Tarde quente, meio da semana, folga no trabalho. Bebo um café no centro da cidade, apesar dos trinta graus à sombra, reflito sobre o que disse meu psiquiatra na última vez que o vi:
"Mendonça, você é um cara de bom coração, relaxe, saia a caminhar pela cidade e descubra que há muito mais que bundas pra ser apreciado, largue essa obsessão, homem!"
E enquanto penso, percebo uma jovem e sua mãe na mesa ao lado. A filha, de rosto adolescente, loirinha, deixava a mostra um par de peitinhos de lamber os beiços, pareciam dois ovinhos, daqueles de chupar fazendo biquinho. A mãe, de uns cinquenta anos, uma loira charmosa, com um decote inacreditável, mostrando os seus, também parecendo dois ovinhos, só que fritos. E moles..
De início olhei pra filha, que nem me deu bola. Quem me olhou foi a mãe, talvez um indício de que estou ficando velho.
Desprezei esse pensamento pessimista, saí do café e resolvi levar adiante a idéia de passear pela cidade.
Entrei num trem urbano, que percorre a região metropolitana, casualmente num horário em que universitárias desfilam com seus óculos modernos, livros e, não pude deixar de reparar, seus decotes generosos, uma das duas melhores coisas que o verão em Porto Alegre nos proporciona. A outra é o fato de as nossas esposas viajarem para a praia.
Encostado, em pé, fiquei a observar as variações anatômicas, com ou sem sutiãs. Uma mãe dando de mamar ao bebê fez-me sentir um canalha por uns segundos, desviei o olhar, pensei em outras coisas, lembrei-me de um filme, "A mão que balança o peito", ou algo assim. Não adiantou. Fiquei ali, procurando mamilos pelas frestas das blusinhas, babando por peitos que pareciam mamõeszinhos com os biquinhos virados pro céu, fechando os olhos e imaginando que estava dormindo sobre aqueles enormes, os que não conseguimos chupar duas vezes no mesmo dia, por falta de força nas bochechas, mas também lembrei do risco de morte por sufocação , ou de queda da auto-estima ao ver o pau sumindo durante uma espanhola...
No entra e sai das estações, vi peitos moles, quase moles, duros, quase duros, e aqueles trágicos e indefiníveis. Entre esses, os deformados pelo tempo e pelo uso, e também algumas aberrações da medicina estética, cujos cirurgiões deveriam ser processados, presos e enrabados pelos colegas de cela. Foi o que pensei quando entrou uma baixinha, quase anã, com um narigão e um par de tetas que quase saía pela janela do trem, e sem bunda, um verdadeiro desastre ambiental, uma espécie de deusa siliconada do apocalipse, que faria o Pitanguy entrar em depressão...
Não que eu seja totalmente contra o silicone. Naqueles peitinhos onde só existe mesmo o mamilo, ou onde a gravidade foi desumana, vá lá, viva a cirurgia plástica, pra que a mulher não fique que nem aquela puta da piada( nua, apenas uma toalha segurando os peitos, vai abrir a porta pro cliente, deixa cair a toalha e exclama: putamerda, mas como tá frio esse piso...)
Tenho na memória imagens inesquecíveis de peitos. De primas, tias, professoras, cunhadas, vizinhas, caixas de supermercados, desconhecidas dentro do ônibus, conhecidas no trabalho, putas baratas, putas de "nível" e sem nível algum, mas com peitos assombrosos. E sonho até hoje com os peitinhos duros e empinados de algumas colegas de aula nos distantes anos da puberdade, quando os estudos juntos eram apenas um pretexto pra que eu me concentrasse nos mamilos....
Ah, os mamilos. Desde os bicudinhos e rosados, até os planos e invertidos, aqueles virados pra dentro em que eu, na minha inocência viril, planejava chupá-los até que saíssem pra fora..
Às vezes, sai até leite deles, quando a mulher tá grávida, amamentando ou tem algum distúrbio hormonal, isso pode acontecer, mas cuidado, se você estiver num surubão, e os mamilos parecerem demasiados grandes e duros, e jorrar leite, cuspa tudo imediatamente, você pode ter chupado o que não devia, o que seria, como diz um amigo meu, lamentável.
Mamilos sempre foram, pra mim, o que dá personalidade aos peitos e, claro, a parte mais gostosa de chupar, sem falar da sensação de vê-los crescer a cada linguada.
Paticamente todas as trepadas, sejam boas ou ruins, começam com uma boa exploração dos peitos, seja pra quebrar o gelo, sentir as reações da moçoila ou mesmo pra mostrar que a outra mão enfiada na buceta tem intenções sinceras e inadiáveis.
