Prostitutas, GPs e Escorts…
Tenho uma boa noção das razões que levam diferentes homens a procurar companhia profissional, e daquelas que os levam a procurar diferentes tipos de acompanhantes. Se esta parece ser uma falsa questão, não é. A resposta encontra diferenças abismais, que mais do que por razões sociais - que determinam muitas vezes o tipo de companhias que as classes preferem, e as formas como/onde as escolhem - diferem por razões etárias.
Sempre fiz uma abordagem contida quando se tratou de me referir às colegas profissionais em Portugal. Tenciono mantê-la por uma questão de cortesia profissional, mas até um limite relacionado com a necessidade de me referir honestamente ao sector naquilo que é a realidade actual. Julgo que existe entre os portugueses e portuguesas uma confusão generalizada sobre a aplicação de um termo que defina realmente a tipologia das diferentes acompanhantes. Julga-se, mal, que o termo escort é apenas um anglicismo para cujo a tradução pode ser prostituta ou garota de programa. Em certos meandros, de profissionais e clientes, existe uma ideia simplista que reduz tudo ao mesmo… Uma queca é sempre uma queca, não importam termos, basta abrir pernas e apresentar a conta, certo?
Errado. São prostitutas todas as profissionais de sexo que se obrigam a prestar serviços sexuais contra o seu desejo, muito embora não contra sua vontade. Aquelas que queriam ser qualquer outra coisa, mas que por alguma razão escolherem continuar na profissão sem gosto nem vocação, mas com igual profissionalismo independentemente do tipo de acompanhamento que prestem. Quanto às garotas de programa, o termo brasileiro define muito um tipo de profissional brasileira, que acabou por impregnar Portugal como julgo que irá continuar pelos próximos cinco a sete anos. Tida em conta a realidade de um país com uma economia estafada as mulheres focam-se naquilo que lhes falta, o dinheiro. Isso determina completamente a forma como se enquadram e enquadram o cliente dentro do programa marcado; fazem o que é esperado delas para no fim ganharem a justa paga, e não esperam ver o cliente outra vez. Se virem, tanto melhor… Em ambos os casos não há eleição de perfis de cliente para as profissionais. É o dinheiro que determina a actividade, não um segmento mais ou menos concreto.
O termo escort, no inglês, é apenas aplicado a uma tipologia de profissionais que veneram a profissão e se enquadram, a si próprias e ao cliente, como um dado adquirido que pode e deve - idealmente - prolongar-se no tempo. A justa tradução invocaria, no português, o termo cortesã. Se é verdade que as prostitutas e garotas de programa são «business oriented», as escorts são «customer oriented». Desculpem-me ter importado dois termos de gestão, mas é verdade que fazem melhor justiça à realidade e resumem aqui o parágrafo. Além disso segmentam o mercado através de dois grandes factores, valor por hora de companhia e análise de cada contacto prévio tido por telefone ou email.
A linguagem da indústria do sexo é, pela europa fora, dominada pelos anglicismos. Um pouco à imagem de outras áreas, como a engenharia em que o nosso actual primeiro ministro se comportou tão bem, mesmo por fax… Escort não é o único termo aplicável às profissionais de sexo, note-se. Punter (que define também um tipo de clientes), schifter, call girl, prostitute ou o simpático working girl povoam o universo de palavras que definem profissionais, e assim as prestações que devem ser esperadas por quem as procura. A forma como algumas - muito poucas - escorts decidiram filtrar clientes (chegando a ponto de criarem uma conhecida network privada de contacto online), promover-se - designadamente investindo em conteúdos dignos, algumas vezes, de capas de revista ou até patrocinando directórios (e.g.) - e o alcance global dessa promoção e dos seus serviços, levou ao aparecimento do termo recente upscale escort ou nalguns casos menos frequentes «premier escort».
Abri este longo artigo de hoje no firme propósito de abordar as razões que levam diferentes homens a procurar diferentes acompanhantes. Não é uma teoria, é apenas mais uma verdade de entre as muitas que este sector tem, mas tardam em ser tidas em consideração.
Uma parte esmagadora dos homens encara as profissionais como prostitutas, só por isso julga ser indiferente a nomenclatura mais apropriada conforme as tipologias. Esse olhar forma a expectativa de serviço e fundamenta o critério de selecção das profissionais, contam a curva e o preço… Por outro lado, em Portugal, não existem muitos tipos de profissionais, existem muitos tipos de mulheres que estão na profissão. Domina a ideia de que um cliente para uma hora é mais um. Uma vez feito urge encontrar o próximo porque se tiver gostado imenso poderá aparecer até mais três vezes e desaparecerá. A profissional forma o seu serviço em torno disto, e portanto sofre o que tem a sofrer, com um sorriso amarelo nos lábios, até chegar o próximo freguês, e o próximo, e o próximo… Temos, senhores e senhoras, a indústria que merecemos, à portuguesa.
Contudo, existem os mais velhos. Homens cujas relações matrimoniais ultrapassaram - do ponto de vista sexual - a chama e data de validade. É natural, as relações nunca resistem ao casamento dado que a nobre instituição fica submetida a um conjunto de novas e naturais problemáticas que vão desde a discussão da conta por pagar ao sitio onde guardam as meias… Para trás ficam os tempos em que a mulher dava plena atenção ao homem e por isso a tinha, em que cada um dos dois era público atento do outro.
Sempre gostei de homens mais velhos e sempre o afirmei aqui ao longo do tempo. Quando procuram uma companhia profissional fazem-no com outra atenção, mas também com outra expectativa. Querem o tempo, mais do que simplesmente o sexo, e sabem que o segundo raramente faz sentido sem o primeiro. São ritualistas de muitas maneiras, gostam de dar atenção e sentir que a têm, não gostam de mentiras tontas nem de um «ora então vamos lá fazer a coisa»… Não se imaginarão «feitos», os mais jovens, por outro lado, estão-se nas tintas. Não se imaginarão a entrar numa casa para «desportistas» do escorting ou - tão pouco - com uma independente cuja casa se encontre num estado deplorável, e que espere deles apenas o fim para passar ao próximo cliente…
Ora para abreviar este artigo, bastante mais longo do que o meu habitual, vou resumir referindo que se existe uma primeira linha de divisão entre quem procura profissionais é a idade. Há depois a cultura e por fim o poder de compra. Contudo, se é verdade que os mais jovens encontrarão facilmente as acompanhantes ideais - qualquer uma que tenha boa abertura de pernas - os mais velhos estão relativamente mais complicados para encontrar companhia. Enquanto as profissionais não compreenderem o que a palavra escort significa muito mais do que mera prostituição, não haverá escorts em Portugal nem prestadoras à altura das expectativas daqueles, que por serem mais maduros a diferentes níveis, sabem também ser profundamente mais exigentes.
Fica a ideia, pensem nela se quiserem…