Um conto de Putaria escrito por membros do GPGuia - Autor: muitos foristas insanos

Crônicas semanais sobre putaria

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#46 Mensagem por Horista » 28 Set 2005, 16:49

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Maestro Alex
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#47 Mensagem por Maestro Alex » 28 Set 2005, 16:57

pfspbr escreveu:
cwbb escreveu:
MadMax escreveu:Marcelo era um homem de aproximadamente 50 anos, bem sucedido e já estava no quarto casamento. Tinha uma filha acabando a faculdade de Direito do seu primeiro casamento, e um filho de 4 anos do último casamento. Mantinha boa relação com as ex-esposas e pagava religiosamente a pensão a todas elas. Sua esposa atual era uma mulher bonita, atraente e ainda jovem, beirando os 30 anos.
Marcelo mantinha uma saúde de ferro, e como o dinheiro não era problema estava sempre em forma com academia tratamentos de rejuvenescimento e check-ups constantes. Nosso amigo em questão tinha um defeitinho desde o seu primeiro casamento... Não conseguia viver sem putaria... entrava em todas do trash ao sofisticado, não podia parar... e esse defeitinho foi o pivô do fim do seu primeiro casamento, já que num descuido tinha passado uma DST a sua esposa. Ele não conseguia parar com o vício... precisava de mulheres, sempre variadas de todas as cores, de todos o tipos. Estava realmente apaixonado pela sua esposa, que não negava fogo nunca..., muito pelo contrário, era chegada numa boa sacanagem. Mas..., ele não conseguia parar e praticamente quase todo dia antes de ir para casa precisava de um pulo de cerca.
Alguns dias atrás, precisando dar uma variada decidiu ir num puteiro trash e...
...se lembrou do que tinha aprendido no GPGUIA: em se tratando de puteiro trash, não tem pra ninguém: PREDIÃO é o que há.
Tirou a gravata, vestiu uma velha camiseta do PT, um bermudão desbotado, pegou um xerox do RG, 10 notas de 5 reais, um pacote de camisinhas, e seguiu rumo à rua dos Andradas, 69.
Sem pensar muito, e temendo ser reconhecido, Marcelo entrou rapidamente no predião. No elevador, deu de cara com a tiazinha da bengala... ela não deixou de reparar na camiseta do PT: "E aí, veio gastar o MENSALÃO aqui? Dá um real, pra mim, aí".
Antes que Marcelo se decidisse se dava 1 real pra tia ou não, o elevador chegou ao oitavo andar.

Vendo que era uma boa oportunidade para economizar alguns trocados, Marcelo saíu rapidamente do elevador. A Tia, mais puta do que nunca, lhe cutucou enfiando a bengala na sua bunda e dizendo:
"Dá 1 Real aí, Tio"

Mas Marcelo não tinha R$ 1. Tinha apenas 10 notas de R$ 5, além de uma moedinha de 10 centavos que tinha tomado de um "nóia" lá embaixo que, muito louco com crack na cabeça, dizia ser suficiente para comprar toda aquela "bosta de prédio".

Marcelo rapidamente via num flash sua última semana... cansado, estressado com o trabalho, irritado com a 3ª mulher que lhe pedia uma ajudinha extra mensal... e agora, num muquifo dos infernos em pleno centro, com uma bengala pressionando-lhe pela retaguarda. Onde iria parar? Qual seria o próximo passo, se é que haveria mais algum? Se sentiu no fundo do poço. Na sarjeta. Na lama.

Eis que a Tia, num gesto de habilidade, moveu a bengala com força para baixo e arriou sua bermuda velha desbotada e sua cueca samba canção de seda. Que cena mais trash! Digna realmente do predião. Aquela bunda branca, peluda, no meio do corredor. Mas o pior estava por vir. Da cueca de Marcelo cai o macinho com as 10 notas de R$ 5. Todas espalhadas pelo chão...

Ai, já vi né meus amigos..., foi aquele alvoroço só, Marcelo tentou pegar o dinheiro que havia caído de sua cueca, mas tomou uma bengalada da tia no meio da cabeça que quase o levou a nocaute. Afinal das contas, aquele dinheiro era para ele gastar com a coisa que mais gostava na vida.

As putas saíram gritando: - '' O Filho da Puta tá no esquema do Valério, vamos arrancar o pinto dele''.

Ao ouvir estas palavras, Marcelo deu um salto que quase foi parar no teto e com uma destreza impar, nosso herói desceu as escadas daquele andar fétido correndo, a fim de encontrar um porto seguro.

Mas como bom putanheiro que Marcelo é, e apesar do ocorrido, ele ainda queria uma mulher para matar sua sede de sexo...........

...Porém, no desespero de fugir, Marcelo havia deixado a sua grana espalhada pelo chão do predião e não tinha dinheiro nem para cagar. Na expectativa de encontrar alguns trocados Marcelo fuçou no bolso de trás da bermuda velha e pegou sua carteira. Abriu, vasculhou e viu que só tinha mesmo a xerox do rg, a camisinha e um mini-calendário com o distintivo do Corinthians . Só de pensar que a poucas quadras de onde ele estava havia um banco e que naquele banco ele tinha uma bolada aplicada num fundo de investimento mas que naquelas condições ele nem sequer conseguiria entrar no banco, seria barrado na porta automática ao ser confundido com um maltrapilho de rua, isso o deixava angústiado e sem esperanças. Desamparado, Marcelo perambulou sem rumo pelas ruas do Centrão todo pensativo na esperança de encontrar alguma solução. De cabeça baixa, absorto em pensamentos, Marcelo trombou com um gordão no meio da rua, levantou a cabeça e se desculpou com o obeso. O gordo de olhar sinistro começou a rir de forma macabra olhando fixamente nos olhos de Marcelo. Fazendo com que Marcelo sentisse um calafrio na espinha e pensasse "Esse gordo deve ser bicha". Nosso herói caminhou mais 5 passos e olhou para trás para ver se o gordo não o estava seguindo. E para sua surpresa e espanto o gordo havia sumido completamente. Marcelo parou e começou a vasculhar com os olhos tudo aos seu redor sem encontrar o gordo. É muito prum dia só já devo estar delirando, pensou Marcelo. Marcelo procurou esquecer do gordo e pensar em mulher, continuou seguindo caminhado pela rua em meio a multidão. Foi quando Marcelo passou em frente a um cine pornô e então teve uma idéia. Entrou naquele estranho e obscuro cinema com sua camisa do PT surrada dirigindo-se até a bilheteria ...

... Mas..., faltando poucos passos para chegar na bilheteria, ele fica parado, quieto, com a visão perdida, olhando sem olhar. Sua mente o leva até o início de tudo, de quando aos treze anos o seu pai o levou num puteiro para virar homem, como presente de aniversário. Começa a ver um filme da sua vida de putas até que..

sente um bafo quente na nuca. Imediatamente lembrou de seu pai brigando no puteiro e dizendo para um fanchona "o único bafo quente que senti na nuca foi da sua mãe que errou de lado, sua bicha". Marcelo virou-se súbito para enfiar uma bifa na orelha do que imaginava ser o autor do bafo e já com a mão a caminho, levou um susto:

- Aahhhh! Meus Deus, o que é isso????
- Calma mor, só ia dar um beijinho.

Era a coisa mais feia que ele já vira em vida depois do Batoré, para quem redigira uns textos de humor que não foram aceitos porque, segundo lhe disseram "muito sofisticados para A Praça é Nossa".

- Sai fora canhão, hoje não, tô sem grana.
- Não quero você não mor. Meu nome é Vanessa Vanelli e eu estou atrasada para um compromisso. Preciso ir até o Lido encontrar com um gato. O nome dele é Mister Madruga, mas eu não sei o caminho até lá. Será que você pode me ajudar? Se você fizer isso eu faço um boquete de graça ou dou 20% do programa de R$ 150,00.

Marcelo não precisou pensar mais do que dois segundos. Fico com os 20%! No íntimo imaginava quem seria esse idiota, para ser chamado por um nome desses e ainda por cima pagar R$ 150,00 por aquele rascunho do mapa do inferno. Considerando os trintinha que iria faturar, tomou-a pela mão e disse cínico:

- Vamos, princesa!
- Ai, adoro um cabra romântico...

Tomaram o rumo do Lido. Atravessaram a Rio Branco e já estavam na Praça da República, quando foram cercados por um bando de skinheads. O maior deles, que os outros chamavam de Carnage, aproximou-se de ambos e disse:

- Aí vacilão, onde você vai armado com isso aí?

Marcelo sentiu um arrepio, que começava na nuca, passava pelo olho do cu, descia até sua unha encravada do dedão e retornava até sua bexiga, acionando o alarme que lhe fez encharcar as calças. Já se imaginava perdido quando, de repente, surgiu o Goulart de Andrade, fazendo uma reportagem sobre a noite paulistana. Ao ouvir a indefectível frase "vem comigo, Capeta", não teve dúvidas e postou-se de forma a ser entrevistado, quase que implorando uma pergunta. Goulart então perguntou-lhe, não sem antes fazer uma breve introdução:

- Estamos hoje aqui, rodando pela noite de São Paulo e encontramos essas figuras simpáticas juntas, que em outra cidade jamais seriam amigas. Um grupo de skinheads, uma dama da noite e seu cliente entusiasmado. E aí meu amigo, qual o seu nome?
- Marcelo.
- E esse grupo que você faz parte, está indo para onde?
- Ééééééééé, beeeeemmmm, nós fazemos parte de um grupo cristão denominado "Filhos de Maria Madalena" e estamos nos preparando para comprar e distribuir comida aos moradores de rua do centro. Essa é nossa missionária, irmã Vanessa.
Goulart comoveu-se, mesmo estranhando a "irmã" vestida com um top minúsculo e uma mini-saia quase estourando, pressionada pelas banhas. Perguntou-lhe:
- Isso é que é bonito nessa cidade, sempre encontramos alguém disposto a ajudar o próximo nessa verdadeira selva de pedra. Vem cá irmã Vanessa, a senhora sempre leva àqueles carentes das ruas, aos descamisados, o ideal cristão do "é dando que se recebe"?
- Craro mor. Eu vivo disso.
- E onde será a primeira distribuição da noite?
- No Lido.
- Então eu vou acompanhar vocês até lá. Vem comigo, Capeta.

Nesse momento o Goulart fala para todos... estou com 2 carros da produção e a van dos equipamentos... acho que posso levar todos vocês comigo rumo ao Lido..., agora bem... onde fica este lugar que não conheço? (O safado se fez de desentendido... ele conhecia muito bem o Lido... e não só isso... ele era cliente assíduo da Vanessa)... Ele, Goulart teve que fazer cara de comovido para a gravação... afinal estava gravando o programa... Marcelo se perguntava.... Estou num filme de Fellini?....

"Não é Fellini, não, amigo." estava dizendo o Goulart de Andrade.

Marcelo se deu conta de que tinha pensando alto. "Vem comigo, que a turma e o Kapeta vão na outra vã. Quero estar a sós consigo ".

Desnorteado e com os pensamentos pouco claros, Marcelo aquiesceu e entrou, sozinho com Goulart, na vã. Havia um brilho estranho no olhar de Goulart, uma salivação perceptível, quando ele continuou:

"Marcelo, isso é filme nacional, daqueles financiados pela Embrafilme, todo mundo de cueca, e a Joana Fomm no meio, pelada. É relaxar e gozar. Se bem que a gente está sem a Joana Fomm no momento. Rará. Vem comigo ".

Marcelo desceu da vã, sentindo um certo desconforto físico. Umas dores aqui e ali.

Apertou o bolso. Sentiu o dinheiro. Sorriu. Sempre fora homem prático, e tirava de letra o imbróglio que lhe aparecesse. Que o digam suas ex-mulheres. Saíra porque queria uma aventura inédita, trash.

Lembrou-se de um de seus livros preferidos Memórias de um Sargento de Milícias :

" Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra(...)
Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos: foram os dois morar juntos: e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho, formidável "

Os filhos de Marcelo haviam sido concebidos em grande estilo. Com clima e local apropriado, caros, luxentos. Sempre lhe falara a imaginação o encaixe bruto, rápido, animal dos menos afortunados.

Agora ia experimentar.

Pisadelas e beliscões sucessivos em lugares insalubres. A putaria trash o chamava. Ele atendia.

Dentro da vã, nu, Goulart de Andrade tentava desatar o nó que o amordaçava. Aquele Marcelo ia pagar!

Goulart havia tirado toda a roupa, até a lingerie da sorte, uma calcinha rosa, que usava nas aventuras mais ousadas (era presente da travesti Shrcléia, musa de uma das muitas matérias que havia feito no submundo gay de São Paulo). Tudo para ouvir isso: "Escuta aqui, amigo, sou forista do GP Guia, e com nóis é só muié falow" (precavido, Marcelo vinha praticando a lingua trash pra entrar no estilo) "Vou dar um talento em vc aqui: primeiro, passa o dinheiro. Agora, mano, caladinho" E amordaçou o jornalista.

Se afastando rápido do carro, restava uma dúvida a Marcelo.
Quem diria, vendo passar pela rua, que aquele era um homem bem sucedido. Bem, agora a todos os seus defeitos podia acrescentar ladrão e agressor de bibas. Nem se lembrou que o apresentador tinha seu rosto gravado, na entrevista que fez na República.
Onde gastar o dinheiro tão facilmente adquirido? Era a idéia fixa que o fazia caminhar cada vez mais rápido.
Lembrando da área trash no GP Guia tentou lembrar de algum lugar ali por perto, não agüentava mais andar, ele, acostumado a carros importados.
Lembrou de um lugar que Rubens Castilho postou e que indicou como sendo " um dos muquifos mais asquerosos que eu conheço. A qualidade das garotas é péssima. É algo como o sub-mundo do sub-mundo da putaria."
Que lugar melhor que aquele, já que queria inovar?
Toca para Rua da Glória, 138 ali mesmo na Liberdade...

Um casal de velhinhos japoneses ambos segurando sacolas cheias de frutas e legumes passou por ele encarando Marcelo com olhar de condenação. Marcelo sentiu-se incomodado e pensou "velhos filhas da puta não dão mais no couro então ficam enchendo, enfia esses pepinos no cu". Nosso herói parecia realmente estressado não lembrando nem de perto o cara de bons modos típico paulistano de classe média bem educado que ele era. Então recapitulemos: Como um delinqüente fugiu correndo de um puteiro barato, literalmente com as calças na mão, aceitou dar assistência a uma puta tenebrosa em troca de 30 reais como se fosse cafetão da boca do lixo, tal qual um marginal rendeu, amarrou e roubou um famoso jornalista do submundo que tentou seduzi-lo travestido de mulher. Era muito para um só dia, sem contar o sinistro gordo que ele topou na rua e que não sai de sua mente.

Tocou a campainha pela quinta vez e quando já estava quase desistindo eis que uma negona de umas 100 toneladas abre a porta com uma expressão de poucos amigos e diz - Entra!

Marcelo, sem precisar ser pitonisa, já previu em pensamento "putz! mais um fria". Bom, uma a mais uma a menos ele foi entrando no sobrado da Rua da Glória. Sem que autorizassem ele se sentou em um dos sofazões velhos que tinha num canto e antes que pudesse observar qualquer coisa sua narinas foram tomadas por um fedozão terrível: cheiro de madeira podre misturado com incenso e feijão vencido. Terrível. Procurou respirar pela boca. Daí ele pode analisar melhor o ambiente. Na parede oposta tinha um quadro com umas paisagens bucólicas e ao lado uma janela que dava para um cortiço, no centro da sala uma mesinha com umas revistas sem capa todas rasgadas, e na parede da direita havia uma entrada que dava para outras dependências e ao lado o outro sofá com a única garota que havia no lugar. O mais estranho de tudo é o que estava junto a parede da esquerda onde fica a porta de entrada. Ali de pé ao lado de uma espécie de santuário havia um anão com uma enorme cicatriz no rosto. O anão ficava encarando Marcelo, todo sinistrão. Em meio a tanta bizarrice rolava James Brown ao fundo cantando "Justing Park" e esse conjunto de imagens e som trazia ao ambiente uma atmosfera melancólica e insólita. A negona havia sumido.

