A Bebel existe e merece atenção – Almir Santana
05/10/2007, 08:55
O Portal Infonet publica nesta sexta-feira, 5, um artigo escrito pelo médico sanitarista Almir Santana, sobre a importância de se trabalhar a prevenção e assistência às profissionais do sexo. O tema da prostituição foi trazido à tona recentemente com a repercussão da personagem Bebel, uma garota de programa vivida por Camila Pitanga na novela Paraíso Tropical.
Em seu artigo, Almir faz um contraponto da vida da personagem com a das prostitutas em geral, e alerta para a ecessidade dos órgãos de saúde oferecerem melhor assistência a estas profissionais, “já que elas fazem parte do cotidiano das pequenas e grandes cidades”, explica Almir.
Confira o artigo:
A atividade da prostituição feminina é bastante antiga e universal. Nos Países que conheci e também no meu querido Brasil, procurei sempre observar as diferenças e semelhanças entre as profissionais do sexo (alguns chamam de meretrizes, outras de "mulheres da vida", "mulheres da rua", prostitutas, putas, trabalhadoras sexuais, "mulheres de vida fácil (?)" , garotas de
programa), para entender e criar estratégias que as ajude na Prevenção , já que se constituem em uma das populações consideradas vulneráveis às Doenças Sexualmente Transmissíveis e a Aids.
A personagem Babel(Camila Pitanga) responsável pela maior audiência da novela Paraíso Tropical ( até eu que dificilmente assisto novelas, acompanhei alguns capítulos) mostrou, para surpresa de alguns, que as garotas de programa também se apaixonam e deixam muitos homens igualmente
apaixonados e envolvidos, à semelhança do que ocorre com os casamentos, noivados, "ficantes" e outros relacionamentos. É neste momento onde o uso do preservativo, seja a camisinha masculina ou feminina, nem sempre acontece, pois a paixão às vezes, dificulta a prevenção contra as DST/Aids. A maior prova do que eu estou falando, é o crescente número de casos em mulheres casadas, antigamente não consideradas vulneráveis às DST/Aids.
As garotas de programa sempre revelam que existe o "cliente antigo" ou "namorado" ou "meu homem" que, em geral é um homem casado, "fiel a ela" e que com ele, ela geralmente não exige a camisinha. Elas,como todas as mulheres, amam e sonham em ter filhos e melhorar a vida. Às vezes, as propostas financeiras de alguns clientes do tipo Olavo (Wagner Moura) ou Antenor (Tony Ramos) da novela Paraíso Tropical para o não uso da camisinha, são irrecusáveis para elas, levando-as às vezes, a alguma situação de risco.
Por outro lado, a personagem Bebel (Camila Pitanga) não representa todas as profissionais do sexo, pois, nos bordeis e pontos visitados pelos clientes de nível social mais baixo (esquinas, BR, Orlas, determinadas ruas das cidades, bares das feirinhas do interior) , a situação das garotas é bem diferente. Reclamam que ganham pouco e que nem sempre têm acesso aos serviços de saúde (existem alguns profissionais de saúde que ainda as discriminam), possuem muitos filhos, também nem sempre usam preservativo (como acontece com as garotas de programa "de luxo", possuem seus clientes antigos e apaixonados) . Muitas são oriundas de pequenas cidades do interior, onde o nível de informação sobre DST/Aids ainda é baixo e o acesso aos insumos de prevenção nem sempre é fácil.
Na minha opinião, espero que a personagem Bebel (Camila Pitanga), da novela Paraíso Tropical, tenha deixado algumas lições para a sociedade. As pesquisas mostraram que as pessoas que acompanharam a novela solicitaram que a Bebel não tivesse um final infeliz.
As profissionais do sexo têm seus direitos e deveres. O acesso à informação não apenas sobre DST/Aids, acesso aos exames ginecológicos, acesso aos exames para Aids e Sífilis, acesso aos medicamentos , acesso às vacinas contra a hepatite B e Tétano, e às camisinhas sem tanta burocracia. Defendo que as camisinhas devam estar disponíveis em qualquer lugar, não apenas para elas, mas para toda a população sexualmente ativa. O trabalho de prevenção na atividade de prostituição deve envolver outros personagens como cafetão ou cafetina ,o recepcionista do hotel, o taxista, o garçon e/ou dono do bar, que, em algumas cidades, também lucram com esta atividade.
A novela Paraíso Tropical foi encerrada, mas a Bebel continua em cada mcidade, em cada estado e em cada país.
