O que você deve saber?
Muitos de nós já ouviu falar em câncer, palavra que desperta sentimento de pavor. Entretanto, com os avanços nos métodos de diagnósticos, temos obtido sucesso no tratamento de vários desses cânceres, que podem ser tratados efetivamente, principalmente se diagnosticados precocemente. Um tipo de câncer hoje, muito citado, é o câncer de próstata. Este cancêr é o mais diagnosticado no mundo, representando a segunda causa de óbito por doença neoplásica no homem.
O que é a próstata?
Antes de abordarmos especificamente esta doença, falemos um pouco da glândula prostática. Esta pequena glândula é parte do sistema reprodutor masculino, situada abaixo e atrás da bexiga, envolvendo o segmento proximal da uretra, por onde passa a urina ao ser eliminada para o exterior. A glândula prostática basicamente produz dois tipos de fluídos. Um para manter a uretra “alcalinizada” e outro para conduzir os espermatozóides durante a ejaculação.
O que normalmente acontece de errado com a próstata?
A alteração mais freqüente que acomete a glândula prostática é a hiperplasia benigna. Inside em homens com idade superior aos 40 anos de idade, tornando-se mais comum com o aumento da idade. A hiperplasia é o aumento (não canceroso) da parte mais interna da glândula, comprimindo a uretra e ocasionando dificuldades para urinar. Este problema tende a se agravar com o passar dos anos e é certo que um em cada três homens depois dos 50 anos apresentam sintomas urinários como resultado. Uma outra alteração menos comum que acomete a próstata denominamos prostatite, que é a infecção ou inflamação da próstata, afetando qualquer homem adulto, sendo mais comum nos mais jovens.
O que é o câncer prostático?
O câncer de próstata acomete indivíduos com idade superior a 40 anos, sendo mais comum (80%) nos homens acima de 65 anos. A incidência no Brasil é de 22 para cada 100.000 habitantes. Geralmente compromete a parte mais externa da glândula (80%) e em função disso, nos estágios iniciais não cria dificuldades para a micção. É um tipo de câncer que desenvolve-se muito lentamente, mas, comumente, pode espalhar-se por outras partes do corpo (metástases).
O que causa o câncer de próstata?
As causas do câncer prostático não são completamente conhecidas. Não está muito clara a sua relação com dietas, álcool, tabagismo, atividade sexual ou fatores ambientais. Entretanto é mais freqüente e agressivo nos indivíduos que possuem algum familiar acometido (pai ou irmão). Ocorre mais freqüentemente nos negros e parece acometer indivíduos que consomem dieta rica em gordura.
Quais os sintomas de um câncer de próstata?
O diagnóstico é feito através do exame digital da próstata e da dosagem do antígeno prostático específico (PSA). Introduzindo o dedo através do reto, o MÉDICO pode identificar alterações no volume e/ou na consistência da glândula. O PSA é uma proteína produzida exclusivamente pela próstata, sendo que o tecido canceroso da próstata produz 10 vezes mais que o tecido prostático benigno. Consideramos como valor normal em nossa clínica dosagens até 4 ng/ml e valores superiores a 10ng/ml proporcionam aproximadamente 70% de possibilidade de identificarmos esta neoplasia. Confirmamos o diagnóstico através de exame histopatológico de fragmento da glândula obtido por biópsia.
O exame ultra-sonográfico (principalmente a ultra-sonografia trans-retal) tem sido usado freqüentemente tanto nas avaliações preventivas, como no auxílio do estadiamento das lesões e também como orientação na realização das biópsias da glândula prostática.
O câncer prostático nem sempre causa sintomas, principalmente nos estágios iniciais, entretanto, pode comprometer a capacidade de urinar resultando em: dificuldade em iniciar a micção; jato urinário fraco e tempo de micção superior ao usual; interrupção e reiniciação da micção; sensação de esvaziamento incompleto de bexiga. Estes sintomas são muito mais freqüentes na hiperplasia prostática benigna do que no câncer prostático, porém, se você apresenta algumas destas queixas, consulte seu médico. Dores persistentes nas costas, costelas ou região pélvica podem ser devido ao câncer prostático, mesmo na ausência de sintomas urinários.
Qual o tratamento do câncer prostático?
O tratamento do câncer de próstata depende muito do tipo de tumor, do estadiamento da doença quando diagnosticada, da idade do paciente e seu estado geral. Em alguns casos, o câncer pode progredir tão lentamente e não acometer outros órgãos, podendo permanecer restrito à glândula, não comprometendo a expectativa de vida do paciente e eventualmente nem ocasionar sintomas urinários. Nestes pacientes, entretanto, é fundamental o controle regular e periódico com o médico assistente.