A garota do sofá levantou-se e veio abordar Marcelo e falou, com sotaque nordestino: "Oi gato, vamu subi". Marcelo pode notar então que a belezura não tinha alguns dentes mas num gesto da sobra de educação que ainda lhe restava ele perguntou: "como funciona?"

- Vc paga 25 meia hora no capricho, viu?

Marcelo falou - Ah! Me desculpe, pensei que fosse mais barato, não tenho dinheiro, preciso ir..."

garota - Dá pra fazê por 20, mas é pq gostei de vc.

Marcelo (já impaciente) - Agradeço, mas ainda tá caro, vc me abre a porta?

garota - Vixi! 20 conto caro? Se acha que achei minha buceta no lixo, homi?

Marcelo - Não, não é isso é que eu preciso ir embora...olha, eu vou até o banco, pego mais grana e volto, ok?

garota (gritando)- João!!!!!! Tem um prego aqui.

Nisso, sai pela porta do lado direito um cara de uns 2 metros de altura, de cabelo comprido e pele morena todo mal encarado, parecendo um índio. E vai na direção de Marcelo o intimando: "que foi, não gostou da garota?"

Marcelo (gaguejando) - Não, gostei sim. É que preciso ir ao banco buscar a grana..."

Índio - Meu irmão, pra sair daqui se tem que pagar 10 conto.

Suando frio Marcelo olha para o lado e vê o anão com a mesma cara parecendo uma estátua. Enquanto James Brown despeja sua melancolia musical indiferente aos apuros de Marcelo.

Tá bom, tá bom eu pago. Puxando uma nota de dez reais, Marcelo ofereceu ao Indio...

Índio - Pensando bem como hoje eu tô bonzinho acho que a Severina vai te fazê uma caridade, Severina faz uma rapidinha com nosso amigo aqui por 10 conto?

Severina - Claro! Eu gostei desse cabra, vamu lá benzinho...

Marcelo - Não, obrigado mas eu preciso ir...

Índio - Tem certeza?

Marcelo disse se levantando, aflito- Tenho sim, tenho sim. Agora preciso ir.

Índio - Anão, o que vc acha, deixa ele ir?

Marcelo estava em apuros e suava frio, seu destino dentro daquela espelunca agora estava nas mãos daquele anão deformado e sinistro...

... Mais uma vez Marcelo tem um surto... fica perdido olhando pro nada, na mente de novo o filme, o pai, o bordel, suas 3 ex-esposas, a filha quase formada em Direito... o seu filho pequeno e a gostosa e ainda jovem esposa atual, sua boa vida, o dinheiro fácil, as GP´s de luxo que ele podia pagar, as festas com os amigos, o Goulart, os Skinheads com Carnage como chefe e a Vanessa, aquela coisa! Não pode ser... devo estar num sonho do qual não consigo sair...

Como que num redemoinho, Marcelo foi trazido de volta á realidade. Havia se perdido em seus pensamentos, mas um tapa em sua nuca o fez sentir um gosto metálico de sangue na boca quando mordeu sua língua. Não prestara atenção na resposta do anão.
- Tu vem aqui fazê desfeita pra Severina, desgraçado? Pois agora vai ter que comer, senão te capo! –disse o índio- E é bom teu pau levantá!
Marcelo, já sem esperanças de manter suas partes de baixo intactas, começa a pensar no TD que havia feito com a Gabrielle na semana anterior para ver se conseguia se animar. Nisso, entra pela porta uma negra vestida de branco com cara de mãe de santo e grita:
-Larga dele! Quem tá mandando é o Clinton!

O puteiro parou.... a baranga largou nosso herói na hora, o anão e João ficaram brancos... Clinton, o eterno e finado moderador do GPGuia havia dado uma ordem... até mesmo Marcelo ficou assustado, como o presidente poderia saber que ele estava lá?

Os guardiões do antro, pediram desculpas, lhe ofecereram 50 conto a titulo de cala boca, e deixaram -no sair escoltado com a mamãe de santo.

Marcelo não sabia se agradecia a mulher ou o quê... ficou lá, quieto, caminhando com a mulher até a saída do puteiro... branco como um albino. Na saída, quando ia se despedir e agradecer, a mulher mandou-o ficar calado e emendou: “-Tenho uma mensagem psicografada do finado Presidente Clinton... ele veio do além e solicitou que te entregasse esta mensagem, leia com calma''. Marcelo acenou que sim com a cabeça e mulher sumiu na neblina. Ele não conseguiu nem agradecer a nobre alma que o salvou a vida.

Marcelo respirou fundo, abriu o bilhete e começou a ver as seguintes palavras.............

"Caro Marcelo,

Como bom putanheiro que fui em vida, designaram-me para ser seu, digamos assim, "Demônio da Guarda". A missão de um "Demônio da Guarda" é servir como protetor daqueles que não merecem um "Anjo da Guarda". Porém, como o Altíssimo proíbe que qualquer alma, mesmo que perdida, fique sem protetor, há que se designar alguém. No caso, esse alguém para você foi exatamente eu.

Não me agradeça pelo que fiz. Aproveitei-me apenas do fato de que esse anão me devia um favor, porque em vida cuidei do enterro do pai dele, que também era anão. Se você nunca viu enterro de anão, saiba que eu não só vi, como paguei por um. Não é nada demais, porque o caixão é barato, por ser pequeno e gasta-se pouco com flores e café, pois pouca gente comparece. Não me pergunte porque paguei pelo enterro do pai do anão, já que isso envolve maiores questionamentos sobre a mãe do anão, que não era anã, mas muito gostosa. Só não deixe o anão saber que "conheci" a mãe dele no sentido bíblico do termo.

Saiba, no entanto, que há limites para a proteção que eu possa te dar e também não espero agradecimentos. Apesar do que dizem, não tenho poderes divinos, mas apenas poderes malditos. Se você quer me ajudar de alguma forma, por favor, leve ao meu túmulo um Black Label escocês de verdade, porque a BebêLuga, de vingança, só me leva oferendas paraguaias. Peço, no entanto, encarecidamente, que não leve velas ao meu túmulo, porque vela é coisa de viado, especialmente aquelas de sete dias.

Mas isto são instruções que podem ficar para depois. A minha mensagem é, principalmente, para dizer que você tem uma missão neste mundo. Como você sabe, o Brasil está passando por um momento delicado e precisa ser saneado. Mas antes, deixe eu te explicar uma coisa, senão você não vai entender nada.

Não sei se você já ouviu falar, mas O Criador certas vezes serve-se de nós, seres das sombras, para realizar seus desígnios. Em outras palavras, nós fazemos o serviço sujo para que Ele possa chegar ao bem. Lembra-se da frase "o escândalo há de vir, mas ai daquele por quem venha o escândalo"? Ou como diria Maquiavel e Zé Dirceu, "os fins justificam os meios". Pois é, nós somos os encarregados do escândalo, os meios necessários para que os fins sejam atingidos. Aliás, você será o encarregado do escândalo.

Sua missão: arregimentar um batalhão de putas mocréias e fazer com que todas elas tenham relações com figuras proeminentes da Répública. Durante as relações, você terá de fotografá-los com essas mocréias e publicar as fotos na Internet e nos maiores periódicos do país. Os políticos podem suportar tudo, até as maiores acusações de corrupção, mas jamais serem flagrados pagando por uma puta véia e desdentada. A intenção é desmoralizá-los e provocar um suicídio coletivo, com o que estará o país saneado e o inferno provido de novos integrantes.

Lembre-se que deverão ser incluídos na lista das vítimas, políticos de todos os partidos, à exceção apenas do Partido Verde, que está mais para Partido Cor-de-Rosa. Não me pergunte como as putas deverão fazer para subir o pau do Antônio Carlos Magalhães, do Roberto Requião, do Paulo Maluf ou do Severino Cavalcanti. Isso é problema delas, seu e dos laboratórios de remédios contra disfunções eréteis. Em parte sua missão foi facilitada, pois o Professor Luizinho já foi fotografado pelado com duas putas e um charuto na boca.

Devo adverti-lo que seu encontro com Vanessa Vanelli, os skinheads e o Goulart de Andrade não foi casual. Eles devem ou ao menos deveriam te acompanhar, mas você andou fazendo algumas cagadas pelo caminho. Volte e vá atrás de todos eles, inclusive daquele gordo que estava te espreitando no início desta história. Era o Gordo do Orion. Ele será seu guru e conselheiro. E não se esqueça do anão, pois ele é mestre em golpes baixos.

Vá, cumpra a sua missão e eu estarei ao seu lado. Se precisar se comunicar comigo, peça para uma puta (bonita!) se masturbar invocando o meu nome e eu me materializarei. Sempre que fizer isso, leve uma garrafa de Black Label, gelo, uma porção de caju salgado e umas paçocas para a sobremesa.

Após lida, esta psicografia se auto-destruirá em cinco segundos."

Mal havia acabado de ler, Marcelo escutou os sinos da Catedral da Sé dobrando o tema de "Missão Impossível" e, imediatamente, a mensagem psicografada virou pó e dissolveu-se em fumaça. Uma fumaça fantasmagórica.

Marcelo gelou e falou com seus botões:

- Só me faltava essa! Sou um missionário dos infernos e "O Salvador da Pátria". Quem irá acreditar nisso?

Pensou tão alto que o anão escutou e perguntou:

- Mestre, para onde vamos?

Marcelo espantou-se. Não tinha notado que o anão havia acompanhado-o para fora do puteiro. Havia agora um ar de reconhecimento entre Marcelo e o anão... Sabia que tinha que evitar falar da mãe dele.

- Espere um pouco – disse Marcelo ao anão – Preciso respirar um pouco.

Sentou-se ao meio fio, extasiado com os eventos que permearam o seu dia. Começou a refletir consigo mesmo: “Eu? Escolhido para uma missão para salvar o Brasil dos políticos corruptos? Por que logo eu?”. E começou a refletir sobre sua vida e aos fatos que o levaram a este ponto crucial de sua vida.

Reconheceu o ponto ligação da sua vida com a sua missão: ele era advogado criminalista, e seu escritório atendia vários clientes envolvidos em falcatruas políticas. A missão que o digníssimo lhe dera começava a fazer sentido. Utilizaria-se dos seus contatos no escritório para chegar aos seus alvos.

Entusiasmou-se. Ele precisava ser o arauto da liberdade da política brasileira e trazer a vingança aos eleitores traídos. Pagaria em vida pelos pecados de defender políticos corruptos. Levantou-se em um pulo, assustando o anão. Com um grande sorriso no rosto disse:

- Vamos, meu pequeno jovem mancebo anão! Precisamos salvar o Brasil desta roubalheira!

Sentiu que precisava juntar o seu exercito: Vanessa Vanelli, os skinheads e o Goulart de Andrade. E precisava falar com o seu mestre, o Gordo do Órion.

- Anão, mostre-me o caminho mais curto para Órion...

Atravessaram o vale do Anhangabaú, que em tupi-guarani significa vale sombrio, a tarde estava de partida e a noite de chegada, Marcelo estava com calos nos pés e teve que parar para descansar. O anão aproveitou para ir falar com uma das ciganas que liam as mãos de quem passava por ali. Marcelo ficou observando os dois conversarem, um anão com o rosto deformado e uma cigana no meio do viaduto do Chá, "meu Deus! isso só pode ser um pesadelo!", pensou Marcelo, torcendo para que estivesse certo dessa vez. Marcelo parecia ter despertado do transe da sessão da Rua da Glória e caído na real, porém estava envolvido demais nessa coisa e resolveu ver onde ia dar tudo isso. O anão largou a cigana e veio falar com Marcelo:

- Mestre, trago boas noticias...

- Espero que sejam boas mesmo pois até agora só tem acontecido desgraça, Disse Marcelo completamente desolado.

- Mestre, pelo que a cigana disse seu sacrificio não será em vão. Disse que vc, mestre, é um homem predestinado e que se seguir o caminho certo vai se transformar num homem muito famoso e rico - Disse o anão em tom de seriedade.

- Anão, eu já sou um homem bem de vida, não digo rico, mas não me falta nada agora, famoso não faço questão de ser, o que eu quero é que temine esse martírio e possa ir embora para casa, ver minha familia, deitar em minha cama, beber meu wisky sossegadamente e comer minha secretária. Só isso. - disse Marcelo já irritado.

- Tudo bem Mestre mas vc tem uma missão não se esqueça disso...

- Eu sei, eu sei não sei por que mas algo me diz que devo acreditar nas palavras daquela encarnação lá, o Clinton, não sei mas tenho maus presságios. Devo estar ficando louco mesmo. Logo, logo passo a acreditar que a tal Severina era a Monica Chupinsky.

- Mestre não zombe. Se não fosse pelo Clinton o Indio teria lhe comido a bunda ou quem sabe lhe cortado o pinto. O último que desprezou Severina ficou sem poder sentar 5 dias. - completou o anão olhando fixamente nos olhos cansados de Marcelo.

Marcelo ao ouvir isso teve uma sensação de alívio quase que instantânea e logo estava pronto e com os ânimos renovados para partir em busca de seus objetivos, puxou o calção para ver se o bilau ainda estava lá e estava, sentia dor na pernas e na cabeça mas não na bunda e isso era bom. E foi assim que rumaram para o Orion...

Na Rua Aurora Marcelo lembrou-se que ali havia feito sua morada o autor de Macunaíma, Mario de Andrade, um dos ícones do movimento modernista de 22. Tomado por uma euforia infantil Marcelo teve a sensação de que era um herói sem caráter, a personificação do personagem de Mario de Andrade colocado pelas mãos de uma força maior exatamente naquela rua onde o grande escritor deu vida ao herói brasileiro. Mas tudo isso é besteira, refletiu melhor Marcelo e continuou refletindo: Esses modernistas eram muito chatos. Foda-se Mário de Andrade e toda essa turma de modernistas babacas que distorcem a imagem do brasileiro! Não tem nada a ver esse negócio de antropofagia e miscigenação de raças, isso só atrasa o País...

- Mestre, mestre, acorde! Me dê 20 reais aí para comprar os ingressos. - disse o anão, subtamente.

- Porra! Para de me chamar de mestre seu anão filha da puta!

Enfesado, Marcelo tirou duas notas de 10 que um dia perteceram a Goulart de Andrade e deu para o anão. Ele já tava ficando de saco cheio desse anão.

Entraram no Orion e logo Marcelo se deparou com um cara de camisa azul desbotada, calça azul marinho e sapato mocassim, mais parecendo motorista ou cobrador. O cara tinha em seu rosto a expressão de pavor, as mãos trêmulas tentavam, sem sucesso, fechar a braguilha da calça.

Marcelo ficou assustado e pensou "ih! mais fria". Quando começa a ouvir vozes advindas do banheiro que ficava bem ali em frente. Era uma voz de japonês que gritava "Trocadinho, né?. Não deu trocadinho pra japones se fudeu heheheheh" "Japonês oh! no cobrador hehehhehehe".

- Mas que porra é essa anão?

- Mestre, esse daí é o famoso japa do banheiro do Orion, é um tiozinho que toma conta do banheiro e que cobra trocadinho de todo mundo que entra aí. E quem não der oh...o senhor já viu...Dizem que esse japones de japones não tem nada, mestre. - disse o anão em tom de sarcasmo.

