Voltando aos clássicos - Um dos grandes da Opera;
Giuseppe Verdi
1813-1901
1813: nasceu Giuseppe Fortunino Francesco Verdi ás 20:00h do dia 10 de outubro, filho de Luíza Utini Verdi (fiandeira) e Carlo Verdi (comerciante proprietário de loja onde comercializava tabaco e vinho) na pequena vila de Roncole, município de Busseto, ducado de Parma, Itália.
1814: Luíza Utini escondeu-se com o pequeno Giuseppe na torre de uma igreja, salvando-lhe a vida. A Itália, nessa época, encontrava-se tomada pelo exército prusso-austríaco que lutava contra o exército de Napoleão. Alguns soldados do exército invasor adentraram na loja de Carlo Verdi, provavelmente embriagados, e atacaram a família Verdi e os fregueses que ali se encontravam.
1817: aos 04 anos de idade o menino Giuseppe já demonstrava aptidão pela música. Sendo criado na pequena loja, por onde, de vez em quando, transitava um violinista ambulante. Nesses momentos, o pequeno Verdi interrompia suas brincadeiras para ouvir as cantinelas do violinista. Certo dia, o violinista nômade percebeu que o garoto se extasiava ante o som do instrumento e, dirigindo-se aos pais, disse-lhes: "Façam esse menino estudar música. Ele triunfará!".
1820: o padre lhe deu um pontapé que lhe fez sair rolando pelos degraus do altar abaixo, pois Giuseppe havia esquecido de passar a água ao pároco, devido ao desvio de sua atenção à parte musical da missa. "Que Deus diminua os seus dias", teria dito o pequeno Giuseppe. O padre em questão era o pároco Baistrocchi que lhe ensinou a ler, escrever e lhe deu aulas de música e de latim.
Levado à sua casa, machucado, pálido e a escorrer sangue, quando os seus pais perguntaram o que havia acontecido, respondeu: "Deixem-me aprender música!". Seu pai então deu-lhe uma velha espineta. Com os dedos ainda inábeis, compôs, quem sabe lá devido a qual inspiração, um acorde. Quis repeti-lo, mas não lhe foi possível. Foi tamanho o seu aborrecimento então que, a socos e a golpes de martelo, acabou deixando a velha espineta fora de ação. Em socorro do menino surgiu Stefano Cavalletti, que consertou a espineta sem cobrar nada, pois também ele já havia notado no pequeno Giuseppe marcante disposição para a música. Verdi conservou a velha espineta mesmo nos tempos áureos.
1823: Giuseppe foi para Busseto, cidade próxima de Roncole, para freqüentar escola primária. Freqüentou a escola do organista Ferdinando Provesi. Verdi foi apresentado a Provesi pelo cônego Dom Pietro Seletti que havia ficado estupefacto ao ouvir Verdi ao piano, interpretando uma composição sua. Provesi ensinou-lhe tudo o que sabia e foi-lhe pródigo em conselhos, adestrando-o em contraponto. Simultaneamente, Giuseppe trabalhou para o comerciante Antonio Barezzi, músico apurado, tocava flauta e clarinete e era presidente da Sociedade Filarmônica local. Barezzi era protetor de Giuseppe e o tratava como filho. A filha de Barezzi, Margheritta, lhe deu aulas de canto e piano.
1825 a 1830: Giuseppe trabalhava também tocando órgão nas igrejas das cidades vizinhas, incluindo Roncole, no lugar do já falecido pároco Baistrocchi. Segundo consta, no início, Verdi ia descalço para economizar sapatos. "Esses eram mais caros que pão", dizia a sua mãe. Giuseppe teria, numa escura e tormentosa véspera de Natal, caído em um buraco de onde só teria conseguido sair devido a ajuda de um transeunte. Aos 15 anos Verdi compõe a cantata I Deliri di Saul, em oito movimentos, para barítono e orquestra.
