Proibições a profissão mais antiga do mundo é um sonho digno de retardados. Esses babacas fariam mais legalizando de uma vez.
Os políticos e elitistas de classe média adoram pregar moralidades, mas as garotas sem perspectivas dos rincões do Brasil estarão assim tão interessadas em passar a vida limpando privadas, fritando acarajé no meio da rua, ouvindo ordens de "patroas" que não têm onde cair mortas, recebendo uma merreca por isso?
A prostituição pode ser uma saída pra elas. E pra comunidades inteiras
. Vejam o que saiu na Veja desta semana:
Cidades
A cidade goiana
das "espanholas"
A prosperidade trazida pela mais
antiga das profissões faz com que
a pequena Uruaçu, no interior de
Goiás, esqueça o preconceito
Solano Nascimento, de Uruaçu
Fotos Ana Araujo
Cátia Moreira (no alto), a cidade de Uruaçu e o trabalho artesanal de fazer rosários: sem culpa
Foi-se o tempo em que a economia da cidade goiana de Uruaçu, a 192 quilômetros de Brasília, era movida apenas pela fabricação artesanal de terços e rosários de bolinhas de madeira. Nos últimos tempos, uma atividade bem mais lucrativa levou o município a ingressar no pequeno grupo de cidades brasileiras que têm um naco de sua riqueza produzido por remessas de dinheiro de moradores que vivem no exterior. Não se trata de subempregados trabalhando de forma clandestina nos Estados Unidos, como ocorre com Governador Valadares (MG), ou dekasseguis que fazem jornadas de sessenta horas semanais em indústrias japonesas, como é visto em Maringá (PR). A movimentação econômica em Uruaçu, onde vivem 33.000 pessoas, é fruto do trabalho das mulheres da cidade que se prostituem na Espanha. A prosperidade alcançada por elas é tão grande, para os padrões locais, que fez submergir o preconceito. O que sempre foi uma profissão de alcova se transformou em uma atividade aberta como qualquer outra. Muitos pais sabem o que as filhas fazem. Os filhos sabem o que as mães fazem. Aparentemente, isso não é um problema.
As uruaçuenses foram aceitas com tanta naturalidade que são chamadas carinhosamente de "espanholas". Elas são as principais clientes dos salões de beleza, proprietárias de um terço de todos os imóveis disponíveis para alugar e praticamente monopolizam o bairro mais chique da cidade. Cátia Sirley Moreira, 23 anos, filha de um mecânico, resolveu tentar a vida em um clube noturno do Principado de Astúrias, na Espanha. Depois de cinco anos de trabalho, ela voltou para Uruaçu e virou dona de duas empresas de mototáxi, construiu uma casa, comprou dois terrenos e, em breve, vai abrir uma loja de roupas. "Os homens de lá são horríveis, pinguços, drogados e fedorentos, mas você ganha um bom dinheiro", conta ela, que acaba de embarcar para a Espanha, onde ficará por mais uma temporada.
Alzino Aquino, dono de uma mercearia e católico fervoroso, daqueles que andam de camisa abotoada até o pescoço e crucifixo no peito, não se incomoda mais com a profissão escolhida pelas duas filhas. Elas foram para Palma de Mallorca há sete anos. Depois disso, já construíram quatro casas, uma delas com piscina, a única do bairro. "Eu nunca gostei da idéia, mas elas não tinham emprego aqui", diz o comerciante. "É melhor elas irem para lá do que ficarem aqui pegando homem casado", diverte-se Carmem Lúcia Morais, coordenadora do Colégio Nossa Senhora Aparecida, escola de freiras em que estudam filhos cuja mãe está na Espanha. As histórias das mulheres bem-sucedidas acabam criando um efeito multiplicador. A New York School, uma das escolas de idiomas da cidade, resolveu montar uma turma de espanhol que já conta com 34 alunos, dos quais doze irão à Espanha para encontrar a mãe.
A ascensão socioeconômica das "espanholas", porém, é apenas um aspecto da questão. Há casos de escravidão e maus-tratos. As mulheres normalmente são aliciadas por agentes de viagens. Chegam à Espanha devendo passagem, hospedagem e alimentação e acabam envolvidas num ciclo que não acaba nunca. Muitas procuram as autoridades em busca de ajuda. "Algumas voltam desesperadas contando as desgraças e as formas aberrantes de sexo que tiveram de praticar para ganhar dinheiro", conta o padre Odair José Guimarães, que tem fama na região de ser quase um psicólogo e confessor das "espanholas". "Precisaremos achar uma forma de mostrar os exemplos ruins, daquelas que tiveram problemas sérios, e deixar claro às mulheres que elas estão se envolvendo com uma rede criminosa, que muitas vezes se confunde com tráfico de drogas e outros crimes", diz a secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas. Uma amarradeira de rosário em Uruaçu recebe 11 centavos por peça montada. Trabalhando o dia todo, ela consegue juntar 150 reais por mês – menos da metade do que fatura uma "espanhola" por vinte minutos de trabalho. É degradante, triste, mas é a realidade.
A GP que ilustra a matéria nem é tão bonita assim, tipo nada de frente, nada de costas. Imagine as que são gatas
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