Literatura – HQ´s - História – Filosofia –

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Contos de bordel (livro)

#1 Mensagem por ElPatrio » 27 Set 2004, 22:45

Há certo tempo li sobre este livro em um tópico aqui no gpguia e isso acabou despertando-me o interesse pela leitura do livro. Com o tempo o tópico sobre "contos de bordel" foi parar na lixeira do fórum e de minha memória. O interesse pela leitura do livro acabou se perdendo entre os escombros de minha mente insana e cansada. Mas foi neste sábado que, num golpe de sorte, eu me deparei com "contos de bordel" perdido e esquecido num canto qualquer da prateleira empoeirada de uma livraria do centro de SP. Por irônia do destino fui encontrá-lo a poucos metros da região que serve como cenário das obscuras e pertubadoras histórias que são retratas no livros. Foi na avenida S.João que achei o livro perdido, ou melhor, ele me achou.

Não me fiz de rogado e levei-o para casa. Comecei a ler Contos na noite de sábado e terminei na noite de domingo. Li suas 160 páginas numa tacada só, praticamente. Ler o livro foi como ler um pedaço de minha vida. Muitos dos ambientes e cenários descritos nele me eram familiares, porém as situações descritas não. Foi pertubador saber que a gente faz parte, ou melhor, entra em um universo violento e sujo e não se dá conta.
Felizmente ou infelizmente nossos olhos e sensações estão direcionados para aquilo que nos interessa. Quando vou ao Orion, por exemplo, só tenho olhos para as mulheres e não ouvidos. E nem olhos para coisas que acontecem ao meu que não me interessam, não fazem parte de meu seguro e tranquilo mundo. Vou lá para me divertir e nada mais. Não quero saber se a gp que dança pelada tem um marido que é assassino ou se ela fez aborto. Não quero saber disso. Não quero saber o que rola nos bastidores daquela imundice.
Mas as autoras desse livro queriam. E escreveram sobe o que viram e ouviram. O objetivo das autoras era tentar traduzir em palavras parte das relações humanas que são construídas e destruídas nesses lugares.
Então ler este livro foi como se eu fosse obrigado a ouvir aquelas mesmas gps medonhas que eu faço questão de passar longe. E, então, acabei descobrindo que essas gps tem uma história pra contar além de um mero ppp.

O livro foi escrito por três estudantes de jornalismo. Ele é baseado no trabalho de conclusão do curso de graduaçã em jornalismo realizado por elas. O resultado foi tão interessante que o trabalho escolar acabou se transformando neste livro.

Para que for ler o livro deixo a dica de que é interessante perceber que nós dispomos de uma capacidade de julgamento que as autoras do livro não tem. Então sabemos quando é ppp e quando não é. Ou pelos menos achamos que sabemos. Tente fazer este exercício de putanheiro :D vc mesmo. Acredito que espontânea e intuitivamente vc começará a fazer esse tipo de análise, assim como eu fiz. Acho que não tem escapatória. Mesmo para aqueles que nunca tenham frequentado puteiros do genêro, do baixo meretrício.

Por isso que reabro este tópico. Acho "contos de bordel" leitura obrigatória para qualquer putanheiro que aprecie a leitua. Está dada a dica.

http://www.carrenho.com.br/catalogo/contosdebordel.htm

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Trankera
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#2 Mensagem por Trankera » 28 Set 2004, 17:05

E ai kara blz? Li esse livro ja faz um tempo, achei muito bom tem umas partes hilárias, tipo "o prego de hoje vai ser o kara que vai pagar a bebida amanhã" , porra as pervas chamam de pregos os karas que entram nos puteiro e não pagam nada, bom então fui prego um monte de vezes hehe :lol:

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ElPatrio
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#3 Mensagem por ElPatrio » 28 Set 2004, 17:17

Trankera escreveu:E ai kara blz? Li esse livro ja faz um tempo, achei muito bom tem umas partes hilárias, tipo "o prego de hoje vai ser o kara que vai pagar a bebida amanhã" , porra as pervas chamam de pregos os karas que entram nos puteiro e não pagam nada, bom então fui prego um monte de vezes hehe :lol:
hehehehehe eu já virei um prego enferrujado.

