizmente, morreu muito cedo. Quais seriam seus próximos passos ninguém sabe, mas a perda certamente foi enorme. De qualquer forma, seu objetivo - levar ao jazz e à música popular americana o status de grande arte - foi alcançado. Sem prejuízo nem ao jazz nem à música erudita. Algumas imperfeições ténicas existem, claro, mas Otto Maria Carpeaux parece ter encontrado a solução para o enigma chamado George Gershwin: "não convém ser rigoroso demais. Vida e obra de Gershwin foram uma sinfonia inacabada".

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#206 Mensagem por Maestro Alex » 22 Mai 2006, 22:45

Dentro dos clássicos... Honra ao Brasileiro:


Heitor Villa-Lobos
1887-1959


Heitor Villa-Lobos nasceu no dia 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro. Era filho de Noêmia e Raul Villa-Lobos. O pai, músico amador e funcionário da Biblioteca Nacional, organizava na casa da família animados encontros musicais, onde celebridades da época tocavam até altas horas da noite. E foi Raul que iniciou o filho em teorial musical e, principalmente, no violoncelo - adaptou uma viola para que Heitor, com seis anos, pudesse praticar, já que violoncelos são grandes para crianças.

A família mudava constantemente, e partiu do Rio de Janeiro para cidades do interior do estado e Minas Gerais. Lá, o pequeno conheceu uma música diferente que influenciaria mais tarde sua obra: a música do sertão, com suas modas de violas, e a música folclórica.

Mas Heitor (ou "Tuhú", como os familiares o chamavam) haveria de tornar-se órfão de pai em 1899, quando já voltara ao Rio de Janeiro, aos doze anos. Interrompeu seus estudos formais de música e começou a tocar violoncelo em cafés e teatros, além de se aproximar dos choros, música instrumental típica da cidade. Reflexo disso, começou a estudar violão.

Em 1905, resolveu viajar e conhecer o Brasil. Passou pelo Espírito Santo, Pernambuco e Bahia, onde recolhia temas folclóricos e tomava contato com a cultura popular. Nos anos seguintes, mais viagens: para o sul, para o centro-oeste e - especula-se - para a Amazônia, que teria o impressionado vivamente. Oficializou a vida de andarilho em 1910, quando foi contratado por uma companhia intinerante de operetas, como violoncelista. A companhia se dissolveu em Recife, mas Villa-Lobos aproveitou para conhecer Fortaleza, Belém e até a ilha de Barbados, nas Antilhas.

Enquanto fazia sua imersão na cultura popular, Villa-Lobos não deixou de estudar: não largava o Cours de Composition Musicale do compositor francês Vincent d'Indy, que acabou por tornar-se a maior influência sobre Heitor no início de carreira, juntamente com Wagner e Puccini.

Sua estréia pública como compositor ocorreu em 1915, no Rio de Janeiro, em uma série de concertos de sua obra. Começou a tornar-se conhecido - e também criticado pela imprensa. Foi apresentado ao compositor francês Darius Milhaud e ao célebre pianista Arthur Rubinstein, que passou a executar a Prole do bebê em suas excursões pelo mundo.

Villa-Lobos foi se tornando uma figura pública. Em 1922, convidado por Graça Aranha, participou da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, e apresentou algumas de suas obras. Foi, como os demais modernistas, vaiado pelo público, tão conservador quanto os críticos que o atacavam nos jornais.

Em 1923, talvez o maior acontecimento de sua vida. Apoiado por um grupo de amigos, Villa-Lobos obteve da Câmara dos Deputados financiamento para viajar para Paris, tanto para se apresentar como para tomar contato com as vanguardas européias. Villa ficou um ano na capital francesa, onde deu concertos e conheceu compositores como Ravel e Varèse, que se tornaram seus amigos. Também conseguiu - por intermédio do amigo Arthur Rubinstein - um editor, Max Eschig.

Quando retornou ao Rio de Janeiro, em 24, Manuel Bandeira - que colaborou algumas vezes com o compositor - escreveu um famoso artigo na revista Ariel que é bastante revelador:

Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos. Todavia uma coisa o abalou perigosamente: a Sagração da Primavera de Stravinsky. Foi, confessou-me ele, a maior emoção musical da sua vida.