Aos 16 anos o Giuseppe já fazia sucesso em Busseto, havia composto algumas canções, peças para piano, músicas sacras e marchas. Marchas que faziam sucesso na interpretação da Banda Municipal da cidade. Teria ocorrido nessa idade (entre 16 e 17 anos) o primeiro fracasso do Giuseppe, ao tentar assumir o posto de organista da igreja de São Tiago, na cidade de Soragna. Mesmo com a recomendação do Provesi, Verdi não foi admitido. A idade máxima, admitida para o posto de organista na igreja de São Tiago era de 14 anos.
Entre 1831 e 1832, com 18 anos de idade, Verdi, com o auxílio financeiro de Barezzi, vai para Milão. Tenta a admissão para o Conservatório mas não consegue. "Chega! Pode ir, senhor Verdi. Que medíocre! A sua música não tem alma e nem estilo!" De qualquer forma, depois deram o nome de Verdi ao Conservatório, como homenagem. No exame Verdi interpretou ao piano o Capricho em lá perante uma comissão julgadora composta de Francesco Basili, Piantanida, Angeleri e Rolla, grandes nomes da música de então.
Verdi chamou a atenção e conquistou a admiração do violinista Alessandro Rolla que contratou um professor particular de música para Giuseppe. O compositor de óperas e diretor do teatro La Scalla Vincenzo Lavignia que também era tocador de címbalo na orquestra do teatro. Por três anos Verdi estudou com Lavignia o que lhe teria sido de grande valia no campo da ópera.
1833: morre seu amigo Provesi.
1834: Verdi teve a oportunidade de dirigir o oratório A Criação de Haydn em função da indicação de Pietro Massini (regente da Sociedade Filarmônica de Milão).Verdi retorna a Busseto devido à morte de Provesi, buscando assumir o posto de presidente da Sociedade Filarmônica que havia ficado vago com a morte do seu amigo. Por motivos políticos acabou não conseguindo. Os bispos definiram outro nome a despeito da vontade da comunidade da música. A comunidade deu-lhe o título de "Mestre da Comuna e do Monte di Pietà de Busseto".
Para sobreviver Verdi lecionava música.
1835: Giuseppe casa com Margherita, filha de Barezzi.
Nesse mesmo ano, Verdi dirigiu em conjunto com Pietro Massini uma apresentação da ópera La Cenerentola de Gioachino Rossini.
1836: Verdi teria composto uma cantata com libretto escrito pelo Conde Renato Borromeo. Cantata essa em homenagem ao imperador Austríaco Ferdinando I. Também teria composto uma ópera entitulada Rocester com libreto do jornalista e poeta milanês Antonio Piazza. Teria tentado sem sucesso a estréia dessa opera no teatro Ducale em Parma. Nessa época Verdi havia composto algumas canções: Domine ad iuvandum, para tenor, com flauta obbligato, Le Lamentazione di Geremia, para barítono, Il cinque maggio, poema de Manzoni sobre a morte de Napoleão, e a cantata I Deliri di Saul, em oito movimentos, para barítono e orquestra.
Entre 1835 e 1838: nascem uma filha e um filho de Verdi e Margherita. Verdi trabalha arduamente buscando a apresentação de sua primeira ópera. Trabalhou com o auxílio de Temistocle Solera sobre a música e o libreto da ópera Rocester, escrita por Piazza. A obra tornou-se Oberto, Conde de São Bonifácio. Verdi teria ido a Parma em busca de apoio do Conde Sanvitale (tal conde teria sido amigo de Paganini). A sua intenção era ainda em 1837 ter a sua primeira obra apresentada em público. Mas parece que as suas idéias políticas não eram muito adequadas aos "senhores" da sociedade pois não conseguiu apoio, tendo sua obra rejeitada pelo empresário do Teatro Ducale em Parma, Granzi.
1836: foi escrita e apresentada a canção Tantum Ergo para tenor e orquestra. Nesse mesmo ano, em setembro, morreu seu amigo Vicenzo Lavignia.
