Uma análise do programa Bolsa Família

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Uma análise do programa Bolsa Família

#1 Mensagem por Carnage » 02 Fev 2011, 22:24

Começo com um texto de uma analista americana, postado no NY Times. Depois vou postar mais material que tenho.

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... renda.html
To Beat Back Poverty, Pay the Poor [Para derrotar a pobreza, pague aos pobres]

By TINA ROSENBERG

No Opinionator, do New York Times


A cidade do Rio de Janeiro é famosa pelo fato de que uma pessoa pode olhar de um barraco precário em um morro, desde uma favela miserável, e ver praticamente dentro da janela de condomínios de alto luxo. Partes do Brasil se parecem com o sul da Califórnia. Partes parecem com o Haiti. Muitos países mostram grande riqueza ao lado de grande pobreza. Mas até recentemente o Brasil era o país mais desigual do mundo.

Hoje, no entanto, o nível de desigualdade econômica no Brasil está se reduzindo num ritmo maior que o de qualquer outro país. Entre 2003 e 2009, a renda dos pobres brasileiros cresceu sete vezes mais que a renda dos brasileiros ricos. A pobreza foi reduzida neste período de 22% para 7% da população.

Contraste isso com os Estados Unidos, onde entre 1980 e 2005, mais de 4/5 do aumento da renda foi para o 1% no topo da escala (veja aqui — the book is on the table — uma grande série sobre desigualdade nos Estados Unidos feita por Timothy Noah, da [revista eletrônica] Slate). A produtividade entre os trabalhadores americanos de renda baixa e média aumentou, mas a renda não. Se a tendência atual for mantida, os Estados Unidos podem em breve se tornar tão desiguais quanto o Brasil.

Vários fatores contribuiram para o feito surpreendente do Brasil. Mas a maior parte é devida a um único programa social que agora está transformando a forma com que os países de todo o mundo ajudam os pobres.

O programa, chamado Bolsa Família no Brasil, recebe nomes diferentes em lugares diferentes. No México, onde primeiro começou em escala nacional e foi igualmente bem sucedido na redução da pobreza, é chamado Oportunidades.

O termo genérico para os programas é “transferência condicional de renda”. A ideia é fazer pagamentos regulares a famílias pobres, em dinheiro ou transferências eletrônicas, se elas cumprirem certas metas.

As exigencias variam, mas muitos países usam o que o México usa: famílias precisam manter as crianças na escola e fazer exames médicos regulares, a mãe precisa fazer cursos sobre temas como nutrição e prevenção de doenças. Os pagamentos quase sempre vão para as mulheres, já que elas mais provavelmente vão gastar o dinheiro com suas famílias. A ideia elegante por trás das transferências condicionais de renda é combater a pobreza hoje, mas quebrando o ciclo de pobreza amanhã.

A maior parte de nossas colunas até agora tem sido sobre ideias bem sucedidas, mas pequenas. Elas enfrentam uma dificuldade comum: como funcionar em maior escala. Esta é diferente. O Brasil está empregando uma versão de uma ideia que agora está em uso em 40 países do globo, uma ideia já bem sucedida em uma impressionantemente enorme escala. Este é provavelmente o mais importante programa de governo antipobreza que o mundo já viu. Vale a pena saber como funciona e porque foi capaz de ajudar tanta gente.

No México, Oportunidades hoje cobre 5,8 milhões de famílias, cerca de 30% da população. Uma família da Oportunidades com uma criança na escola primária e outra na escola secundária, que cumpre todas as exigencias, pode receber um total de 123 dólares por mês. Os estudantes também podem receber dinheiro para material escolar e as crianças que completam o ensino médio dentro do tempo recebem um pagamento de 330 dólares.

A Bolsa Família, que tem exigências similares, é ainda maior. Os programas de transferência condicional de renda do Brasil foram iniciados antes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele consolidou vários programas e os expandiu. Agora cobre cerca de 50 milhões de brasileiros, um quarto dos habitantes do país. Paga um valor mensal de 13 dólares para as famílias pobres por criança de 15 anos ou menos que estiver na escola, para até três crianças. As famílias podem ter um valor adicional de 19 dólares por criança de 16 ou 17 anos ainda na escola, para um máximo de duas crianças. Famílias que vivem na extrema pobreza recebem um beneficio básico de 40 dólares, sem condições.

Estas somas parecem dolorosamente pequenas? São. Mas uma família vivendo em extrema pobreza no Brasil dobra a sua renda quando recebe o benefício básico. Faz tempo está claro que o Bolsa Família reduziu a pobreza no Brasil. Mas apenas pesquisas recentes revelaram o papel do programa na redução da desigualdade econômica.

O Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento estão trabalhando com governos para espalhar os programas em todo o mundo, dando ajuda técnica e empréstimos. Os programas de transferência condicional de renda são encontrados agora em 14 países da América Latina e em outros 26 países, de acordo com o Banco Mundial. (Um dos programas é em Nova York, um programa piloto pequeno, financiado privadamente, chamado Opportunity NYC. Uma avaliação inicial mostrou sucesso relativo, mas ainda é cedo para tirar conclusões). Cada programa é desenhado para as condições locais. Alguns na América Latina enfatizam a nutrição. O da Tanzânia está experimentando com pagamentos condicionais que dependem do comportamento de toda a comunidade.

