Sim, eu confesso, sou invejoso e recalcado.
Quando não se tem em profusão algo que muito se deseja, o jeito é invejar e depois conviver com o trauma que as privações de infância e juventude nos causam. No meu caso, o trauma de infância foi ressucitado pela crônica do “Cavaleiro Mascarado”, em que ele conta as aventuras dele com o avô Juvenal.
Para alguém com a minha índole de desclassificado moral juramentado, ter um avô como o Sr. Juvenal é uma dádiva dos céus. Ou dos infernos, como exigirão alguns evangélicos de plantão. Eu não tive esta sorte. Meus avôs, quando os conheci, eram homens senis, aposentados dos respectivos trabalhos e, ao que tudo indicava, também dos embates sexuais. Meu avô materno, inclusive, era “rendido” e as bolas do saco batiam nos joelhos, coitado.
Ter um avô como o “velho Juvenal”, para um putanheiro, é a mesma coisa que ser neto do Antonio Ermírio ou do Bill Gates. Invejo o Cavaleiro Mascarado, neto de um latifundiário de bucetas.
Já que meus avôs não tinham esse espírito “matador”, qual um mendigo sexual, tive que eu mesmo me virar desde pequeno, pois não podia ser “sustentado” pelos meus ascendentes. Lembro-me de que aos 4 anos, já me postava na frente do vestiário feminino, no clube que freqüentava, para apreciar as mulheres se trocando. Puro instinto, pois naquela altura ainda não tinha perfeita noção para o que serviam aqueles pastéis peludos.
O tempo passou e os hormônios sempre dificultando que eu tivesse um raciocínio perfeitamente linear. Estudei feito um alucinado, trabalho como um mouro, leio tudo o que me cai às mãos, em nome da cultura. Para quê? Para ser reconhecido como um homem trabalhador e culto? Não. Foi tudo pelas bucetas. Tudo para ser desejável, seja pelo nível de escolaridade, seja pelo que o dinheiro pode pagar, mas tudo visando o “buraco negro”.
Depois de freqüentar os inferninhos e privês mais escrotos na adolescência, babar nos decotes das colegas de colegial e faculdade e manter um constante olhar de lince pela rua, à procura de uma vítima para o abate, ainda hoje me flagro tendo as atitudes mais improváveis e estúpidas, na busca de uma oportunidade para “afogar o ganso”. Outra dia mesmo, flagrei-me olhando a foto de umas mulheres da TFP, que apareceu na Veja e conjecturando se valia a pena filiar-me àquela associação para comer uma delas. Nenhuma me apeteceu.
Satisfazer meus baixos instintos com as GP’s é coisa simples, bastando apenas conseguir um álibi com a patroa, empenhar uma verba junto ao Ministério das Relações Exteriores e partir para o crime. A coisa se complica é com as “mulheres de família”, que demandam tempo, dinheiro (mais do que com as GPs) e, acima de tudo, paciência, muita paciência.
Dentro de minha “safra pessoal”, tenho a “regra 3/1” e a “regra 3/2”. A “regra 3/1” é a minha preferida, por ser linda, ninfomaníaca, financeiramente independente e casada, de forma que não me causa maiores problemas e nem demanda grandes esforços para um “bate-bola”. De quando em quando tem um surto de honestidade com o marido, o que me obriga a aguardar o surto de desonestidade seguinte.
A “regra 3/2”, embora mais vistosa e com uma buceta de melhor IPLV (Índice de Pressão e Lubrificação Vaginal), tem filho, é divorciada, complicada e vez por outra está com o saldo negativo no banco. Mas é muito gostosa, trepa bem e a esse apelo eu não resisto.
Vejam vocês, que para comê-la não basta levá-la ao motel. Tem que ir a algum lugar antes, seja show, teatro, cinema ou restaurante. Já tive o desprazer de assistir ao show de um italiano pé-no-saco, com voz de corneta, chamado Eros Ramazotti. Só para passá-la na vara. Assisti “Titanic” ao lado dela e cheguei até a concordar que “Uma linda mulher” é um excelente filme.
Tudo pela buceta.
Mais recentemente, quase não me reconheci ao olhar meu reflexo no espelho. Em plena segunda-feira, fui ao aniversário da filha da manicure dela, num “buffet” infantil em Itaquera! Oh, meu Deus, a que ponto chega um homem sem escrúpulos?!
Tudo por uma indefectível trepada...
Até então, julgava que aquela festa infantil da filha da manicure da amante, fosse o ponto mais rastejante de minha ignóbil existência.
Mas, ainda havia mais. Duas semanas atrás, convidei-a para sair, no mau sentido, é claro. Antes de ir ao motel, ela queria ir ao cinema. Pela buceta, eu fui.
Por uma buceta, assisti “CAZUZA – O TEMPO NÃO PÁRA”.
Perdão, meus caros, cheguei na sarjeta...
Alguém aí tem o telefone dos “Putanheiros Anônimos”?