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Este texto é uma continuação de http://www.gp-guia.net/phpbb/phpbb2/view ... hp?t=71059
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Orlando não podia voltar de mãos vazias. Kanuka esperava o habitual saquinho de conchas para fazer as compras do dia, e não convinha frustrá-la. Deu uma volta grande por trás da aldeia a fim de atingir novamente o mar sem ser visto pelos vizinhos. Sabia que o sal vinha alcançando boa aceitação entre as donas de caverna modernas e pensou que até o final do dia podia obter um pouco, trocar por víveres e escapar de levar uma panelada quando retornasse para casa.
Ao Sul havia uma enseada onde podia trabalhar sossegado. A caminhada foi curta, a cabeça estava leve como nunca. "*Amanhã levantar mais cedo ainda e pegar mais conchas.". Sabia que a partir de então teria uma despesa extra, mas não reclamava da sorte.
Absorto na atividade de raspar o sal que ficava nos buracos das rochas após a baixa da maré, só no último instante notou que se aproximava um grupo de homens. Pela indumentária, viu imediatamente que se tratava de mediterrâneos, um povo com que as relações da tribo eram às vezes hostis, às vezes amigáveis. Assustou-se e rosnou da melhor maneira que pode "*Aaaarghhh! Grrrrrrrr! Auauauauau! ", mas sabemos que esse Orlando guerreiro não era, os estranhos apenas se entreolharam e comentaram "#Não fala a nossa língua, que pena.", "#Tentai a mímica, Publito, huahuahuahua". A risada meio demente tranquilizou Orlando, "*Gordão não ser caçador, caçador nunca rir", e lhes disse "#Orlando entender mediterrâneos no problems". "#Precisamos de sal para o symposium de nosso amigo Trimálquio", disse o branquelo alto, "#Não conseguireis comer isso tudo que colhestes, quereis vender-nos-lho? Damos 3 talentos por tudo.". "#Orlando não comer chocolate, trocar sal por víveres", foi a resposta que recebeu. "#Que anta, huahuahuahua, pegamos o sal e te levamos para o symposium, ô matuto", disse o mediterrâneo gordo, "#Sympositorium ter comida?", "#Ter comida, ter bebida e ter putas, huahuahuahua", "#Que ser putas?", "#Putas são fêmeas que fazem sexo em troca de dinheiro. Não confundais ao bárbaro, Urtius. Lá no interior não tem isso.". "#Antes não ter, agora ter", concluiu Orlando, algo pensativo, "#Orlando aceitar.".
Rumaram para a cidade. Orlando não só forneceu o sal como participou de todos os preparativos para o symposium. O gordão tinha gostado dele, pelo visto: "#O Forum, que alguns chamam a Biblioteca, cresceu muito e nós ajudamos a manter tudo organizado. Chamam-nos bibliotecários.", explicou. "#Que ser forum please", "#Comemos as putas e depois descrevemos a experiência em papiros, que são guardados na biblioteca. Foi idéia de Caesar Augustus. Cansamos de levar Tomelius das putas, agora trocamos informações sobre elas e nos damos bem. Agora ide servir vinho aos filósofos e aos artistas. Muita água no kyllix dos primeiros", "#Como saber diferença?", "#Os filósofos só conversam e não comem, os artistas só comem e não conversam.".
Serviu primeiro aos filósofos, e conseguiu pescar algo da conversa: "#Puta é puta e vice-versa", disse um famoso eleata, famoso no Sul, é claro, Orlando nunca tinha ouvido falar dele. "#Não comemos duas vezes a mesma puta." retrucou o não menos famoso colega, este nascido em Creta. "*Filósofos aloprados." e passou a servir os artistas, "#Que bundinha boa ter esse escravo cita. Mal posso esperar pelo komos.". "#Orlando ser livre, não escravo. Orlando negociar conchas autônomo, não ter carteira assinada mas não precisar bater ponto.", "#Libertas quae sera, é o que sempre digo", replicou o magrelo que havia encontrado na praia, "#Veja a diferença entre esses caipiras do Norte e os do Leste, os primeiros são perfeitamente domesticáveis, os do Oriente estão sempre brigando por alguma besteira.", continuou, "#Não são dignos da mesa dos deuses, nem do leito das deusas.". "#Cale a boca e coma, caro Publito, carpe diem, é o que sempre digo", interrompeu-o o colega que estava ao lado.