O programa combate a pobreza de duas formas. Uma, direta: dá dinheiro aos pobres. Funciona. E, não, o dinheiro não é roubado nem desviado para os mais ricos. O Brasil e o México são muito bem sucedidos em incluir apenas os pobres. Nos dois países houve redução de pobreza, especialmente pobreza extrema, e houve redução da taxa de desigualdade.

O outro objetivo da proposta — dar mais educação e saúde às crianças — é de longo prazo e mais difícil de medir. Mas tem sido medida — o Oportunidades é provavelmente o programa social mais estudado do planeta. O programa tem um grupo de avaliação e publica todos os seus dados. Houve centenas de estudos de acadêmicos independentes a respeito dele.

No México houve redução de desnutrição, anemia e nanismo, assim como de outras doenças da infância e de adultos. A mortalidade infantil e de mães caiu. O uso de contraceptivos na zona rural aumentou e a gravidez de adolescentes caiu. Mas os efeitos mais dramáticos foram vistos na educação. Crianças no Oportunidades repetiram menos de ano e ficaram mais tempo na escola. O trabalho infantil caiu. Em zonas rurais, a porcentagem de crianças entrando no ensino médio aumentou 42%. Matrículas em escolas médias da zona rural aumentaram imensos 85%. Os maiores efeitos em educação se dão em famílias onde as mães têm o menor nível de educação. Famílias indígenas do México foram particularmente beneficiadas, com as crianças ficando mais tempo na escola.

O Bolsa Família tem um impacto similar no Brasil. Um estudo recente descobriu aumentos na permanência na escola e no avanço escolar — particularmente no Nordeste, onde a presença na escola é a menor, e particularmente para as meninas mais velhas, que correm o maior risco de abandonar os estudos. A pesquisa também descobriu que o Bolsa aumentou o peso das crianças, os índices de vacinação e o uso do cuidado pré-natal.

Quando viajei pelo México em 2008 para fazer reportagem sobre o Oportunidades, encontrei família atrás de família com histórias distintas entre o antes e o depois. Pais cujo trabalho consistia em usar machetes para cortar grama tinham, graças ao Oportunidades, filhos formados na escola secundária e que agora estavam estudando contabilidade ou enfermagem. Algumas famílias tinham filhos mais velhos que haviam sido maltrunidos na infância, mas as crianças mais jovens agora eram saudáveis porque o Oportunidades tinha chegado em tempo de ajudá-las a se alimentar melhor.

Na cidade de Venustiano Carranza, no estado mexicano de Puebla, encontrei Hortensia Alvarez Montes, uma viúva de 54 anos de idade cuja renda vinha de lavar roupa. Tinha parado de estudar na sexta série, da mesma forma que três dos filhos dela. Mas quando o Oportunidades chegou, ela manteve as crianças mais novas na escola. Estavam ambos completando o ensino secundário quando os visitei. Um deles planejava fazer faculdade.

Fora do Brasil e do México, os programas de transferência condicional de renda são mais novos e menores. De qualquer forma, há amplas pesquisas demonstrando que também eles aumentam o consumo, reduzem a pobreza e aumentam a permanência na escola e o uso de serviços de saúde.

Se programas de transferência condicional de renda funcionarem adequadamente, muitas novas escolas e clínicas serão necessárias. Mas os governos nem sempre podem acompanhar a demanda e algumas vezes só podem fazer isso reduzindo drasticamente a qualidade. Se este é um problema para países de renda média como o Brasil e o México, imagine o desafio para Honduras ou Tanzânia.

Para os céticos, que acreditam que programas sociais nunca funcionam em países pobres e que a maior parte do que é gasto com eles é roubado, os programas de transferência condicional de renda são uma resposta convincente. Aqui estão programas que ajudam os que mais precisam de ajuda e que fazem isso com pouco desperdício, corrupção ou interferência política. Mesmo programas pequenos, que atendam uma única vila e sejam bem sucedidos, são motivo para celebrar. Fazer isso na escala que México e Brasil fizeram é impressionante.

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Mr.Caos
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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#2 Mensagem por Mr.Caos » 02 Fev 2011, 22:29

O que tem que acabar é com o 'Bolsa Oligarquia', que dá mais de 150 bilhões de reais por ano a banqueiros e financistas através dos tais 'juros da dívida pública'.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#3 Mensagem por Pro » 03 Fev 2011, 04:53

A grande realidade do Bolsa familia é que:
sim a ideia é muito boa,mas as contrapartidas e responsabilidades são muito pequenas.pois a exigencia basica do programa é mmanter os filhos na escola,levar/ir ao posto de vacinação e fazer o pré-natal.
basicamente não exige/oferece nenhum plano onde o beneficiario precise/busque a altosustentabilidade.
isso nostra a falta de planejamento do projeto,que vai contra o discurso de "ensinar a pescar e não dar o peixe".