1837: nasce Virginia, filha de Verdi em 26 de março.
1838: nasce Icílio Romano, filho de Verdi, em 11 de julho. Verdi compõe uma abertura para a ópera O barbeiro de Sevilha. São publicadas seis canções: Non t'accostare all'urna, poema de Jacopo Vittorelli; More, Elisa, lo stanco poeta, poema de Tommaso Bianchi; In solitaria stanza, poema de Jacopo Vittorelli; Nell'orror di notte oscura, poema de Carlo Angiolini; Perduta ho la pace, Deh, pietoso e Oh Addolorata, poemas de Johann Wolfgang von Goethe.
1839: Verdi volta de Parma e decide mudar-se com a sua família para Milão. Nesse ano, ele compõe as canções La seduzione, com letra de Luigi Balestri, e L´esule com letra de Temistocle Solera. Verdi esperava finalmente estrear Oberto com o apoio de seu amigo Massini, porém não contava com o fato de que Massini já não era mais um dos diretores do Teatro Filodramático. Mesmo assim, Massini conseguiu usar da sua influência em favor de Verdi. A ópera Oberto teria a sua estréia no Teatro Scala onde Merelli, amigo de Massini, era diretor. Os problemas financeiros da família Verdi eram enormes e ele chegou a pensar em desistir da carreira e voltar para Busseto, quando o tenor acabou adoentado e a estréia da ópera foi cancelada. Os apelos de Margherita que insistia em apoiar as qualidades musicais do marido, somados com uma promessa do diretor do La Scala, Bartolomeo Merelli, de que, com a partilha dos lucros, a ópera seria apresentada no Scala ainda em 1839, fizeram com que Giuseppe continuasse em Milão. Finalmente Oberto, Conte di San Bonifácio estreou em 17 de novembro. Sobre a estréia, teria comentado Verdi: "O exito não foi muito grande, mas foi razoável". Em função de Oberto, Verdi recebeu, a princípio, a encomenda de duas outras óperas. Uma séria e outra cômica, mas devido a problemas financeiros do teatro, Verdi acabou compondo apenas a cômica: Um giorno di Regno. O libreto havia sido entregue com o título Il finto Stanislas, escrito por Felice Romani. Morrem seus dois filhos, Ilício e Virgínia.
Verdi teria dito: "Aí começaram os meus grandes infortúnios, adoeceu meu filhinho; os médicos não puderam descobrir a causa do mal e a pobre criança morreu nos braços da mãe desolada. Como se isso não bastasse, daí a dias, a menina adoeceu por sua vez e também morreu. E, como se ainda fosse pouco, minha pobre esposa foi acometida de violenta inflamação cerebral e, a 03 de junho (1840), um terceiro caixão saia de minha casa. Fiquei só, só, só...os meus três entes queridos tinham-me deixado para sempre; minha família estava exterminada! Era em meio dessas terríveis aflições que eu tinha de escrever uma ópera cômica! Um giorno di Regno não agradou; parte do malogro cabe, sem dúvida, à música, mas parte também ao desempenho. Com a alma torturada pelas desventuras domésticas, desgosto com o insucesso do meu trabalho, fiquei convencido de que era inútil esperar consolação da arte e decidi não mais compor".
Independentemente do intervalo de tempo entre as mortes ou qual morte tenha ocorrido primeiro (os registros são incertos), podemos imaginar em que circunstancias Un giorno di Regno foi composta. Entenda-se que Verdi tinha que terminar o trabalho começado porque a sua situação financeira, segundo consta em alguns registros, era calamitosa, e também pelo fato de que Verdi tinha o hábito de cumprir com os seus compromissos.
A resolução de Verdi de não continuar a compor foi quebrada em parte por Merelli que, um dia, lhe meteu na algibeira do casaco um libreto de Solera sobre o assunto de Nabucodonosor a cuja leitura, principalmente do coro Va pensiero..., Verdi não pode resistir. Tanto o impressionou que, depois de outro esforço para manter a sua decisão, sucumbiu às solicitudes de Merelli.