Ele voltaria à Paris em 1927, para ficar mais três anos. Foi uma passagem ainda mais gloriosa. Fez turnês pela Europa e conquistava admiradores. Planejava permanecer lá. Em 30, retornou para o Brasil, para realizar um concerto em São Paulo. Era um regresso temporário, mas acabou entregando um projeto de educação musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que foi aprovado, e ficou em definitivo.

Villa ficou dois anos em São Paulo, organizando o ensino musical e, principalmente, promovendo o canto orfeônico (coral). Chegou a reger doze mil vozes em uma cerimônia na capital paulista. O êxito o levou a ser convidado pelo secretário de educação do Rio de Janeiro, para coordenar a criação da SEMA - Superintendência de Educação Musical e Artística, que seria responsável pela introdução do ensino musical e do canto coral nas escolas.

Obteve o apoio de Getúlio Vargas, que havia tomado o poder no Golpe de 1930, que o designou supervisou da educação musical em todo o Brasil. Nesse período, criou diversos cursos, elaborou o Guia prático (um série de peças de caráter pedagógico), regia a primeira apresentação da Missa em si menor de Bach no Rio de Janeiro, compunha (as suítes Descobrimento do Brasil e algumas Bachianas brasileiras, entre outras obras), enfim, não parava. E ainda tinha tempo de promover o canto orfeônico, inclusive com apresentações corais de proporções gigantescas: em 1940, regeu uma massa impressionante de quarenta mil estudantes, no estádio de São Januário, Rio.

Era uma celebridade, ao mesmo tempo oficial e popular. No exterior sua fama também crescia - em 43 foi agraciado com o título de doutor honoris causa pela Universidade de Nova York, e no ano seguinte partiu para uma grande turnê pelos Estados Unidos, onde seria aclamado como o "maior compositor das Américas".

Em 1948 o ritmo frenético foi interrompido por uma cirurgia - a retirada de um tumor maligno, feita nos Estados Unidos. Mas não parou por muito mais tempo. Voltou para Paris, onde passou a reger freqüentemente a Orquestra da Radiodifusão Francesa, com quem fez inúmeras gravações. Esses registros, feitos entre 1954 e 58, foram lançados em disco pela EMI e tornaram-se fundamentais para o entendimento da obra de Villa-Lobos.

No final dos anos 50, Villa vivia entre o Rio de Janeiro e Paris. Em setembro de 1959, estava no Rio, quando o câncer agravou-se. Após uma breve recuperação, no dia 17 de novembro de 1959 Heitor Villa-Lobos viria a falecer em seu apartamento. Tinha 72 anos.

SUA OBRA

Villa-Lobos, na história da música brasileira, é uma espécie de Bach, Beethoven e Stravinsky em um homem só. Como Bach, o "pai da música", Villa-Lobos também não foi o primeiro compositor brasileiro mas atingiu um nível de qualidade que se tornou o verdadeiro "pai" da música brasileira. Como Beethoven, praticou todas as formas clássicas e criou um grande e venerável monumento musical. E, como Stravinsky, alinhou-se com as vanguardas de sua época e ousou, compondo músicas absolutamente modernas que fizeram a crítica conservadora chiar.

E criava como se fosse três: Villa-Lobos nos deixou mais de 1000 obras, ainda não completamente catalogadas! Compunha sem parar - aliás, não parava em nenhum aspecto, já que dava concertos, organizava instituições, planejava o ensino musical brasileiro, tudo ao mesmo tempo...

Daí as duas principais críticas que são feitas à sua obra: a irregularidade e a prolixidade. De fato, há altos e baixos na produção villa-lobiana, o que é absolutamente natural pelo tamanho de sua obra e pela rapidez com que ela foi feita. Nem tudo poderia ser obra-prima.