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#4 Mensagem por Rover » 03 Fev 2011, 11:14

Prefiro polemizar

Primeiramente como se definiria a pobreza?

Para a autora do artigo, pobreza é baixa renda, um conceito pouco usado nos tempos atuais, pois pobreza é falta de acesso aos mínimos sociais, é falta de acesso à saúde, educação e renda – critérios do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, da ONU.
Atualmente o Brasil ocupa 73ª posição entre 169 países (IDH 2010), não está tão mal, mas também não dá para se acomodar, pois o último Relatório aponta educação de baixa qualidade como principal problema e enquanto o nosso país não resolver este problema, certamente não a pobreza continuará como uma chaga no Brasil.
Só para se ter idéia, em termos de IDH, ainda perdemos para o Chile, Peru, Argentina, Kwait, Uruguai, Líbia, Panamá, Irã, Trindade Tobago, Sérvia, Costa Rica, Peru, Cazaquistão e outros mais.
O que não entendem é que o Bolsa-Família se baseia numa meta de Famílias Pobres, cuja a fonte é a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), do IBGE.

Para o Brasil realmente melhorar, no quesito erradicação da pobreza, o número de famílias (PNAD/IBGE) pobres tem que diminuir e consequentemente o número de famílias pobres atendidas pelo Bolsa Família não pode crescer, porque senão gera um discrepância.

Crescimento do Bolsa Família não é bom sinal, é sinal que tem algo de muito errado!

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#5 Mensagem por PAULOSTORY » 03 Fev 2011, 23:28

EM RELAÇÃO AO QUE O ROVER JÁ DISSE, E CONORDANDO COM ELE:

1-SE O GOVERNO INVESTE ESSA VERBA (OU SE INVESTISSE APENAS OS VALORES REFERENTES AO AUMENTO DA MESMA), EM OBRAS DE BENEFÍCIO À SOCIEDADE, ELE ESTARÁ NATURALMENTE GERANDO EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS, INSERINDO MAIS PESSOAS NA SAUDÁVEL ATITUDE DE TRABALHAR PARA GAHNAR O SEU DINHEIRO.

2- REALMENTE, SE O GOVERNO INSISTE EM APRESENTAR ÍNDICES DE CRESCIMENTO ECONÔMICO "SENASACIONAIS", E ELE TEM A NECESSIDADE DE AUMENTAR O NÚMERO DE BENEFICIADOS PELO BOLSA fAMÍLIA, ELE ESTÁ ATESTANDO A FALTA DE INTERESSE DE QUE QUEM JÁ RECEBE O BENEFÍCIO, SE INSIRA NO MERCADO DE TRABALHO E POR CONSEGÜINTE DEIXE DE RECEBER O MESMO!!

3-ACHO QUE A MELHOR SOLUÇÃO PARA DESESTIMULAR ESSA ATITUDE,É QUE O BENEFÍCIO SEJA CONCEDIDO POR UM TEMPO LIMITADO, ASSIM COM OCORRE COM O SEGURO DESEMPREGO!!

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#6 Mensagem por Tricampeão » 04 Fev 2011, 21:00

Muito boas as análises.
Concordo com a visão geral de que promover o crescimento é melhor do que simplesmente prover assistência.
Mas o governo precisa fazer as duas coisas. Em primeiro lugar, porque o crescimento econômico demora a dar frutos; em segundo lugar, porque os frutos desse crescimento são desiguais. Sempre serão necessários programas de assistência. Na Europa, que já tenta se acertar socialmente há muito tempo, eles ainda existem. Como vamos abandoná-los aqui?
Um programa de assistência não precisa ter contrapartida. Por definição, o assistido não está em condições de sobreviver dignamente sem ajuda. Quando deixar de ser fudido, naturalmente retribuirá, indiretamente, a partir de sua participação na produção social.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#7 Mensagem por Mr.Caos » 04 Fev 2011, 21:37

Crescimento é o mito da economia. É elo mítico que tenta unir busca de lucro e acumulação de capital com bem estar social, como se uma coisa levasse a outra.

Os historiadores e arqueólogos do futuro vão enxergar nossa sociedade como aquela que dava poderes sobrenaturais a um fenômeno econômico, como algumas sociedade realcionavam irracionalmente o sol ou a lua a certos fenômenos ou passível de resolverem certas coisas.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#8 Mensagem por Carnage » 05 Fev 2011, 19:04

Sobre a educação no IDH, vale lembrar que o índice leva em conta o nível de instrução de adultos, portanto o desempenho ruim do Brasil neste quesito de composição do IDH é decorrete de falhas na educação existentes no passado. Ou seja, o índice incorpora a baixa instrução atual de adultos que não tiveram oportunidade estudar no passado, daí o fato deste item demorar a apresentar resultados frente a pequena melhora que apresentou a educação nos últimos anos. Melhora essa decorrente do fato de hoje o número de pessoas matriculadas em curso superior ter aumentado bastante bem como alguns índices de evasão escolar terem melhorado.