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MOREL
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realismo e distorção

#4 Mensagem por MOREL » 04 Out 2004, 00:22

Acabo de ler esse livro.

É interessante, até pela escassez de registros do mundo da putaria.

Mas gostaria de fazer algumas críticas.

As autoras vendem a idéia de que o livro é uma reportagem, isenta e tal. Mas não é. É tendenciosa em vários momentos, com uma lógica, ás vezes, muito próxima a do Programa do Ratinho.

Pra embasbacar a audiência, vale tudo, especialmente valorizar muito o que é grotesco, assustador. Das putas entrevistadas, a que mais páginas ocupa do livro é precisamente a que tem a história mais escabrosa (participação em assassinato, namorado que enfia lata de refri no ânus de puta e por aí vai).

As putas que têm vidas mais “normais” são rapidamente descartadas, como se aguentar uma rotina difícil sem transformá-la em sucessão de desgraças ou oportunidade para foder com a vida dos outros fosse pouca merda. :evil:

Vejam as frases de abertura de alguns capítulos:

“(…) Foi surrada e obrigada a fumar maconha. Sofreu com a vagina que ardia, embora não sentisse mais o cano do revólver penetrando em partes do seu corpo.(…)”

“ Um chute na barriga de quatro meses provocou um desmaio(…)”

“Não precisaram mais de dois tiros para que o homem tombasse no chão. Eram três horas da madrugada e o corpo continuou na esquina, intacto, até oito horas da manhã.(…)”

Depois de iniciar chocando o leitor, as autoras passam a informá-lo, mas, sempre preocupadas em manter um clima de suspense, elas entrelaçam a história de uma puta com outra, incidentalmente isso complica o entendimento,( de qual puta é a história que está sendo relatada mesmo?).

Por que a abordagem de um tema difícil, que mistura caos social e carência sexual, tem de ser feita sempre pelo que ele tem de mais agressivo? É como se, na primeira aula de educação sexual de uma criança, o professor exibisse slides com fotografias de pessoas atingidas por DST, virasse as costas, e fosse embora. Se elas estivessem reportando um happy hour, será que ficariam plantadas no banheiro, esperando para entrevistar apenas o funcionário que bebeu até vomitar? :?

Faltou equilíbrio ao livro.

Antes de adquiri-lo, dei uma pesquisada na net e não encontrei nenhuma palavra sobre essa deficiência. Os resenhistas compraram a idéia de que o mundo da putaria é composto de gente pervertida, deformada, disposta a matar e a morrer a cada 5 segundos …isso me deixa puto, é como a periferia, quando querem fazer um retrato dela, os lembrados são sempre os bandidos ou os rappers que glamourizam a violência. :evil: A massa de anônimos que faz São Paulo andar sem esfolar ninguém parece não ser digna de aparecer.

Também esperar o quê de jornalistas? Já viram que cada troca de parceiro de famosas como Adriane Galisteu, Luma de Oliveira, Daniela Cicarelli vem sempre noticiada com a palavra “amor”? :shock:

Os putanheiros aqui do GP Guia utilizam as palavras com mais rigor. :wink:

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Mister Orion
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#5 Mensagem por Mister Orion » 11 Out 2004, 23:33

Faço minhas as palavras do colega Metropolis e podemos até expandir o processo para outros ramos do cotidiano.
Na imprensa em geral, na TV, no cinema, nos livros de auto-ajuda, e até mesmo aqui no fórum; de má intenção, ou até mesmo por descuido muitas vezes analisamos um fato, um ocorrido através de parte, ignorando o todo, a abrangência.
Mesmo quando julgamos alguém é mais cômodo "ir com os outros" do que analisar friamente o fato por completo para emitir uma opinião realmente própria. É mais fácil "simplificar".