E era nisso que eu pensava, na importância e nas variedades das protuberâncias de um tórax feminino, naquele vaivém de peitos no trem, quando vi uma jovem ruiva, de uns vinte e poucos anos, cabelos curtos, piercing no umbigo, jeans de cintura baixa, e uma microblusa de alguma cor que não me lembro, que deixava transparecer os mais belos par de peitos daquele vagão, e provavelmente de todo o trem. Seios absurdamente belos, redondos como bolas de futsal, porém menores, brancos como a neve, duros na medida certa, naturais, com mamilos pontudos, tudo isso entrando no meu campo visual em fração de segundos...e um livro em seu colo, um livro do Drumond aberto em seu colinho.
Ela, de olhos fechados, talvez sonhasse com seu príncipe romântico e sensível. E eu ali, disponível. Fechei os olhos por um momento, pra ver se amolecia o pau que já começava a dar na vista de uma senhora de óculos. Tentei pensar em outra coisa, mas o pau continuava duro como os trilhos. Abri os olhos, sonolento com o balanço do trem, mirei de novo o decote da ruiva, que dormia...
Calculei que não demoraria muito pra ela descer, devia ser universitária, piercing no umbigo e lendo Drumond...
Aproveitei um lugar vago e sentei-me ao seu lado. Meu perfume comprado em Assunción deve tê-la despertado. Abriu seus olhos, deusdocéu, eram verdes os seus olhos, uma ruiva de seios divinos de olhos verdes lendo Drumond, e o pau sob as calças à beira de um ataque de nervos.
Fiz um sutil movimento de sorriso com os lábios, e com um olhar curioso perguntei: "Gostas de Drumond?"
Ela apenas sorriu sem jeito e fez sim balançando a franjinha. E os peitos saltando pra fora, e o meu pau idem.
Inclinei-me um pouco em sua direção pensando em algo pra dizer. Lembrei de alguns poetas do gpguia, imaginei o que eles diriam numa hora dessas e lasquei, com voz sussurada e cúmplice:
"No meio do caminho, havia uma pedra..."
Ela me olhou tímida, sorriu sem graça e baixou os olhos. Lembrei-me dos poetas de novo, do Chacal, do Maestro Alex... busquei alguma inspiração. Aproximei-me mais, ofegante, e repeti:
"Havia uma pedra no meio do caminho..." E, entusiasmado, emendei:
"E um par de peitinhos MARAVILHOSOS, e um barranco... e um chicote, e mordaças, minha potranquinha TESUDA!"
Ela me olhou entre surpresa e atônita. A senhora de óculos me olhou entre atônita e furiosa. Um adolescente me olhou e riu, o débil mental. Senti que todos em volta me olharam, e a ruiva muda. Talvez ela fosse muda mesmo, já vi mudas de peitos incríveis...
Levantei-me lentamente, o pau já todo encolhido, morto e mole de vergonha. Fui pro outro lado do vagão, entre constrangido e pensativo. O que eu teria feito de errado na minha abordagem? Será que perdi completamente o controle da situação?
Meu psiquiatra diz que não, que sou um cara normal, que é só excesso de testosterona.
Mas não sei, tenho sonhado muito com peitos e tenho estado com o disco sempre rígido, com a memória cheia e confundindo os assuntos, não posso fechar os olhos sem ver peitos, de todos os tipos e configurações.
Falei isso numa sessão de psicanálise, e o Dr. disse, com voz pausada, que tudo na vida de um homem é uma eterna busca por bucetas.
Pensando nisso, comprei um livro de auto-ajuda chamado "A vida é um vaivém de Bucetas", de um General que foi neto de um Piloto, ou algo parecido, que narra a vida mundana de seu avô, que parece que era o que hoje chamamos de metrosexual, uma ousadia pra época. Envergonhado, o General até tirou o "Neto" do nome, mas isso não vem ao caso.
Terminei de ler o livro ontem. Auto-ajuda, o caralho! Sinto-me cada vez pior.
Tenho ido toda semana ao centro da cidade. Até comprei uma coletânea do Drumond, pra eu ter outras opções caso encontre aquela ruiva de novo no trem.
E troquei de terapeuta.
Agora estou indo a uma psicóloga que tem o hábito de morder o lábio e brincar com a caneta entre os dedos. E tem uns peitos que me fazem manter uma ereção durante os cinquenta minutos da consulta.
Estou criando coragem pra perguntar se ela não quer uma outra caneta, tipo escrita grossa, pra brincar enquanto ouve minhas queixas, mas tenho medo de que ela interprete mal e mande me internar.
Sereno
(o mesmo autor de Bundas!)