Mais um conjunto de textos sobre o BF:

http://www.pnud.org.br/educacao/reporta ... 41&lay=ecu
Bolsa Família amplia matrícula e aprovação
Programa de renda tem impacto positivo também na educação, mostra estudo; situação de pretos, pardos e índios melhora mais

MARCELO OSAKABE
da PrimaPagina


A implantação do Bolsa Escola e, posteriormente, do Bolsa Família, programas que condicionam a transferência de renda à permanência das crianças na escola, elevou o número de matrículas, reduziu o abandono e aumentou a aprovação em escolas públicas do ensino fundamental, aponta um estudo divulgado pelo CIP-CI (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), um órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro.

A pesquisa, resumida em um artigo intitulado Qual o impacto do programa Bolsa Família na educação?, indica que as políticas de transferência de renda combatem os dois principais tipos de barreira para o acesso à escola: os custos diretos (como uniforme, livros e mensalidades) e a perda da possibilidade de as crianças estarem trabalhando.

O trabalho analisou dados de 1998, quando ainda vigorava o Bolsa Escola, a 2005 sobre estudantes da primeira fase do ensino fundamental (1ª a 4ª séries, antigo primário) e da segunda (5ª a 8ª, antigo ginásio). Os autores, Ana Lúcia Kassouf, do departamento de Economia da Esalq (USP), e Paul Glewwe, da Universidade de Minnesota, concluem que, nas escolas públicas em que havia alunos beneficiados pelos programas, a taxa de matrícula subiu 5,5 pontos percentuais na faixa de 1ª a 4ª série e 6,5 na faixa de 5ª a 8ª. A taxa de abandono recuou 0,5 ponto percentual entre a 1ª e a 4ª série e 0,4 para o outros grupo. A taxa de aprovações cresceu, respectivamente, 0,9 e 0,3 ponto percentual.

O estudo também detectou um efeito redutor da desigualdade: “Os resultados mostram que o Bolsa Família é mais eficiente no aumento da matrícula de crianças pretas, pardas e indígenas do que para as brancas, e portanto parece estar equalizando a matrícula do ponto de vista racial”, afirma o artigo.

Após um ano de programa, o aumento das matrículas é de 2,8 pontos percentuais na média das escolas, mas chega a 13 pontos nos estabelecimentos em que todos os alunos são pretos. O impacto nas escolas onde todos os alunos são pardos ou indígenas é, respectivamente, 4 e 15 pontos. "Os aumentos são maiores porque as taxas de matrículas desses grupos são menores. Assim têm mais margem para melhorias", afirma a professora Ana Lúcia Kassouf.

Quando se levam em conta apenas os beneficiários dos programas de renda, os efeitos se mostram mais expressivos. Como apenas um terço das crianças recebe a bolsa, os pesquisadores acreditam que os números médios podem ser triplicados para mostrar o impacto real sobre a parcela que participa do programa. Assim, no grupo das famílias que recebem o benefício (a parcela mais pobre da população brasileira) haveria um crescimento de 18 pontos percentuais na taxa de matrículas e de 2 pontos na taxas de aprovação, e uma redução de 1,5 ponto na evasão escolar. Esses resultados são tomados com base nos efeitos cumulativos do programa, que atingem seu pico após três anos de benefícios.

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... a-familia/
A análise do Bolsa Família

Por Guilherme Silva Araújo


Caro Nassif,

Tenho lido muitos artigos e metodologias sobre os efeitos do programa bolsa-família. Vejo alguns problemas na metodologia utilizada por Kassouf:

1. Ao utilizar os dados do censo de 1998 a 2006, a pesquisa põe dois programas diferentes no mesmo balaio. Apesar de semelhantes, o programa bolsa-família têm condicionalidades diferentes do programa bolsa-escola. Além disso, não ficou claro se, no estudo, Kassouf eliminou os beneficiários do PETI, programa que existe desde 1996 – uma das condicionalidades do programa é a jornada escolar integral.

2. Na metodologia, Kassouf usou variáveis de tendência por estado e efeitos fixos para controlar os fatores não observáveis (melhores recursos familiares, motivação da equipe pedagógica etc.) e melhorar os resultados dos programas. No entanto, não estou certo que considerar efeitos fixos e tendenciais seja suficiente para resolver um problema muito comum na avaliação de políticas públicas, o viés de seleção (como as famílias que participam do programa são pobres, é muito mais comum entre elas a evasão escolar e o trabalho infanto-juvenil; por isto, não devemos comparar diretamente as famílias que participam do programa e as famílias que não participam).

3. Kassouf analisou três impactos do programa (matrículas, evasão e aprovação) sobre as escolas beneficiadas. Quanto às matrículas, as escolas com alunos recebendo benefícios do programa bolsa escola ou bolsa família apresentaram crescimento de 2,8% na taxa de matrícula; a evasão cai 30,9% em média e a taxa de aprovação aumenta 53,3% em média. Os dois primeiros resultados são conhecidos, pois vários estudos apontam nesta direção (maior oferta de vagas no ensino fundamental, por exemplo, é uma das causas deste problema; além disso, as crianças e adolescentes não abandonam mais a escola, mas também não deixam de trabalhar – há resultados positivos, mas também negativos). A elevação das taxas de aprovação é que destoa dos resultados frequentemente encontrados, pois li alguns trabalhos recentes que mostram (baseadas em metodologias mais robustas e melhores bancos de dados) que o programa bolsa-família não teve efeitos significativos sobre o desempenho escolar.