Em outros casos, o tratamento é necessário, podendo ser cirúrgico, hormonal ou radioterápico, isolados ou associados. O tratamento ideal será decidido pelo médico assistente em análise específica de cada caso e discutido com o paciente em função das possíveis complicações inerentes a cada método.
Concluímos que o mais importante no câncer de próstata é o diagnóstico precoce, que pode ser obtido através de um efetivo programa de prevenção. Apesar das várias opções de tratamento, a cura só pode ser obtida nos estágios precoces.
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Consumo de álcool, tabagismo e obesidade são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de nove dos principais tipos de câncer no Brasil. Estudo divulgado, recentemente, pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o crescimento da doença está associado à exposição da população a fatores de risco cancerígenos. A taxa de mortalidade que mais cresceu foi a de câncer de próstata, que praticamente dobrou no sexo masculino (95,48%) em 25 anos (1979 a 2004) passou de 7,08 óbitos por 100 mil homens para 13,84 óbitos.
Os dados do INCA são preocupantes, pois, em números absolutos, o câncer de próstata é a segunda causa de morte da população masculina. O indicativo é grave e revela a pouca importância que o brasileiro dá à medicina preventiva,
pois o tumor de próstata é passível de diagnóstico precoce, por meio de um exame de sangue e de um exame clínico.
Apostando na prevenção
A pesquisa do INCA sobre a distribuição dos tumores primários mais freqüentes, realizadas de 1999 a 2003, mostra que 30,96% dos casos de colo do útero foram
diagnosticados no estádio inicial e 27,23% nos estádios avançados. Nesta situação, foram diagnosticados 70,67% e 40,94% em reto e próstata respectivamente. Quanto mais cedo diagnosticado o câncer, maiores as chances de cura, a sobrevida e a qualidade de vida do paciente.
Segundo o estudo, é importante que a população em geral e os profissionais de saúde reconheçam os sinais de alarme para o câncer, como nódulos, febre contínua, feridas que não cicatrizam, indigestão constante e rouquidão crônica, antes dos sintomas que caracterizem lesões mais avançadas, como sangramento, obstrução de vias intestinais ou respiratórias e dor. Os principais sintomas do crescimento da próstata, segundo o urologista, são os de levantar várias vezes à noite para urinar, dificuldades no ato de urinar e dor à micção, que podem ocorrer nos casos benignos.
O câncer de próstata é silencioso, sem sinais evidentes a não ser em estágios mais avançados, quando já está infiltrado em órgãos adjacentes, ou quando suas metástases em ossos, pulmão fígado se manifestam. Um reforço nas ações de diagnóstico poderia, por exemplo, ajudar a reduzir o câncer de próstata, que, segundo a pesquisa, é detectado no estágio inicial apenas em 7% dos casos. Quando o diagnóstico do tumor primário é feito logo, 90% dos pacientes têm uma sobrevida maior que cinco anos. Já se for detectado tardiamente, essa proporção cai para a metade.
Para fazer o diagnóstico do câncer de próstata de forma precoce é necessário realizar o exame clínico de toque retal associado ao exame que revela a dosagem PSA (sigla de antígeno prostático específico) no sangue. Estes exames podem determinar a realização de uma ultra-sonografia pélvica (ou prostática transretal, se disponível). A ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de se realizar a biopsia prostática transretal. Estes exames devem ser realizados todos os anos, a partir dos 50 anos. Embora a incidência do câncer de próstata não vá diminuir, por estar ligado ao envelhecimento, o diagnóstico na fase inicial pode reduzir significativamente a mortalidade.
Fatores de risco
A idade é um fator de risco importante, ganhando um significado especial no câncer da próstata, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam, após a idade de 50 anos. Histórico familiar de pai ou irmão com câncer da próstata, antes dos 50 anos de idade, pode aumentar o risco de câncer em 3 a 10 vezes em relação à população em geral. Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, não só pode ajudar a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas metabólicas.
Tratando a moléstia
O tratamento do câncer da próstata depende do estágio clínico da doença. Para doença localizada, cirurgia, radioterapia e até mesmo uma observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em
combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para doença metastática, o tratamento habitual é a hormonioterapia. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após discutir os riscos e benefícios do tratamento com o seu médico.
Você já conversou com um especialista sobre o câncer de próstata?