Evaristo era um cidadão normal, como qualquer um. Era putanheiro por opção e por hobby. Depois de tanto tempo encontrando putas nos jornais de sua cidade, virou um hobby essa busca. Evaristo acordou cedo como de costume e foi até a portaria de seu prédio buscar o seu jornal. Era uma terça-feira, dia de anúncios classificados e hoje o jornal estava carregado de putas. Teria alguma nova no pedaço? Seus olhos percorriam as colunas e de imediato, já reconhecia antigos nomes e estilos de textos que lhe revelavam antigas descobertas. Figurinhas batidas em suas peregrinações pelo mundo da putaria. Seus olhos pararam subitamente. Parou em um anúncio normal como os demais, mas algo o diferenciava, ou melhor a diferenciava. O texto começava assim:
GINNELLY BUNDIGEN, LOIRA, ESTILO MODELO, PARA HOMENS DE BOM GOSTO. CONTATO 99699669.
Seus olhos não conseguiam seguir coluna abaixo. Estava ali petrificado, como se tivesse sido hipnotizado pelas linhas daquele texto nada de especial. Ginnelly, pensou ele... deve ser erro de digitação. Bundigen? Puta que o pariu, essa ai abusou da criatividade. Um impulso fora do normal levou sua mão e seus dedos a digitar aqueles números em seu celular. Era ainda cedo. Será que ele estaria a acordando de sua noite agitada? Ele continuou aguardando o celular chamar. Passado alguns instantes, uma vozinha simpática atendeu no outro lado da linha.
Alow. Disse ela... Evaristo então, começa sua busca: Ginnelly? É você?
Ela responde prontamente com uma voz sedosa: Sim, amor, sou eu mesminha. Queres saber como eu sou? Ele ia perguntar isso e ela foi logo dizendo: Sou loira, tenho 175, sou esguia, charmosa, gosto de conversar, de homens mais experientes e de carinho... Silêncio.
Evaristo boquiaberto complementa: Quanto é o seu programa? Ela... com uma voz de uma gatinha deitada em uma almofada vai dizendo: Cobrar? Sim... eu cobro, mas faço com prazer. Você vai gostar... Silêncio... Evaristo: mas e o preço por esse gostar? Amor... serão apenas 80 reais por uma horinha quando serei toda sua, desde o meu dedinho mindinho até a minha mente... Silêncio maior... Evaristo já estava agitado... Não conseguia tomar mais seu café e já estava vestindo suas calças surradas e sua velha camisa que sempre deixava sob a guarda da cadeira. Colocou seu sapato e foi logo dizendo: Vooooo...cê tem tempo agora? Silêncio... Sim, amor, eu estou aqui para isso 24 horas sem intervalo para o seu prazer... Preferes aqui em meu local, ou em algum motel? Evaristo era um unha de fome e foi logo dizendo: Em seu local se não for incômodo... Silêncio... Amor, vou tomar um banhinho para te receber cheirosinha. Pode ser daqui uma hora? Evaristo... ansioso: sim... mas onde fica o seu local? Ela em poucos instantes explica a localização de seu cantinho e ele, desce as escadas em poucos passos – voava em direção de seu carro velho.
Evaristo ziguizagueia pelas ruas movimentadas do centro de sua cidade até um estacionamento. Deixa seu carro e ruma para o desconhecido. Ela não tinha fotos, nada que indicasse como ela realmente era. Que impasse? Esses momentos eram os que mais o deixavam angustiado. Seu coração disparava e ele corria entre os transeuntes ate o prédio onde Ginnelly atendia. Era lá no 11 andar. Lá em cima. Câmaras por todos os cantos na recepção, porteiro, gente sentada no hall. Pior que uma corrida de obstáculos. Evaristo já tinha passado por isso outras vezes e tinha desenvolvido uma cara básica para estas ocasiões. Rumou até o elevador. Aguardou uns instantes e chega o mesmo. Entra sozinho no elevador. Um elevador dos antigos, mas tinha uma daquelas plaquinhas infames dizendo: SORRIA, ESTA SENDO FILMADO.