- Anão, chega dessas boiolagens por hoje, não quero saber de japones de banheiro porra nenhuma, quero ver mulher. Me leve até elas.

O anão obedeceu a ordem de seu mestre e o levou até a parte do teatro onde rolam os shows das garotas. Acomodaram-se nas últimas poltronas. A casa estava bem vazia. A garota que dançava semi-nua no palco parecia bem horripilante. Girando o pescoço Marcelo pode notar mais algumas garotas sentadas num canto e outras logo acima, apesar do ambiente quase escuro ele notou que eram todas medonhas. Realmente esse é o lugar certo para recrutar o tal exército, refletiu Marcelo.

Marcelo então resolveu prestar atenção ao show enquanto pensava em como deveria proceder quando notou uma figura de pé dançando todo animadão em meio as poltronas das primeiras fileiras. Percebeu também que as poltronas em volta dele estavam todas destruídas. O sujeito era muito gordo e dançava totalmente fora de ritmo, ele e a garota, já pelada, competiam para ver quem dançava pior. Quando então a garota aproximou-se do gordo oferecendo-lhe o corpo para ser apalpado mas o gordo se esquivou. Cena grotesca. Nesse exato momento o sujeito olhou para trás na direção de Marcelo e soltou um sorriso insonso mas amedrontador, como desses palhaços assassinos. Marcelo sentiu pavor! Era ele! O gordo das ruas! O mesmo gordo estranho que havia trombado com ele. O gordo do Orion!

- Hey mestre, olha o chupetão de baleia lá em baixo precisamos ir falar com ele, disse o anão risonho....

Muito inseguro, Marcelo cumprimentou o gordo rapidamente com um aceno tímido.
Gordo responde com um grunhido. Marcelo precisava falar com ele, mas não sabia por onde começar.

O anão percebe o apuro do "mestre", e vai até o gordo. Sobe por suas banhas até pendurar-se em seus ombros.
Encosta-lhe as mãos, em forma de concha, no ouvido do gordo. Cochicha-lhe a missão.
Olhando para a cena, Marcelo sentiu-se no filme "Star Wars", onde o anão era um ewok sentado no ombro do Jabba the Hut. Uma puta cabeluda fazia as vezes de Chewbacca.
Após ouvir atentamente o que o anão tem a lhe dizer, Gordo diz: "vamu qui vamu".

Nos alto-falantes de péssima qualidade da Órion começa a tocar uma música familiar: Roberto Carlos. Era um remix infernal de samplers das músicas "Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar", com aquele canto "Lara-lara-lara....lara-lara-lara...lara-lara-la-lara-lara"...
E saem da Orion, em caravana liderada por Marcelo: o gordo, o anão, a puta chewbacca, o japonês do banheiro e mais um séquito de almas penadas...

Na altura da Barão de Limeira, encontraram uma passeata pró-Lula, do MST. Marcelo olhou fixamente nos olhos do líder dos sem-terra, que estava esbravejando com o microfone na mão, em cima do carro de som (trio elétrico) do movimento.
Silêncio.
Em dois segundos, ouve-se o brado da multidão, e os alto-falantes do carro de som começam a tocar o "remix" de Roberto Carlos: lara-lara-lara....
Confiante, Marcelo sentiu que o espírito de Clinton estava por trás disso tudo. A fé encheu-lhe o coração.
Marcelo sobe no trio elétrico, toma o microfone e começa a cantar. Arranca a camisa do PT, e toca fogo nela.

O anão toma o volante do caminhão, e o gordo fica na platéia. O caminhão começa a mover-se, e uma multidão cada vez maior o segue. O predião da Barão de Limeira desce em peso, e junta-se à multidão. A multidão delira com as putas. No meio dela, Marcelo localiza, cantando e gritando, Vanessa Vanelli, os skinheads, a velhinha da bengala e até o Goulart de Andrade.

Satisfeito, Marcelo dá um grito pro anão: PEDALA, ROBINHO!

O anão engata a primeira (sem embreagem, que suas pequenas pernas não alcançam) e segue, no ritmo da multidão, em direção à Anhanguera: Brasília está a apenas 1000 quilômetros dali.

O Goulart de Andrade, júnta-se ao Marcelo e lhe diz.... sem mágoas... era necessário que passase por isto. Agora estamos juntos nisto e sou eu que documetaréi tudo o que aconteça nesta longa e doida viagem... te ajudadrei a traçar os planos e estratégias de ataque.... o Capeta e a minha equipe estão nas vans atrás do caminhão.... temos uma disponível para tuas trepadas no meio do caminho.... afinal você é o nosso líder e moralizador, levado pelas mão do grande Clinton.... precisamos ter uma conversa com o lider dos skins, o Carnage... ele é muito violento e difícil de controlar.... Marcelo agora é a tua hora... você voltará a casa como salvador da patria... pensa nisso e vem comigo!


E a passeata segue subindo pela Consolação com destino a Anhanguera, que em tupí-guarani significa diabo velho, com a multidão de excluídos completamente alucinada. Quem está de fora não sabe o que está acontecendo e xinga "cambada de vagabundo vão trabalhar em vez de fazer greve. Ficam fudendo o trânsito atrapalhando quem precisa trabalhar. Quem mandou votar no Lula?". Era hora do rush e a passeata acaba de fuder com o trânsito.

O gordo do Orion sobe no carro de som com um boné do PSDB, pega um microfone com as mãos (com uma habilidade e uma vontade de quem conhece de microfone) e começa a cantar "Passarinho quer dançar e o rabicho balançar quando acaba de nascer PIU PIU PIU PIU..." A multidão delira e começa a gritar FORA LULA! FORA LULA!

Mas o ritmo de subida da passeata é lento já que o anão encontra enormes dificuldades para dirigir o caminhão. Ao lado do anão estão Marcelo e Goular de Andrade. Marcelo sente-se incomodado com a presença de Goular ali ao seu lado...Aflito com o desconforto Marcelo olha pela janela e vê um bando de punks saindo de dentro do cemitério da consolação. A frente do bando tem um cara vestindo jaqueta de couro surrada de cabelo black power (moicano de negão) e usando cuturno. Esse sujeito se aproxima do caminhão, seguindo e falando com Marcelo enquanto o caminhão anda o cara vai fazendo um longo discurso e Marcelo sem entender nada do que o cara fala, só entende a pergunta final "podemos nos juntar ao seu grupo? HUNF!" diz: Fique a vontade é só seguir a gente.

-Beleza meu irmão. Aí galera vamu embora anarquizar essa porra!!!!!

Dizendo essas palavras o lider dos punks num gesto reune sua turma...

Mestre, quem é esse maluco?

Anão, o sujeito é um punk de nome Neurônio, se não me engano...

Mau terminara as palavras Marcelo tem sua conversa interrompida por um grande alvoroço parecendo briga. Goular de Andrade pisa no freio fazendo o caminhão que estava devagar quase parando parar de verdade e quando os três saem do caminhão se deparam com uma pancadaria generalizada.

Marcelo pergunta ao gordo o que está acontecendo:

-O Carnage e a turma dos skinheads se estranharam com os punks e daí começou a treta, disse o gordo.

A confusão comia solta. Carnage, muito maior que Neurônio, enchia ele de porrada. Marcelo incrédulo diante do que estava vendo nem percebe a puta chewbacca se aproximando acompanhada do japonês do banheiro:

-Ah! Então vc é o pilantra que fica falando mau do Orion lá nessa merda de gpguia né seu safado?

- Não! não sou eu não minha cara.Eu nem sequer acesso o tópico do Orion. Eu só acesso Bomboa, Bahamas, Photo...

- Vagabundo, desocupado e mentiroso. Japonês chama o Tuiuiu e vamos dar um jeito nesse cara...



Então ele e o anão ficaram só, eles precisavam ir pro aeroporto, mas Marcelo sabia que precisava de uma roupa mais apropriada para vestir, pois ele sabia que não conseguiria embarcar naqueles trajes e outra, o dinheiro que tinha não dava pra comprar as passagens.

Ele matutou um pouco e mandou o anão arrumar um cartão telefonico, o pequeno polegar foi rapido e tomou o cartão de uma jovem estudante que falava em um telefone publico, perto de onde eles estavam.

Com o cartão em mãos, Marcelo ligou para sua secretaria e falou que mandaria um anão buscar sua carteira no escritorio, ele deu a descrição fisica do anão, falou que estava tudo bem com ele e desligou o telefone, virou-se pro anão e falou.

'' - Anão, toma o endereço do meu escritorio, vai buscar minha carteira, nos encontramos em congonhas daqui a 03 horas''

'' - Tudo bem mestre, mas não tenho dinheiro para a condução'' disse o anão.

Marcelo sacou um punhado de dinheiro que tinha no bolso, afinal das contas ele havia tomado o Goulart, e deu 10 conto pro ele. O anão subiu em um onibus e desapareceu.

Marcelo, agora sozinho, começou a pensar em tudo que estava acontecendo com ele naquele dia, em tudo que já havia perdido por estar com as putas, a 1º mulher, aquele tanto de doença veneria que já havia pego, todo o dinheiro gasto...., ele deu uma respirada e entrou na primeira loja de roupa que vi, comprou uma calça jeans e uma camiseta, afinal das contas ele precisava trocar de roupa pois parecia um mendigo.

Já trajado, ele pagou a conta e deu um grito na saida da loja.

'' - Esta é a minha missão, vou fazer o que me foi solicitado pelo presidente.

Marcelo pegou um taxi e falou pro taxista:

'' - Bora pro Bahamas, quero meter antes de ir pra Brasilia!!!!!!!!!!!

Àquela altura, a empolgação de Marcelo já se havia arrefecido e o odor de perfume barato da multidão de putas começou a baralhar-lhe os pensamentos. Isso somado à confusão generalizada.
Marcelo estava a pensar, um pouco tonto, no alvará que já vencera há horas, e na dificuldade que teria de enfrentar para conduzir aquele povo todo até Brasília...
Nessa hora, alguma das putas havia tomado do microfone e já se ouviam palavras de ordem e protestos.
Por um momento ocorreu-lhe o pensamento pavoroso de que as primas estivessem cogitando de tomar o poder pela força.
Veio-lhe à mente um futuro negro, no qual a nação seria bopizada e haveriam escândalos envolvendo dinheiro ocultado em calcinhas, inflação do mercado putanhístico, CPI dos lubrificantes, e toda a decepção que sucede à chegada de um novo grupo ao poder.
Olhou para o lado e o Gordo do Órion sorriu para ele, com uma mistura de escárnio e ironia, dizendo-lhe as seguintes palavras: “Puta é puta. Elas estão aqui pelo dinheiro. Nunca se esqueça disso”.
“Vou embora, então. Meu alvará já venceu faz tempo e eu não vou gastar do meu bolso para pagar esse bordel ambulante. Também não faz meu gênero essa violência toda – disse Marcelo, olhando para os punks, skinheads e para os sem-terra. "Além do mais, se for para ir a Brasília fazer alguma coisa, prefiro ir de avião" - concluiu, olhando apreensivo para a puta Chewbacca e o faxineiro japonês.
“Vá, mas leve o anão” – respondeu o Gordo – “ele está me enchendo o saco”.
Marcelo afastou-se um pouco, enquanto o anão passava a direção para outra pessoa e também saltava para a calçada.
A puta Chewbacca e o japonês fizeram menção de continuar de onde haviam parado, mas o olhar sinistro do anão os intimidou.
O Gordo continuou ignorando a confusão dos punks, enquanto aconselhava Marcelo: “Aqui nós nos separamos, mas sua missão não acabou. Nos encontraremos em Brasília. Você deverá ir de avião (já que pode), e lá arquitetará meios sutis de encher as camas dos políticos da tralha infecta mais abominável que puder recrutar na putaria candanga. Mulher feia é o que não falta em Brasília. Você encontrará o que procura no Boulevard Canalhocrata. Não desça sozinho aos subsolos do CONIC à noite; pois somente o anão poderá protegê-lo do travesti maneta que organiza a cafetinagem naquele antro.”

“Como assim Boulevar Caralhocrata? Em São Paulo eu me garanto, mas em Brasília?!? Que história é essa de CONIC?” – atrapalhou-se Marcelo, já desesperado.

“Consulte o GP Guia e tudo ficará claro para você. Incrível como tem gente que não aprende isso!” – continuou o Gordo – “Em Brasília, seu codinome será... hum... Jane Mary Corner.”

“Jane Mary é o caralho!”

O Gordo, risonho, entreolhou o anão (que continuava sério), passou um lenço fétido para enxugar o suor gorduroso da nuca de toucinho e prosseguiu: – “O travesti maneta do CONIC seqüestrou a verdadeira Jane Mary para que você possa ocupar o lugar dela. Encontre o maneta, pois ele está com a agenda da Cafetina do Congresso”.

O Gordo subiu na traseira do caminhão com surpreendente agilidade, enquanto Marcelo e o anão se afastaram para baixo de uma marquise, ao passo que as putas continuavam discursando e o pau comia solto entre punks e skinheads.

O Gordo ainda se equilibrou de pé e gritou umas últimas palavras de sabedoria: “Use a agenda de Jane Mary. Agencie mocréias para fazer programas com os políticos!”

“Como?” – Gritou Marcelo.

“O segredo está no Fotoshop!”, disse o Gordo, enquanto sua voz era abafada pelas palavras de ordem das putas e dos sem-terra e o caminhão sumia, abrindo caminho pelo meio da confusão, e seguindo lentamente para a Capital Federal.


A chapinha que lhe entregam na recepção tem o número 666 marcado. Marcelo se atenta a esse fato mas procura esquecer dos maus presságios. Dentro do Bahamas ele se sente como um soldado que volta para casa depois da guerra. Como se lá estivesse pela primeira vez ele pára e contempla o ambiente da luxuosa casa durante alguns poucos minutos. O Bahamas está relativamente vazio. Depois das últimas investidas da policia os clientes parecem assustados a alguns evitam a boate. Perambulando pelo salão Marcelo observa algumas garotas realmente bonitas e outras nem tanto sendo que, algumas, poderiam perfeitamente juntar-se ao seu exército de mocréias, inclusive, com possibilidades de fazer parte do batalhão de frente. Ao fundo, uma bela mulata mostrava os peitos para os internautas conectados ao site do Bahamas, pela webcam. Convicto de que está em casa e desperto de um pesadelo Marcelo se acomoda, chama o garçon e pede uma garrafa de Black. Sendo um habitué da casa ele é prontamente atendido. Marcelo, então, começa a saborear seu wisky tentando se esquecer da famigerada missão. Seus olhos vasculham a procura de sua vítima. Marcelo começa a pensar na possibilidade de abandonar essa missão maluca e curtir a putaria para depois voltar ao seu lar e ao seio de sua familia e foda-se essa missão idiota.

Há três das preferidas de Marcelo, loiras altas, na mira. Observando melhor ele percebe que uma delas tem seios pequenos, portanto, está descartada. Sobraram duas. As escolhidas estão de pé e em cantos opostos separadas pelo pequeno palco do Bahamas. Uma delas conversa com um cliente e a outra com uma "amiga". Marcelo, então, começa a observar os detalhes...

-Doutor Marcelo, telefone para o senhor na recepção, chama o garçon interrompendo a escolha.

Marcelo se assusta e pressente que o pior está por vir. Levanta-se e "corre" para ir atender ao telefonema. Afoito e na ansiedade de atender logo, no caminho ele tromba com uma garota...

-Me desculpe..

Marcelo olha para o lado e diante do que vê solta um grito de pavor.


