Vejo com desdém o desespero do nosso governo tentando encontrar a solução para o escândalo dos cartões corporativos. Bela bosta, isso é fácil de resolver. Basta proibir que os ministros saiam por aí comprando tapiocas feito retirantes esfaimados. Ou, já que eles querem gastar nosso dinheiro sem medidas, pegar uma mandioca e introduzir-lhes ânus adentro. Dá tudo na mesma, posto que a tapioca é feita de mandioca e irá para dentro da autoridade. Só muda a entrada: a tapioca pela boca, a mandioca pelo cu. Solução simples e barata, mais eficiente que qualquer CPI. Quero ver se a partir daí não haverá moderação nos gastos dos cartões corporativos. Gastou demais? Dá-lhe mandioca!
Eventualmente, poderia ocorrer que algum ministro gostasse da punição mandioca. Neste caso, um empalamento básico em praça pública resolveria a questão.
Mas, voltemos aos meus joelhos esfolados, que é isso o que interessa.
Tratando-se este escriba de um canalha juramentado, o ralado dos meus joelhos tem origem no fato de eu ser um homem sedentário. Tenho sede de sexo e para saciá-la pouco me importa o lugar em que eu esteja. Mulher de quatro à minha frente é um perigo. Fico atormentado na missa, quando o padre consagra a hóstia e se uma beata bem fornida se ajoelha, terão sido em vão todos os salamaleques e cantos de consagração.
Pois bem, deixando de divagar e indo aos finalmentes, meus joelhos estão ralados porque uma gentil Regra 3 me fez uma visita de cortesia no trabalho. Cortesia vai, cortesia vem, tivemos um embate amoroso no carpete de minha sala mesmo. E o resultado, além dos orgasmos e roupas amarrotadas, foram esses joelhos ralados. Eles são o corpo de delito, a prova irrefutável de minha traição.
Abro parênteses aqui, para advertir os cornos de plantão. Preste bem atenção na sua mulher; se ela estiver com os joelhos vermelhos ou ralados, não aceite desculpas. Trate de defenestrá-la de sua vida, pois ela não passa de uma rameira sem-vergonha. Mas, não faça nada do que possa se arrepender depois. Se você é do tipo de machão, que obriga sua patroa a encerar a casa com cera Parquetina ou Poliflor, o joelho dela estará ralado mesmo e não será por obra do Ricardão.
Fecho parênteses e volto aos meus joelhos. O que fazer para solucionar tão palpitante problema? Ocorreu-me de simular uma queda na frente da patroa, idéia logo abortada, porque eu poderia errar a dose, quebrar os dentes e ficar parecendo o Tião Macalé. Tchan! Nojento!
Não tive outra alternativa; comprei um pote de cera Parquetina (a moça do Supermercado me garantiu que era melhor que a Poliflor), coloquei um lenço na cabeça com o laço para cima e desandei a encerar a casa, sob o olhar estupefato da patroa. Foi vexatório, admito, mas pelo menos ela não estranhou quando viu meus joelhos dilacerados.
Mas a vida de um canalha não se resume a joelhos esfolados. Também já fiquei com os cotovelos esfolados por raspá-los em lençóis vagabundos de motel. Em outra opoetunidade tive as costas toda arranhada pelas unhas de uma Regra 3 pérfida, que queria a minha separação. Já cogitei em levar para o motel joelheiras e cotoveleiras, além de dedais de costura para colocar nos dedos da minha oponente. Desisti porque isto produziria efeitos colaterais na libido de ambos.
Foi pensando em problemas desta envergadura, que me dei conta do quanto a humanidade deve aos canalhas.
Um canalha putanheiro que se preze, nunca se deixa abater pelas dificuldades que se lhe apresentam na vida. Antes disso, utiliza sua massa cinzenta para ultrapassá-las. Cria sistemas, máquinas e soluções mirabolantes, sempre na busca do sexo seguro. Por sexo seguro, entenda-se todo o procedimento que proteja sua cabeça do pau de macarrão.
No caso dos joelhos ralados, a solução já foi apresentada à humanidade há milhares de anos pelos egípcios, que fabricam os melhores lençóis de algodão do mundo. Tais lençóis, de 1800 fios, garantem um joelho íntegro, mesmo que você participe de uma monumental suruba com cinco rameiras por horas a fio.
Passei na MMartan, deixei lá vinte cheques pré-datados voadores, levei um jogo de lençóis para meu escritório e coloquei outro jogo no porta-malas do meu carro. Nunca mais serei pego de surpresa ou terei que passar cera no assoalho.
Outro exemplo de avanço científico que a humanidade deve à putaria, é a penicilina. Embora os livros de história nunca contem a realidade, o fato é que Fleming desenvolveu a penicilina para poder trepar à vontade, porque já estava cansado de ver seu pau parecer uma couve-flor. Todo empresário do sexo (ou cafetão mesmo) que se preze, deveria erigir uma estátua a Fleming na entrada de seu lupanar.
