Enviado por Bianca Kleinpaul - 15/5/2006 - 10:19
UM CÓDIGO FIEL E 'SIMPÁTICO'
Nosso Bonequinho do jornal e o mais novo repórter do Segundo Caderno, Bruno Porto, foi um dos poucos jornalistas do mundo a assistir a um trecho "além-trailer" do esperado
"O Código Da Vinci". Foi em fevereiro e apenas meia-hora, mas valeu para nosso crítico ter uma visão do que vem aí. Ah, só estamos divulgando agora essa primeira impressão devido a um acordo com a distribuidora Sony: a publicação de uma linha sobre o que viram só poderia acontecer na semana da estréia do filme (esta sexta-feira, dia 19).
Veja o relato do nosso amigo e aproveitem para contar suas expectativas:
Passei o carnaval trabalhando este ano. Na véspera da folia, peguei um avião em direção a Los Angeles. A troca valeu a pena. Fui para a capital do cinema entrevistar o elenco de alguns dos filmes mais aguardados do ano, entre eles, "O Código Da Vinci".
Um dia antes de conversar com alguns atores da produção, eu e mais uma dezena de jornalistas do mundo todo fomos assistir a algumas seqüências do longa (que ainda estava sendo editado) num cinema dentro dos estúdios da Sony. No total, foram mais ou menos 30 minutos de filme.
A expectativa, claro, era grande. Afinal, desde o começo do ano a adaptação do best-seller de Dan Brown, que já vendeu mais de 40 milhões de cópias, vinha sendo saudada como o filme-evento de 2006. Antes da sessão, um aviso: veríamos pedaços de uma versão tosca do filme. A imagem ainda não tinha sido tratada e a trilha também não era a final. Melhor do que nada, pensamos.
Como todo mundo sabe, "O código Da Vinci" é dirigido por Ron Howard, responsável por filmes como o recente "A luta pela esperança" e "Uma mente brilhante" (Oscar de melhor filme e melhor direção de 2002). Sabe aquelas pessoas que nós chamamos de simpáticas ou estudiosas porque elas não chegam a ser inteligentes ou cultas? Pois é, os filmes de Howard são assim, "simpáticos". Eles não são ruins, mas raramente trazem grandes idéias ou sacadas. Howard faz o feijão com arroz.
Depois de assistir as tais seqüências de "O Código Da Vinci", na Sony, tive a impressão de que o longa pertence a essa categoria. A maior preocupação de Howard, me pareceu, foi ser fiel ao livro. Se ele fez alguma mudança relevante, isso aconteceu em trechos que não foram exibidos naquele dia.
Assistimos a umas 7, 8 sequências em ordem cronológica. Começamos com o assassinato do curador Jacques Saunière nas galerias do Louvre e a chegada do herói Robert Langdon (Tom Hanks) ao local do crime. Em seguida, vimos Langdon e Sophie Neveu (Audrey "Amélie Poulain" Tautou) fugindo da polícia a bordo do minúsculo carro da detetive parisiense. Essa seqüência, com muitas batidas e adrenalina, parece ser o momento ação do filme, feita sob medida para o naco jovem do público.
A cena seguinte, que mostrou o monge assassino Silas (Paul Bettany) se auto-flagelando, foi a que mais me chamou a atenção. Ela começa com Silas apertando ainda mais aquela tira cheia de espinhos que fica presa na sua coxa. Depois, nu, de costas, ele bate com um chicote em suas costas, que sangram sem parar. Howard não pegou leve. Não chega a ser "A Paixão de Cristo", mas impressiona. Outro bom momento é a seqüência na qual Sir Leigh Teabing (Ian McKellen) e Langdon explicam para Neveu o que o Santo Graal realmente significa. Mesmo quem já leu o livro (e existe alguém que não leu?) vai ficar meio arrepiado.
Depois de assistir a esses e outros pedaços do filme, cheguei a conclusão de que Ron Howard acertou na hora de escolher o elenco. Apesar do penteado ridículo, Hanks consegue reproduzir o jeitão de herói hesitante de Langdon. Audrey Tautou também convence (a atriz não fala um inglês perfeito como o da sua personagem no livro, mas isso é besteira). Ian McKellen dá o banho de sempre e Paul Bettany está assustador.
Sua maquiagem, um trabalho de seis horas diárias, é incrível. Um parêntese: Bettany foi um dos atores que entrevistei. Gente boa toda vida, ele quase nos matou de rir com uma piada envolvendo a Mona Lisa e gases.
Resumo da ópera: como os filmes anteriores de Ron Howard, "O Código Da Vinci" não deve decepcionar nem surpreender. Pelo visto, é "simpático" e só.