Orlando voltou à cozinha para reabastecer as ânforas e saciar sua curiosidade, que só aumentava. "#Quem ser Trimálquio?", pergunta ao gordão, "#Trimálquio é aquele ali, acaba de completar 300 papiros depositados, por isso fizemos esta festa em sua homenagem.". "#Todos escrever papiros?" "#Sim, mas há papiros sobre assuntos variados, vinho, comida, charadas, o ludopédio bretão, doenças venéreas, temos centenas de milhares de papiros guardados." "#Existir outras bibliotecas?" "#Os persas e os núbios têm seus foruns, mas todos os papiros lá falam mal do nosso, TD que é bom, nada".
Foi servir os artistas de novo. Como comiam os malandros! "#Antigamente havia putas bacanas aqui em Alexandria, hoje estamos em decadência. Qualquer auletride tá cobrando 100 talentos por um programinha basicão. " comentou um velhinho, "#Estais com saudades do domínio aquemênida, vovô? Duvidais que Amnynia de Milo ou Sharon Piovani sejam boas fodas?", "#São boas, mas caras. Prefiro recorrer à Molly. Quereis ir conosco, bárbaro?", "#Que ser Mole?", "#Uma clínica de dicteríades na periferia de Sídon. Com a trirreme de Marcus Lucanus, chegamos lá em 3 ou 4 dias, se a Posídon aprouver.". Orlando respondeu evasivamente, viagens de barco não o seduziam, "#Buscar mais vinho", e se afastou novamente.
"#Para nossas mulheres não nos descobrirem, usamos nomes falsos.", esclarecia Urtius, "#Publius Maro, por exemplo, que encontrastes comigo na praia e que agora joga o kottabos ali com Quintus Flaccus, usa o nome falso PM. O mesmo artifício empregam Marcus Brutus e Marcus Lucanus." "#Então Quintus Flaccus ser apenas QF no forum?" "#Quintus Flaccus usa o nome falso j.j. Muito mais difícil de descobrir, convenhais, huahuahuahua". "*Mediterrâneos totalmente aloprados, mas fêmeas cheirar bem", não pôde deixar de pensar, "#Quanto cobrar essa Aninha, Urtius?", "#200 talentinhos por uma hora de atendimento em seu flat em Magdala, mas é completa e não fica regulando na ampulheta.", foi a resposta, "#Magdala ser longe?", "#Fica perto do Mar Morto. Não é longe daqui de Alexandria, mas a região é meio trash, os galileus estão sempre brigando entre si. Melhor ir na Molly, mesmo. Também podeis experimentar a Sharon Piovani, que é da Cítia, ali perto da vossa aldeia.". Orlando olhou na direção que Urtius apontava e, surpresa, ninguém menos que a Lucineide acabava de entrar no salão e cumprimentava a todos com gesto lacivo. "#Aquela Lucineide, não Chérom", falou para o companheiro, que não demonstrou surpresa "#Todas as putas também usam nome falso, por acaso acreditais que a magdalena se chama mesmo Amnynia?".
Era demais para a cabeça de Orlando, ainda há pouco confinada à escuridão das florestas do Norte. Saiu à varanda para respirar melhor. Notou, pela posição do Sol, que já eram quase 391 DC. "#Orlando procurar víveres. Aqui não sobrar nada. Todos comer muito, até filósofos.". Saiu sem se despedir dos novos amigos e dirigiu-se para Oeste.
Preocupado em encontrar comida, Orlando nem olhou para trás. Se o houvesse feito, veria que uma grande fogueira consumia papiros, mobília e estrutura do Forum, que muitos então chamavam a Biblioteca.