É neste sentido que julgo não ser definitivo os resultados de Kassouf, dadas as dificuldades apontadas pela mesma. O mais adequado é esperar que outros estudos confirmem ou refutem estes resultados. Até o momento, sei que o IPEA conduz estudos semelhantes cruzando dados do cadastro único com dados do IDEB. Abcs.


http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... o-escolar/
Bolsa Família tem impacto positivo sobre evasão escolar dos adolescentes

Do Valor de hoje


Alunos cujas famílias recebem dinheiro do Bolsa Família apresentam melhores índices de aprovação e abandono escolar que os estudantes regulares da rede pública brasileira. Esse é o principal resultado do cruzamento de informações entre o Educacenso e o Sistema Presença, ferramenta do Ministério da Educação (MEC) que verifica se os filhos dos beneficiados do principal programa social do governo federal estão indo à escola.

De acordo com dados cedidos ao Valor pelo MEC, dos 500 mil alunos do ensino médio de 16 e 17 anos que recebem o Bolsa Família 81,1% passam de ano, enquanto a taxa de aprovação média dos mais de 7 milhões de jovens do censo escolar de 2008 no antigo colegial é de 72,6%. O índice de abandono da escola nesse ciclo educacional chega a 7,2% entre os beneficiários de transferência de renda do governo e 14,3% entre o total geral de estudantes contabilizados pelo Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão de estatísticas do MEC.

No ensino fundamental, que concentra mais de 30 milhões de crianças matriculadas da 1ª à 8ª séries, a taxa de evasão dos mais de 9 milhões de alunos beneficiários do Bolsa Família é de 3,6%. O restante dos estudantes dessa etapa apresenta índice de 4,8% de abandono da escola. Em termos de aprovação, os alunos do ensino fundamental que não recebem apoio social têm melhor desempenho, com taxa de 82,3%, ante média de 80,5% daquelas crianças cujos pais recebem recursos federais.

Segundo Daniel Ximenes, diretor de estudos e acompanhamento das vulnerabilidades educacionais do MEC, a diferença de desempenho – em termos de frequência e rendimento – está diretamente relacionado com os benefícios do Bolsa Família recebidos pelas famílias pobres.

“A transferência de renda condicionada provoca alerta e cobrança por parte dos pais e reforça o desafio de fazer as crianças permanecerem na escola com maior regularidade. No longo prazo, isso ajuda a corrigir trajetória ruim no processo educacional brasileiro entre crianças e jovens da turma da pobreza”, afirma Ximenes.

O diretor do MEC aproveitou para divulgar resultado do mais recente monitoramento de frequência escolar do Bolsa Família, referente aos meses de fevereiro e março. O balanço mostra que 95% dos 14,117 milhões de crianças e jovens beneficiários com identificação escolar cumprem a regra de frequência exigida pelo programa. O acompanhamento revela que 276,9 mil alunos estão abaixo da exigência e 322,9 mil sequer têm um registro de frequência, totalizando quase 600 mil crianças em situação irregular.

Nesse caso, os beneficiários podem ser punidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que coordena o programa. Para receber o benefício do Bolsa Família em dia, uma das condicionalidades é que os pais matriculem os filhos na escola. Os alunos de até 15 anos precisam manter participação de, no mínimo, 85% das aulas a cada mês. A determinação para adolescentes de 16 e 17 anos é de frequência a pelo menos 75% das aulas

http://www.pernambuco.com/ultimas/nota. ... e=Economia
Aumento de renda faz 2,2 milhões de famílias saírem do Programa Bolsa Família
Gilberto Costa, AGÊNCIA BRASIL


Brasília - Dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) informam que até janeiro deste ano mais de 4,1 milhões de famílias tiveram o benefício do Programa Bolsa Família cancelado. O principal motivo do corte é a renda per capita familiar superior à renda mínima estabelecida pelo programa. Mais de 2,2 milhões de famílias (54% dos casos) abriram mão do benefício ou tiveram o auxílio suspenso pela elevação da renda.

Toda família com renda mensal por integrante de até R$ 140 tem direito ao benefício. O valor varia conforme o tamanho da família, o número de crianças e adolescentes na escola. O auxílio vai de R$ 22 a R$ 200 por mês.

O motorista Eduardo Rodrigues, que mora em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, e é pai de uma menina, abriu mão de R$ 40 mensais porque passou em um concurso público. "Não era justo continuarmos recebendo". Também suspendeu o benefício Sônia de Morais Mendes, moradora de Belo Horizonte. Mãe de três filhos, recebia R$ 112 por mês. Ela aumentou a renda familiar porque voltou com o ex-marido e conseguiu trabalho. "Eu hoje não preciso mais desse dinheiro, por isso fui à prefeitura e dei baixa", contou.