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ElPatrio
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Re: realismo e distorção

#6 Mensagem por ElPatrio » 12 Out 2004, 13:48

METROPOLIS escreveu:
Por que a abordagem de um tema difícil, que mistura caos social e carência sexual, tem de ser feita sempre pelo que ele tem de mais agressivo? É como se, na primeira aula de educação sexual de uma criança, o professor exibisse slides com fotografias de pessoas atingidas por DST, virasse as costas, e fosse embora. Se elas estivessem reportando um happy hour, será que ficariam plantadas no banheiro, esperando para entrevistar apenas o funcionário que bebeu até vomitar? :?

Faltou equilíbrio ao livro.
Concordo em parte com vc. Essas situações agressivas descritas no livro creio que não sejam ficção e sim fatos veridicos. Mesmo que de forma parcial, tendendiosa,sensacionalista ou não, foi essa a linha adotada pelas autoras (aquele que a imprensa mais gosta, é verdade). E acho que elas fizeram isso com certa competência. Devemos levar em consideração a provável dificuldade que elas tiveram em colher depoimentos,a própria tendência das entrevistadas em passarem uma imagem de vítimas e todo o ppp.

A ênfase exagerada dada a isso é que pode ser questionada. Mas o que esperar de três meninas classe média estudantes de jornalismo?

O jornal Noticias Populares era considerado por muitos cult. E tem gente que considerava o jornal o melhor dos jornais.

Tudo isso me soa falso também, concordo com o colega.

Ao meu ver o problema não está em abordar a violência e o grotesco mas sim na forma como são abordados. COm um ar de falsa cumplicidade ou de quem vê um animal dentro de uma jaula.

Como o público no circo do Dr. Lao.

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dexterLab()
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#7 Mensagem por dexterLab() » 13 Out 2004, 18:46

Trankera escreveu:E ai kara blz? Li esse livro ja faz um tempo, achei muito bom tem umas partes hilárias, tipo "o prego de hoje vai ser o kara que vai pagar a bebida amanhã" , porra as pervas chamam de pregos os karas que entram nos puteiro e não pagam nada, bom então fui prego um monte de vezes hehe :lol:

Se bem me lembro tem um nome bem parecido para cliente que entra em loja e não compra e as vendedoras dizem a mesma coisa.

Dex

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#8 Mensagem por CARTEIRADOR BANIDO » 15 Out 2004, 19:52

Sugiro O insaciavél Homem-Aranha de Pedro Juan Gutiérrez - Companhia da Letras.

Estou lendo em doses homeopaticas mas vi um comentario sobre o livro bem interessante. Motivos para ler;
1 Os homens gostam de brigar
2 As mulheres assemelham-se as cachorras do funk carioca
3 Rum e outros aditivos proibidos correm soltos
4 O calor torra os miolos
5 A jogatina e os pequenos golpes substituem o trabalho
6 Linguajar chulo pontua todas as falas
7 O Sexo, abundante, não tem nenhum glamour.

Ou seja o cara é o ElPatrio versão cubana, mesmo autor de Trilogia Suja de Havana é bom citar que o livro passa longe de assuntos relacionados ao regime do comandante.

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Fortino Samano
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Literatura – HQ´s - História – Filosofia –

#9 Mensagem por Fortino Samano » 05 Mar 2005, 18:48

Prezados Putanheiros:

El Patrio me indicou o seguinte livro: Contos de Bordel: a prostituição feminina no centro de São Paulo. Já comprei e li. Coisa boa, recomendo. Mas acho que ainda falta uma obra que una o olhar científico e uma boa experiência de putaria.

Pensando nisso, sugiro que postemos neste tópico obras sobre o assunto que possam ser de interesse para tantos.