1842: a ópera Nabucco, libretto de Temístocle Solera, estreou no Scalla em 09 de março. Foi o "divisor de águas" da vida e obra de Verdi. Foi amenizada a tristeza no coração do compositor devido ao sentimento de patriotismo. Nabucco foi estrondosamente aplaudido. Quando o personagem Zacarias cantou "Morte aos tiranos estrangeiros", todos entenderam que ele se referia aos austríacos. Nos cafés, quando entrava algum oficial austríaco, os italianos começavam a cantarolar Va pensiero, nas ruas as crianças assoviavam Va pensiero, tocava-se Va pensiero nos realejos à frente das chefaturas de polícia. Esse coro já havia se tornado uma canção que simbolizava a liberdade para o povo italiano antes mesmo da estréia da ópera. O sucesso da obra lhe trouxe reconhecimento de tal forma que todos os teatros italianos apresentaram a obra em um curto período de tempo. A sua situação financeira precária deu lugar à estabilidade financeira já que, após Nabucco, ele passou a estrear uma, às vezes duas óperas por ano. Conheceu o soprano Giuseppina Strepponi (sua futura esposa) que, ao lado do tenor Ronconi, participaram da primeira apresentação de Nabucco.
1844: Ernani estréia em Veneza em 09 de março no Teatro La Fenice, baseado em um drama de Victor Hugo e libreto de Francesco Maria Piave. No libreto de Ernani também havia uma cena de conspiração, mas a ação dos censores austríacos fez com que o enredo fosse modificado nesse ponto. Ainda nesse ano, em 03 de novembro, outra ópera teve a sua estreia: I due Foscari, dessa vez em Roma, no Teatro Argentina, baseada em uma peça escrita por Byron.
1845: estréia da obra Giovanna d'Arco, libreto de Temistocle Solera, representada no Scalla de Milão em 15 de fevereiro. Para a estréia os censores exigiram a supressão de termos como "pátria" e "liberdade", e para que a obra fosse apresentada em Palermo dois anos depois, ocorreram alterações no libreto e no título, passando a se chamar Orietta di Lesbo. Em 12 de agosto desse mesmo ano ocorreu a estréia da ópera Alzira em Nápoles, Teatro San Carlo. Outro ciclo de seis canções foi publicado: Il tramonto, Ad uma Stella e Brindisi, poemas de Andrea Maffei; La zingara e Lo spazzacamino, poemas de Manfredo Maggioni; Il mistero, poema de Felice Romani.
1846: no Teatro La Fenice em Veneza, a 12 de agosto, é apresentada a ópera Áttila. Libreto escrito por Temistocle Solera e Francesco Piave.
1847: a ópera Macbeth, libreto de Francesco Maria Piave, foi representada no teatro Pergola em Florença a 14 de março. Macbeth teve seu enredo baseado em obra de Shakespeare. Também foi apresentada uma nova versão da ópera I Lombardi (1843), agora intitulada Jerusalém, em Paris a 26 de novembro. Em Macbeth a população encontrou no trecho do coro "A pátria traída reclama-nos com lágrimas" mais um motivo para demonstrações patrióticas.
Em Londres foi apresentada a ópera I Manasdieri, libreto de Andréa Maffei. A ópera, baseada em uma peça de Schiller, foi escrita especialmente para Lumley, empresário do teatro Her Magesty's. Jerusalém e I Mainasdieri foram as duas primeiras óperas de Verdi que estrearam fora da Itália. Verdi popularizou-se como o "Cantor da Liberdade", seu sobrenome correspondia à sigla do futuro monarca da nação unificada: "Viva Vittorio Emanuele, Re d`Itália". E a saudação "Viva VERDI!", deixou de ser apenas uma homenagem ao compositor. Verdi passa a viver com o soprano Giuseppina Strepponi.
