Meus caros,
Tal como o digno criador deste tópico, também sou ateu, graças a Deus. Não sou chegado a rezas, nem mandingas, até porque ser supersticioso dá azar.
Não obstante, também concordo com Millôr Fernandes, quando ele afirma que "não existe ateu num avião em pane". De fato, quando o cu pisca com intensidade, temos que nos apegar a algo, nem que seja o intangível, afinal, quem tem cu, tem medo.
Este paradoxo da exposição da fé no vil metal, justamente onde ela (a fé) é mais detestável, apresenta-se assaz interessante.
Já diziam os romanos: "Pecunia non olet". Ou seja, dinheiro não fede, para significar que, não importa sua origem, o valor é o mesmo.
Bem, não sou romano e por isso tento viver com uma certa coerência de princípios, de forma que, ao menos para mim, dinheiro fede sim, dependendo da sua origem. Algum de vocês conseguem imaginar o cheiro daquele dinheiro que foi apreendido na cueca de um companheiro do PT? Além de sua origem expúria, ele estava acondicionado em lugar, digamos, inusitado. Imaginem vocês que o companheiro - que já não parecia muito chegado a um banho - ficou peidando no dinheiro durante horas. E, pior, ao ser descoberto, certamente cagou nas calças e em tudo o mais que havia em volta.
Sim, meus caros, dinheiro também fede. Fede material e moralmente. E é aí que entra a fé.
O corsário inglês Richard Hawkins, descobridor das Ilhas Falklands (Malvinas), autor da obra "A Viagem do Pirata", narra no seu livro que os corsários (piratas legalizados), após abordar e saquear um navio, ajoelhavam-se no convés para agradecer a Deus a graça de ter-lhes colocado no caminho, uma nau adversária, porque desta forma eles puderam fazer uma grande pilhagem em nome de Sua Majestade, para a glória da Inglaterra.
Sacanagem em nome de Deus.
Passando dos piratas às putas, é interessante constatar que muitas delas são místicas e têm muita fé. Seria interessante traduzir aqui o trecho de uma prece ao final de um dia de labor: "Obrigado Senhor, por colocar hoje no meu caminho 15 putanheiros sedentos de sexo, para que eu pudesse boquetear à farta, ser sodomizada e currada sem dó nem piedade, para auferir o meu pão de cada dia. Fazei Senhor, que no dia de amanhã, mais picas se apresentem em meu caminho. Agradeço ainda à Santa Maria Madalena, rogando sua proteção. Amém."
Não vai aqui nenhuma crítica ao ganha-pão das putas. Trata-se somente da constatação de algo incoerente, assim como a acumulação de riquezas por parte dos diversos credos e sacerdotes, o que certamente não é corroborado pelas sagradas escrituras, senão em convenientes interpretações.
No meu campo pessoal, falando em fé, religião e sexo, tomo como exemplo duas de minhas Regra 3. Uma delas é devassa por natureza, mas fervorosamente religiosa. Trai o marido e trepa maravilhosamente bem, mas sempre com culpa, porque receia o castigo divino. A segunda é atéia, mas mais recatada. Trai e trepa também, mas sem culpa de ordem religiosa, porque acredita que do pó veio e ao pó retornará e lá ficará para todo o sempre, sem consciência disso. O bom da segunda é que não faz discurso depois da trepada.
Curioso notar, no entanto, que a segunda, atéia, é bem mais ética que a primeira, fortemente religiosa, cuja fé está mais preocupada em condenar o sexo, do que o dinheiro a qualquer preço.
É aquilo que eu já afirmei aqui anteriormente. A ética do ateu é mais pura que a ética do temente a Deus. O ateu é honesto por convicção, enquanto o religioso é honesto por temer a ira divina, teme queimar no mármore do inferno.
Sendo assim, bela bosta de honestidade esta, que amedronta, mas não convence. Condena o sexo, mas é condescendente com as fontes de financiamento, enquanto aguarda o próximo navio que surgirá no horizonte, ou seja, aquele ignorante que ofertará seu óbolo, como fazendo um negócio, crente que Deus o ajudará, porque é dando que se recebe.