Abraço!

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Erico
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Livros

#10 Mensagem por Erico » 05 Mar 2005, 19:23

Fortino Samano escreveu:Pensando nisso, sugiro que postemos neste tópico obras sobre o assunto que possam ser de interesse para tantos.
KUSHNIR, BEATRIZ - BAILE DE MASCARAS: MULHERES JUDIAS E PROSTITUIÇAO, IMAGO, 1996.

RAGO, LUZIA MARGARETH - OS PRAZERES DA NOITE - PROSTITUIÇAO, PAZ E TERRA, 1991.

ROSSIAUD, JACQUES e SCHILLING, CLAUDIA - A PROSTITUIÇAO NA IDADE MEDIA, PAZ E TERRA, 1992.

BRUNS, MARIA ALVES DE TOLEDO - A PROSTITUIÇÃO E SUA NOVA EMBALAGEM, EDITORA OMEGA, 2001.

MARTIN, DENISE - RISCOS NA PROSTITUIÇÃO. FFLCH/USP - HUMANITAS, 2003.

SILVA, ANACLAN PEREIRA LOPES DA - PROSTITUIÇAO E ADOLESCENCIA , CEJUP, 1997.

BORTOLETO, RENATA; IZAWA, MICHELE; DINIZ, ANA LAURA - CONTOS DE BORDEL, CARRENHO EDITORIAL, 2003.

ROCHA, ELIZIARIO GOULART - SILENCIO NO BORDEL DE TIA CHININHA, GLOBO, 2001.

MELLO, LUCIUS DE - ENY E O GRANDE BORDEL BRASILEIRO, OBJETIVA, 2002.

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Fortino Samano
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#11 Mensagem por Fortino Samano » 05 Mar 2005, 19:50

Valeu, Erico! Não rola um comentariozinho sobre as obras? Sabe como é, não dá pra comprar tudo...

Abraço!

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Gabrielle
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#12 Mensagem por Gabrielle » 06 Mar 2005, 01:05

PRATA,Mario - Os anjos de Badaró
comédia policial sobre um ginecologista que enriquece agenciando "os anjos".

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Fortino Samano
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#13 Mensagem por Fortino Samano » 06 Mar 2005, 02:00

Acho que este tópico é apenas semelhante ao outro, Dr. X. Aqui deveriam ser postadas apenas sugestões de livros, ensaios e artigos científicos sobre o tema.

Abraço!

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Bourne
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Re: Livros

#14 Mensagem por Bourne » 06 Mar 2005, 23:45

Erico escreveu:
Fortino Samano escreveu:Pensando nisso, sugiro que postemos neste tópico obras sobre o assunto que possam ser de interesse para tantos.
KUSHNIR, BEATRIZ - BAILE DE MASCARAS: MULHERES JUDIAS E PROSTITUIÇAO, IMAGO, 1996.

RAGO, LUZIA MARGARETH - OS PRAZERES DA NOITE - PROSTITUIÇAO, PAZ E TERRA, 1991.

ROSSIAUD, JACQUES e SCHILLING, CLAUDIA - A PROSTITUIÇAO NA IDADE MEDIA, PAZ E TERRA, 1992.

BRUNS, MARIA ALVES DE TOLEDO - A PROSTITUIÇÃO E SUA NOVA EMBALAGEM, EDITORA OMEGA, 2001.

MARTIN, DENISE - RISCOS NA PROSTITUIÇÃO. FFLCH/USP - HUMANITAS, 2003.

SILVA, ANACLAN PEREIRA LOPES DA - PROSTITUIÇAO E ADOLESCENCIA , CEJUP, 1997.

BORTOLETO, RENATA; IZAWA, MICHELE; DINIZ, ANA LAURA - CONTOS DE BORDEL, CARRENHO EDITORIAL, 2003.

ROCHA, ELIZIARIO GOULART - SILENCIO NO BORDEL DE TIA CHININHA, GLOBO, 2001.

