Quando nasci, entre berros, recebi minha primeira dose de melancia. A fruta iria me acompanhar pelo resto de minha vida.
Não adiantou meu pai espremer e chupar com todas as forças os peitos de minha mãe que o colostro não vinha, ela era seca de leite. Não havia outra alternativa para me acalmar senão me dar uma garrafada de suco de melancia. Até onde a vista alcançava, os campos de nosso sítio eram forrados com todos os tipos de Citrullus lanatus.
Cresci ajudando meus pais na lavoura, mas também correndo e brincando livre na deliciosa solidão de filho único. Com seis anos tive minha primeira e única visão. Eu descia a colina pelo lado oeste do sítio, pulando os frutos da terra, quando me deparo com um homem embaixo do velho carvalho. Vestido todo de preto com terno missal e chapéu duro de magistrado ele fez sinal para que me aproximasse. Nunca consegui ver seu rosto escondido sobre a sombra do chapéu e do carvalho. Na curta distância que nos separava ele falou: “Não tenhas medo Joaquim, sou teu avô Onório e aqui debaixo desse carvalho guardo minha canastra de ouro. E quando fores homem e macho testado a deixo pra você”. Ouço duas crianças loirinhas se engalfinhando do lado das melancias e gritando: “eu dou soco, eu dou soco, eu dou soco....”
Meu avô disse para não me preocupar com elas e pondo a mão em uma enorme melancia fez surgir da terra uma canastra forrada de jóias e do mais reluzente metal.
Quando acordei estava cercado de velas, e vendo todas aquelas medalhas penduradas em meu peito pensei que tivesse morrido. Tias, primos, uma multidão de parentes me cercava. Relatei e só omiti o local do acontecido. E como meu pai me encontrou desmaiado perto da roda d’água, correram todos para lá com pás, picaretas, colheres de pau e até minha cadela baleia começou a cavar. Desmontaram até o alambique de cachaça onde o velho produzia a aguardente de melancia. Não ficou uma pedra no lugar. Um tio meu que fazia 10 anos ninguém tinha notícias apareceu àquela semana para ajudar.
O desalento maior era o de minha tia, ela tinha certeza que os meninos briguentos eram seus gêmeos que haviam morrido sem serem batizados. “Pagãozinhos, ficam no purgatório!”, eu ouvi alguém dizer. Nunca se recuperou. Nem meu pai. Reconstruiu como pôde o alambique e se tornou o principal consumidor da aguardente que produzia.
Naquele mesmo ano tive minha primeira ereção. Foi vendo minha mãe, que agora fazia muito do trabalho pesado, suada e alegre, se abaixando para erguer uma melancia até a carroça. Vi um suco rubro escorrendo de suas pernas e o hominho cresceu na hora.
Com 10 anos eu estragava parte da produção com os furos que eu fazia. De preferência no horário mais quente do dia, mas também em qualquer outra hora. E se pensam que a essa altura de minha vida eu já estava farto de melancia estão enganados, nunca enjoei.
Com 15 anos recebi parte da herança deixada por meu pai e fui gasta-la na zona. A filha-da-puta da dona não me queria lá dizendo que tinha ouvido estórias de que eu tinha um encosto, um espírito. Botei o pau pra fora e falei que só saía de lá homem feito. Do meio das quengas, empurrando e se fazendo passar, uma alma caridosa e voluptuosa me pegou pelo membro rijo e me levou para o quarto. Gentilmente ela tirou minha roupa e só soltou minha trolha para se despir. Dois lindos melões se revelaram, mas eu enlouqueci mesmo quando ela ficou de quatro em cima da cama e me chamou com o dedo. A bunda era como duas enormes melancias, grandes, redondas, firmes e de repente... suculenta. Fiquei tomado, possesso, um frenesi de estocadas. Grudei firme nas melancias e devo ter ido fundo lá dentro, pois começou a descer um líquido vermelho que respingou a cama toda e que, em uma série de espasmos, teve o poder de me fazer finalmente homem.
Logo fui para a cidade grande onde montei um negócio que, com muito trabalho, prosperou rapidamente. Em poucos anos casei com a filha de um deputado, entrei para a política e hoje sou senador. Estou mais rico do que podia imaginar e agora, no entardecer da vida, posso escrever essas memórias.
O velho carvalho continua a florescer na primavera em campos que não produzem mais melancias. Lá plantei o jazigo de meu pai e minha mãe, descansando eternamente sobre a canastra que um dia eu desenterrei.