- Ahhhhhhhhhhhhh! Fique longe de mim sua puta horrorosa, me deixe em paz.

O Bahamas pára. Todos olham para Marcelo. O silêncio é sepulcral.

Numa fração de segundos não era mais Severina que ele enxergava e sim um belo rosto de péle branca e cabelos pretos.

-Por favor me desculpe, me desculpe, diz Marcelo embaraçado.

Todos voltam de onde pararam.

- Doutor Marcelo, o telefone!

- Alô!

- Marcelo que bela família que o senhor tem, uma esposa jovem, uma filha muito bonita e um garoto muito esperto, puxou o pai, diz uma voz rouca indecifrável para se saber se é homem ou mulher.

- Quem está falandô? Quem é você?

- Marcelo, você deveria estar dentro de um avião viajando em direção a Brasília, afinal, Jane Mary Corner não aceita atrasos e, lembre-se, você tem uma missão muito importante para cumprir.

- Sim, sim..mas pelo maor de Deus, quem é vc? O que minha família tem a ver com isso? pergunta Marcelo com aflição.

- Doutor Marcelo, já disse, vc tem uma bela esposa e filhos muito saudáveis e eu gosto disso, principalmente quando estou com fome. E agora estou com fome. Preciso ir para fazer minhas refeições. Adeus doutor...

- Seu desgraçado, espere!

TU TU TU TU

O taxi atravessa a Avenida dos Bandeirantes em alta velocidade não respeitando semáfaros. Quem dirige é Marcelo. Ele está com a arma e a carteira do taxista que viaja rendido e amordaçado dentro do porta malas. Marcelo virara um expert em render e furtar pessoas. Nesse tipo de escola se aprende rápido. Tudo é uma questão de sobrevivência sua ou de seus entes queridos. O herói sem caráter agora tinha uma missão real.

De arma em punho ele abre a porta. Entra na casa. Acende a luz. Nada. Ninguém na sala, ninguém na cozinha. Ninguém...Ele chama. Silêncio. Marcelo sobe as escadas. Tensão extrema. De arma em punho ele abre a porta do quarto de sua filha. Um grito de horror rompe o silêncio. Ele observa a frase lacônica na parede: FORA LULA! escrita a sangue. Marelo sente vertigem. Ele baixa a guarda. A arma pende de suas mãos na eminência de cair ao chão. Na parede oposta está escrito, também a sangue: FOTOSHOP.

Marcelo tenta resistir a tontura. No chão ele observa uma revista Veja e um exemplar do Estadão com páginas arrancadas. Marcelo se abaixa para pegar o jornal quando olha em direção a casinha de bonecas. A casa de bonecas olha para ele. Ele olha para casa de bonecas. CU-CO é meia noite CU-CO. Desespero. CU-CO. Os olhos estáticos brilham ao encarar Marcelo. A casinha de bonecas tem olhos. Marcelo se aproxima. Aflição. Terror. Com as mão trêmulas Marcelo abre a casa de bonecas. Uma cabeça. Dois olhos e um focinho. Rex está morto...

Rex está morto, seu Bull dog de estimação, seu amigo e seu ouvinte nos porres intermináveis quando não dava pra agüentar a patroa...
Aliás, cadé Lucas o filho de 4 anos... Laura sua bela esposa, e Diana a sua filha quase formada em Direito, futura seguidora do seu famoso escritório... bateu uma desesperação única.... lembrou do Clinton... precisava de ajuda... precisava se situar.... Ligou para Bebeloira que ainda não havia purpurinado... BB.... você precisa bater uma siririca invocando o nome do Clinton, e levar uma black label pro túmulo dele... ele precisa aparecer pra mim... preciso orientação.... alguma coisa grande demais esta para acontecer e não sei como vou ressolver sem a guia dele.... chamem o PFSPBR acho que ele tem conhecimentos em psicologia de massas... em uma época ele reciclava executivos em murltinacionais... achem ele.... é provável que precisemos de toda ajuda possível...

Os celulares da esposa e da filha só davam caixa postal. Marcelo toma um banho rápido, arruma as malas, pega a arma do taxista, desce as escadas e abre a porta dando de cara com o anão, todo arrebentado.

- Mestre, eu estava preocupado.

- Porra! que susto que vc me deu seu anão filha da puta.

-Me desculpe mestre faz meia hora que estou aqui em frente sem conseguir alcançar a campainha. Chamei, chamei e nada...

- Onde vc estava, seu anão viado?

- Na confusão dos punks e dos skinheads, enquanto o senhor estava entretido conversando com o gordo, um skinhead me pegou, mestre. Ele me levantou e jogou em cima de um punk. Daí eu fiquei subindo e descendo como se fosse essas bolas em campos de futebol. Olha como eu estou, diz o pobre anão mostrando os hematomas por todo o seu pequeno corpo.

-Os punks me jogavam em cima dos skeanheads e esses me arremessavam de volta como num jogo de ping-pong.

Essa imagem do anão desolado ali a sua frente, todo estourado fez com que Marcelo sentisse alguma pena da pobre e fiel criatura. Mas logo esse sentimento se arrefeceu e Marcelo esfriou sua alma e esquentou seu ódio. O dia de cão o havia embrutecido e instigado seus insitintos mais primitivos. Marcelo senti-se tão manipulado quanto o anão fora nas mãos das guangues em meio a confusão. Logo ele um advogado manipulador virara joguete nas mãos de figuras bizarras e tudo que era para ser uma mera diversão acabou virando um inferno. Onde está minha esposa e onde estão meus filhos??? Essa pergunta batia em sau mente.


- Vamos anão, não temos tempo a perder.

- Demorou mestre. Precisamos ir para Brasilia urgente.

-Sim! mas antes precisamos passar num lugar primeiro. Preciso falar com algumas pessoas. Preciso da ajuda do Clinton novamente e de um amigo meu...

O taxista aguardava "gentilmente" e "pacientemente" dentro do porta-malas.

Esse taxista merece gorjeta, pensou Marcelo...

Voltou a sua realidade e pensou.... será que a BB já esta a caminho do túmulo do Clinton? será que comprou a Black Label? ligo pro cel dela e só atende aquela secretária dela que nunca sabe nada.... Ligo pro consultório do PFSPBR e ninguem atende, o cel dele fora de area.... se a BB não aparecer.... será que Elektra ou Gabrielle poderão ajudar na nobre causa? Vou ter que parar no Santa Luzia no caminho e comprar uma Black Label.... vai que falta... se sobra... bebo.... não tá dando pra segurar a pressão.... KCT!!!!!!!! ESTAVA ESQUECENDO DO CAJÚ SALGADO E DA PAÇOCA PRO CLINTON.... E os telefones e celulares não atendem.. .Deus.... cadê todo mundo !!!!!!!!!!!!!!!

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- aaaaaaaaaeeeeeeeeehhhhhh!!!!!!

Marcelo dá um pulo, assustado com o grito. Era o anão, incorporando alguma entidade, ali no meio da rua...

O anãozinho, alucinado, erguendo o braço direito e balançando o quadril pra frente e pra trás freneticamente, deu a Marcelo a impressão de estar vendo um peão de boiadeiro... ou um anão de boiadeiro... mas logo se deu conta que o movimento tinha menos que ver com o esporte rural. Era, na verdade, um ser das profundezas, um Caboclo Putanheiro, tentando firmar no seu cavalo, baixando no pobre e bizarro anão.

- Aqui é o Cabocro Putanhêro, fio... Vóismicê sabe que as coisa tá difíci até pra nóis. Lá dondi eu vim, tá muito ruim di arrumá uma GP que presta... às veiz eu vô assombrá lá na Augusta, o intão vô lá na Indianópolis... mais é foda, fio... tem cada tribufu nessas quebrada que achu mió vortá logo pras profundeza ondi eu móro, e bate uma punheta mesmo...

- O que o senhor quer, seu Caboclo?

- Agora vim pur dois motivo. Um é que vô usá essi cavalinho aqui pra discarregá, purque ninguém é di ferro, né fio?

Nisso Marcelo nota que os movimentos frenéticos vão se diminuindo, e a pequena calça do anão se molha. "O anão gozou" - pensou Marcelo. "Será que os espermatozóides dele também são pequenininhos?". Mas, interrompendo seus profundos pensamentos, Caboclo Putanheiro continua:

- otro mutivo é que vóismicê está amardiçoado inté cumprí sua missão. Vim pra ti dá força, fio, i dizê que num importa o que acontece cum ocê, nóis vamo tá lá...

- Pra me ajudar, Caboclo?

- Pra rí da sua cara, fio... cê já viu Putanheiro que num dá risada???

- Porra, então to fudido, Caboclo?

- Não, fio. Vai buscá tua famía... ocê vai achá eles logo... depois, vai lá nu Cemitério fazê a oferenda pro Crinton. E aí fiote, segue pa Brasía pa cumpri sua missão!

É chegada a hora do Caboclo Putanheiro. Despedindo-se com seu gesto habitual - batendo com o pinto três vezes no chão - ele regressa a seu mundo espiritual. O anão, acordando mas ainda semi-consciente, não entende porque está ali, ajoelhado, com as calças molhadas, e com o pinto sujo de piche e asfalto.

- Mestre, não lembro o que houve. Mas acho que precisamos sair daqui...

- Sim, vamos procurar minha família, pequeno ser!

- Mestre, tenho fome!

Marcelo, como homem bondoso que sempre foi, não se deixa levar pela pressa em procurar sua mulher e filhos e resolve buscar algo dentro de casa para o anão. Parecia um pequeno animal faminto, esfarrapado, sujo... coitado!

- Toma, anão. Não tem nada em casa. Nem pra deixar alguma coisa pronta minha mulher serve. Peguei este saco de salgadinhos e este pacote de biscoitos para você!

- Mas esses salgadinhos são... Bonzo??? É ração de cachorro? E esses biscoitos... Biscrok??? Biscoito pra cachorro?

- Você não está com fome, animal? Come essa merda e vamos embora. Acho que já sei por onde começar a procurar...

Jogando o motorista amordaçado pra fora do portamalas, Marcelo entra no taxi e sai em alta velocidade. Na esquina ainda encontra o caminhão da coleta de lixo da Leão Leão, aquela do Palocci, e avisa o motorista:

- Deixei um saco ali no meio da rua pra vocês levarem! Foi o Palocci que mandou. É pra moer e incinerar! - estava falando do motorista. Que fim trágico teria aquela pobre criatura.

No caminho, Marcelo fala para o anão: "em um dos quartos estava pintado com esmalte vermelho 'Photoshop', 'BOP' e 'PPP', o que isso quer dizer pra você, carrapato ambulante?"

- Não sei, mestre. Mas nós, os putanheiros, detestamos Photoshop, BOPs e PPP, não é?

- Isso mesmo, pequeno verme! Isso representa o que temos de mais odioso no mundo. Só falta uma coisa pra completar o conjunto - puta velha e feia... e isso, só mesmo na Indianópolis. É pra lá que vamos!

Rapidamente Marcelo chega à Indi. Não esperava, entretanto, que fosse dar tanta sorte. De longe, avista Laura, com suas longas madeixas douradas, balançando no vento que deixam os caminhões e carros dos infelizes que por ali transitam. Mas quando chega mais perto...

- aaaaaiiii!!!!! Caralho!!!!! Minha mulher está conversando com esse, esse, esse... monstro do lago Ness??? Minha mulher está conversando com ela - Vanessa Vanelli???

- Oi, amor, que bom que vc apareceu! Estava tão preocupada! Sorte minha ter aparecido esta amiga sua lá em casa, me tranquilizou dizendo que você estava viajando a trabalho e me convidou pra vir aqui tomar um cafézinho com ela... Muito simpática!!!

Marcelo não podia crer. Sua mulher tornara-se amiga de Vanessa Vanelli.

- Onde estão Lucas e Diana?

- Ah, tranquilo amor. A Diana saíu com um amigo que parou aqui agora há pouco. Deve ser algum amigo antigo dela, porque parou o carro e abriu a janela, e nossa filha já entrou correndo no carro dele! E o Lucas me falou que ia visitar uns amiguinhos do colégio, lá embaixo do Minhocão na Amaral Gurgel, você conhece?

Devia ser um sonho. Marcelo agora entendia as palavras do Caboclo Putanheiro quanto a estar amaldiçoado. Sua mulher, amiga de Vanessa Vanelli. Sua filha, uma GP da Indi. E seu filho, amigo de travecos da Boca do Lixo.

"Fodeu!"- pensou.
Entrando novamente no taxi, Marcelo assume a direção e fala pro pintor de rodapé:
-Pula prá trás anão filha da puta, que tua calça tá cheia de porra e não quero você muito perto!
Marcelo acelera e sai cantando pneu. A menos de 1 km dali, encontra uma loja de conveniência e manda o anão descer e comprar os ingredientes para a oferenda, porém o anão volta correndo e gritando:
-Mestre!Mestre! Não consegui comprar as coisas pois não alcanço o balcão de bebidas importadas e quando fui pedir ajuda, um poodle correu atrás de mim, querendo tomar minha caixa de biscrok.
-Dá aqui essa porra de cartão que eu vou lá. Você senta aí e come logo esses biscoitos antes que, além de tudo, eu tenha que sair chutando cachorro.
Marcelo entra na loja e encontra o Black Label, o cajú e a paçoca(quadrada- pensou- se for rolha o Clinton pode se ofender), quando vai passar o cartão prá pagar, aparece uma mensagem no visor:
caju de latinha!
Marcelo então volta e troca o pacote de cajú por uma latinha.
Novamente no carro, ele toca pro cemitério da quarta parada, lá chegando sai em busca do túmulo nº 666. Quando se aproxima do túmulo, avista um vulto e ouve um som de mijo –era BB. Gritou:
-Mas o que você ta fazendo BB? Mijando no Clinton?
-Força do hábito- responde ela. Eu fiquei aqui tentando me excitar mas não teve jeito, quando vi já estava xingando e mijando no túmulo.
-Pára com isso mulher! Vê se ajuda aqui, não esquece o favor que você me deve. Toma, derrama um pouco disso e espalha essas paçocas e cajus. Legal, agora se concentra e manda ver na siririca...
-Não dá, não consigo.
Nessa hora aparece o anão.
-Puxa como é que você sabia que tenho fantasia com anões? –disse BB.
-Tá bom, ta bom. Mindinho vai lá e ajuda ela. E você BB trate de pensar no Clinton, enquanto isso vou ali tirar água do joelho, mesmo porque não to afim de ver show trash hoje.
E lá foi Marcelo esvaziar o joelho..., nossa heroína BB tentando se concentrar olhando para o anão..., mas como o Clinton sempre falou... existe um vácuo entre as orelhas dela... ficando assim complicado o poder de concentração... o anão alisava a sua rola... que não era pequena... anão é famoso por isso... ela olhava pro aparelho do mindinho e ficava com vontade..., mas a missão era uma siririca..., e ela não conseguindo..., o anão já cansado de alisar a rola, acaba pedindo pra BB deitar no túmulo e mamar a rola dele sem deixar de bater a siririca já que isto era fundamental... Marcelo voltando da arvore que tinha escolhido para regar, topa com a cena e fica de pau duro..., ele pensa -caralho! isto é pior que filme pornô trash!- mas não entendo, fiquei de pau duro olhando pra BB chupando o anão.... isto não está certo... nisto o Clinton já cansado de tanta merda no túmulo dele... decide por uma mão pra fora... e...
... e num gesto rápido... ele segura a perna direita da BB jogando ela pro chão..., com o susto ela fecha a boca fortemente segurando assim o anão pela rola... cena hilária (mas com dor por parte do nosso amigo anão) ver a BB voando pro chão segurando o anão pela pica e ele gritando de dor...

