Os Olhos do Abutre - Autor: DANTE-RIO

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Os Olhos do Abutre - Autor: DANTE-RIO

#1 Mensagem por General » 29 Set 2008, 16:26

Andava à tarde pela Av. Rio Branco quando intuiu que alguém o seguia. Subitamente, girou a cabeça para trás pressentindo que segurariam seu braço. Não havia ninguém além das centenas de rostos desconhecidos que formam o monstro disforme e imprevisível que chamamos de multidão.

Continuou caminhando, acelerou o passo. Sentia-se zonzo, seus sapatos pisavam sobre uma calçada inconsistente, o concreto nunca antes lhe aparentou ser tão abstrato.

Convencia-se de que não precisava se preocupar, muito tempo se passara desde que executou a tarefa que lhe cabia. O destino é uma força que se cumpre, mesmo que a fragilidade do arrependimento venha depois. Ele sabia...

A primeira vez que viu Rose, naquele sobrado da Rua do Acre, todos os seus sentidos foram tomados por uma paralisia angustiante. O universo congelou quando ela se aproximou e encostou o corpo quase desnudo ao seu. Ela tocou-lhe o rosto e perguntou o porquê dele estar sozinho e com aparência triste num canto do salão. Ele ficou mudo, não conseguiu emitir nem sequer um som; ela sorriu, encarou seus olhos profundamente, deu-lhe um beijo leve nos lábios e se afastou.

Uma mulher havia lido sua alma, uma meretriz da Praça Mauá o havia decifrado, ele sentia um misto de nojo e surpresa. A lembrança de Rose era a obsessão dos seus dias, não podia mais pensar em nada que não rodasse em torno da daquela mulher que lhe surgiu tão intrigante.

Ele continuava andando, tinha certeza que alguém o seguia...

Como poderiam ter descoberto o que fez? Tudo saiu como planejara, tudo perfeito!

Olhava em volta na tentativa de identificar seu perseguidor naquele turbilhão de faces e olhos. Nada! Inútil! Seus passos ficaram mais largos, a respiração mais ofegante e as recordações continuavam a brotar em cascata.

Depois da primeira vez em que a viu naquele Bordel, retornou em muitas outras noites para sentir-se próximo dela. Nunca a tocou, ficava observando seus gestos, tentava ouvir sua voz em meio ao barulho da música ensurdecedora, torturava-se ao vê-la em beijos promíscuos com outros homens. Ela conhecia o seu segredo, ela o invadira.

Não se lembrava mais do momento em que decidiu fazer o que fez, talvez tenha sido na terceira visita àquele Bordel, quando esbarrou novamente com os olhos de Rose o analisando, provocando-o a revelar-se. Rose tinha olhar de abutre, penetrava em suas entranhas e ele passou a sentir uma náusea insuportável diante dela, tinha ojeriza à sua presença, aversão à sua existência. Sim! Foi quando identificou aquele olhar de rapina que decidiu executar sua trama amoral.

Seu coração batia tão forte que podia escutá-lo, sua cabeça estalava em pulsações desordenadas. Por que o estavam seguindo? Como poderiam tê-lo encontrado? Ele pensou em parar e enfrentar quem o seguia, mas apressou o movimento das pernas, correu, queria escapar...

Antes da execução, passou a dissecar detalhadamente a rotina de Rose, conheceu seu horário de entrada e saída naquele Bordel do Centro da Cidade, soube que ela saía sozinha e onde pegava a condução que a levava de volta para casa. Certo dia, seguiu a Van que a transportava e descobriu que ela morava para os lados da Pavuna.

Agora, ele poderia traçar o roteiro do seu intento.

O fôlego começava a lhe faltar, mas as pernas respondiam numa corrida sem rumo no meio daquela selva de rostos anônimos, ele sentia a massa humana se contrair num espasmo voluntário, queriam esmagá-lo, ele estava acuado. Seu perseguidor não iria desistir, ele sabia...

O plano era simples e a técnica que usaria para eliminar a causadora do seu tormento se baseava numa leitura que havia feito há anos num livro sobre medicina de guerra. Soldados usavam duas facas para apunhalar o inimigo na altura dos rins, simultaneamente. A dor seria tão lancinante que a vítima não encontrava força para gritar. Seria assim!...

Quando Rose lançou-se pela Rua do Acre deserta e sombria, ele a chamou, disse que havia atropelado um cachorro, pediu que ela o ajudasse a acomodar o animal no carro, que ele iria socorrê-lo. Ela aproximou-se, agachou para tentar enxergar o cão ferido e ele então fincou, com violência e ao mesmo tempo, os dois punhais nos rins da mulher.