Não adiantou meu pai espremer e chupar com todas as forças os peitos de minha mãe que o colostro não vinha, ela era seca de leite. Não havia outra alternativa para me acalmar senão me dar uma garrafada de suco de melancia. Até onde a vista alcançava, os campos de nosso sítio eram forrados com todos os tipos de Citrullus lanatus.
Cresci ajudando meus pais na lavoura, mas também correndo e brincando livre na deliciosa solidão de filho único. Com seis anos tive minha primeira e única visão. Eu descia a colina pelo lado oeste do sítio, pulando os frutos da terra, quando me deparo com um homem embaixo do velho carvalho. Vestido todo de preto com terno missal e chapéu duro de magistrado ele fez sinal para que me aproximasse. Nunca consegui ver seu rosto escondido sobre a sombra do chapéu e do carvalho. Na curta distância que nos separava ele falou: “Não tenhas medo Joaquim, sou teu avô Onório e aqui debaixo desse carvalho guardo minha canastra de ouro. E quando fores homem e macho testado a deixo pra você”. Ouço duas crianças loirinhas se engalfinhando do lado das melancias e gritando: “eu dou soco, eu dou soco, eu dou soco....”
Meu avô disse para não me preocupar com elas e pondo a mão em uma enorme melancia fez surgir da terra uma canastra forrada de jóias e do mais reluzente metal.
Quando acordei estava cercado de velas, e vendo todas aquelas medalhas penduradas em meu peito pensei que tivesse morrido. Tias, primos, uma multidão de parentes me cercava. Relatei e só omiti o local do acontecido. E como meu pai me encontrou desmaiado perto da roda d’água, correram todos para lá com pás, picaretas, colheres de pau e até minha cadela baleia começou a cavar. Desmontaram até o alambique de cachaça onde o velho produzia a aguardente de melancia. Não ficou uma pedra no lugar. Um tio meu que fazia 10 anos ninguém tinha notícias apareceu àquela semana para ajudar.
O desalento maior era o de minha tia, ela tinha certeza que os meninos briguentos eram seus gêmeos que haviam morrido sem serem batizados. “Pagãozinhos, ficam no purgatório!”, eu ouvi alguém dizer. Nunca se recuperou. Nem meu pai. Reconstruiu como pôde o alambique e se tornou o principal consumidor da aguardente que produzia.
Naquele mesmo ano tive minha primeira ereção. Foi vendo minha mãe, que agora fazia muito do trabalho pesado, suada e alegre, se abaixando para erguer uma melancia até a carroça. Vi um suco rubro escorrendo de suas pernas e o hominho cresceu na hora.
Com 10 anos eu estragava parte da produção com os furos que eu fazia. De preferência no horário mais quente do dia, mas também em qualquer outra hora. E se pensam que a essa altura de minha vida eu já estava farto de melancia estão enganados, nunca enjoei.
Com 15 anos recebi parte da herança deixada por meu pai e fui gasta-la na zona. A filha-da-puta da dona não me queria lá dizendo que tinha ouvido estórias de que eu tinha um encosto, um espírito. Botei o pau pra fora e falei que só saía de lá homem feito. Do meio das quengas, empurrando e se fazendo passar, uma alma caridosa e voluptuosa me pegou pelo membro rijo e me levou para o quarto. Gentilmente ela tirou minha roupa e só soltou minha trolha para se despir. Dois lindos melões se revelaram, mas eu enlouqueci mesmo quando ela ficou de quatro em cima da cama e me chamou com o dedo. A bunda era como duas enormes melancias, grandes, redondas, firmes e de repente... suculenta. Fiquei tomado, possesso, um frenesi de estocadas. Grudei firme nas melancias e devo ter ido fundo lá dentro, pois começou a descer um líquido vermelho que respingou a cama toda e que, em uma série de espasmos, teve o poder de me fazer finalmente homem.
Logo fui para a cidade grande onde montei um negócio que, com muito trabalho, prosperou rapidamente. Em poucos anos casei com a filha de um deputado, entrei para a política e hoje sou senador. Estou mais rico do que podia imaginar e agora, no entardecer da vida, posso escrever essas memórias.
O velho carvalho continua a florescer na primavera em campos que não produzem mais melancias. Lá plantei o jazigo de meu pai e minha mãe, descansando eternamente sobre a canastra que um dia eu desenterrei.