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#48 Mensagem por Maestro Alex » 21 Out 2005, 09:53

em breve final do conto escrito pelo ressucitado Clinton (anda ocupado com alguns assuntos do capeta... mas me disse via MP que logo virá o final)...
Última posição do devaneio escreveu:Marcelo era um homem de aproximadamente 50 anos, bem sucedido e já estava no quarto casamento. Tinha uma filha acabando a faculdade de Direito do seu primeiro casamento, e um filho de 4 anos do último casamento. Mantinha boa relação com as ex-esposas e pagava religiosamente a pensão a todas elas. Sua esposa atual era uma mulher bonita, atraente e ainda jovem, beirando os 30 anos.
Marcelo mantinha uma saúde de ferro, e como o dinheiro não era problema estava sempre em forma com academia tratamentos de rejuvenescimento e check-ups constantes. Nosso amigo em questão tinha um defeitinho desde o seu primeiro casamento... Não conseguia viver sem putaria... entrava em todas do trash ao sofisticado, não podia parar... e esse defeitinho foi o pivô do fim do seu primeiro casamento, já que num descuido tinha passado uma DST a sua esposa. Ele não conseguia parar com o vício... precisava de mulheres, sempre variadas de todas as cores, de todos o tipos. Estava realmente apaixonado pela sua esposa, que não negava fogo nunca..., muito pelo contrário, era chegada numa boa sacanagem. Mas..., ele não conseguia parar e praticamente quase todo dia antes de ir para casa precisava de um pulo de cerca.
Alguns dias atrás, precisando dar uma variada decidiu ir num puteiro trash e...
...se lembrou do que tinha aprendido no GPGUIA: em se tratando de puteiro trash, não tem pra ninguém: PREDIÃO é o que há.
Tirou a gravata, vestiu uma velha camiseta do PT, um bermudão desbotado, pegou um xerox do RG, 10 notas de 5 reais, um pacote de camisinhas, e seguiu rumo à rua dos Andradas, 69.
Sem pensar muito, e temendo ser reconhecido, Marcelo entrou rapidamente no predião. No elevador, deu de cara com a tiazinha da bengala... ela não deixou de reparar na camiseta do PT: "E aí, veio gastar o MENSALÃO aqui? Dá um real, pra mim, aí".
Antes que Marcelo se decidisse se dava 1 real pra tia ou não, o elevador chegou ao oitavo andar.

Vendo que era uma boa oportunidade para economizar alguns trocados, Marcelo saíu rapidamente do elevador. A Tia, mais puta do que nunca, lhe cutucou enfiando a bengala na sua bunda e dizendo:
"Dá 1 Real aí, Tio"

Mas Marcelo não tinha R$ 1. Tinha apenas 10 notas de R$ 5, além de uma moedinha de 10 centavos que tinha tomado de um "nóia" lá embaixo que, muito louco com crack na cabeça, dizia ser suficiente para comprar toda aquela "bosta de prédio".

Marcelo rapidamente via num flash sua última semana... cansado, estressado com o trabalho, irritado com a 3ª mulher que lhe pedia uma ajudinha extra mensal... e agora, num muquifo dos infernos em pleno centro, com uma bengala pressionando-lhe pela retaguarda. Onde iria parar? Qual seria o próximo passo, se é que haveria mais algum? Se sentiu no fundo do poço. Na sarjeta. Na lama.

Eis que a Tia, num gesto de habilidade, moveu a bengala com força para baixo e arriou sua bermuda velha desbotada e sua cueca samba canção de seda. Que cena mais trash! Digna realmente do predião. Aquela bunda branca, peluda, no meio do corredor. Mas o pior estava por vir. Da cueca de Marcelo cai o macinho com as 10 notas de R$ 5. Todas espalhadas pelo chão...

Ai, já vi né meus amigos..., foi aquele alvoroço só, Marcelo tentou pegar o dinheiro que havia caído de sua cueca, mas tomou uma bengalada da tia no meio da cabeça que quase o levou a nocaute. Afinal das contas, aquele dinheiro era para ele gastar com a coisa que mais gostava na vida.

As putas saíram gritando: - '' O Filho da Puta tá no esquema do Valério, vamos arrancar o pinto dele''.

Ao ouvir estas palavras, Marcelo deu um salto que quase foi parar no teto e com uma destreza impar, nosso herói desceu as escadas daquele andar fétido correndo, a fim de encontrar um porto seguro.

Mas como bom putanheiro que Marcelo é, e apesar do ocorrido, ele ainda queria uma mulher para matar sua sede de sexo...........

...Porém, no desespero de fugir, Marcelo havia deixado a sua grana espalhada pelo chão do predião e não tinha dinheiro nem para cagar. Na expectativa de encontrar alguns trocados Marcelo fuçou no bolso de trás da bermuda velha e pegou sua carteira. Abriu, vasculhou e viu que só tinha mesmo a xerox do rg, a camisinha e um mini-calendário com o distintivo do Corinthians . Só de pensar que a poucas quadras de onde ele estava havia um banco e que naquele banco ele tinha uma bolada aplicada num fundo de investimento mas que naquelas condições ele nem sequer conseguiria entrar no banco, seria barrado na porta automática ao ser confundido com um maltrapilho de rua, isso o deixava angústiado e sem esperanças. Desamparado, Marcelo perambulou sem rumo pelas ruas do Centrão todo pensativo na esperança de encontrar alguma solução. De cabeça baixa, absorto em pensamentos, Marcelo trombou com um gordão no meio da rua, levantou a cabeça e se desculpou com o obeso. O gordo de olhar sinistro começou a rir de forma macabra olhando fixamente nos olhos de Marcelo. Fazendo com que Marcelo sentisse um calafrio na espinha e pensasse "Esse gordo deve ser bicha". Nosso herói caminhou mais 5 passos e olhou para trás para ver se o gordo não o estava seguindo. E para sua surpresa e espanto o gordo havia sumido completamente. Marcelo parou e começou a vasculhar com os olhos tudo aos seu redor sem encontrar o gordo. É muito prum dia só já devo estar delirando, pensou Marcelo. Marcelo procurou esquecer do gordo e pensar em mulher, continuou seguindo caminhado pela rua em meio a multidão. Foi quando Marcelo passou em frente a um cine pornô e então teve uma idéia. Entrou naquele estranho e obscuro cinema com sua camisa do PT surrada dirigindo-se até a bilheteria ...

... Mas..., faltando poucos passos para chegar na bilheteria, ele fica parado, quieto, com a visão perdida, olhando sem olhar. Sua mente o leva até o início de tudo, de quando aos treze anos o seu pai o levou num puteiro para virar homem, como presente de aniversário. Começa a ver um filme da sua vida de putas até que..

sente um bafo quente na nuca. Imediatamente lembrou de seu pai brigando no puteiro e dizendo para um fanchona "o único bafo quente que senti na nuca foi da sua mãe que errou de lado, sua bicha". Marcelo virou-se súbito para enfiar uma bifa na orelha do que imaginava ser o autor do bafo e já com a mão a caminho, levou um susto:

- Aahhhh! Meus Deus, o que é isso????
- Calma mor, só ia dar um beijinho.

Era a coisa mais feia que ele já vira em vida depois do Batoré, para quem redigira uns textos de humor que não foram aceitos porque, segundo lhe disseram "muito sofisticados para A Praça é Nossa".

- Sai fora canhão, hoje não, tô sem grana.
- Não quero você não mor. Meu nome é Vanessa Vanelli e eu estou atrasada para um compromisso. Preciso ir até o Lido encontrar com um gato. O nome dele é Mister Madruga, mas eu não sei o caminho até lá. Será que você pode me ajudar? Se você fizer isso eu faço um boquete de graça ou dou 20% do programa de R$ 150,00.

Marcelo não precisou pensar mais do que dois segundos. Fico com os 20%! No íntimo imaginava quem seria esse idiota, para ser chamado por um nome desses e ainda por cima pagar R$ 150,00 por aquele rascunho do mapa do inferno. Considerando os trintinha que iria faturar, tomou-a pela mão e disse cínico:

- Vamos, princesa!
- Ai, adoro um cabra romântico...

Tomaram o rumo do Lido. Atravessaram a Rio Branco e já estavam na Praça da República, quando foram cercados por um bando de skinheads. O maior deles, que os outros chamavam de Carnage, aproximou-se de ambos e disse:

- Aí vacilão, onde você vai armado com isso aí?

Marcelo sentiu um arrepio, que começava na nuca, passava pelo olho do cu, descia até sua unha encravada do dedão e retornava até sua bexiga, acionando o alarme que lhe fez encharcar as calças. Já se imaginava perdido quando, de repente, surgiu o Goulart de Andrade, fazendo uma reportagem sobre a noite paulistana. Ao ouvir a indefectível frase "vem comigo, Capeta", não teve dúvidas e postou-se de forma a ser entrevistado, quase que implorando uma pergunta. Goulart então perguntou-lhe, não sem antes fazer uma breve introdução:

- Estamos hoje aqui, rodando pela noite de São Paulo e encontramos essas figuras simpáticas juntas, que em outra cidade jamais seriam amigas. Um grupo de skinheads, uma dama da noite e seu cliente entusiasmado. E aí meu amigo, qual o seu nome?
- Marcelo.
- E esse grupo que você faz parte, está indo para onde?
- Ééééééééé, beeeeemmmm, nós fazemos parte de um grupo cristão denominado "Filhos de Maria Madalena" e estamos nos preparando para comprar e distribuir comida aos moradores de rua do centro. Essa é nossa missionária, irmã Vanessa.
Goulart comoveu-se, mesmo estranhando a "irmã" vestida com um top minúsculo e uma mini-saia quase estourando, pressionada pelas banhas. Perguntou-lhe:
- Isso é que é bonito nessa cidade, sempre encontramos alguém disposto a ajudar o próximo nessa verdadeira selva de pedra. Vem cá irmã Vanessa, a senhora sempre leva àqueles carentes das ruas, aos descamisados, o ideal cristão do "é dando que se recebe"?
- Craro mor. Eu vivo disso.
- E onde será a primeira distribuição da noite?
- No Lido.
- Então eu vou acompanhar vocês até lá. Vem comigo, Capeta.

Nesse momento o Goulart fala para todos... estou com 2 carros da produção e a van dos equipamentos... acho que posso levar todos vocês comigo rumo ao Lido..., agora bem... onde fica este lugar que não conheço? (O safado se fez de desentendido... ele conhecia muito bem o Lido... e não só isso... ele era cliente assíduo da Vanessa)... Ele, Goulart teve que fazer cara de comovido para a gravação... afinal estava gravando o programa... Marcelo se perguntava.... Estou num filme de Fellini?....

"Não é Fellini, não, amigo." estava dizendo o Goulart de Andrade.

Marcelo se deu conta de que tinha pensando alto. "Vem comigo, que a turma e o Kapeta vão na outra vã. Quero estar a sós consigo ".

Desnorteado e com os pensamentos pouco claros, Marcelo aquiesceu e entrou, sozinho com Goulart, na vã. Havia um brilho estranho no olhar de Goulart, uma salivação perceptível, quando ele continuou:

"Marcelo, isso é filme nacional, daqueles financiados pela Embrafilme, todo mundo de cueca, e a Joana Fomm no meio, pelada. É relaxar e gozar. Se bem que a gente está sem a Joana Fomm no momento. Rará. Vem comigo ".

Marcelo desceu da vã, sentindo um certo desconforto físico. Umas dores aqui e ali.

Apertou o bolso. Sentiu o dinheiro. Sorriu. Sempre fora homem prático, e tirava de letra o imbróglio que lhe aparecesse. Que o digam suas ex-mulheres. Saíra porque queria uma aventura inédita, trash.

Lembrou-se de um de seus livros preferidos Memórias de um Sargento de Milícias :

" Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra(...)
Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos: foram os dois morar juntos: e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho, formidável "

Os filhos de Marcelo haviam sido concebidos em grande estilo. Com clima e local apropriado, caros, luxentos. Sempre lhe falara a imaginação o encaixe bruto, rápido, animal dos menos afortunados.

Agora ia experimentar.

Pisadelas e beliscões sucessivos em lugares insalubres. A putaria trash o chamava. Ele atendia.

Dentro da vã, nu, Goulart de Andrade tentava desatar o nó que o amordaçava. Aquele Marcelo ia pagar!

Goulart havia tirado toda a roupa, até a lingerie da sorte, uma calcinha rosa, que usava nas aventuras mais ousadas (era presente da travesti Shrcléia, musa de uma das muitas matérias que havia feito no submundo gay de São Paulo). Tudo para ouvir isso: "Escuta aqui, amigo, sou forista do GP Guia, e com nóis é só muié falow" (precavido, Marcelo vinha praticando a lingua trash pra entrar no estilo) "Vou dar um talento em vc aqui: primeiro, passa o dinheiro. Agora, mano, caladinho" E amordaçou o jornalista.

Se afastando rápido do carro, restava uma dúvida a Marcelo.
Quem diria, vendo passar pela rua, que aquele era um homem bem sucedido. Bem, agora a todos os seus defeitos podia acrescentar ladrão e agressor de bibas. Nem se lembrou que o apresentador tinha seu rosto gravado, na entrevista que fez na República.
Onde gastar o dinheiro tão facilmente adquirido? Era a idéia fixa que o fazia caminhar cada vez mais rápido.
Lembrando da área trash no GP Guia tentou lembrar de algum lugar ali por perto, não agüentava mais andar, ele, acostumado a carros importados.
Lembrou de um lugar que Rubens Castilho postou e que indicou como sendo " um dos muquifos mais asquerosos que eu conheço. A qualidade das garotas é péssima. É algo como o sub-mundo do sub-mundo da putaria."
Que lugar melhor que aquele, já que queria inovar?
Toca para Rua da Glória, 138 ali mesmo na Liberdade...

Um casal de velhinhos japoneses ambos segurando sacolas cheias de frutas e legumes passou por ele encarando Marcelo com olhar de condenação. Marcelo sentiu-se incomodado e pensou "velhos filhas da puta não dão mais no couro então ficam enchendo, enfia esses pepinos no cu". Nosso herói parecia realmente estressado não lembrando nem de perto o cara de bons modos típico paulistano de classe média bem educado que ele era. Então recapitulemos: Como um delinqüente fugiu correndo de um puteiro barato, literalmente com as calças na mão, aceitou dar assistência a uma puta tenebrosa em troca de 30 reais como se fosse cafetão da boca do lixo, tal qual um marginal rendeu, amarrou e roubou um famoso jornalista do submundo que tentou seduzi-lo travestido de mulher. Era muito para um só dia, sem contar o sinistro gordo que ele topou na rua e que não sai de sua mente.

Tocou a campainha pela quinta vez e quando já estava quase desistindo eis que uma negona de umas 100 toneladas abre a porta com uma expressão de poucos amigos e diz - Entra!

Marcelo, sem precisar ser pitonisa, já previu em pensamento "putz! mais um fria". Bom, uma a mais uma a menos ele foi entrando no sobrado da Rua da Glória. Sem que autorizassem ele se sentou em um dos sofazões velhos que tinha num canto e antes que pudesse observar qualquer coisa sua narinas foram tomadas por um fedozão terrível: cheiro de madeira podre misturado com incenso e feijão vencido. Terrível. Procurou respirar pela boca. Daí ele pode analisar melhor o ambiente. Na parede oposta tinha um quadro com umas paisagens bucólicas e ao lado uma janela que dava para um cortiço, no centro da sala uma mesinha com umas revistas sem capa todas rasgadas, e na parede da direita havia uma entrada que dava para outras dependências e ao lado o outro sofá com a única garota que havia no lugar. O mais estranho de tudo é o que estava junto a parede da esquerda onde fica a porta de entrada. Ali de pé ao lado de uma espécie de santuário havia um anão com uma enorme cicatriz no rosto. O anão ficava encarando Marcelo, todo sinistrão. Em meio a tanta bizarrice rolava James Brown ao fundo cantando "Justing Park" e esse conjunto de imagens e som trazia ao ambiente uma atmosfera melancólica e insólita. A negona havia sumido.