Não houve grito, mas um grunhido abafado e terrível ascendeu do asfalto, o corpo de Rose petrificou-se. Ele a lançou no banco de trás da caminhonete e engrenou o carro pelo percurso que levava até a Pavuna.

Havia muito sangue, mas ele cobrira os bancos com muitos lençóis e toalhas. No meio do caminho, numa rua deserta e escura do subúrbio, enrolou o corpo nos panos e o descarregou no meio-fio. Os olhos de Rose tinham a expressão do vácuo, o abutre estava morto. Ninguém mais conhecia o seu segredo. Tudo era silêncio...

Suas pernas vacilavam... Desde o dia do assassinato passou a vagar pelo Centro, sabia que alguém passara a segui-lo. As batidas do seu coração ensurdeciam sua audição, o cérebro queria explodir, não conseguia mais correr, alcançara seu limite. A multidão o envolvia num círculo fechado, seus perseguidores eram muitos, ele ainda tentou um último pique desesperado, mas tropeçou e se viu arremessado, como num salto, aguardando o impacto vertiginoso com o chão áspero. Ele se debateu e bradou a sua culpa enquanto despencava.

Acordou!

Estava amarrado por correias a uma cama, o ambiente era de penumbra, cortinas de plástico o contornavam, escutou passos em aproximação. Uma mulher vestida de branco surgiu diante dele, havia um nome bordado no jaleco que vestia: “Sanatório Estadual”.

Ela tocou seu rosto e olhou dentro dos seus olhos. Ele estremeceu e chorou antes de adormecer novamente ao pico ácido de uma seringa. Eram os olhos do abutre!...

DANTE

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Maestro Alex
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#2 Mensagem por Maestro Alex » 29 Set 2008, 18:06

Bravíssimo!

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#3 Mensagem por Fortimbrás » 29 Set 2008, 18:14

Sensacional!

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#4 Mensagem por Peter_North » 29 Set 2008, 19:43

Fantástico! Parabéns Dante!

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Re: Os Olhos do Abutre - Autor: DANTE-RIO

#5 Mensagem por VErmEEr » 29 Set 2008, 19:54

Dante escreveu: Convencia-se de que não precisava se preocupar, muito tempo se passara desde que executou a tarefa que lhe cabia. O destino é uma força que se cumpre, mesmo que a fragilidade do arrependimento venha depois. Ele sabia...
Muito bom.

:wink:

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#6 Mensagem por Mr hyde » 29 Set 2008, 22:32

Parabens

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Asturias
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#7 Mensagem por Asturias » 29 Set 2008, 23:48

Muito bom mesmo Dante, parabéns!!!

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#8 Mensagem por DANTE-RIO » 30 Set 2008, 09:49

Pessoal,

Sei que agradecer a leitura e a generosidade de vocês é muito pouco, mas é o que eu tenho obrigação de fazer.

Muito obrigado!

DANTE

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Maestro Alex
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#9 Mensagem por Maestro Alex » 30 Set 2008, 10:12

DANTE-RIO escreveu:Pessoal,

Sei que agradecer a leitura e a generosidade de vocês é muito pouco, mas é o que eu tenho obrigação de fazer.

Muito obrigado!

DANTE
Caro Dante, para nós que escrevemos, cada um da sua forma, ter um lugar para expor o escrito já é uma dádiva, é sempre a gente que em que agradecer a todos por ler nossos devaneios e loucuras. O dia que quiser e sentir vontade de colaborar no meu blog, será bem-vindo. Lá temos colaboradores de todas as tribos e pensamentos.

Abraço e na espera da nova leitura.
Maestro

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#10 Mensagem por binho1979 » 30 Set 2008, 16:00

S-E-N-S-A-C-I-O-N-AL, isso pode virar roteiro de filme!

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#11 Mensagem por DANTE-RIO » 01 Out 2008, 09:50

binho1979 escreveu:S-E-N-S-A-C-I-O-N-AL, isso pode virar roteiro de filme!
Tomara! Deus te ouça! Estou precisando ganhar uma grana escrevendo... :lol:

Valeu!

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BetoPuc
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#12 Mensagem por BetoPuc » 01 Out 2008, 10:25

. .

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BetoPuc
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#13 Mensagem por BetoPuc » 01 Out 2008, 10:27

BetoPuc escreveu:.

.
Tentei dizer no post acima q estava sem palavras hasuausa

Parabens Dante mais uma vez você se superou!

Sds

BetoPuc

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