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Este texto teve uma continuação: http://www.gp-guia.net/phpbb/phpbb2/view ... hp?t=72538
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Orlando não podia voltar de mãos vazias. Kanuka esperava o habitual saquinho de conchas para fazer as compras do dia, e não convinha frustrá-la. Deu uma volta grande por trás da aldeia a fim de atingir novamente o mar sem ser visto pelos vizinhos. Sabia que o sal vinha alcançando boa aceitação entre as donas de caverna modernas e pensou que até o final do dia podia obter um pouco, trocar por víveres e escapar de levar uma panelada quando retornasse para casa.
Ao Sul havia uma enseada onde podia trabalhar sossegado. A caminhada foi curta, a cabeça estava leve como nunca. "*Amanhã levantar mais cedo ainda e pegar mais conchas.". Sabia que a partir de então teria uma despesa extra, mas não reclamava da sorte.
Absorto na atividade de raspar o sal que ficava nos buracos das rochas após a baixa da maré, só no último instante notou que se aproximava um grupo de homens. Pela indumentária, viu imediatamente que se tratava de mediterrâneos, um povo com que as relações da tribo eram às vezes hostis, às vezes amigáveis. Assustou-se e rosnou da melhor maneira que pode "*Aaaarghhh! Grrrrrrrr! Auauauauau! ", mas sabemos que esse Orlando guerreiro não era, os estranhos apenas se entreolharam e comentaram "#Não fala a nossa língua, que pena.", "#Tentai a mímica, Publito, huahuahuahua". A risada meio demente tranquilizou Orlando, "*Gordão não ser caçador, caçador nunca rir", e lhes disse "#Orlando entender mediterrâneos no problems". "#Precisamos de sal para o symposium de nosso amigo Trimálquio", disse o branquelo alto, "#Não conseguireis comer isso tudo que colhestes, quereis vender-nos-lho? Damos 3 talentos por tudo.". "#Orlando não comer chocolate, trocar sal por víveres", foi a resposta que recebeu. "#Que anta, huahuahuahua, pegamos o sal e te levamos para o symposium, ô matuto", disse o mediterrâneo gordo, "#Sympositorium ter comida?", "#Ter comida, ter bebida e ter putas, huahuahuahua", "#Que ser putas?", "#Putas são fêmeas que fazem sexo em troca de dinheiro. Não confundais ao bárbaro, Urtius. Lá no interior não tem isso.". "#Antes não ter, agora ter", concluiu Orlando, algo pensativo, "#Orlando aceitar.".
Rumaram para a cidade. Orlando não só forneceu o sal como participou de todos os preparativos para o symposium. O gordão tinha gostado dele, pelo visto: "#O Forum, que alguns chamam a Biblioteca, cresceu muito e nós ajudamos a manter tudo organizado. Chamam-nos bibliotecários.", explicou. "#Que ser forum please", "#Comemos as putas e depois descrevemos a experiência em papiros, que são guardados na biblioteca. Foi idéia de Caesar Augustus. Cansamos de levar Tomelius das putas, agora trocamos informações sobre elas e nos damos bem. Agora ide servir vinho aos filósofos e aos artistas. Muita água no kyllix dos primeiros", "#Como saber diferença?", "#Os filósofos só conversam e não comem, os artistas só comem e não conversam.".
Serviu primeiro aos filósofos, e conseguiu pescar algo da conversa: "#Puta é puta e vice-versa", disse um famoso eleata, famoso no Sul, é claro, Orlando nunca tinha ouvido falar dele. "#Não comemos duas vezes a mesma puta." retrucou o não menos famoso colega, este nascido em Creta. "*Filósofos aloprados." e passou a servir os artistas, "#Que bundinha boa ter esse escravo cita. Mal posso esperar pelo komos.". "#Orlando ser livre, não escravo. Orlando negociar conchas autônomo, não ter carteira assinada mas não precisar bater ponto.", "#Libertas quae sera, é o que sempre digo", replicou o magrelo que havia encontrado na praia, "#Veja a diferença entre esses caipiras do Norte e os do Leste, os primeiros são perfeitamente domesticáveis, os do Oriente estão sempre brigando por alguma besteira.", continuou, "#Não são dignos da mesa dos deuses, nem do leito das deusas.". "#Cale a boca e coma, caro Publito, carpe diem, é o que sempre digo", interrompeu-o o colega que estava ao lado.