Quanto à prolixidade, ela, de certa forma, faz parte do estilo do compositor, dono de uma música rica e abundante que parecia jorrar de maneira ininterrupta de sua imaginação. Era um Amazonas musical. Tom Jobim, que o conheceu pessoalmente, gostava de contar uma história que é bastante característica. Certa ocasião, ele foi à casa de Villa-Lobos e o encontrou, como sempre, compondo. Mas era um dia especialmente ruidoso, com grande agitação na casa e na rua, e a janela estava aberta. Tom lhe perguntou como conseguia compor com aquele barulho. A resposta:

O ouvido de fora não tem nada a ver com o ouvido de dentro. Além disso, minha música é algo vivo: se passar o bonde na rua, eu boto ele na minha sinfonia também.

Outra fonte de críticas a Villa-Lobos foi sua adesão ao Estado Novo de Vargas, ao se tornar o músico oficial da didatura e o principal organizador da educação musical brasileira. Compunha músicas para cerimônias públicas, geralmente de exaltação à pátria, e regia grandes, enormes, corais, em demonstrações grandilouqüentes de canto orfeônico. Teria o músico de vanguarda tornado-se um músico de gabinete?

Essa mudança de rumos refletiu-se em seu estilo como compositor. Estudiosos dividem a obra em três períodos: o primeiro é o modernista, que corresponde aos primeiros anos em Paris e à Semana de Arte Moderna; o segundo é o oficial, das cerimônias públicas e das obras nacionalistas; o terceiro é o neoclássico, das Bachianas brasileiras. Não há fronteira clara entre os dois últimos períodos, que ocorrem quase que simultaneamente.


Como já foi citado, as primeiras influências de Villa-Lobos como compositor foram Wagner, Puccini e, principalmente, Vincent d'Indy. Mas sua originalidade logo o aproximariam das vanguardas européias, notadamente Stravinsky. Alguns aspectos fundamentais das obras desta fase: ênfase no ritmo (o que se reflete no destaque que dava aos instrumentos de percussão) e combinação ousada de timbres.

Os Choros, para diversas (e insólitas) combinações instrumentais talvez sejam as obras mais importantes do período. Ficaram muito conhecidos os de no. 2, no. 4, no. 5 (Alma brasileira), os Choros Bis e no. 7 (Setimino) - o último, para flauta, oboé, clarinete, saxofone, fagote, violino, violoncelo e tam-tam.

Instrumentação original também econtramos no Noneto, escrito em 1923: flauta, oboé, clarinete, fagote, celesta, harpa, piano, bateria e coro misto.

Mesmo quando escrevia para piano, pensava em uma orquestra. O exemplo célebre é o Rudepoema, finalizado em 1926 e dedicado a Arthur Rubinstein. É um verdadeira Sagração da Primavera para piano solo. A ousadia era tão grande que o pianista polonês não incluiu a peça em seu repertório - além de ficar um tanto assustado quando soube que ela era pretendia ser um retrato de sua alma.

Outras obras importantes são a primeira suíte Prole do bebê - esta sim conquistou Rubinstein - e o Momoprecoce, para piano e orquestra.

Nacionalismo
Na verdade, Villa-Lobos nunca deixou de usar o folclore, a cultura e os temas brasileiros em suas obras. O termo nacionalismo aqui usado refere-se a um tipo de nacionalismo de exaltação, patriota e ufanista, um tanto ingênuo, que serviu aos propósitos do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Não devemos crucificar o compositor por ter se ligado à ditadura. Mas as obras dessa época são, talvez, as menos representativas de sua produção. Um exemplo típico é o coro Invocação em defesa da pátria, composto para o embarque dos pracinhas que iriam para a Segunda Guerra Mundial, sobre poema de Manuel Bandeira.

Muito mais interessantes são as suítes Descobrimento do Brasil, compostas em 1937. A última delas apresenta a Primeira missa no Brasil, onde são sobrepostas melodias e danças indígenas ao canto gregoriano católico.

Neoclassicismo
Acompanhando alguns compositores importantes da época, como Stravinsky, e talvez cansado do esforço de se manter sempre à vanguarda, Villa-Lobos começou a escrever música mais relaxada, onde se revela forte a influência de Bach: é sua fase neoclássica, ou neobarroca, como chamada por alguns.

