Aninha Miller escreveu:eu assisti "I'm not there",mas não assisti "longe do paraíso", então não dá pra explicar a diferença... Cadê o Al?... rs
Tô aqui.
Bom, certo que os filmes são completamente diferentes. O que impede um diretor de fazer trabalhos diversos, mesmo qie dentro deles mantenha sua coerência autoral?
LONGE DO PARAÍSO não é simplesmente a história de uma dona de casa que tem um marido viado e se apaixona pelo jardineiro negão. Nele Todd Haynes revê o cinema de Douglas Sirk, diretor que se consagrou por melodramas na Hollywood dos anos 50. LONGE DO PARAÍSO poderia ser, a princípio, uma refilmagem mais "apimentada" de TUDO QUE O CÉU PERMITE, de Sirk. Mas nele haynes vai muito mais além, usando o cinema do passado para falar e refletir sobre a sociedade contemporânea e o quanto a América insiste em persistir em sua mediocridade e conservacionismo.
NÃO ESTOU LÁ é um filme ainda mais complexo, que esplora diversas facetas não somente de um artista, mas de um ser humano. Um filme sobre Bob Dylan no qual não se pronuncia o nome "Bob Dylan". O filme leva ao paroxismo o fato de Dylan ter sido sempre, ao longo de sua carreira, um artista que se reinventou. Város atores, várias histórias numa reflexão sobre a tríade homem-artista-mito, sem abandonar a irônica análise sociológica tão cara ao cinema de Todd Haynes.
Não esqueçam tb de assistir aos demais filmes de Haynes, como VENENO (inspirado em textos de Jean Genet), A SALVO (onde leva sua crítica à sociedade contemporânea aos limites do absurdo) e VELVET GOLDMINE (mergulho delirante no igualmente delirante universo do glam-rock). Todd Haynes, faz filmes diferentes pois assim como seu(s) Dylan(s) não se acomoda e cria uma obra inquieta em constante renovação.