1848: foi o ano da estréia da ópera Il Corsaro, libreto de Francesco Piave. A premiére ocorreu na cidade de Trieste a 25 de outubro. Mesmo correndo risco de ser exilado, Verdi assina um manifesto publicado em que se solicitava o auxílio francês contra a Áustria; adquire a propriedade Sta. Agatha em Busseto; compõe a peça Suona la tromba, peça para voz masculina acompanhada de coro e orquestra.
1849: La Battaglia di Legnano, libreto de Salvatore Cammarano, foi representada em Roma a 27 de janeiro de 1849. Ópera que ficou bastante popular na Itália, pois o enredo apresentava a luta dos Lombardos contra o imperador alemão. Em 1849 estava ocorrendo uma revolução em grande parte da Europa, e Verdi e seus libretistas não precisavam mais referir-se a temas relacionados à pátria de forma indireta. Eis uma passagem do libreto: "Devemos expulsar os tiranos da Itália, para além dos Alpes". La Bataglia di Legano dá fim a fase dita "patriótica" de Verdi, que havia iniciado com a apresentação de Nabucco. Findada a revolução, a Itália encontrava-se ao final de 1849 em processo de unificação. Verdi inicia então uma fase menos voltada ao patriotismo. Os enredos de suas óperas passaram a trabalhar questões relacionadas mais às condições humanas. A primeira ópera dessa fase estreou no teatro San Carlo, em Nápoles, a 08 de dezembro: a ópera Luisa Miller, libreto de Cammarano.
1850: foi o ano de estréia de Stiffelio em Trieste a 16 de novembro. Stiffelio foi escrita por Verdi devido à solicitação do editor Giovanni Ricordi que queria uma obra para o outono de 50. Verdi procurou o compositor Francesco Maria Piave que lhe sugeriu um libreto baseado na obra Le Pasteur de Émile Souvestre e Eugène Borgeois. O enredo, onde um pastor perdoa a sua mulher adúltera, teria agradado ao compositor. Verdi teve que enfrentar os rigores da censura da igreja. Em Roma e em outras cidades, a ópera teve que ser cantada de tal forma que o pastor deu lugar a um primeiro-ministro de um principado germânico e o título teve de ser alterado para Guglielmo Wellingrode. Stiffelio sofreria mudanças na melodia e no libreto e teria sido re-estreada em 17 de agosto de 1857 em Rímini, Theatro Novo, com o título de Aroldo.
1851: ocorre a estréia do Rigoletto no teatro La Fenice em Veneza, a 11 de março. O enredo foi baseado na peça Le roi s'amuse de Victor Hugo que, por sua vez, baseou-se no livro Triboulet do escritor Michael Zevaco. O libreto da ópera foi escrito por Francisco Maria Piave. Nesse ano, Verdi passa a viver com o soprano Giusepina Streponni na sua propriedade em Busseto. Em 28 de junho ocorre a morte da sua mãe Luíza Utini.
1853: foi o ano da estréia de duas óperas. No Teatro Apollo em Roma, a 19 de janeiro, foi apresentado Il Trovatore e em Veneza a 06 de março no teatro Fenice foi apresentada La Traviata, com libreto de Piave, O enredo da Traviata foi baseado na peça La dame aux Camélias de Alexandre Dumas, que por sua vez foi escrita baseada na obra Marion de Lorme, de Victor Hugo. O libreto de Il Trovatore foi escrito, inicialmente, por Salvatore Cammarano; com a morte súbita de Cammarano, o libreto foi concluído por Leone Emanuele Bartare. Il Trovattore é baseado no drama El Trovador, escrito em 1836 pelo espanhol Antonio Garcia Gutiérrez.
1855: ano de estréia da obra Lês Vêpres Siciliennes, com libreto de Augustin Eugène Scribe. A estréia ocorreu em Paris, no Teatro Ópera na data de 13 de junho.