MELLO, LUCIUS DE - ENY E O GRANDE BORDEL BRASILEIRO, OBJETIVA, 2002.
1) Caralho ! Erico, você leu os livros ou apenas está indicando ? Pode-se considerar o verdeiro intelectual putanheiro !!

2) Há um livro antigo da Vozes creio que se chama Mulheres em Leilão. Também há um livro do jornalista João Bettencourt A História da Prostituição. Este último tem à venda em sebo de São Paulo.

Bourne

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Aprendiz de Feiticeiro
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A volta dos catecismos

#15 Mensagem por Aprendiz de Feiticeiro » 08 Mar 2005, 16:33

Banca carioca relança "catecismos" de Carlos Zéfiro
DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Chega de miséria. Até ontem disputadíssimos pelos saudosistas de plantão, os quadrinhos eróticos de Carlos Zéfiro serão republicados quinzenalmente em edições de até 3.000 exemplares.

Conhecidas como "catecismos", já que serviram para "iniciar" a vida sexual de muitos meninos das décadas de 50, 60 e 70, as HQs serão reeditadas em seu formato original, de bolso e com 32 páginas por número.

A iniciativa é de Adda Guimarães, proprietária da banca de revistas carioca, e agora editora, A Cena Muda. Segundo ela, desde que as primeiras revistinhas originais começaram a aparecer em sua loja, no início de 2004, o número de compradores e interessados nunca parou de crescer.

"As revistas do Zéfiro foram muito importantes na vida de gerações de homens que foram adolescentes nessa época. Não se podia falar de sexo em casa. Isso desapareceu de repente e, quando viam na banca, as pessoas ficavam mobilizadas", conta Guimarães, que diz ter vendido mais de 500 "catecismos" originais ao preço de R$ 25 cada um.

Diante da escassez do produto, que na verdade circulava apenas extra-oficialmente naquele período e que, com a ditadura militar, parou de ser produzida, Guimarães resolveu tentar autorização para reimprimir novos lotes.

Os direitos pertencem aos herdeiros de Alcides de Aguiar Caminha, um funcionário público que, a fim de evitar problemas com a lei, se escondeu sob o pseudônimo de Zéfiro até 1991, quando revelou sua identidade para um repórter da revista "Playboy". Caminha morreu um ano depois, aos 71, sem jamais ter gozado plenamente do prestígio de ter sido o autor dos mais de 800 "catecismos" estimados atualmente.

"Há controvérsias quanto à quantidade oficial", afirma Guimarães. "Zéfiro não assinou muitas das revistas e, com o tempo, passou a ter diversos seguidores que imitavam o seu estilo. Até hoje eu já consegui 350 revistas, mas eu ainda chego lá."

A primeira edição a ser lançada pela Cena Muda é "O Viúvo Alegre". Bem ao estilo de quebra de tabus sociais de Zéfiro, com cenas de sexo explícito e diálogos sem rodeios, conta a história de Gabriel, homem de 50 anos que se apaixona por uma prostituta.

A reprodução, com algumas falhas de impressão devido ao tempo e à má qualidade do papel em que eram impressas originalmente as HQs, foi feita diretamente dos originais da família.

Entre os planos de Guimarães, que transformou sua banca de revistas em Ipanema em editora apenas para publicar os "catecismos", está também o de editar coletâneas de histórias e almanaques de Zéfiro, os chamados "testamentos" e "bíblias". Outra idéia é a de promover sessões de fotos com modelos "zefirianas".

Um dos principais problemas ainda é a distribuição fora do Rio, que não está acertada.

O Viúvo Alegre
Autor: Carlos Zéfiro
Lançamento: 12/3, sáb., a partir das 10h
Onde: r. Visconde do Pirajá, em frente ao nº 54, Ipanema, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/ 21/2287-8072
Quanto: R$ 12 (32 págs.)

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