Almir Santana, médico, sanitarista.
05/10/2007, 08:55
O Portal Infonet publica nesta sexta-feira, 5, um artigo escrito pelo médico sanitarista Almir Santana, sobre a importância de se trabalhar a prevenção e assistência às profissionais do sexo. O tema da prostituição foi trazido à tona recentemente com a repercussão da personagem Bebel, uma garota de programa vivida por Camila Pitanga na novela Paraíso Tropical.
Em seu artigo, Almir faz um contraponto da vida da personagem com a das prostitutas em geral, e alerta para a ecessidade dos órgãos de saúde oferecerem melhor assistência a estas profissionais, “já que elas fazem parte do cotidiano das pequenas e grandes cidades”, explica Almir.
Confira o artigo:
A atividade da prostituição feminina é bastante antiga e universal. Nos Países que conheci e também no meu querido Brasil, procurei sempre observar as diferenças e semelhanças entre as profissionais do sexo (alguns chamam de meretrizes, outras de "mulheres da vida", "mulheres da rua", prostitutas, putas, trabalhadoras sexuais, "mulheres de vida fácil (?)" , garotas de
programa), para entender e criar estratégias que as ajude na Prevenção , já que se constituem em uma das populações consideradas vulneráveis às Doenças Sexualmente Transmissíveis e a Aids.
A personagem Babel(Camila Pitanga) responsável pela maior audiência da novela Paraíso Tropical ( até eu que dificilmente assisto novelas, acompanhei alguns capítulos) mostrou, para surpresa de alguns, que as garotas de programa também se apaixonam e deixam muitos homens igualmente
apaixonados e envolvidos, à semelhança do que ocorre com os casamentos, noivados, "ficantes" e outros relacionamentos. É neste momento onde o uso do preservativo, seja a camisinha masculina ou feminina, nem sempre acontece, pois a paixão às vezes, dificulta a prevenção contra as DST/Aids. A maior prova do que eu estou falando, é o crescente número de casos em mulheres casadas, antigamente não consideradas vulneráveis às DST/Aids.
As garotas de programa sempre revelam que existe o "cliente antigo" ou "namorado" ou "meu homem" que, em geral é um homem casado, "fiel a ela" e que com ele, ela geralmente não exige a camisinha. Elas,como todas as mulheres, amam e sonham em ter filhos e melhorar a vida. Às vezes, as propostas financeiras de alguns clientes do tipo Olavo (Wagner Moura) ou Antenor (Tony Ramos) da novela Paraíso Tropical para o não uso da camisinha, são irrecusáveis para elas, levando-as às vezes, a alguma situação de risco.
Por outro lado, a personagem Bebel (Camila Pitanga) não representa todas as profissionais do sexo, pois, nos bordeis e pontos visitados pelos clientes de nível social mais baixo (esquinas, BR, Orlas, determinadas ruas das cidades, bares das feirinhas do interior) , a situação das garotas é bem diferente. Reclamam que ganham pouco e que nem sempre têm acesso aos serviços de saúde (existem alguns profissionais de saúde que ainda as discriminam), possuem muitos filhos, também nem sempre usam preservativo (como acontece com as garotas de programa "de luxo", possuem seus clientes antigos e apaixonados) . Muitas são oriundas de pequenas cidades do interior, onde o nível de informação sobre DST/Aids ainda é baixo e o acesso aos insumos de prevenção nem sempre é fácil.
Na minha opinião, espero que a personagem Bebel (Camila Pitanga), da novela Paraíso Tropical, tenha deixado algumas lições para a sociedade. As pesquisas mostraram que as pessoas que acompanharam a novela solicitaram que a Bebel não tivesse um final infeliz.
As profissionais do sexo têm seus direitos e deveres. O acesso à informação não apenas sobre DST/Aids, acesso aos exames ginecológicos, acesso aos exames para Aids e Sífilis, acesso aos medicamentos , acesso às vacinas contra a hepatite B e Tétano, e às camisinhas sem tanta burocracia. Defendo que as camisinhas devam estar disponíveis em qualquer lugar, não apenas para elas, mas para toda a população sexualmente ativa. O trabalho de prevenção na atividade de prostituição deve envolver outros personagens como cafetão ou cafetina ,o recepcionista do hotel, o taxista, o garçon e/ou dono do bar, que, em algumas cidades, também lucram com esta atividade.
A novela Paraíso Tropical foi encerrada, mas a Bebel continua em cada mcidade, em cada estado e em cada país.
Almir Santana, médico, sanitarista.