O vendedor da Feira Livre de Marília (SP) Osvaldo Dutra de Oliveira Primo, pai de dois filhos, precisou do benefício do programa por cerca de três anos. "Foi uma época que estava desempregado, com problema de saúde. Eu praticamente alimentava minha família com esse dinheiro", lembra. Depois de voltar a trabalhar não sacou mais o auxílio. "Eu usei na extrema necessidade. Assim que tive condições, procurei dar baixa para que outras famílias pudessem ter o benefício".

Para o governo, os pedidos de cancelamento mostram que o programa tem porta de saída. "Sempre teve", comentou secretária nacional de Renda e Cidadania, Lúcia Modesto, quando o ministério divulgou o perfil das famílias beneficiadas pelo programa em 31 de maio. A professora Célia de Andrade Lessa Kerstenetzky, do Centro de Estudos Sociais Aplicados, Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) pondera que é "incontestável" que há uma saída, mas "o significado dela é menos claro". Ela "especula" que a razão principal para a saída do programa deva estar relacionada com a melhoria no mercado de trabalho, "essa hipótese parece forte, dadas as evidências de crescimento da renda e do emprego".

Na avaliação do economista Serguei Soares, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a porta de saída do programa é o crescimento econômico. "Ótimo que essas pessoas conseguiram sair, espero que outras consigam também, mas não vai ser o fato de que alguns conseguiram sair que a gente pode ter um acento ejetor ou vá responsabilizar o MDS pelas saídas. Essas dependeram do crescimento econômico", comentou.

O Bolsa Família também foi tema de uma tese de doutorado defendida recentemente no Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). Para a autora da tese, Ana Lúcia Figueiró, o programa tem méritos, mas "abandonou a perspectiva inclusiva e fez opção pela gestão da pobreza". De acordo com ela, o programa previa além da transferência de auxílio, assistência social, geração de emprego e renda, e a participação política. Ela avalia que essas ideias iniciais, já estabelecidas nas ações da cidadania contra a fome e nas discussões do Conselho Nacional de Segurança Alimentar foram abandonadas. "A transferência de renda é vista como um fim em si mesmo. Isso não deveria retirar o foco de uma política emancipatória", assinala.

Atualmente, 12,6 milhões de famílias recebem um total de R$ 1,1 bilhão do programa. A meta do governo é chegar a 12,9 milhões de famílias até o final do ano e atingir grupos vulneráveis ainda não alcançados como os moradores de rua.

http://www.tijolaco.com/?p=18808
Como acabar com o Bolsa-Família

Sônia de Morais Mendes, moradora de Belo Horizonte. Mãe de três filhos, recebia R$ 112 por mês. Ela aumentou a renda familiar porque voltou com o ex-marido e conseguiu trabalho. “Eu hoje não preciso mais desse dinheiro, por isso fui na prefeitura e dei baixa”.
O vendedor da Feira Livre de Marília (SP) Osvaldo Dutra de Oliveira Primo, pai de dois filhos, precisou do benefício do programa por cerca de três anos. “Foi uma época que estava desempregado, com problema de saúde. Eu praticamente alimentava minha família com esse dinheiro”, lembra. Depois de voltar a trabalhar não sacou mais o auxílio. “Eu usei na extrema necessidade. Assim que tive condições, procurei dar baixa para que outras famílias pudessem ter o benefício”.

As famílias de Sônia e Oswaldo são duas das 2,2 milhões que perderam o benefício do Bolsa-Família porque abriram mão espontaneamente ou tiveram uma elevação de renda. Estas famílias representam mais da metade (54%) das 4 milhões que deixaram de receber o benefício até janeiro deste ano.

A matéria está publicada no Diário de Pernambuco, ainda não a vi nos grandes jornais do país preferem apontar um ou outro caso para tentar fazer crer que o nosso povo é uma gente indolente e desonesta, que prefere não ter carteira assinada para não deixar de receber o benefício.

Obrigado ao leitor Nabil, de Aquidauana, pela dica.
http://www.cartacapital.com.br/app/colu ... 2=5&i=7368
A paternidade do Bolsa Família

27/07/2010 11:03:40
Marcos Coimbra


Para a opinião pública, o programa só tem um pai: Lula. Sem ele, seria local, menor, destinado
a grupos muito especiais. Não teria se transformado no que é hoje. Serra não pode ficar longe
do programa, mas há coisas contra as quais é impossível lutar

Diz a sabedoria popular que filho feio não tem pai. Que ninguém assume a paternidade de algo de que as pessoas não gostam, seja lá por qual motivo for.
Da expressão se deduz o inverso, que todos querem ser pais dos filhos bonitos. Não há quem não pose de responsável por eles.

O Bolsa Família é um programa federal de que uma vasta maioria da população gosta. Na verdade, adora.

Ainda no ano passado, longe, portanto, do cenário de disputa eleitoral, o Vox Populi fez várias pesquisas sobre a sua imagem. Os resultados foram parecidos aos de outros institutos, em trabalhos feitos na mesma época.