A garota do sofá levantou-se e veio abordar Marcelo e falou, com sotaque nordestino: "Oi gato, vamu subi". Marcelo pode notar então que a belezura não tinha alguns dentes mas num gesto da sobra de educação que ainda lhe restava ele perguntou: "como funciona?"

- Vc paga 25 meia hora no capricho, viu?

Marcelo falou - Ah! Me desculpe, pensei que fosse mais barato, não tenho dinheiro, preciso ir..."

garota - Dá pra fazê por 20, mas é pq gostei de vc.

Marcelo (já impaciente) - Agradeço, mas ainda tá caro, vc me abre a porta?

garota - Vixi! 20 conto caro? Se acha que achei minha buceta no lixo, homi?

Marcelo - Não, não é isso é que eu preciso ir embora...olha, eu vou até o banco, pego mais grana e volto, ok?

garota (gritando)- João!!!!!! Tem um prego aqui.

Nisso, sai pela porta do lado direito um cara de uns 2 metros de altura, de cabelo comprido e pele morena todo mal encarado, parecendo um índio. E vai na direção de Marcelo o intimando: "que foi, não gostou da garota?"

Marcelo (gaguejando) - Não, gostei sim. É que preciso ir ao banco buscar a grana..."

Índio - Meu irmão, pra sair daqui se tem que pagar 10 conto.

Suando frio Marcelo olha para o lado e vê o anão com a mesma cara parecendo uma estátua. Enquanto James Brown despeja sua melancolia musical indiferente aos apuros de Marcelo.

Tá bom, tá bom eu pago. Puxando uma nota de dez reais, Marcelo ofereceu ao Indio...

Índio - Pensando bem como hoje eu tô bonzinho acho que a Severina vai te fazê uma caridade, Severina faz uma rapidinha com nosso amigo aqui por 10 conto?

Severina - Claro! Eu gostei desse cabra, vamu lá benzinho...

Marcelo - Não, obrigado mas eu preciso ir...

Índio - Tem certeza?

Marcelo disse se levantando, aflito- Tenho sim, tenho sim. Agora preciso ir.

Índio - Anão, o que vc acha, deixa ele ir?

Marcelo estava em apuros e suava frio, seu destino dentro daquela espelunca agora estava nas mãos daquele anão deformado e sinistro...

... Mais uma vez Marcelo tem um surto... fica perdido olhando pro nada, na mente de novo o filme, o pai, o bordel, suas 3 ex-esposas, a filha quase formada em Direito... o seu filho pequeno e a gostosa e ainda jovem esposa atual, sua boa vida, o dinheiro fácil, as GP´s de luxo que ele podia pagar, as festas com os amigos, o Goulart, os Skinheads com Carnage como chefe e a Vanessa, aquela coisa! Não pode ser... devo estar num sonho do qual não consigo sair...

Como que num redemoinho, Marcelo foi trazido de volta á realidade. Havia se perdido em seus pensamentos, mas um tapa em sua nuca o fez sentir um gosto metálico de sangue na boca quando mordeu sua língua. Não prestara atenção na resposta do anão.
- Tu vem aqui fazê desfeita pra Severina, desgraçado? Pois agora vai ter que comer, senão te capo! –disse o índio- E é bom teu pau levantá!
Marcelo, já sem esperanças de manter suas partes de baixo intactas, começa a pensar no TD que havia feito com a Gabrielle na semana anterior para ver se conseguia se animar. Nisso, entra pela porta uma negra vestida de branco com cara de mãe de santo e grita:
-Larga dele! Quem tá mandando é o Clinton!

O puteiro parou.... a baranga largou nosso herói na hora, o anão e João ficaram brancos... Clinton, o eterno e finado moderador do GPGuia havia dado uma ordem... até mesmo Marcelo ficou assustado, como o presidente poderia saber que ele estava lá?

Os guardiões do antro, pediram desculpas, lhe ofecereram 50 conto a titulo de cala boca, e deixaram -no sair escoltado com a mamãe de santo.

Marcelo não sabia se agradecia a mulher ou o quê... ficou lá, quieto, caminhando com a mulher até a saída do puteiro... branco como um albino. Na saída, quando ia se despedir e agradecer, a mulher mandou-o ficar calado e emendou: “-Tenho uma mensagem psicografada do finado Presidente Clinton... ele veio do além e solicitou que te entregasse esta mensagem, leia com calma''. Marcelo acenou que sim com a cabeça e mulher sumiu na neblina. Ele não conseguiu nem agradecer a nobre alma que o salvou a vida.

Marcelo respirou fundo, abriu o bilhete e começou a ver as seguintes palavras.............

"Caro Marcelo,

Como bom putanheiro que fui em vida, designaram-me para ser seu, digamos assim, "Demônio da Guarda". A missão de um "Demônio da Guarda" é servir como protetor daqueles que não merecem um "Anjo da Guarda". Porém, como o Altíssimo proíbe que qualquer alma, mesmo que perdida, fique sem protetor, há que se designar alguém. No caso, esse alguém para você foi exatamente eu.

Não me agradeça pelo que fiz. Aproveitei-me apenas do fato de que esse anão me devia um favor, porque em vida cuidei do enterro do pai dele, que também era anão. Se você nunca viu enterro de anão, saiba que eu não só vi, como paguei por um. Não é nada demais, porque o caixão é barato, por ser pequeno e gasta-se pouco com flores e café, pois pouca gente comparece. Não me pergunte porque paguei pelo enterro do pai do anão, já que isso envolve maiores questionamentos sobre a mãe do anão, que não era anã, mas muito gostosa. Só não deixe o anão saber que "conheci" a mãe dele no sentido bíblico do termo.

Saiba, no entanto, que há limites para a proteção que eu possa te dar e também não espero agradecimentos. Apesar do que dizem, não tenho poderes divinos, mas apenas poderes malditos. Se você quer me ajudar de alguma forma, por favor, leve ao meu túmulo um Black Label escocês de verdade, porque a BebêLuga, de vingança, só me leva oferendas paraguaias. Peço, no entanto, encarecidamente, que não leve velas ao meu túmulo, porque vela é coisa de viado, especialmente aquelas de sete dias.

Mas isto são instruções que podem ficar para depois. A minha mensagem é, principalmente, para dizer que você tem uma missão neste mundo. Como você sabe, o Brasil está passando por um momento delicado e precisa ser saneado. Mas antes, deixe eu te explicar uma coisa, senão você não vai entender nada.

Não sei se você já ouviu falar, mas O Criador certas vezes serve-se de nós, seres das sombras, para realizar seus desígnios. Em outras palavras, nós fazemos o serviço sujo para que Ele possa chegar ao bem. Lembra-se da frase "o escândalo há de vir, mas ai daquele por quem venha o escândalo"? Ou como diria Maquiavel e Zé Dirceu, "os fins justificam os meios". Pois é, nós somos os encarregados do escândalo, os meios necessários para que os fins sejam atingidos. Aliás, você será o encarregado do escândalo.

Sua missão: arregimentar um batalhão de putas mocréias e fazer com que todas elas tenham relações com figuras proeminentes da Répública. Durante as relações, você terá de fotografá-los com essas mocréias e publicar as fotos na Internet e nos maiores periódicos do país. Os políticos podem suportar tudo, até as maiores acusações de corrupção, mas jamais serem flagrados pagando por uma puta véia e desdentada. A intenção é desmoralizá-los e provocar um suicídio coletivo, com o que estará o país saneado e o inferno provido de novos integrantes.

Lembre-se que deverão ser incluídos na lista das vítimas, políticos de todos os partidos, à exceção apenas do Partido Verde, que está mais para Partido Cor-de-Rosa. Não me pergunte como as putas deverão fazer para subir o pau do Antônio Carlos Magalhães, do Roberto Requião, do Paulo Maluf ou do Severino Cavalcanti. Isso é problema delas, seu e dos laboratórios de remédios contra disfunções eréteis. Em parte sua missão foi facilitada, pois o Professor Luizinho já foi fotografado pelado com duas putas e um charuto na boca.

Devo adverti-lo que seu encontro com Vanessa Vanelli, os skinheads e o Goulart de Andrade não foi casual. Eles devem ou ao menos deveriam te acompanhar, mas você andou fazendo algumas cagadas pelo caminho. Volte e vá atrás de todos eles, inclusive daquele gordo que estava te espreitando no início desta história. Era o Gordo do Orion. Ele será seu guru e conselheiro. E não se esqueça do anão, pois ele é mestre em golpes baixos.

Vá, cumpra a sua missão e eu estarei ao seu lado. Se precisar se comunicar comigo, peça para uma puta (bonita!) se masturbar invocando o meu nome e eu me materializarei. Sempre que fizer isso, leve uma garrafa de Black Label, gelo, uma porção de caju salgado e umas paçocas para a sobremesa.

Após lida, esta psicografia se auto-destruirá em cinco segundos."

Mal havia acabado de ler, Marcelo escutou os sinos da Catedral da Sé dobrando o tema de "Missão Impossível" e, imediatamente, a mensagem psicografada virou pó e dissolveu-se em fumaça. Uma fumaça fantasmagórica.

Marcelo gelou e falou com seus botões:

- Só me faltava essa! Sou um missionário dos infernos e "O Salvador da Pátria". Quem irá acreditar nisso?

Pensou tão alto que o anão escutou e perguntou:

- Mestre, para onde vamos?

Marcelo espantou-se. Não tinha notado que o anão havia acompanhado-o para fora do puteiro. Havia agora um ar de reconhecimento entre Marcelo e o anão... Sabia que tinha que evitar falar da mãe dele.

- Espere um pouco – disse Marcelo ao anão – Preciso respirar um pouco.

Sentou-se ao meio fio, extasiado com os eventos que permearam o seu dia. Começou a refletir consigo mesmo: “Eu? Escolhido para uma missão para salvar o Brasil dos políticos corruptos? Por que logo eu?”. E começou a refletir sobre sua vida e aos fatos que o levaram a este ponto crucial de sua vida.

Reconheceu o ponto ligação da sua vida com a sua missão: ele era advogado criminalista, e seu escritório atendia vários clientes envolvidos em falcatruas políticas. A missão que o digníssimo lhe dera começava a fazer sentido. Utilizaria-se dos seus contatos no escritório para chegar aos seus alvos.

Entusiasmou-se. Ele precisava ser o arauto da liberdade da política brasileira e trazer a vingança aos eleitores traídos. Pagaria em vida pelos pecados de defender políticos corruptos. Levantou-se em um pulo, assustando o anão. Com um grande sorriso no rosto disse:

- Vamos, meu pequeno jovem mancebo anão! Precisamos salvar o Brasil desta roubalheira!

Sentiu que precisava juntar o seu exercito: Vanessa Vanelli, os skinheads e o Goulart de Andrade. E precisava falar com o seu mestre, o Gordo do Órion.

- Anão, mostre-me o caminho mais curto para Órion...

Atravessaram o vale do Anhangabaú, que em tupi-guarani significa vale sombrio, a tarde estava de partida e a noite de chegada, Marcelo estava com calos nos pés e teve que parar para descansar. O anão aproveitou para ir falar com uma das ciganas que liam as mãos de quem passava por ali. Marcelo ficou observando os dois conversarem, um anão com o rosto deformado e uma cigana no meio do viaduto do Chá, "meu Deus! isso só pode ser um pesadelo!", pensou Marcelo, torcendo para que estivesse certo dessa vez. Marcelo parecia ter despertado do transe da sessão da Rua da Glória e caído na real, porém estava envolvido demais nessa coisa e resolveu ver onde ia dar tudo isso. O anão largou a cigana e veio falar com Marcelo:

- Mestre, trago boas noticias...

- Espero que sejam boas mesmo pois até agora só tem acontecido desgraça, Disse Marcelo completamente desolado.

- Mestre, pelo que a cigana disse seu sacrificio não será em vão. Disse que vc, mestre, é um homem predestinado e que se seguir o caminho certo vai se transformar num homem muito famoso e rico - Disse o anão em tom de seriedade.

- Anão, eu já sou um homem bem de vida, não digo rico, mas não me falta nada agora, famoso não faço questão de ser, o que eu quero é que temine esse martírio e possa ir embora para casa, ver minha familia, deitar em minha cama, beber meu wisky sossegadamente e comer minha secretária. Só isso. - disse Marcelo já irritado.

- Tudo bem Mestre mas vc tem uma missão não se esqueça disso...

- Eu sei, eu sei não sei por que mas algo me diz que devo acreditar nas palavras daquela encarnação lá, o Clinton, não sei mas tenho maus presságios. Devo estar ficando louco mesmo. Logo, logo passo a acreditar que a tal Severina era a Monica Chupinsky.

- Mestre não zombe. Se não fosse pelo Clinton o Indio teria lhe comido a bunda ou quem sabe lhe cortado o pinto. O último que desprezou Severina ficou sem poder sentar 5 dias. - completou o anão olhando fixamente nos olhos cansados de Marcelo.

Marcelo ao ouvir isso teve uma sensação de alívio quase que instantânea e logo estava pronto e com os ânimos renovados para partir em busca de seus objetivos, puxou o calção para ver se o bilau ainda estava lá e estava, sentia dor na pernas e na cabeça mas não na bunda e isso era bom. E foi assim que rumaram para o Orion...

Na Rua Aurora Marcelo lembrou-se que ali havia feito sua morada o autor de Macunaíma, Mario de Andrade, um dos ícones do movimento modernista de 22. Tomado por uma euforia infantil Marcelo teve a sensação de que era um herói sem caráter, a personificação do personagem de Mario de Andrade colocado pelas mãos de uma força maior exatamente naquela rua onde o grande escritor deu vida ao herói brasileiro. Mas tudo isso é besteira, refletiu melhor Marcelo e continuou refletindo: Esses modernistas eram muito chatos. Foda-se Mário de Andrade e toda essa turma de modernistas babacas que distorcem a imagem do brasileiro! Não tem nada a ver esse negócio de antropofagia e miscigenação de raças, isso só atrasa o País...

- Mestre, mestre, acorde! Me dê 20 reais aí para comprar os ingressos. - disse o anão, subtamente.

- Porra! Para de me chamar de mestre seu anão filha da puta!

Enfesado, Marcelo tirou duas notas de 10 que um dia perteceram a Goulart de Andrade e deu para o anão. Ele já tava ficando de saco cheio desse anão.

Entraram no Orion e logo Marcelo se deparou com um cara de camisa azul desbotada, calça azul marinho e sapato mocassim, mais parecendo motorista ou cobrador. O cara tinha em seu rosto a expressão de pavor, as mãos trêmulas tentavam, sem sucesso, fechar a braguilha da calça.

Marcelo ficou assustado e pensou "ih! mais fria". Quando começa a ouvir vozes advindas do banheiro que ficava bem ali em frente. Era uma voz de japonês que gritava "Trocadinho, né?. Não deu trocadinho pra japones se fudeu heheheheh" "Japonês oh! no cobrador hehehhehehe".

- Mas que porra é essa anão?

- Mestre, esse daí é o famoso japa do banheiro do Orion, é um tiozinho que toma conta do banheiro e que cobra trocadinho de todo mundo que entra aí. E quem não der oh...o senhor já viu...Dizem que esse japones de japones não tem nada, mestre. - disse o anão em tom de sarcasmo.