Evaristo olhava para os números dos controles do elevador. Lentamente o elevador subiu até o 11 andar. Um corredor longo e escuro para a esquerda e outro para a direita. Depois de percorrer uns metros no corredor da direita, nota que a numeração era outra. O apartamento numero 1101 estava no lado oposto. Teria de passar pelas portas abertas com pessoas sentadas em cadeiras de espera nas salas de médicos, dentistas, advogados e relojoeiros. Que mico, pensa ele. Finalmente estava agora em frente ao apartamento 1101. Toca a campainha. Aguarda e nada. Toca outra vez e nada... Toca uma terceira vez quando ouve um som lá dentro. Sim tem alguém aí dentro, pensou ele... Instantes depois, ouve alguém virando as chaves e a porta se abre lentamente. Seu coração estava como o de um beija flor... A mil por segundo... Um silêncio se faz... A porta se abre. Ele vai entrando no impulso.
Atrás da porta estava ela. Linda, alta, loira de verdade, olhos azuis safira, como os da Liz Taylor – sua musa de filmes antigos, pele levemente bronzeada, enfim, um porta-avião de mulher. Ela foi logo dizendo com sua voz manhosa: Vem amor, entra e senta um pouco ali no sofá da sala. Ele, meio que guiado por algo nunca antes sentido, foi entrando e sentando no sofá macio. Ela sentou-se ao seu lado em seguida. Ele estava sem palavras. Sim, ela superou suas expectativas. Nada parecido com as mocréias que comia volta e meia. Ela era algo caído de um filme. Os olhos lembravam os da Liz em Cleópatra. Ele ai parado. Ginnelly... Disse ele em voz gaguejante. É assim mesmo seu nome? Ela responde: Bobinho..nome de trabalho. O nome soa bonito e lembra alguém que eu já ouvi uma vez no Fantástico. Eu estava lavando meu cabelo quando uma loira apareceu no Fantástico. Era linda, morava em Nova Yorque e tinha um sobrenome parecido com esse que eu uso. BUN...D..IGEN, Bundigen assim mesmo. Gostou, pergunta ela?
Olha, para você qualquer nome ficaria ótimo, aliás, você é você mesmo sem o nome. Evaristo estava inspirado... E você? Como é seu nome? Ele nunca omitia seu nome às suas putas. Respondeu: EVARISTO... Ela pensou um pouco e complementou: posso chamá-lo de Evi?? EVI!?!? Perguntou ele, ao que ela respondeu na lata: fica mais íntimo e creio que nos vamos ficar muito íntimos doravante... Daí em diante, tudo aqueceu, os dois se rolaram no sofá, dali pularam para a cama, da cama para o banheiro e sempre grudados. Ele chupando seus peitos lindos com auréolas rosadinhas, beijando seus lábios carnudos, chupando sua buceta também rosadinha...
Assim foi a primeira, a segunda, a terceira, enfim ele já era um cliente fixo da Ginnelly. Em uma trepada tão cataclísmica como as demais ele depara com o cuzinho dela piscando para ele. Amada – assim ele se referia a ela sempre: quero comer seu cuzinho hoje. Ela olha para ele com um olhar tímido e esbugalhado: Amor... eu não faço anal... Com você eu só faço amor... Sim eles já tinha chegado ao patamar de trepar sem camisinha. Ela jurava que era só com ele tudo isso. E ele continuava a descobrir novas e mais ardentes facetas da Ginnelly.
Um dia ele perguntou: Ginnelly, esse seu número de telefone, você pediu assim? Ela pensa um pouco e responde: Amado, é um numero simétrico e assimétrico ao mesmo tempo. Quem disca automático não depara com as mensagens que embuti ali naqueles números. Olha só: 9969, ai estou já dizendo o que eu adoro fazer – 69. Presta a atenção: o numero segue 9669. Aí eu digo tudo o que sou capaz: sou capaz de fazer tudo isso de traz para frente e de frente para traz. Esperta você menina... disse ele antes de se despedir com o corriqueiro beijo suga coração e as bolas, às vezes.