Em novembro, 67% dos entrevistados no conjunto do País o avaliaram como “ótimo” ou “bom”, 25% disseram que era “regular” e apenas 8% consideram que era “ruim” ou “péssimo”.
Por isso, não foram surpreendentes as respostas sobre o que esperavam (desejavam) que o próximo presidente fizesse: 70% dos entrevistados gostariam que fosse mantido integralmente ou que “continuassem muitas coisas e mudassem algumas” na sua operação. Os que achavam que devia ser mudado em profundidade representavam 8% do total (provavelmente os mesmos que o reprovavam).

Como devem se comportar os candidatos em relação a um programa assim, com uma avaliação tão favorável? O que devem fazer e dizer, incluindo aqueles que discordam dele e que, no íntimo, gostariam de interrompê-lo (ou de alterá-lo tão drasticamente que ninguém mais o reconheceria)?

O bê a bá dos marqueteiros tem uma recomendação clara em situações semelhantes: chegar-se perto do programa, mostrar-se seu defensor, garantir que seria mantido e “melhorado” se vencesse. Mas o ideal seria reivindicar sua paternidade. Convencer as pessoas de que aquilo de que elas gostam é obra sua. Haveria garantia maior de continuidade que a palavra do pai verdadeiro?

O PSDB tem, com o Bolsa Família, uma relação cheia de tensões e ambiguidades. No fundo, seus principais intelectuais sempre tiveram dúvidas sobre iniciativas como esta. Certos ou errados, achavam que era um tipo de programa que precisava existir, em situações bem específicas de extrema pobreza e completa incapacidade, mas que, por isso mesmo, deveria ser limitado e altamente focalizado.

Não é acaso que a administração tucana que é hoje apresentada como matriz do Bolsa Família fosse municipal. Teria sido em 1994, em Campinas, quando José Roberto Magalhães Teixeira era prefeito, que o programa nasceu. Sem discutir se os que mais direito têm de pleitear o título de seus inspiradores são Cristovam Buarque (na época em que era o governador petista do Distrito Federal) ou Antonio Palocci (quando prefeito de Ribeirão Preto), o interessante é que não foi um governador ou, muito menos, Fernando Henrique, seu inventor na historiografia do PSDB.

Na verdade, a questão não é de arqueologia. Se foi fulano ou beltrano quem, pela primeira vez, imaginou que algo assim era necessário. Para a opinião pública brasileira, o programa só tem um pai: Lula. Sem ele, seria local, menor, destinado a grupos muito especiais da população. Nunca teria se transformado no que é hoje.

Para Serra, o delicado, ao falar do Bolsa Família e avocar sua paternidade, é lidar com seus eleitores mais genuínos. Não é só o PSDB que tem dificuldades com o programa, mas os segmentos de opinião que mais perto estão dele. O eleitor tucano costuma ter ojeriza a ele, tendendo a vê-lo como o instrumento pelo qual seu desafeto (Lula) chegou onde está. São os que acreditam que os pobres só gostam do presidente por que foram comprados com uns tostõezinhos por mês.

Serra não pode ficar longe do programa, ainda que isso contrarie algumas de suas convicções e incomode seus seguidores fiéis. Mas há coisas contra as quais é impossível lutar. Por mais que tente, o Bolsa Família continuará umbilicalmente ligado a Lula.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#9 Mensagem por Carnage » 05 Fev 2011, 20:11

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... a-familia/
17/12/2009 - 19:14
Os resultados da Bolsa Família
Da Revista Pesquisa da FAPESP
Mudança veloz
Transferência de renda e acesso à educação são pilares da queda da desnutrição infantil no Nordeste
Fabrício Marques

Desnutrição de crianças caiu de 22,2% para 5,9% no Nordeste


A desnutrição infantil no Nordeste pode desaparecer do mapa das mazelas brasileiras em menos de 10 anos caso o problema continue a diminuir com a velocidade observada nos últimos 10 anos. A conclusão é de um trabalho coor­denado por Carlos Augusto Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, e Ana Lucia Lovadino de Lima, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e bolsista de pós-doutorado da FAPESP. O estudo, que deve ser publicado na edição de janeiro da Revista de Saúde Púlica, mostra que a prevalência da desnutrição foi reduzida em um terço entre 1986 e 1996, caindo de 33,9% para 22,2% das crianças nordestinas, e em quase três quartos de 1996 a 2006, despencando para 5,9%. “Essa velocidade é inédita. Nenhum outro estudo no mundo revelou uma queda da desnutrição tão grande nesse espaço de tempo”, diz Carlos Augusto Monteiro.

A queda da desnutrição no Brasil, em particular no Nordeste, já havia sido detectada em estudos anteriores do Nupens. O que o trabalho dos pesquisadores da USP trouxe como novidade foi a comparação dos fatores que levaram, nas últimas duas décadas, à redução nas taxas de retardo do crescimento infantil – os déficits de estatura são referências mais fidedignas para mensurar a desnutrição crônica até mesmo do que os déficits de peso. Essa análise só foi viável no Nordeste porque a região, que sistematicamente concentrava o problema da desnutrição infantil no país, dispunha de uma rica fonte de dados que permitia a comparação, no caso os inquéritos domiciliares de um programa internacional, a Pesquisa de Demografia e Saúde, feitos em 1986, 1996 e 2006.