O conjunto mais conhecido do período, e de toda a obra de Villa-Lobos, é o das Bachianas brasileiras. São nove, ao todo, e foram compostas entre 1930 e 45. As mais conhecidas são justamente a que figuram no clássico disco que o autor gravou para a EMI: a primeira, para orquestra de violoncelos, a segunda, para orquestra sinfônica, a quinta, para soprano e oito violoncelos, e a nona, para orquestra de cordas.

O famoso Trenzinho do caipira é o quarto movimento da segunda Bachiana; a Cantilena, igualmente célebre, é o primeiro movimento da quinta Bachiana.

Para violão, os Prelúdios, compostos em 1940, decendem diretamente dos compostos por Bach. O Concerto para violão e orquestra, escrito em 1951 para atender um pedido do violonista Andrés Segóvia, tornou-se bastante conhecido.

Vários dos mais importantes quartetos de cordas (no total, 17) também foram compostos nesta fase, principalmente os últimos dez. Algumas das doze sinfonias também foram escritas no período: a Sexta (Sobre a linha das montanhas do Brasil), a Décima (Sumé Pater Patrium) e a Décima-segunda são as mais expressivas.

Outras obras de características marcadamente neoclássicas são os cinco concertos para piano e orquestra. O quinto é o mais conhecido.

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Re: MISSA DO ORFANATO DE MOZART

#207 Mensagem por Tricampeão » 23 Mai 2006, 09:25

wheresgrelo escreveu:Uma dúvida que me acompanha desde tenra idade. Assistí à Missa do Orfanato do Ballet Corpo de Belo Horizonte (sou natural de lá).
O Corpo vai remontar esse ballet neste ano. Não perca.

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#208 Mensagem por Maestro Alex » 23 Mai 2006, 09:26

Seguindo com os clássicos:

esse gostava da coisa... mulheres... e teve alguma dst também...
Franz Schubert
1797-1828

Em Liechtental, subúrbio de Viena, no dia 31 de janeiro de 1797, nascia Franz Peter Schubert. Décimo-segundo filho de Franz Theodor Schubert e Elizabeth Vietz, o pequeno Franz levou uma infância bem tranqüila. O pai, de origem camponesa, era professor primário, e seu filho homônimo estaria determinado a imitar-lhe a carreira se não fosse por um detalhe: sua bela voz. Fez um teste e, aos onze anos, foi admitido no Stadtkonvikt de Viena como cantor. Um dos examinadores era o compositor italiano Antonio Salieri, famoso por sua suposta rivalidade com Mozart.

Franz ficou no internato de 1808 a 1813. Era um aluno taciturno, melancólico até, mas sempre ativo em termos musicais. Além de conhecer amigos que conservaria por toda a vida, Franz obteve uma cultura musical consideravelmente sólida - e compôs bastante, febrilmente. Sua primeira obra acabada data de 1810: é uma fantasia para piano a quatro mãos, em doze movimentos.

Com a morte da mãe, em 1813, Franz finalmente cedeu à pressão paterna e inscreveu-se como aluno da escola normal. Em um ano já tinha seu magistério concluído e poderia, como o pai, ser professor primário. Mas Franz tinha 17 anos, muitos sonhos na cabeça e, principalmente, muitas obras em seu catálogo: uma sinfonia, vários quartetos, muitas canções, uma missa e até uma ópera. Era inevitável seguir o coração e investir em sua carreira de músico.

Mesmo assim, Franz assumiu seu posto de professor primário, por dois anos, até abandoná-lo definitivamente em 1816. Dava aulas mas não parava de compor: são 193 composições em dois anos, em todos os gêneros possíveis.

Quando decidiu subsistir apenas com sua música, Schubert tornou-se o primeiro compositor a fazer isso deliberadamente. Mozart, é certo, foi posto na rua a pontapés pelo seu empregador e viveu o resto de sua curta vida de maneira independente, mas sempre se valeu do fascínio que exercia como virtuose para obter seu público. E lembremos que o jovem e tempestuoso Beethoven recém-chegado a Viena era pianista dos mais solicitados. Schubert não. Ele ousou viver apenas como compositor, raramente apresentando-se em público.