Em casa, Evaristo lembrava da Ginnelly e de suas palavras. Hoje, enquanto conversávamos mais intimamente, deu para sentir que ela é realmente muito boa pessoa e é cheia de perspectivas - é universitária e já está planejando um negócio próprio! Ficava orgulhoso o Evaristo. Ele continuava a divagar: É como um diamante, é uma pedra única. Na minha vida encontrei no máximo três pessoas assim. Não consegui em nenhum momento vê-la como puta, quando ela entrou no quarto e começamos a conversar eu pensei foda-se a foda, vou usufruir não só do seu corpo, mas também do seu intelecto, vou degustá-la como se fosse um Romane Conti safra 89 ou um Brunello Di Montalcino Fontevino.
Evaristo estava totalmente fisgado. Toda a semana ia visitar sua loira e tudo se repetia. Mas ela insistia em lhe dizer que não poderia lhe dar o cu – que ele tanto almejava. Ela dizia não gostar. E eles continuavam a se descobrir e ele sempre deixava o pagamento do programa. Uma noite foram jantar a seu convite. Ele a levou em um bom restaurante. Passaram à jantar e a conversar alegres e cheios de assunto. No fim da noitada a levou em casa, quando ela se despediu com um selinho. Ele estranhou – um selinho! Não tinha trepado aquela noite e a despedida fora apenas um selinho. Ele tinha gasto uma boa grana naquele jantar e só um selinho ao se despedir. Sei lá, pensou ele, essas mulheres são meio esquisitas – vai ver que ela tem alguma surpresa. Difícil acreditar que aquele anjinho faz o que faz. Deus a tenha! Pensou ele, enquanto se dirigia para casa.
Aos poucos Ginnelly foi se integrando na vida do Evaristo – Evi para ela. Ele conversava muito com ela e perguntava às vezes se ela cogitava parar com a vida de puta, ao que ela respondia que não podia, pois tinha uma filha para sustentar. Filha? perguntou ele. Amado, eu nunca falei sobre a Cledmira para você? Cledmira? Sim meu amor, minha filha tem um nome que foi uma homenagem ao meu pai e minha mãe: Cledson e Valmira. Evaristo ficou pasmo. E o seu nome verdadeiro? Amor, nunca te disse. Então tá. Nós somos muito intimo e posso lhe contar o meu verdadeiro nome: É Rozelly, com z e 2 “L”s. Bonitinho, né? Mas eu prefiro Ginnelly – acho mais vibrante, mais guerreira.
Evaristo propôs ajudar a Ginnellly a sair dessa vida pecaminosa. Afinal, ser puta não era uma boa vida para uma mulher como a Ginnelly. Que você precisaria para sair dessa vida? Ah, meu amor, você poderia me ajudar com a faculdade, não é? Assim foi, o tempo foi passando e Evaristo pagando a faculdade da Ginnelly. O tempo passava e ela continuava relutante em lhe dar o cu, dizia que não dava para ninguem e tudo o que faziam era só com ele – chupar seu pau sem camisinha, beijar sua boca e transar sem camisinha.
Uma noite, Evaristo foi tomar seu chopp tradicional em seu buteco preferido. Estava sorvendo seu chopp enquanto uma profusão de sons invadiam os seus ouvidos. De repente, ele ouve algo parecido com Ginnelly no meio dos diversos sons de uma conversa próxima. Eram três amigos sentados falando animadamente. Ele começou a prestar a atenção neles e a entender o que estavam conversando. Um deles contava sua baita foda do dia. Tinha conhecido uma puta nova – a Ginnelly. Pronunciou letra por letra o nome sorrindo da criatividade da loira que acabara de comer. Cara, dizia ele, ela me chupou o meu pau, sugou ate minha alma – sem camisinha. Outro perguntou: e ai? Ela era completa? Liberou o cu? Ora, é claro, comigo todas liberam. Paguei um extrinha, mas foi uma canja de galinha... Ela urrava de prazer... Disse que gozou muito e que adorava dar o cu para mim... Pêra ai, disse terceiro na mesa vizinha: essa ai eu já comi muito. Não é uma loira alta, brozeadinha com uma tatoo ao lado da buceta? Evaristo congelou – sim a Ginnelly tinha uma tatto ao lado de sua tão preciosa e exclusiva buceta... O segundo respondeu: sim ela mesma... Pois eu comi o cu dela desde o primeiro encontro. Tem mais, ela me dá às vezes sem camisinha por que acha mais tesão. Tá brincando dizia o outro...
