18/07/2008 - 21h00
"Deixei meu 13° nas saunas", diz estudante "viciado" em prostíbulos da Augusta
Vinícius Segalla
Especial para o UOL
Em São Paulo
Mesmo com a chegada de novos bares, restaurantes e danceterias, um negócio não sai de moda na Augusta: o meretrício. Casas como "Biblos", "Cabana Café" e "Casarão" atraem homens, sozinhos ou em grupo, em busca de diversão sexual. As casas costumam cobrar R$ 5 de entrada, com direito a uma cerveja. Lá dentro, em ambientes escuros, geralmente com uma pequena pista de dança e um american bar, garotas se oferecem por R$ 80, mais o aluguel do quarto. Se o cliente pechinchar, sai mais barato.
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"Inferninhos" também são 'marca registrada' da Augusta
* Imagens da rua Augusta
Entre os freqüentadores assíduos desses estabelecimentos está Marcelo Silva (nome fictício), 21. Ele mora e estuda na região e confessa seu hábito mais que freqüente de visitar as "meninas da Augusta". "Comecei freqüentar há uns dois anos. Chegava a vir toda a semana, de duas a três vezes. Quando perdi o controle, no 'dezembro negro' de 2006, deixei todo o meu 13° salário na Augusta. Hoje em dia, tento evitar de cair em tentação", afirma o jovem estudante.
Marcelo não faz distinção entre as garotas que trabalham dentro das saunas ou as que fazem ponto na calçada. "Vai da disposição do dia e do dinheiro no bolso", conta. Normalmente, o roteiro é sempre o mesmo. "Eu fico bebendo em algum bar próximo à faculdade. Depois, vou subindo a pé a Augusta a caminho de casa. Mas, rapaz, quando se está bêbado, é difícil manter a pureza. Então, acabo encontrando as meninas", admite Marcelo, que diz sentir arrependimento e dores na consciência nos dias seguintes aos programas. "Mas acho que isso é normal entre os grandes freqüentadores. Dá aquela ressaca moral de ter gasto dinheiro e pago por sexo. Mas nada que te impeça de repetir a dose alguns dias depois".
Mas afinal, o que há de bom nas garotas da Augusta? "Nada. É apenas comodismo. Todo mundo precisa e faz sexo. Eu me habituei a consegui-lo com facilidade, pagando. Mas não considero um vício, sexo é natural, todos fazem, só muda como se obtém o sexo."
Marcelo traça um perfil geral das garotas da Augusta: "São jovens, têm planos para largar a profissão e conseguem juntar algum dinheiro. Normalmente, têm que ter muita coragem e paciência para agüentar os clientes". Entre as histórias que Marcelo conta há casos engraçados e outros trágicos. Uma vez, um colega seu chamou a atenção de todas as meninas de uma casa pelo tamanho de seu membro. "Quando a garota abaixou as calças dele, começou a gritar e fez questão que todas vissem o tamanho do 'documento' do meu amigo."
Em outra oportunidade, em uma casa que não era na Augusta, mas a cerca de 30 metros dali, um amigo, alcoolizado, pagou um drinque em uma taça com camarões para uma garota. "Ele estava muito bêbado, ela pediu o drinque mais caro que tinha e ele deixou que marcassem na comanda. Na hora de ir embora, não tinha dinheiro para pagar, e todo mundo teve que dividir a conta."
Mas a história mais triste foi a de uma garota de programa que contou sobre um drama pessoal. "A gente fez o programa e no final estávamos conversando. Daí, ela me disse que sua filha de poucos meses tinha morrido havia três semanas. Eu nem sabia o que dizer, mas ela me deu dois tapinhas nas minhas costas e disse, 'relaxa, não tem problema não'. Ainda bem que já tinha feito o programa, ou não sei se teria coragem."
Marcelo está "limpo" da Augusta já faz alguns meses, segundo suas próprias palavras. "Da última vez que fui a um lugar de prostituição, senti um choque de ver que, com 21 anos, estava só transando com garotas de programa, enquanto poderia estar conhecendo garotas que não cobram pelo sexo. Por isso, quero parar, prostituição não é mais para mim."