Orlando voltou à cozinha para reabastecer as ânforas e saciar sua curiosidade, que só aumentava. "#Quem ser Trimálquio?", pergunta ao gordão, "#Trimálquio é aquele ali, acaba de completar 300 papiros depositados, por isso fizemos esta festa em sua homenagem.". "#Todos escrever papiros?" "#Sim, mas há papiros sobre assuntos variados, vinho, comida, charadas, o ludopédio bretão, doenças venéreas, temos centenas de milhares de papiros guardados." "#Existir outras bibliotecas?" "#Os persas e os núbios têm seus foruns, mas todos os papiros lá falam mal do nosso, TD que é bom, nada".
Foi servir os artistas de novo. Como comiam os malandros! "#Antigamente havia putas bacanas aqui em Alexandria, hoje estamos em decadência. Qualquer auletride tá cobrando 100 talentos por um programinha basicão. " comentou um velhinho, "#Estais com saudades do domínio aquemênida, vovô? Duvidais que Amnynia de Milo ou Sharon Piovani sejam boas fodas?", "#São boas, mas caras. Prefiro recorrer à Molly. Quereis ir conosco, bárbaro?", "#Que ser Mole?", "#Uma clínica de dicteríades na periferia de Sídon. Com a trirreme de Marcus Lucanus, chegamos lá em 3 ou 4 dias, se a Posídon aprouver.". Orlando respondeu evasivamente, viagens de barco não o seduziam, "#Buscar mais vinho", e se afastou novamente.
"#Para nossas mulheres não nos descobrirem, usamos nomes falsos.", esclarecia Urtius, "#Publius Maro, por exemplo, que encontrastes comigo na praia e que agora joga o kottabos ali com Quintus Flaccus, usa o nome falso PM. O mesmo artifício empregam Marcus Brutus e Marcus Lucanus." "#Então Quintus Flaccus ser apenas QF no forum?" "#Quintus Flaccus usa o nome falso j.j. Muito mais difícil de descobrir, convenhais, huahuahuahua". "*Mediterrâneos totalmente aloprados, mas fêmeas cheirar bem", não pôde deixar de pensar, "#Quanto cobrar essa Aninha, Urtius?", "#200 talentinhos por uma hora de atendimento em seu flat em Magdala, mas é completa e não fica regulando na ampulheta.", foi a resposta, "#Magdala ser longe?", "#Fica perto do Mar Morto. Não é longe daqui de Alexandria, mas a região é meio trash, os galileus estão sempre brigando entre si. Melhor ir na Molly, mesmo. Também podeis experimentar a Sharon Piovani, que é da Cítia, ali perto da vossa aldeia.". Orlando olhou na direção que Urtius apontava e, surpresa, ninguém menos que a Lucineide acabava de entrar no salão e cumprimentava a todos com gesto lacivo. "#Aquela Lucineide, não Chérom", falou para o companheiro, que não demonstrou surpresa "#Todas as putas também usam nome falso, por acaso acreditais que a magdalena se chama mesmo Amnynia?".
Era demais para a cabeça de Orlando, ainda há pouco confinada à escuridão das florestas do Norte. Saiu à varanda para respirar melhor. Notou, pela posição do Sol, que já eram quase 391 DC. "#Orlando procurar víveres. Aqui não sobrar nada. Todos comer muito, até filósofos.". Saiu sem se despedir dos novos amigos e dirigiu-se para Oeste.
Preocupado em encontrar comida, Orlando nem olhou para trás. Se o houvesse feito, veria que uma grande fogueira consumia papiros, mobília e estrutura do Forum, que muitos então chamavam a Biblioteca.
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Este texto teve uma continuação: http://www.gp-guia.net/phpbb/phpbb2/view ... hp?t=72538
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