Essas palavras entraram nos ouvidos do Evaristo como se fossem uma bomba. Ele estava ouvindo com todas as letras que a Ginnelly era assim com todos e tudo o que ele guardou em segredo, não contando aos seus mais íntimos parceiros de putaria, era público – todos sabiam.
Evaristo pagou sua conta e saiu ligeiro. Foi para casa. Pensou muito. Lembrou de outras paixões de puta que já vivera. Lembrou de amigos que jogaram tudo para cima para juntar os trapos com uma menina de programa. Fechava seus olhos e via Ginnelly ali em sua frente, cândida e alegre se enroscando em seu corpo. Lembrou dos pelinhos dourados que davam um contorno luminicente à sua linda bunda. Bundigen era de bunda mesmo. Ela era toda marketing, seu telefone com números simétricos, sei lá que merda ela dizia para explicar o número. Ao contrário das outras putas de sua vida, dessa ele não contava nada aos seus amigos e companheiros de putaria. Ele a reservara somente para si.
Era seu amor secreto. Era o que ele pensava e Ginnelly nunca, na real, o tinha enganado. Ela o atendia, recebia seu pagamento. Deixava Evaristo alegre e doido de tesão. Ela fazia um serviço bem feito. Ele é quem colocara em sua cabeça palavras que ela nunca tinha proferido. Evaristo estava magoado, chocado, irritado – se sentia um corno com letras garrafais – ele se achava O CORNO DO ANO. Mas isso eram coisas somente de sua cabeça tresloucada que tinha interpretado toda a desenvoltura suave e precisa da Ginnelly como se fosse uma entrega de amor. A própria Ginnelly nunca pensou isso, ela atendia todos da mesma forma e aprendeu com o tempo que os homens gostam de se sentir os donos da mulher.
Aprendeu que os homens acham que as mulheres são suas e não divisíveis. Aprendeu que gostam de se sentir únicos. Daí que aprendeu alguns truques básicos para conquistar um homem carente. Um bom boquete de engolir a alma, com a boca de veludo, em contato direto entre as mucosas produz um dos efeitos mais poderosos da natureza. Um homem que ganhou um bom boquete é um homem conquistado. Ele fará qualquer coisa para continuar recebendo esse tratamento de rei da libidinagem.
Por acaso, se ela além de chupar sem camisinha, engolir o pau do vivente com sua buceta em pêlo, ai está feito o estrago. O homem se achará o único a receber aquele presente. De simples mulher, de uma mera puta, ela se transformará em uma musa, uma DEUSA. Era assim que Evaristo via a Ginnelly – não era mais sua puta preferida, sua puta fixa, mas a que o inspirava por todo seu dia de trabalho. Aquela que fazia com que ele achasse os piores desafios e tristezas, apenas algo sem a mínima importância. Ela era sua DEUSA. Uma mulher maravilhosa que ele endeusara. Mas tudo isso eram só coisas da cabeça mirabolante do Evaristo, um cara carente que sorria para cachorrinhos na rua, alisava gatinhos nos parques.
Evaristo dormiu o sono dos cornos, um sono com viradas difíceis na cama, talvez pelo que imaginava carregar em sua testa. A noite passou lentamente. Amanheceu com o canto dos sabiás, joão de barro e bentevis no arvoredo do parque próximo a sua casa. Evaristo acordou de súbito com uma gana de sair correndo pelo parque. Queria exorcizar tudo que Ginnelly havia deixado em seu corpo.
Era um grande parque que tinha um lago cheio de tartarugas e peixes. Evaristo começou a caminhar em volta do lago e, aos poucos foi iniciando uma corrida leve. Correu muito, pulava sobre as tartarugas que volta e meia se colocavam sob seus passos. Enquanto corria, notou uma égua olhando-o com um olhar muito estranho. Levantava a cauda e o olhava com um olhar chamativo. Mas Evaristo ignorou e continuou sua corrida até que uma morena novinha vestindo um shortinho e regatas pretos o alcançou e iniciou uma conversa. Foram dando voltas e voltas e o papo ia esquentando até que ela parou e lhe disse. Gostei de você. Vamos lá pára casa? Vem comigo tomar um lanchinho e continuar nosso papo.
Acho que rola uma boa química entre nós. Disse a morena esbelta enquanto comiam uma manga sentados no jardim de sua casa.
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