O air-bag, por sua vez, que tantas vidas salva hoje em dia, foi criado por um engenheiro americano que certo dia se viu numa situação crítica. Dirigindo sua breguíssima SUV de oito metros, o infeliz engenheiro automobilístico Dick Jones bolinava sua secretária, Mary Pussy, a caminho do motel e era bolinado. Empolgado com a destreza da manipulação de Mary, Dick não percebeu o mastodôntico caminhão Mack à sua frente, sendo o choque inevitável. Mary, que pouco antes do choque havia soltado o cinto de segurança para fazer um boquete, enfiou a testa no painel, sofrendo fratura de crânio e tendo permanecido três meses em coma. O resultado disso foi uma monumental conta de hospital paga por Dick, além de um divórcio que o deixou à míngua, porque sua esposa soube de todo o ocorrido.
Uma vez que Dick era ciente de seu instinto canalha, criou e desenvolveu o air-bag para que ele ou qualquer outro canalha do mundo nunca mais tivesse que passar por tão horrível provação.
A internet, invento que revolucionou as comunicações, foi criada por um americano do serviço secreto, que queria simplesmente enviar recados para uma amante na sua repartição pública, sem que seus colegas percebessem. Funcionou tanto que hoje estamos aqui.
O fogo, uma descoberta do período paleolítico, foi obra de um homem das cavernas chamado Org. Org estava subindo pelas paredes de sua caverna, com a boca já espumando de tentar passar uma cantada em uma mulher da caverna que cobiçava, chamada Vanessa Vanelli. Cansado das evasivas da primitiva criatura, pôs a cabeça para funcionar e criou o ambiente romântico, à luz hesitante de uma candeia de pedra. Deu certo e daí para a criação de uma puteiro, a famosa casa da luz vermelha, foi um pulo. Estava criado o primeiro passo gigantesco para a humanidade.
Interessante notar que os canalhas e putanheiros, apesar da má fama, são muito solicitados nas grandes empresas. Isto se dá em razão da notória cara-de-pau, que os faz ter jogo de cintura para enfrentar as mais complexas situações. Um famosíssimo banqueiro brasileiro, que já abotoou o terno de madeira, tinha por princípio colocar nos postos de comando, homens que tivessem amantes. Julgava ele que uma pessoa que tinha mais de uma família era hábil o suficiente para administrar um grande banco, além de que isto o tornava mais ambicioso, pois suas despesas eram maiores. Se a filosofia dele estava certa eu não sei, mas coincidência ou não o banco dele cresceu muito. Mas, muito mesmo! Poderia bem ser o nosso patrono, se muitos dos canalhas daqui não estivessem pendurados em dívida com esse banco.
Em suma, adotando uma abordagem freudiana, tudo o que o homem faz é movido pelo sexo. E quem é mais movido pelo sexo que o canalha? Quem é mais criativo que o canalha? Quem deve ter sempre uma resposta pronta ou inventar uma para qualquer situação? Quem imagina as soluções mirabolantes para a evolução da arte do bem trepar?
Portanto, quem faz a humanidade evoluir?
Alguém há de me contrariar e dizer que há invenções feitas por homens sérios, que nada têm de canalhas. Realmente, elas existem, mas denomino a isto de invenções anti-canalhas, ou seja, aquelas criadas pelos cornos para combater seus comborços, geniais adversários.
A mais exemplar invenção anti-canalha que existe é o telefone celular. O celular é a invenção do corno, por excelência. Vocês não imaginam a inveja que eu tenho do meu pai, que viajava constantemente, ficava incomunicável e minha mãe achava isto normal. Eu, pobre coitado, vou viajar, levo uma Regra 3 junto sempre que possível, mas esta maldita coleira eletrônica não me larga. É sempre a mesma pergunta: “Onde você está? Está sozinho?”
Mas, pensam que o canalha se deixou abater? Não! Ele inventou a sala silenciosa nos puteiros. Você, em pleno Bomboa, a putada esfregando a buça na sua cara, o telefone toca, é a patroa. Você corre para a salinha do pânico, atende naquele silêncio e fala que está numa reunião da Seicho-No-Ie. Se necessário, ainda põe um comparsa japonês do seu lado entoando um mantra. Isso é fácil, pois sempre tem japonês em um puteiro.
O contra-ataque dos canalhas para a invenção do celular veio através das quedas de sinal das operadoras. Criou-se assim a desculpa de que a área está sem cobertura. Para quem pensa que a falta de cobertura dos sinais das operadoras é uma falha no sistema, é porque não conhece os canalhas infiltrados na área técnica, que nunca deixam a peteca cair. A desculpa, mesmo que incipiente, é tudo em nossas atividades. Melhor uma má desculpa que nenhuma.
Só tenho medo do GPS, mais uma terrível invenção de um corno. Preciso fazer uma reunião com o Osama Bin Laden e convencê-lo a colocar um homem-bomba em cada satélite.