Amigo forista, serei muito sincero nesta exposição que farei aqui, mesmo que ela ultrapasse os limites do que compreendemos por TD. O Centro do Rio sempre foi delimitado por duas regiões com características distintas, o lado da Av. Rio Branco, sentido Lapa, é formado por uma espécie de quadrilátero que engloba a 4x4, a 502, a Cancun e a 65; o lado da Rio Branco, que gira próximo à Praça Mauá, é composto por diversos pequenos inferninhos com perfil mais popular, tirando como exceção a MV30, que orbita o universo do delírium tremens. A faixa do Centro que fica no entorno do Largo da Carioca cobra valores em torno de 300 a 400 reais, os bordeis ao redor da Praça Mauá e Rua do Acre cobram um pouco mais de 100 reais o programa de uma hora. Uma diferença expressiva que poderia se justificar pelo suposto conforto dos quartos e das instalações (o que não vale para a MV30). Eu, no entanto, parto do princípio de que o putanheiro de raiz vai, essencialmente, a procura de mulheres, não de travesseiros de penas de ganso ou lençóis de cetim.
Por toda a minha vida libertina, quando saí de casa, eu carregava a intenção de entrar num cabaré, com mulheres que me instigassem o desejo, que me “falassem ao pau” (como diriam os mais antigos). Isso ainda existe? Existe, mas em escala muito menor no quadrilátero das grandes termas da Av. Rio Branco. Quando entro na 210, sinto-me entrando em uma festa animada, que já começou e não tem hora para terminar; quando entro na 502, fico com a impressão de que estou no endereço errado. Na 4x4, 65 e Cancun, evito entrar porque me vem a sensação de que estou em uma financeira para pedir empréstimo a juros muito altos. Sobre a MV30, digo somente que é uma boate que está do lado errado da Rio Branco e que perdeu completamente o senso de realidade do entorno.
A 4x4, a 65 e a Cancun são casas de um passado perdido e talvez irrecuperável. Inferninhos como a 210 são locais de ação e boas descobertas. Estive na 210 na última segunda-feira e o sentimento ao entrar foi exatamente o que descrevi no parágrafo anterior, entrei em uma festa que rolava animada e com uma quantidade de mulheres que, certamente, não haveria nas grandes termas naquele dia.
Uma observação. É lógico que, para o forista não habituado com estabelecimentos mais populares, o ambiente simples pode causar o incômodo inicial, mas tudo é questão de hábito. Creio que, com o costume, ele irá preferir frequentar casas como a 210, pois encontrará ali o que procura. Já para o forista que vive de nostalgia, não há cura, melhor que ele continue padecendo nas grandes termas com seus cenários de falência.
Conclusão, na segunda-feira cruzei com Ana, uma mulher alta, pele claríssima, corpo de curvas absurdas e um rosto lindo. Quando me aproximei para abordá-la, quase acreditei que ela me daria um beijo na boca, de tão próximo que o seu rosto se colocou do meu. Foi excitante. Simpaticíssima, gostosa e sedutora. Não teve jeito, convoquei à alcova. O quarto da 210 é básico, mas existe uma suíte na casa.
Ana tirou sua lingerie, revelou seios de capa de revista e uma bunda de perfeição esférica onde poderíamos desenhar o mapa mundi da luxúria. Beijos na boca de namorada, chupada profunda, gemidos deliciosos, roçar ousado de corpos, boto de quatro e a penetro com ansiedade. Sim, afeiçoado forista, foi um gozo da categoria “premium”. Desabei nocauteado no colchão. Trocamos telefones com a promessa de um encontro fora. Existe esta janela na 210, você pode garimpar, pegar o telefone e marcar no hotel Sevilha, que é perto dali. Elas vão. Na Cancun, uma menina fica sem trabalhar a noite toda e quando você pede o telefone ela responde que só dará se você subir. Na 210, não.
Digo que a 210 é para homens que mijam em pé, mas vale a pena até para os que são mais afetados. É preciso entender que as grandes termas acabaram e fica a dúvida de como algumas ainda conseguem abrir as portas. Os valores extorsivos ou o clima de absoluto desânimo reinam absolutos durante quase todos os dias da semana. Conheçam a 210, frequentem a 210. Ousem, o mundo é dos ousados.