Nem sempre foi bem-sucedido; aliás, em geral fracassava. Schubert teve uma vida recheada de preocupações financeiras, dívidas e constantes ajudas dos fiéis amigos, que lhe davam abrigo e muitas vezes alimento. Talvez a culpa seja do próprio Schubert, que adotou a estratégia errada para construir sua carreira: obter sucesso compondo óperas. Escreveu mais de uma dúzia delas, todas destinadas ao insucesso.

Mas em um campo Schubert haveria de trinfar: o lied. Aos poucos, foi conquistando o público, os editores e a crítica com suas canções. A primeira obra-prima, Margarida na roca, baseada em uma cena do Fausto de Goethe, foi composta em 1814. É considerado o primeiro grande lied da história. Em seguida vieram O rei dos elfos, A morte e a donzela, A truta e outras tantas maravilhas. O ano de 1815 foi coroado com 146 lieder, além de duas sinfonias (a quarta, dita Trágica, e a quinta), duas missas, quatro óperas, mais sonatas para piano e quartetos. A inspiração parecia nunca acabar!

Embora começando a ser notado como grande compositor de canções, Schubert tinha muitas dificuldades para se impor. Ainda insistia na ópera, sempre sem êxito. A primeira publicação de uma obra sua, finalmente, só veio a acontecer em 1820: o Opus 1 seria o lied O rei dos elfos, composto cinco anos antes. O detalhe é que a edição foi feita através do sistema de assinaturas; a ajuda dos amigos aqui foi novamente providencial.

Justamente nessa época é que Schubert enfrenta sua primeira crise mais séria, tanto psicológica como física. Além de enfrentar uma humilhante, para a época, doença venérea (provavelmente contraída com uma criada dos Esterházy, família da qual foi professor em 1818), os eternos problemas sentimentais - noiva que se casa com outro, contínuos fracassos amorosos - e financeiros, Schubert começou a ver a sua fonte de criação se esgotar. Começou a compor cada vez menos, inclusive menos canções.

Em 1822, em plena depressão, escreveu o revelador texto Meu sonho, que contrasta fortemente com a imagem do alegre e brincalhão animador das schubertíadas vienenses:

Durante anos, senti-me dividido entre a maior das dores e o maior dos amores. Durante anos cantei lieder. Se queria cantar o amor, para mim ele se transformava em dor; se queria novamente só cantar a dor, para mim ela se transformava em amor.

Mas voltou a compor. No mesmo ano terrível, Schubert escreveu a sua Oitava Sinfonia, obra tão angustiada que foi deixada incompleta. A crise aumentaria. Em fevereiro de 1823, muito doente, foi internado no Hospital Geral de Viena. Mas continuava criando. Ainda no hospital, compôs o ciclo de canções Mueller; pouco depois, uma das suas maiores realizações no campo dos lieder, o ciclo A bela moleira.

Schubert aos poucos iria melhorando seu estado mental, mas sua saúde física só deteriorava. Surgiam a todo instante os sintomas degenerativos da sífilis, na época uma doença incurável, que Franz havia contraído alguns anos antes. Além de lhe causar dores de cabeça e vertigens constantes, a doença fez com que seus cabelos caíssem e tivessem de ser substituídos por uma peruca.

Em 1824, a esperança de uma recuperação veio com a segunda estada que fez no castelo dos Esterházy, na Hungria, onde novamente daria aulas para as filhas do conde. Uma delas, Caroline, então com 17 anos, despertou-lhe intensa paixão. Como seria natural, o tímido e melancólico Schubert não chegou a se declarar para a amada.

Mesmo assim, a viagem foi boa para os ânimos do compositor, então com 27 anos. Quando retornou a Viena, as célebres festas realizadas pelos fiéis amigos, as schubertíadas, ganharam força total, assim como o próprio Schubert, que compôs algumas de suas maiores obras-primas neste período: o Octeto, o Quarteto A morte e a donzela, além de começar o trabalho na Nona Sinfonia, a Grande.

Foi uma época produtiva, mas nada isenta de preocupações materiais. Suas obras continuavam sendo recusadas pela maioria dos editores e sucesso de público era algo distante. Sem nenhum dinheiro ou propriedade - nem mesmo o próprio piano - Schubert vivia de eventuais publicações, todas pouco rentáveis, e de empregos mais eventuais ainda, que costumeiramente eram perdidos rápido por conta de seu temperamento.

