Há inúmeros sinônimos para a palavra prostituta, nem vou me ater a elencá-los, pois esse é um tema que já foi explorado à exaustão. O principal deles é puta. Certamente, “puta” é o termo mais usado, seja proferido, seja escrito, fato que se comprova ao ler o próprio fórum. Em um segundo plano, para se ater só aos termos mais recorrentes, há o eufemismo da palavra puta, qual seja, garota de programa ou G.P, este último para os que apreciam abreviações. Ainda há o eufemismo do eufemismo, o qual chamamos de “acompanhante”. Interessante, pois há alguns anos “acompanhante” significava uma pessoa que assistia um doente, um idoso. Não, seus degenerados, essas acompanhantes de que falo, pelo menos teoricamente, não pagavam boquetes, tampouco realizavam relaxamento manual nos enfermos, eram pagas para alimentá-lo, trocar suas roupas etc. Porém, atualmente, é assim que as prostitutas gostam de ser chamadas. Espere, prostituta? Que palavra é essa? Não me recordo de ter escrito a palavra prostituta em um td, mas, também, não sei o que há de errado com ela. Já escrevi até meretriz ou outras similares, mas prostituta realmente não me lembro (estou falando de tds).Afinal, o que há de errado com este termo? O que existe de depreciativo na palavra prostituta? No texto jornalístico, prostituta é o termo mais cabível, pois escrever puta tornaria o texto vulgar, já meretriz ou cortesã, extremamente démodé. Aliás, antigamente, existia uma diferença entre a cortesã e a prostituta, pois enquanto a primeira possuía local próprio e atendia poucos clientes, normalmente mais abastados; a segunda, normalmente, trabalhava em bórdeis ou na rua, sendo submetida à figura do cafetão, que hoje gosta de ser chamado de gerente, mas essa é uma outra história. É fato que, atualmente, algumas putas, sobretudo as de luxo, sentem-se como as cortesãs do passado, denominando-se acompanhantes, na visão de algumas delas, putas seriam essas de rua ou de lupanar, já prostituta seria quase um palavrão. Bem, para a infelicidade delas, a maioria dos homens as une na designação comum “puta”, termo que as define no geral. Mas, reiterando, quem seriam, então, as prostitutas? Todas elas e, simultaneamente, nenhuma.
Arrisco dizer que o termo “puta”, diferentemente de “prostituta”, carrega em seu cerne uma certa magia. Explico. Quando estamos, por exemplo, diante de uma mulher encostada em um estabelecimento, saia curta, maquiada e fazendo “psiu” aos transeuntes, dizemos que estamos diante de uma puta, ou seja, uma mulher que “pratica o ato sexual por dinheiro”. Por outro lado, se uma determinada mulher tem relações sexuais com uns três ou quatro homens em um curto espaço de tempo, certamente, ela começa a ser chamada de biscate, galinha e, também, de puta. Ora, no segundo caso, estamos diante de uma mulher que transa vários caras, mas não em troca de grana, logo o termo puta estende-se às mulheres consideradas libertinas, devassas. Na definição do dicionário, o termo “puta”, além da acepção “meretriz”, apresenta a acepção “devessa, libertina”, ou seja, nesse segundo sentido não necessariamente temos a figura da meretriz. Por outro lado, essa mulher devassa, libertina, mas que não é meretriz, pode ser chamada de puta, mas não de prostituta. Observamos que “prostituta”, que só possui a acepção “meretriz”, é um termo desprovido de magia, coisa pra texto de jornal, pois prostituta não sente prazer ou orgasmos, apenas abre as pernas em troca de dinheiro, designando a mera troca do sexo pelo dinheiro, faltando-lhe a necessária devassidão, a ninfomania.
Posto isso, lanço a indagação, será que quase nunca dizemos “prostituta”, sobretudo em um teste drive, por querer algo a mais que do que essa palavra é capaz de significar? ou seja, por querer a devassidão, a libertinagem, a safadeza, o furor uterino algo que somente uma puta em todos os sentidos da palavra é capaz de proporcionar, seja por encenação ou não.