- Anão, chega dessas boiolagens por hoje, não quero saber de japones de banheiro porra nenhuma, quero ver mulher. Me leve até elas.

O anão obedeceu a ordem de seu mestre e o levou até a parte do teatro onde rolam os shows das garotas. Acomodaram-se nas últimas poltronas. A casa estava bem vazia. A garota que dançava semi-nua no palco parecia bem horripilante. Girando o pescoço Marcelo pode notar mais algumas garotas sentadas num canto e outras logo acima, apesar do ambiente quase escuro ele notou que eram todas medonhas. Realmente esse é o lugar certo para recrutar o tal exército, refletiu Marcelo.

Marcelo então resolveu prestar atenção ao show enquanto pensava em como deveria proceder quando notou uma figura de pé dançando todo animadão em meio as poltronas das primeiras fileiras. Percebeu também que as poltronas em volta dele estavam todas destruídas. O sujeito era muito gordo e dançava totalmente fora de ritmo, ele e a garota, já pelada, competiam para ver quem dançava pior. Quando então a garota aproximou-se do gordo oferecendo-lhe o corpo para ser apalpado mas o gordo se esquivou. Cena grotesca. Nesse exato momento o sujeito olhou para trás na direção de Marcelo e soltou um sorriso insonso mas amedrontador, como desses palhaços assassinos. Marcelo sentiu pavor! Era ele! O gordo das ruas! O mesmo gordo estranho que havia trombado com ele. O gordo do Orion!

- Hey mestre, olha o chupetão de baleia lá em baixo precisamos ir falar com ele, disse o anão risonho....

Muito inseguro, Marcelo cumprimentou o gordo rapidamente com um aceno tímido.
Gordo responde com um grunhido. Marcelo precisava falar com ele, mas não sabia por onde começar.

O anão percebe o apuro do "mestre", e vai até o gordo. Sobe por suas banhas até pendurar-se em seus ombros.
Encosta-lhe as mãos, em forma de concha, no ouvido do gordo. Cochicha-lhe a missão.
Olhando para a cena, Marcelo sentiu-se no filme "Star Wars", onde o anão era um ewok sentado no ombro do Jabba the Hut. Uma puta cabeluda fazia as vezes de Chewbacca.
Após ouvir atentamente o que o anão tem a lhe dizer, Gordo diz: "vamu qui vamu".

Nos alto-falantes de péssima qualidade da Órion começa a tocar uma música familiar: Roberto Carlos. Era um remix infernal de samplers das músicas "Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar", com aquele canto "Lara-lara-lara....lara-lara-lara...lara-lara-la-lara-lara"...
E saem da Orion, em caravana liderada por Marcelo: o gordo, o anão, a puta chewbacca, o japonês do banheiro e mais um séquito de almas penadas...

Na altura da Barão de Limeira, encontraram uma passeata pró-Lula, do MST. Marcelo olhou fixamente nos olhos do líder dos sem-terra, que estava esbravejando com o microfone na mão, em cima do carro de som (trio elétrico) do movimento.
Silêncio.
Em dois segundos, ouve-se o brado da multidão, e os alto-falantes do carro de som começam a tocar o "remix" de Roberto Carlos: lara-lara-lara....
Confiante, Marcelo sentiu que o espírito de Clinton estava por trás disso tudo. A fé encheu-lhe o coração.
Marcelo sobe no trio elétrico, toma o microfone e começa a cantar. Arranca a camisa do PT, e toca fogo nela.

O anão toma o volante do caminhão, e o gordo fica na platéia. O caminhão começa a mover-se, e uma multidão cada vez maior o segue. O predião da Barão de Limeira desce em peso, e junta-se à multidão. A multidão delira com as putas. No meio dela, Marcelo localiza, cantando e gritando, Vanessa Vanelli, os skinheads, a velhinha da bengala e até o Goulart de Andrade.

Satisfeito, Marcelo dá um grito pro anão: PEDALA, ROBINHO!

O anão engata a primeira (sem embreagem, que suas pequenas pernas não alcançam) e segue, no ritmo da multidão, em direção à Anhanguera: Brasília está a apenas 1000 quilômetros dali.

O Goulart de Andrade, júnta-se ao Marcelo e lhe diz.... sem mágoas... era necessário que passase por isto. Agora estamos juntos nisto e sou eu que documetaréi tudo o que aconteça nesta longa e doida viagem... te ajudadrei a traçar os planos e estratégias de ataque.... o Capeta e a minha equipe estão nas vans atrás do caminhão.... temos uma disponível para tuas trepadas no meio do caminho.... afinal você é o nosso líder e moralizador, levado pelas mão do grande Clinton.... precisamos ter uma conversa com o lider dos skins, o Carnage... ele é muito violento e difícil de controlar.... Marcelo agora é a tua hora... você voltará a casa como salvador da patria... pensa nisso e vem comigo!


E a passeata segue subindo pela Consolação com destino a Anhanguera, que em tupí-guarani significa diabo velho, com a multidão de excluídos completamente alucinada. Quem está de fora não sabe o que está acontecendo e xinga "cambada de vagabundo vão trabalhar em vez de fazer greve. Ficam fudendo o trânsito atrapalhando quem precisa trabalhar. Quem mandou votar no Lula?". Era hora do rush e a passeata acaba de fuder com o trânsito.

O gordo do Orion sobe no carro de som com um boné do PSDB, pega um microfone com as mãos (com uma habilidade e uma vontade de quem conhece de microfone) e começa a cantar "Passarinho quer dançar e o rabicho balançar quando acaba de nascer PIU PIU PIU PIU..." A multidão delira e começa a gritar FORA LULA! FORA LULA!

Mas o ritmo de subida da passeata é lento já que o anão encontra enormes dificuldades para dirigir o caminhão. Ao lado do anão estão Marcelo e Goular de Andrade. Marcelo sente-se incomodado com a presença de Goular ali ao seu lado...Aflito com o desconforto Marcelo olha pela janela e vê um bando de punks saindo de dentro do cemitério da consolação. A frente do bando tem um cara vestindo jaqueta de couro surrada de cabelo black power (moicano de negão) e usando cuturno. Esse sujeito se aproxima do caminhão, seguindo e falando com Marcelo enquanto o caminhão anda o cara vai fazendo um longo discurso e Marcelo sem entender nada do que o cara fala, só entende a pergunta final "podemos nos juntar ao seu grupo? HUNF!" diz: Fique a vontade é só seguir a gente.

-Beleza meu irmão. Aí galera vamu embora anarquizar essa porra!!!!!

Dizendo essas palavras o lider dos punks num gesto reune sua turma...

Mestre, quem é esse maluco?

Anão, o sujeito é um punk de nome Neurônio, se não me engano...

Mau terminara as palavras Marcelo tem sua conversa interrompida por um grande alvoroço parecendo briga. Goular de Andrade pisa no freio fazendo o caminhão que estava devagar quase parando parar de verdade e quando os três saem do caminhão se deparam com uma pancadaria generalizada.

Marcelo pergunta ao gordo o que está acontecendo:

-O Carnage e a turma dos skinheads se estranharam com os punks e daí começou a treta, disse o gordo.

A confusão comia solta. Carnage, muito maior que Neurônio, enchia ele de porrada. Marcelo incrédulo diante do que estava vendo nem percebe a puta chewbacca se aproximando acompanhada do japonês do banheiro:

-Ah! Então vc é o pilantra que fica falando mau do Orion lá nessa merda de gpguia né seu safado?

- Não! não sou eu não minha cara.Eu nem sequer acesso o tópico do Orion. Eu só acesso Bomboa, Bahamas, Photo...

- Vagabundo, desocupado e mentiroso. Japonês chama o Tuiuiu e vamos dar um jeito nesse cara...



Então ele e o anão ficaram só, eles precisavam ir pro aeroporto, mas Marcelo sabia que precisava de uma roupa mais apropriada para vestir, pois ele sabia que não conseguiria embarcar naqueles trajes e outra, o dinheiro que tinha não dava pra comprar as passagens.

Ele matutou um pouco e mandou o anão arrumar um cartão telefonico, o pequeno polegar foi rapido e tomou o cartão de uma jovem estudante que falava em um telefone publico, perto de onde eles estavam.

Com o cartão em mãos, Marcelo ligou para sua secretaria e falou que mandaria um anão buscar sua carteira no escritorio, ele deu a descrição fisica do anão, falou que estava tudo bem com ele e desligou o telefone, virou-se pro anão e falou.

'' - Anão, toma o endereço do meu escritorio, vai buscar minha carteira, nos encontramos em congonhas daqui a 03 horas''

'' - Tudo bem mestre, mas não tenho dinheiro para a condução'' disse o anão.

Marcelo sacou um punhado de dinheiro que tinha no bolso, afinal das contas ele havia tomado o Goulart, e deu 10 conto pro ele. O anão subiu em um onibus e desapareceu.

Marcelo, agora sozinho, começou a pensar em tudo que estava acontecendo com ele naquele dia, em tudo que já havia perdido por estar com as putas, a 1º mulher, aquele tanto de doença veneria que já havia pego, todo o dinheiro gasto...., ele deu uma respirada e entrou na primeira loja de roupa que vi, comprou uma calça jeans e uma camiseta, afinal das contas ele precisava trocar de roupa pois parecia um mendigo.

Já trajado, ele pagou a conta e deu um grito na saida da loja.

'' - Esta é a minha missão, vou fazer o que me foi solicitado pelo presidente.

Marcelo pegou um taxi e falou pro taxista:

'' - Bora pro Bahamas, quero meter antes de ir pra Brasilia!!!!!!!!!!!

Àquela altura, a empolgação de Marcelo já se havia arrefecido e o odor de perfume barato da multidão de putas começou a baralhar-lhe os pensamentos. Isso somado à confusão generalizada.
Marcelo estava a pensar, um pouco tonto, no alvará que já vencera há horas, e na dificuldade que teria de enfrentar para conduzir aquele povo todo até Brasília...
Nessa hora, alguma das putas havia tomado do microfone e já se ouviam palavras de ordem e protestos.
Por um momento ocorreu-lhe o pensamento pavoroso de que as primas estivessem cogitando de tomar o poder pela força.
Veio-lhe à mente um futuro negro, no qual a nação seria bopizada e haveriam escândalos envolvendo dinheiro ocultado em calcinhas, inflação do mercado putanhístico, CPI dos lubrificantes, e toda a decepção que sucede à chegada de um novo grupo ao poder.
Olhou para o lado e o Gordo do Órion sorriu para ele, com uma mistura de escárnio e ironia, dizendo-lhe as seguintes palavras: “Puta é puta. Elas estão aqui pelo dinheiro. Nunca se esqueça disso”.
“Vou embora, então. Meu alvará já venceu faz tempo e eu não vou gastar do meu bolso para pagar esse bordel ambulante. Também não faz meu gênero essa violência toda – disse Marcelo, olhando para os punks, skinheads e para os sem-terra. "Além do mais, se for para ir a Brasília fazer alguma coisa, prefiro ir de avião" - concluiu, olhando apreensivo para a puta Chewbacca e o faxineiro japonês.
“Vá, mas leve o anão” – respondeu o Gordo – “ele está me enchendo o saco”.
Marcelo afastou-se um pouco, enquanto o anão passava a direção para outra pessoa e também saltava para a calçada.
A puta Chewbacca e o japonês fizeram menção de continuar de onde haviam parado, mas o olhar sinistro do anão os intimidou.
O Gordo continuou ignorando a confusão dos punks, enquanto aconselhava Marcelo: “Aqui nós nos separamos, mas sua missão não acabou. Nos encontraremos em Brasília. Você deverá ir de avião (já que pode), e lá arquitetará meios sutis de encher as camas dos políticos da tralha infecta mais abominável que puder recrutar na putaria candanga. Mulher feia é o que não falta em Brasília. Você encontrará o que procura no Boulevard Canalhocrata. Não desça sozinho aos subsolos do CONIC à noite; pois somente o anão poderá protegê-lo do travesti maneta que organiza a cafetinagem naquele antro.”

“Como assim Boulevar Caralhocrata? Em São Paulo eu me garanto, mas em Brasília?!? Que história é essa de CONIC?” – atrapalhou-se Marcelo, já desesperado.

“Consulte o GP Guia e tudo ficará claro para você. Incrível como tem gente que não aprende isso!” – continuou o Gordo – “Em Brasília, seu codinome será... hum... Jane Mary Corner.”

“Jane Mary é o caralho!”

O Gordo, risonho, entreolhou o anão (que continuava sério), passou um lenço fétido para enxugar o suor gorduroso da nuca de toucinho e prosseguiu: – “O travesti maneta do CONIC seqüestrou a verdadeira Jane Mary para que você possa ocupar o lugar dela. Encontre o maneta, pois ele está com a agenda da Cafetina do Congresso”.

O Gordo subiu na traseira do caminhão com surpreendente agilidade, enquanto Marcelo e o anão se afastaram para baixo de uma marquise, ao passo que as putas continuavam discursando e o pau comia solto entre punks e skinheads.

O Gordo ainda se equilibrou de pé e gritou umas últimas palavras de sabedoria: “Use a agenda de Jane Mary. Agencie mocréias para fazer programas com os políticos!”

“Como?” – Gritou Marcelo.

“O segredo está no Fotoshop!”, disse o Gordo, enquanto sua voz era abafada pelas palavras de ordem das putas e dos sem-terra e o caminhão sumia, abrindo caminho pelo meio da confusão, e seguindo lentamente para a Capital Federal.


A chapinha que lhe entregam na recepção tem o número 666 marcado. Marcelo se atenta a esse fato mas procura esquecer dos maus presságios. Dentro do Bahamas ele se sente como um soldado que volta para casa depois da guerra. Como se lá estivesse pela primeira vez ele pára e contempla o ambiente da luxuosa casa durante alguns poucos minutos. O Bahamas está relativamente vazio. Depois das últimas investidas da policia os clientes parecem assustados a alguns evitam a boate. Perambulando pelo salão Marcelo observa algumas garotas realmente bonitas e outras nem tanto sendo que, algumas, poderiam perfeitamente juntar-se ao seu exército de mocréias, inclusive, com possibilidades de fazer parte do batalhão de frente. Ao fundo, uma bela mulata mostrava os peitos para os internautas conectados ao site do Bahamas, pela webcam. Convicto de que está em casa e desperto de um pesadelo Marcelo se acomoda, chama o garçon e pede uma garrafa de Black. Sendo um habitué da casa ele é prontamente atendido. Marcelo, então, começa a saborear seu wisky tentando se esquecer da famigerada missão. Seus olhos vasculham a procura de sua vítima. Marcelo começa a pensar na possibilidade de abandonar essa missão maluca e curtir a putaria para depois voltar ao seu lar e ao seio de sua familia e foda-se essa missão idiota.

Há três das preferidas de Marcelo, loiras altas, na mira. Observando melhor ele percebe que uma delas tem seios pequenos, portanto, está descartada. Sobraram duas. As escolhidas estão de pé e em cantos opostos separadas pelo pequeno palco do Bahamas. Uma delas conversa com um cliente e a outra com uma "amiga". Marcelo, então, começa a observar os detalhes...

-Doutor Marcelo, telefone para o senhor na recepção, chama o garçon interrompendo a escolha.

Marcelo se assusta e pressente que o pior está por vir. Levanta-se e "corre" para ir atender ao telefonema. Afoito e na ansiedade de atender logo, no caminho ele tromba com uma garota...

-Me desculpe..

Marcelo olha para o lado e diante do que vê solta um grito de pavor.


- Ahhhhhhhhhhhhh! Fique longe de mim sua puta horrorosa, me deixe em paz.