Em 1827, Schubert chocou-se muito com a morte de Beethoven, por quem nutria um estranho sentimento misto de admiração e temor. Intimamente, o fato fez Schubert sentir próximo o próprio fim. E, justamente nesse período triste, seus amigos, antes inseparáveis, começaram a se afastar: alguns se casavam, outros partiam para outras cidades. A solidão tornou-se a maior companheira do Schubert dos últimos meses.

A sua frágil saúde voltou a dar sinais de piora. No final de outubro de 1828, passou a recusar alimento. No mês seguinte, os médicos detectaram o motivo da recaída: febre tifóide causada por infecções intestinais. Não saía mais da cama. No dia 19 de novembro de 1828, às 3 horas da tarde, em meio a delírios, Franz Schubert fitou o médico que o acompanhava e pronunciou: "aqui, aqui é o meu fim". Foram as suas últimas palavras.


SUA OBRA

Assim como Beethoven, Schubert é um compositor entre dois períodos, o Classicismo e o Romantismo. Enquanto as primeiras obras mostram de maneira inconfundível a influência dos grandes clássicos vienenses, Haydn e Mozart, as últimas podem, com grande justiça, ser consideradas as primeiras grandes realizações do Romantismo musical.

Mas Schubert não pretendia ser um grande revolucionário musical ao molde do ídolo Beethoven. Ao invés de deliberadamente alargar as fronteiras dos gêneros que recebeu dos antecessores, Schubert simplesmente as trabalhava com a mesma liberdade que tinha quando compunha canções. No final das contas, acabou operando o grande passo a frente rumo ao Romantismo: o conteúdo, as idéias musicais, é que determinam suas próprias formas.

Certamente o gênero em que Schubert foi melhor sucedido - e onde mostra mais claramente todo a sua genialidade - é o lied. A canção artística alemã, reciprocamente, teve em Schubert ao mesmo tempo um grande iniciador e o seu expoente máximo. Nos quase 600 lieder que compôs resumem-se todas as características de sua arte: a alternância entre tons maiores e menores, a espontaneidade da criação melódica, a predominância do elemento lírico em detrimento do dramático (e imaginar que Schubert ambicionava sucesso na ópera).

Além do lied, Schubert se destacou especialmente em outros três gêneros: música para piano, música de câmara e sinfonia. Em todos eles, principalmente nos dois primeiros, Schubert deixou sua marca indelével.

Canções
Gênero schubertiano por excelência, a canção também representa a parte mais numerosa de seu catálogo: aproximadamente 600 obras. É nos lieder que Schubert expressa a sua natureza essencialmente poética e todas as suas angústias. Não seria de se estranhar o fato de que inúmeras de suas obras-primas instrumentais sejam inspiradas - e isso inclui aproveitamento temático - em lieder.

As canções mais conhecidas e importantes de Schubert estão agrupadas em ciclos, que geralmente narram uma história ou mantêm uma atmosfera única entre todas as partes. Três deles são considerados os maiores de Schubert: A bela moleira (Die schöne Mullerin), A viagem de inverno (Die Winterreise) e O canto do cisne (Schwanengesang). Os dois últimos foram compostos nos anos finais da vida do compositor e representam, respectivamente, o desespero e o adeus.

A viagem de inverno, ciclo baseado em poemas de Wilhelm Mueller, mostram a chegada do que Schubert chamou de "inverno de minha desesperança". Impregnadas pela idéia da morte, as canções são sombrias, angustiadas e até mesmo perturbadoras. O ciclo é talvez a maior realização de Schubert no campo do lied.

Inúmeras canções de Schubert têm vida independente de ciclos. São jóias de poesia em estado puro: Margarida na roca, O rei dos elfos, A morte e a donzela, A truta, O anão, O viajante, Dafne no riacho, e claro, o mais popular lied schubertiano, Ave Maria, que a posteridade quase transformou em hino sacro.

Em termos de música sacra propriamente dita, não podemos nos esquecer das grandes missas que Schubert compôs, em especial a D.678, em lá bemol maior, e a monumental D.950, em mi bemol maior.