1857: ano de estréia, no teatro Fenice, de Simon Boccanegra, em Veneza a 12 de março. Uma nova versão seria apresentada em 24 de março de 1881. Libreto de Piave e Arrigo Boito.
1859: a ópera Un ballo in maschera, libreto de Antonio Somma, tem a sua primeira apresentação em Roma a 17 de fevereiro.
Após 12 anos de convivência, Verdi e Strepponi casam-se em 27 de agosto.
1861: com a Unificação da Itália, por influência do Conde Camilo di Cavour, artíficie da unificação, Verdi candidata-se e é eleito Deputado da Província de Parma. Quando Cavour morre, Verdi retira-se do Parlamento.
1862: na data de 24 de maio no Her Magesty´s Theatre, Londres, foi apresentado pela primeira vez a peça entitulada L`Inno delle Nazioni, produzida pelos compositores Auber (França), Meyerbeer (Alemanha), Sterndale e Bennett (Inglaterra) e Verdi. Nesse mesmo ano a ópera La Forza Del Destino teve a sua primeira representação na Rússia, no teatro Imperial de São Petersburgo, a 10 de novembro. O libreto foi escrito por Piave e baseado na obra Don Álvaro ou La fuerza Del Sino, escrita pelo poeta, militar e diplomata espanhol Angel Saavedra, duque de Rivas. Na premiére: Leonora: Caroline Barbot; Don Alvaro: Enrico Tamberlick; Carlo: Francesco Graziani; Padre Guardiano: Gian-Francesco Angelini; Fra Melitone: Achille de Bassini; Preziosilla: Constance Nantier-Didier; Marchese di Calatrava: Meo.
1865: é publicada a peça para piano Romanza senza parole.
1867: foi representada a ópera Don Carlo em Paris a 11 de março, libreto de Joseph Mery, que faleceu em 1865, e Camille Du Locle. Piave sofreu um derrame e ficou paraplégico. Verdi deu assistência à família de Piave mesmo após a sua morte. Nesse mesmo ano Verdi perdeu seu pai, que morreu em 15 de janeiro, e seu primeiro benfeitor e sogro Antonio Barezzi, em 27 de julho. Verdi e Giuseppina obtém a guarda da filha de uma prima de Verdi, Filomena Maria Cristina, de 7 anos de idade.
1868: em 13 de novembro morre Rossini e em sua homenagem, Verdi procura organizar uma missa de requiem, escrita por vários compositores italianos. Reserva-se o direito de contribuir com o trecho entitulado Libera me. Segundo a sugestão de Verdi, a missa teria a seguinte "formação": Requiem (Buzzolla), Dies Irae (Bazzini), Tuba mirum (Pedrotti), Quid sum miser (Cagnoni), Recordare (F. Ricci), Ingemisco (Nini), Confutatis (Boucheron), Lachrymosa (Coccia), Domine Jesu (Gaspari), Sanctus (Platania), Agnus Dei (L. Rossi), Lux aeterna (Mabellini) e Libera me (Verdi). A obra nunca foi executada pois o empresário Scalaberni apresentou dificuldades à utilização do seu coro e da sua orquestra em Bolonha, ao passo que o regente proposto, Angelo Mariani, não quis cooperar porque lhe haviam ferido a vaidade omitindo-lhe o nome na lista dos compositores seletos.
1869: foi publicada a peça Stornello cujo autor da letra é desconhecido.
1871: Aida, libreto do jornalista e dramaturgo Antonio Ghislanzoni, foi apresentada no Cairo a 24 de dezembro. O libretto de Aida foi baseado no livro La Fiancée du Nil escrito pelo Egiptólogo frances Auguste Mariette. Verdi e Ghislanzoni tiveram muitos desentendimentos quanto ao libreto.
1873: foram publicadas algumas canções dos períodos primário e médio de composição de Verdi, juntamente a um quarteto de cordas por ele escrito. Morre o escritor e amigo de Verdi, Manzoni.
