Sexta-feira, eu tentava me aproveitar do corpo suculento da Giovanna, da Casa 60, enquanto na cabine ao lado iniciava-se um diálogo insólito que poderia constar em alguma Rádio Novela tragicômica.
Eu me concentrava em alimentar uma ereção poderosa, capaz de realizar o sonho de consumo que é o sexo anal, quando comecei a ouvir as primeiras frases que vazaram pelas paredes e que tinham origem no quarto ao lado...
- Você tem namorado? – Pergunta um rapaz de voz tímida.
- Namorado? Não! Eu tenho NAMORADA! – Responde uma mulher com voz nasalada e traquejo de rampeira velha.
- Namorada?! Não acredito!... – Rebate o rapaz.
- Não acredita em quê?
- Que você tem namorada! Que isso! – O rapaz parecia indignado.
- Ah! Você não acredita? Espere aí então! – Devolve a menina – Meeel!!! Meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel!!!!! – A mulher se esvaia em gritos convocando alguém.
- Não! Não precisa chamar ninguém! Foi só uma pergunta! – Suplicava a voz constrangida do cliente ao lado.
- Não! Vou mostrar pra você poder acreditar! Meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel!! – A garota continuava a gritar.
Provavelmente, o tal grito pudesse ser ouvido da Praça da Bandeira ou até em alguma chácara distante, por alguma cabra que reconhecesse o chamado de uma irmã desgarrada.
Logo escuto passos na escada e a porta do quarto ao lado se abrindo.
- O que você quer menina? – Interroga outra voz de mulher
- Chamei você porque ele não acredita que somos namoradas. E aí?
- Ué?! Problema dele! Não tem nada com isso! Nós namoramos e pronto! – Responde a segunda voz feminina.
- Ta vendo?! – Exclama a voz nasalada dos gritos.
- Estou vendo! Hehehehe! Bacana! – Solta o rapaz, cada vez com um tom maior de constrangimento.
Depois disso, voltaram a se pegar e os sons passaram de gritos histéricos para gemidos lânguidos, até que uma nova discussão começou...
Vapt, vupt, vapt, vupt, vapt, vupt.... De repente, o som da fornicação foi interrompido novamente pela voz que vinha do nariz.
- Não dá pra enfiar as bolas, não, Nen! Esquece! Mete direito!
- Mas eu estou fazendo normal! – Defende-se o garoto.
- Vai, Nen! Vai que o tempo tá acabando! – Retruca a menina.
- Acabando? Mal começamos? – Estranha o rapaz.
- Ai! Ai! Vocês acham que entram aqui e o tempo pára! Pára não, Nen! O tempo tá correndo lá fora! Vai!
Vapt, vupt, vapt, vupt, vapt, vupt...
- Nen, você tem dois minutos pra gozar! – Alerta a mulher.
- Dois minutos?!
- É! Dois minutos, Nen!
- Poxa!...
Vapt, vupt, vapt, vupt, vapt, vupt....
Toc, toc, toc - Acabou o tempo!!!! – Grita alguém para a cabine ao lado.
- Acabou, Nen! Tenho que sair!
- Pô, mas nem gozei!
- Ah! Sinto muito, Nen! Mas quando chamam tenho que sair!
- Espera um pouquinho... Tô quase!...
- Termina sozinho, Nen. Tchau!
E foi assim que ouvi o “Nen” ficando com o pau na mão, ao mesmo tempo em que uma atmosfera de frustração subia da cabine ao lado.
Não pude deixar de me solidarizar silenciosamente com aquele pobre rapaz, gastando seus R$ 26,00 para voltar para casa pior do que chegou à Vila.
Do início ao fim, a menina sabotou a transa, parece que o objetivo era brochar o coitado do garoto. Por falta de atenção, não consegui pescar o nome da trapaceira.
Fiquei tão condoído da falta de sucesso do rapaz que brochei em solidariedade.
Após este episódio, um espírito científico tomou minha mente, algo parecido com o Darwinismo me fez chegar a seguinte descoberta: As cabras vadias também amam!... E são lésbicas!...