O Bahamas pára. Todos olham para Marcelo. O silêncio é sepulcral.

Numa fração de segundos não era mais Severina que ele enxergava e sim um belo rosto de péle branca e cabelos pretos.

-Por favor me desculpe, me desculpe, diz Marcelo embaraçado.

Todos voltam de onde pararam.

- Doutor Marcelo, o telefone!

- Alô!

- Marcelo que bela família que o senhor tem, uma esposa jovem, uma filha muito bonita e um garoto muito esperto, puxou o pai, diz uma voz rouca indecifrável para se saber se é homem ou mulher.

- Quem está falandô? Quem é você?

- Marcelo, você deveria estar dentro de um avião viajando em direção a Brasília, afinal, Jane Mary Corner não aceita atrasos e, lembre-se, você tem uma missão muito importante para cumprir.

- Sim, sim..mas pelo maor de Deus, quem é vc? O que minha família tem a ver com isso? pergunta Marcelo com aflição.

- Doutor Marcelo, já disse, vc tem uma bela esposa e filhos muito saudáveis e eu gosto disso, principalmente quando estou com fome. E agora estou com fome. Preciso ir para fazer minhas refeições. Adeus doutor...

- Seu desgraçado, espere!

TU TU TU TU

O taxi atravessa a Avenida dos Bandeirantes em alta velocidade não respeitando semáfaros. Quem dirige é Marcelo. Ele está com a arma e a carteira do taxista que viaja rendido e amordaçado dentro do porta malas. Marcelo virara um expert em render e furtar pessoas. Nesse tipo de escola se aprende rápido. Tudo é uma questão de sobrevivência sua ou de seus entes queridos. O herói sem caráter agora tinha uma missão real.

De arma em punho ele abre a porta. Entra na casa. Acende a luz. Nada. Ninguém na sala, ninguém na cozinha. Ninguém...Ele chama. Silêncio. Marcelo sobe as escadas. Tensão extrema. De arma em punho ele abre a porta do quarto de sua filha. Um grito de horror rompe o silêncio. Ele observa a frase lacônica na parede: FORA LULA! escrita a sangue. Marelo sente vertigem. Ele baixa a guarda. A arma pende de suas mãos na eminência de cair ao chão. Na parede oposta está escrito, também a sangue: FOTOSHOP.

Marcelo tenta resistir a tontura. No chão ele observa uma revista Veja e um exemplar do Estadão com páginas arrancadas. Marcelo se abaixa para pegar o jornal quando olha em direção a casinha de bonecas. A casa de bonecas olha para ele. Ele olha para casa de bonecas. CU-CO é meia noite CU-CO. Desespero. CU-CO. Os olhos estáticos brilham ao encarar Marcelo. A casinha de bonecas tem olhos. Marcelo se aproxima. Aflição. Terror. Com as mão trêmulas Marcelo abre a casa de bonecas. Uma cabeça. Dois olhos e um focinho. Rex está morto...

Rex está morto, seu Bull dog de estimação, seu amigo e seu ouvinte nos porres intermináveis quando não dava pra agüentar a patroa...
Aliás, cadé Lucas o filho de 4 anos... Laura sua bela esposa, e Diana a sua filha quase formada em Direito, futura seguidora do seu famoso escritório... bateu uma desesperação única.... lembrou do Clinton... precisava de ajuda... precisava se situar.... Ligou para Bebeloira que ainda não havia purpurinado... BB.... você precisa bater uma siririca invocando o nome do Clinton, e levar uma black label pro túmulo dele... ele precisa aparecer pra mim... preciso orientação.... alguma coisa grande demais esta para acontecer e não sei como vou ressolver sem a guia dele.... chamem o PFSPBR acho que ele tem conhecimentos em psicologia de massas... em uma época ele reciclava executivos em murltinacionais... achem ele.... é provável que precisemos de toda ajuda possível...

Os celulares da esposa e da filha só davam caixa postal. Marcelo toma um banho rápido, arruma as malas, pega a arma do taxista, desce as escadas e abre a porta dando de cara com o anão, todo arrebentado.

- Mestre, eu estava preocupado.

- Porra! que susto que vc me deu seu anão filha da puta.

-Me desculpe mestre faz meia hora que estou aqui em frente sem conseguir alcançar a campainha. Chamei, chamei e nada...

- Onde vc estava, seu anão viado?

- Na confusão dos punks e dos skinheads, enquanto o senhor estava entretido conversando com o gordo, um skinhead me pegou, mestre. Ele me levantou e jogou em cima de um punk. Daí eu fiquei subindo e descendo como se fosse essas bolas em campos de futebol. Olha como eu estou, diz o pobre anão mostrando os hematomas por todo o seu pequeno corpo.

-Os punks me jogavam em cima dos skeanheads e esses me arremessavam de volta como num jogo de ping-pong.

Essa imagem do anão desolado ali a sua frente, todo estourado fez com que Marcelo sentisse alguma pena da pobre e fiel criatura. Mas logo esse sentimento se arrefeceu e Marcelo esfriou sua alma e esquentou seu ódio. O dia de cão o havia embrutecido e instigado seus insitintos mais primitivos. Marcelo senti-se tão manipulado quanto o anão fora nas mãos das guangues em meio a confusão. Logo ele um advogado manipulador virara joguete nas mãos de figuras bizarras e tudo que era para ser uma mera diversão acabou virando um inferno. Onde está minha esposa e onde estão meus filhos??? Essa pergunta batia em sau mente.


- Vamos anão, não temos tempo a perder.

- Demorou mestre. Precisamos ir para Brasilia urgente.

-Sim! mas antes precisamos passar num lugar primeiro. Preciso falar com algumas pessoas. Preciso da ajuda do Clinton novamente e de um amigo meu...

O taxista aguardava "gentilmente" e "pacientemente" dentro do porta-malas.

Esse taxista merece gorjeta, pensou Marcelo...

Voltou a sua realidade e pensou.... será que a BB já esta a caminho do túmulo do Clinton? será que comprou a Black Label? ligo pro cel dela e só atende aquela secretária dela que nunca sabe nada.... Ligo pro consultório do PFSPBR e ninguem atende, o cel dele fora de area.... se a BB não aparecer.... será que Elektra ou Gabrielle poderão ajudar na nobre causa? Vou ter que parar no Santa Luzia no caminho e comprar uma Black Label.... vai que falta... se sobra... bebo.... não tá dando pra segurar a pressão.... KCT!!!!!!!! ESTAVA ESQUECENDO DO CAJÚ SALGADO E DA PAÇOCA PRO CLINTON.... E os telefones e celulares não atendem.. .Deus.... cadê todo mundo !!!!!!!!!!!!!!!

-----

- aaaaaaaaaeeeeeeeeehhhhhh!!!!!!

Marcelo dá um pulo, assustado com o grito. Era o anão, incorporando alguma entidade, ali no meio da rua...

O anãozinho, alucinado, erguendo o braço direito e balançando o quadril pra frente e pra trás freneticamente, deu a Marcelo a impressão de estar vendo um peão de boiadeiro... ou um anão de boiadeiro... mas logo se deu conta que o movimento tinha menos que ver com o esporte rural. Era, na verdade, um ser das profundezas, um Caboclo Putanheiro, tentando firmar no seu cavalo, baixando no pobre e bizarro anão.

- Aqui é o Cabocro Putanhêro, fio... Vóismicê sabe que as coisa tá difíci até pra nóis. Lá dondi eu vim, tá muito ruim di arrumá uma GP que presta... às veiz eu vô assombrá lá na Augusta, o intão vô lá na Indianópolis... mais é foda, fio... tem cada tribufu nessas quebrada que achu mió vortá logo pras profundeza ondi eu móro, e bate uma punheta mesmo...

- O que o senhor quer, seu Caboclo?

- Agora vim pur dois motivo. Um é que vô usá essi cavalinho aqui pra discarregá, purque ninguém é di ferro, né fio?

Nisso Marcelo nota que os movimentos frenéticos vão se diminuindo, e a pequena calça do anão se molha. "O anão gozou" - pensou Marcelo. "Será que os espermatozóides dele também são pequenininhos?". Mas, interrompendo seus profundos pensamentos, Caboclo Putanheiro continua:

- otro mutivo é que vóismicê está amardiçoado inté cumprí sua missão. Vim pra ti dá força, fio, i dizê que num importa o que acontece cum ocê, nóis vamo tá lá...

- Pra me ajudar, Caboclo?

- Pra rí da sua cara, fio... cê já viu Putanheiro que num dá risada???

- Porra, então to fudido, Caboclo?

- Não, fio. Vai buscá tua famía... ocê vai achá eles logo... depois, vai lá nu Cemitério fazê a oferenda pro Crinton. E aí fiote, segue pa Brasía pa cumpri sua missão!

É chegada a hora do Caboclo Putanheiro. Despedindo-se com seu gesto habitual - batendo com o pinto três vezes no chão - ele regressa a seu mundo espiritual. O anão, acordando mas ainda semi-consciente, não entende porque está ali, ajoelhado, com as calças molhadas, e com o pinto sujo de piche e asfalto.

- Mestre, não lembro o que houve. Mas acho que precisamos sair daqui...

- Sim, vamos procurar minha família, pequeno ser!

- Mestre, tenho fome!

Marcelo, como homem bondoso que sempre foi, não se deixa levar pela pressa em procurar sua mulher e filhos e resolve buscar algo dentro de casa para o anão. Parecia um pequeno animal faminto, esfarrapado, sujo... coitado!

- Toma, anão. Não tem nada em casa. Nem pra deixar alguma coisa pronta minha mulher serve. Peguei este saco de salgadinhos e este pacote de biscoitos para você!

- Mas esses salgadinhos são... Bonzo??? É ração de cachorro? E esses biscoitos... Biscrok??? Biscoito pra cachorro?

- Você não está com fome, animal? Come essa merda e vamos embora. Acho que já sei por onde começar a procurar...

Jogando o motorista amordaçado pra fora do portamalas, Marcelo entra no taxi e sai em alta velocidade. Na esquina ainda encontra o caminhão da coleta de lixo da Leão Leão, aquela do Palocci, e avisa o motorista:

- Deixei um saco ali no meio da rua pra vocês levarem! Foi o Palocci que mandou. É pra moer e incinerar! - estava falando do motorista. Que fim trágico teria aquela pobre criatura.

No caminho, Marcelo fala para o anão: "em um dos quartos estava pintado com esmalte vermelho 'Photoshop', 'BOP' e 'PPP', o que isso quer dizer pra você, carrapato ambulante?"

- Não sei, mestre. Mas nós, os putanheiros, detestamos Photoshop, BOPs e PPP, não é?

- Isso mesmo, pequeno verme! Isso representa o que temos de mais odioso no mundo. Só falta uma coisa pra completar o conjunto - puta velha e feia... e isso, só mesmo na Indianópolis. É pra lá que vamos!

Rapidamente Marcelo chega à Indi. Não esperava, entretanto, que fosse dar tanta sorte. De longe, avista Laura, com suas longas madeixas douradas, balançando no vento que deixam os caminhões e carros dos infelizes que por ali transitam. Mas quando chega mais perto...

- aaaaaiiii!!!!! Caralho!!!!! Minha mulher está conversando com esse, esse, esse... monstro do lago Ness??? Minha mulher está conversando com ela - Vanessa Vanelli???

- Oi, amor, que bom que vc apareceu! Estava tão preocupada! Sorte minha ter aparecido esta amiga sua lá em casa, me tranquilizou dizendo que você estava viajando a trabalho e me convidou pra vir aqui tomar um cafézinho com ela... Muito simpática!!!

Marcelo não podia crer. Sua mulher tornara-se amiga de Vanessa Vanelli.

- Onde estão Lucas e Diana?

- Ah, tranquilo amor. A Diana saíu com um amigo que parou aqui agora há pouco. Deve ser algum amigo antigo dela, porque parou o carro e abriu a janela, e nossa filha já entrou correndo no carro dele! E o Lucas me falou que ia visitar uns amiguinhos do colégio, lá embaixo do Minhocão na Amaral Gurgel, você conhece?

Devia ser um sonho. Marcelo agora entendia as palavras do Caboclo Putanheiro quanto a estar amaldiçoado. Sua mulher, amiga de Vanessa Vanelli. Sua filha, uma GP da Indi. E seu filho, amigo de travecos da Boca do Lixo.

"Fodeu!"- pensou.

Entrando novamente no taxi, Marcelo assume a direção e fala pro pintor de rodapé:
-Pula prá trás anão filha da puta, que tua calça tá cheia de porra e não quero você muito perto!
Marcelo acelera e sai cantando pneu. A menos de 1 km dali, encontra uma loja de conveniência e manda o anão descer e comprar os ingredientes para a oferenda, porém o anão volta correndo e gritando:
-Mestre!Mestre! Não consegui comprar as coisas pois não alcanço o balcão de bebidas importadas e quando fui pedir ajuda, um poodle correu atrás de mim, querendo tomar minha caixa de biscrok.
-Dá aqui essa porra de cartão que eu vou lá. Você senta aí e come logo esses biscoitos antes que, além de tudo, eu tenha que sair chutando cachorro.
Marcelo entra na loja e encontra o Black Label, o cajú e a paçoca(quadrada- pensou- se for rolha o Clinton pode se ofender), quando vai passar o cartão prá pagar, aparece uma mensagem no visor:
caju de latinha!
Marcelo então volta e troca o pacote de cajú por uma latinha.
Novamente no carro, ele toca pro cemitério da quarta parada, lá chegando sai em busca do túmulo nº 666. Quando se aproxima do túmulo, avista um vulto e ouve um som de mijo –era BB. Gritou:
-Mas o que você ta fazendo BB? Mijando no Clinton?
-Força do hábito- responde ela. Eu fiquei aqui tentando me excitar mas não teve jeito, quando vi já estava xingando e mijando no túmulo.
-Pára com isso mulher! Vê se ajuda aqui, não esquece o favor que você me deve. Toma, derrama um pouco disso e espalha essas paçocas e cajus. Legal, agora se concentra e manda ver na siririca...
-Não dá, não consigo.
Nessa hora aparece o anão.
-Puxa como é que você sabia que tenho fantasia com anões? –disse BB.
-Tá bom, ta bom. Mindinho vai lá e ajuda ela. E você BB trate de pensar no Clinton, enquanto isso vou ali tirar água do joelho, mesmo porque não to afim de ver show trash hoje.

E lá foi Marcelo esvaziar o joelho..., nossa heroína BB tentando se concentrar olhando para o anão..., mas como o Clinton sempre falou... existe um vácuo entre as orelhas dela... ficando assim complicado o poder de concentração... o anão alisava a sua rola... que não era pequena... anão é famoso por isso... ela olhava pro aparelho do mindinho e ficava com vontade..., mas a missão era uma siririca..., e ela não conseguindo..., o anão já cansado de alisar a rola, acaba pedindo pra BB deitar no túmulo e mamar a rola dele sem deixar de bater a siririca já que isto era fundamental... Marcelo voltando da arvore que tinha escolhido para regar, topa com a cena e fica de pau duro..., ele pensa -caralho! isto é pior que filme pornô trash!- mas não entendo, fiquei de pau duro olhando pra BB chupando o anão.... isto não está certo... nisto o Clinton já cansado de tanta merda no túmulo dele... decide por uma mão pra fora... e...

... e num gesto rápido... ele segura a perna direita da BB jogando ela pro chão..., com o susto ela fecha a boca fortemente segurando assim o anão pela rola... cena hilária (mas com dor por parte do nosso amigo anão) ver a BB voando pro chão segurando o anão pela pica e ele gritando de dor...

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