1874: em homenagem a Manzoni, Verdi escreve uma Missa de Réquiem para o primeiro aniversário da sua morte. O grande Réquiem de Verdi surgiu do Libera me, do Réquiem de Rossini e da morte de Manzoni. A primeira execução do Réquiem deu-se a 22 de maio, sob a regência do próprio Verdi na igreja de São Marcos em Milão. Verdi foi nomeado senador.
1876: foi publicado um segundo Quarteto para Cordas: Allegro, Andantino, Prestíssimo e Scherzo – Fuga.
1880: nesse ano foram publicados um Pater Nostro e uma Ave Maria de sua composição.
1887: foi apresentado Otello, libreto de Arrigo Boito, em Milão a 09 de fevereiro. Baseado em obra de Shakespeare.
1893: a ópera cômica Falstaff foi representada em Milão a 09 de fevereiro, com libreto de Arrigo Boito. O libreto foi baseado na obra The merry wives of Windsor de Shakespeare.
1894: foi apresentada a peça Pietà, Signor!, para tenor e piano, em homenagem aos mortos no sul da Itália devido a um terremoto. Verdi recebe em Paris a "Grande Cruz da Legião de Honra".
1895: teria escrito, em momentos de pessimismo: "Nascido pobre, numa pobre aldeia, não tive meios para aprender qualquer coisa. Deram-me uma miserável espineta e, pouco depois, comecei a escrever notas, notas e notas...nada senão notas! E foi tudo. O pior é que agora, aos 82 anos de idade, duvido que as notas valham alguma coisa! É um tormento para mim, uma desolação!"
1897: Em 14 de novembro de 1897 morre sua segunda esposa, Giuseppina Streponni.
1898: foram publicados: uma Ave Maria para quatro vozes, um Stabat Mater, um Te Deum, Laudi alla Vergine (canções em louvor à Virgem) e o seu Requiem. Verdi compra um pedaço de terra em Milão e constrói uma Casa de Retiro para músicos. O soprano Tereza Stolz acompanha Verdi em seus últimos anos de vida.
1900: a 29 de julho, foi assassinado o Rei Humberto. A Rainha Margherita escreveu uma "Oração" e a Condessa Negroni-Prati, amiga de Verdi, sugeriu-lhe que a pusesse em música. Verdi declina, dando a desculpa da idade avançada e dificuldade de encontrar expressão musical adequada à letra. Verdi teria escrito essas palavras a um amigo: "Embora os médicos me digam que não estou doente, sinto que tudo me apoquenta. Já não posso ler nem escrever. A minha vista não é boa, a minha audição é ainda pior. E acima de tudo, os membros já não me obedecem. Não vivo, vegeto. Que estou a fazer no mundo?".
1901: a 21 de janeiro, ao vestir-se no seu aposento do Hotel de Milão, teve um ataque que lhe paralizou o lado direito e o fez cair de cama. Durante seis dias, o velho e robusto corpo lutou com a morte. O fim chegou a 27 de janeiro. Estava em companhia da amiga Teresa Stolz, de seu último libretista, Arrigo Boito, do advogado Umberto Campanari e dos editores Julio e Tito Ricordi. No testamento expressava o desejo de ser sepultado sem cerimônias, muito modestamente, ou de madrugada ou com as Ave-Marias, à noitinha, sem música. Respeitaram-lhe a sua vontade. Inicialmente Verdi foi enterrado em cemitério de Milão. Um mês após a sua morte, seus restos mortais e os de Giuseppina foram transladados para uma cripta na Casa de Repouso para músicos. Nessa ocasião, o cortejo fúnebre foi acompanhado não somente por parentes e amigos, mas também pela família real, parlamentares, diplomatas e vários compositores, entre eles Puccini, Mascagni, Leoncavallo e Giordano. Para a Casa de Repouso, Verdi legou em testamento os direitos de publicidade de suas obras. Deixou parte de sua fortuna para caridade e o restante de sua enorme fortuna deixou para uma prima que morava em Busseto.