Música para Piano
Schubert era exímio pianista, mas nunca quis obter êxito como intérprete: seu único objetivo era compor. Mesmo assim, compunha muito para piano, especialmente para tocar com os amigos, em especial nas célebres schubertíadas. Dessa maneira, é natural que as miniaturas em forma livre, como improvisos e fantasias, tenham destaque em sua produção, muitas vezes na forma de peças para piano a quatro mãos.

Suas obras curtas para piano são muito próximas em espírito aos lieder: muita expressão e suprema liberdade inventiva condensados em obras de pequena duração. Muitas vezes essas peças são danças, ländler, valsas, polonaises e até mesmo marchas militares. São bastante conhecidos os conjuntos das Valsas sentimentais D.779 e das Valsas nobres D.969, além das três Marchas militares Op. 51 e as Polonaises Op. 61 (as duas últimas séries são para piano a quatro mãos).

De outra espécie são os Improvisos dos Opus 90 e 142. Nessas peças, Schubert mostra o lado mais refinado de sua veia poética. Também dignas de destaque são suas fantasias: a Fantasia Wanderer, para piano solo, baseada na canção O viajante, de clima um tanto amargo e tempestuoso mas de força impressionante; e a sublime Fantasia em fá menor D.940, para piano a quatro mãos, uma de suas mais belas criações.

Schubert enfrentou a sonata com muito menos liberdade e confiança em comparação com sua habilidade nas formas curtas. Tanto que, das 21 sonatas que compôs, inúmeras foram deixadas inacabadas. De qualquer maneira, encontramos tesouros preciosos entre elas: as D.840, dita Relíquia, em dó maior, D.845, em lá menor, D.850, em ré maior, e D.894, em sol maior, são suas primeiras grandes obras no gênero.

Mas Schubert só alcançaria alturas ainda mais elevadas com suas últimas três sonatas, D.958, em dó menor, D. 959, em lá maior, e D.960, em si bemol maior. Peças que revelam uma tristeza profunda, essas três sonatas foram compostas nos seus últimos dois meses de vida. São, talvez, as obras pianísticas mais emocionantes e sentidas que Schubert escreveu.

Música de Câmara
Um dos gêneros em que Schubert foi mestre consumado foi a música de câmara. Em formações como trios, quartetos, quintetos e octetos, Schubert escreveu grandes obras-primas. Em algumas delas, a influência - sempre presente no compositor - dos lieder se faz notar pelo uso de temas de canções.

Os casos mais célebres são o do Quarteto de cordas em ré menor D.810, A morte e a donzela e o do Quinteto para piano e cordas em Lá maior D.667, A truta. Ambos são baseados em canções, cujos temas surgem em movimentos centrais na forma de tema e variações; mas as semelhanças terminam aí. Enquanto o quarteto é uma peça solene e um tanto sombria, o quinteto para piano é uma obra muito leve e jovial.

Schubert também escreveu dois trios. O segundo deles, em mi bemol maior, opus 100, D.929, é o mais conhecido e talvez o maior. Esse trio tem uma inquietação interior, uma qualidade patética raramente encontrada em Schubert. Uma obra-prima, composta um ano antes de morrer.

Mas a maior criação camerística de Schubert é, sem dúvida, o sublime Quinteto de cordas em Dó maior D.956. Instrumentado de maneira singular, para dois violinos, uma viola e dois violoncelos, o quinteto já foi chamado de "o diploma da música romântica". De fato, o seu sabor fortemente nostálgico e melancólico fazem dessa obra monumental (cerca de uma hora de duração) um grande devaneio poético. O movimento lento é, seguramente, uma das mais emocionantes músicas compostas em todos tempos.

Sinfonias
Schubert mantinha um sentimento ambíguo com relação à sinfonia: alternam-se, em sua carreira, fases de grande empolgação com fases de rejeição pela forma. Mas foi no gênero sinfônico que Schubert compôs algumas de suas maiores e mais populares obras-primas.

As três primeiras sinfonias de Schubert foram escritas no início de carreira e mostram a influência muito forte dos mestres Mozart e Haydn. Têm importância apenas relativa. A primeira sinfonia schubertiana realmente de porte é a Quarta, dita Trágica. Escrita em tom menor, o clima é de drama e tensão.

A Quinta é o oposto da Quarta: em tom maior e detentora de um clima muito mais leve. A influência mozartiana novamente se faz sentir. A Sexta é ainda mais extrovertida e alegre. A influência é clara: Rossini, que fazia muito sucesso em Viena na época de composição dessa sinfonia.

A Sétima... bem, a Sétima não existe. O que existe é um mistério em torno da numeração das sinfonias schubertianas: da Sexta, passa-se à Oitava. O porquê desse salto é obscuro. Seria a Sétima o suposto primeiro esboço da Nona, começado em 1825 e citado em cartas como a "grande sinfonia"? Afinal, a Nona só surgiu definitivamente em 1828 e Schubert não costumava demorar-se tanto com uma obra. Ou seria a Sétima o esboço de uma sinfonia em mi maior, composto, sem orquestração, imediatamente antes da célebre Inacabada? Difícil saber.

De qualquer forma, a Sinfonia em si menor, a Inacabada, é tradicionalmente conhecida como a Oitava. É a sinfonia mais conhecida de Schubert. Tensa, dramática, patética, dessa sinfonia só temos os dois primeiros movimentos e um minúsculo fragmento do Scherzo. É uma obra-prima completa, mesmo inacabada.

A última sinfonia, a Nona, em dó maior, é também conhecida como a Grande. O apelido é justíssimo. Certamente esta é a maior - e mais longa - obra sinfônica de Schubert. A Grande tem clima diverso e mais complexo que o da Inacabada: não mais drama, mas movimento e potência. Juntamente com a Júpiter de Mozart e com a Nona de Beethoven, a Nona de Schubert abre o caminho para as futuras sinfonias de Bruckner e Mahler.

A Grande é um fecho monumental para o impressionante legado de Schubert. Legado este que se torna mais impressionante ainda ao pensarmos na idade em que o compositor morreu: apenas 31 anos.

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#209 Mensagem por Tricampeão » 23 Mai 2006, 09:53

DragonballZ escreveu:Um universo de dicas e informações....
Vou ter que rever págs, pois estou na 6a. Sinfonia de Beethoven...
Mas vou de Mozart na sequência, o que achas?
Compare as sinfonias 40 e 41 com as anteriores, que ainda estão no estilo clássico, sistematizado por Haydn. Terá a mesma impressão confrontando as sinfonias 3 a 8 de Beethoven com suas duas primeiras.

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#210 Mensagem por Maestro Alex » 23 Mai 2006, 16:01

Continuando com os clássicos:

Joseph-Maurice Ravel (7 de março de 1875, Ciboure, França - 28 de dezembro de 1937, Paris) foi um compositor e pianista francês.

É mundialmente conhecido pelo seu Bolero, ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. Ravel descreveu seu Boléro como "uma obra para orquestra sem música".

Faleceu das conseqüências de um acidente de táxi ocorrido em 1932. Durante o período que precedeu a sua morte havia perdido uma parte da sua capacidade de compor devido às lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta mas o seu corpo já não respondia adequadamente tendo sofrido de graves problemas motores.


Obras principais (por ordem cronológica)
Sérénade grotesque (1892-1893)
Menuet antique (1895)
Valse en Ré majeur pour piano (1898)
Pavane pour une infante défunte (1899) Ouverture Schéhérazade (1899)
Fugue en Ré majeur (1900)
Jeux d'eau pour piano en Mi majeur (1901)
Quatuor en Fa majeur pour cordes (1902-1903)
Schéhérazade (1903)
Une barque sur l'océan (1906)
Rhapsodie espagnole (orchestre) (1907) Gaspard de la nuit (1908)
Daphnis et Chloé (ballet 1909-1912) Ma Mère l'Oye (ballet 1908-1910)
Valses nobles et sentimentales (1911)
La Tombeau de Couperin (1914)
Alborada del gracioso(1919)
La valse (1920)
L'enfant et les sortilèges (1919-1925)
Boléro (1928) Concerto en ré majeur pour la main gauche (1929-1930)
Concerto en sol majeur (1931-1932)

Em vermelho o que não pode deixar de ser ouvido :wink:

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