O estudo foi além e buscou identificar as razões do declínio. Concluiu que fatores distintos derrubaram a desnutrição no Nordeste nos dois períodos. Enquanto entre 1986 e 1996 a melhoria na escolaridade materna e a disponibilidade de serviços de saneamento foram os fatores centrais, no segundo período o fenômeno está atrelado ao aumento do poder aquisitivo das famílias, impulsionado por programas de transferência de renda, como o bolsa-família ou o aumento do salário mínimo, e, novamente, a melhoria da escolaridade materna. “Para controlar o problema em 10 anos será preciso manter o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres e assegurar investimentos públicos para completar a universalização do acesso a serviços essenciais de educação, saúde e saneamento”, diz Ana Lucia Lovadino.

Os resultados da pesquisa mostram que medidas como a transferência direta de renda tiveram um reflexo instantâneo e significativo na redução das taxas de desnutrição. Segundo Carlos Augusto Monteiro, a focalização de recursos produziu efeitos sensíveis na questão da desnutrição. “Parece pouco, mas com R$ 100 por família vitimada pela miséria extrema o panorama da desnutrição muda radicalmente”, afirma. O crescimento econômico registrado nessa década serviu de estímulo, mas, diz Monteiro, momentos da história do país em que houve um desenvolvimento econômico bem superior, como o caso do milagre brasileiro dos anos 1970, não foram acompanhados por quedas da desnutrição no Nordeste como agora. De acordo com ele, a melhora da taxa de desnutrição no país desatrelou-se da evolução do Produto Interno Bruto (PIB). “O PIB do país sugeriria uma prevalência de desnutrição maior que a observada. O México, por exemplo, que tem um PIB próximo do nosso, tem taxa de desnutrição de 13 a 14%”, afirma.

http://www.fomezero.gov.br/noticias/mer ... sa-familia
Mercado de trabalho em Fortaleza (CE) conta com a força de beneficiárias do Bolsa Família
2010-03-16 11:44


Assim que terminou o curso de costura industrial promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Fortaleza (CE), Lúcia Inês Batista da Silva começou a trabalhar numa das maiores indústrias de confecções do país. Um ano e meio após o início da nova atividade - em janeiro de 2010 - a beneficiária do Programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), tirou férias e aproveitou o merecido descanso. Outro bom motivo para comemorar é que além do salário de R$ 555,00, Lúcia já ganha prêmio por produção. “Foi uma virada na minha vida. Hoje sou uma profissional”, declara a cearense, que planeja adquirir uma máquina de costura industrial para aumentar a renda e melhorar os calçados e cintos produzidos pelo marido em casa.

A história de Lúcia Batista desmente texto anônimo que circula na internet, segundo o qual 500 mulheres atendidas pelo programa de transferência de renda foram capacitadas na área têxtil, em Fortaleza, e nenhuma delas aceitou emprego para não perder o benefício do Bolsa Família.

Desafio da inclusão - Lúcia Batista integra o grupo de 240 beneficiárias (e não 500, como diz o texto inverídico) que iniciaram a qualificação. Destas, 154 finalizaram o curso com a média mínima exigida (acima de 8) e foram encaminhadas ao Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado do Ceará (Sindtêxtil), que deveria viabilizar o ingresso das beneficiárias no mercado de trabalho, conforme prevê o acordo de cooperação técnica assinado, em 5 de junho de 2008, entre a Secretaria Municipal de Assistência Social de Fortaleza (Semas), o Sindtêxtil e o Senai regional do Ceará.

Levantamento feito pela Semas, sobre 145 mulheres que foram qualificadas e encaminhadas ao sindicato, mostra que apenas 16 beneficiárias ou 11% foram indicadas pelo Sinditêxtil para entrevistas de empregos em empresas de seus associados. O relatório da secretaria destaca que todas as mulheres que estão trabalhando na área do curso desenvolvido pelo Senai conseguiram vagas no mercado de trabalho por iniciativa própria ou por indicação da própria secretaria e não pelo sindicato, conforme previam as obrigações estabelecidas pelo acordo de cooperação.

Um exemplo é a beneficiária do Bolsa Família Francisca da Silva Santos. Ela, que também fez o curso profissionalizante, foi entrevistada por uma outra indústria de confecções, há mais de um ano, e até agora não foi chamada para trabalhar. Viúva e mãe de três filhos, Francisca se vira como pode. Comprou uma máquina de costura e faz consertos básicos. “Ganho uns trocados que dá para comprar o pão. “Quero ter o meu emprego e a minha carteira de trabalho assinada”, afirma a beneficiária, contradizendo o texto que tenta disseminar a falsa idéia de que a população atendida pelo Bolsa Família fica acomodada ao receber o benefício.

O balanço da Semas aponta que 57 mulheres foram inseridas no mercado de trabalho da capital cearense, mesmo sem a participação efetiva do Sindtêxtil. Das 145 mulheres pesquisadas, 127 ou 88% declararam que são capazes de exercer a atividade de costureira e 89 (61%) tiveram oportunidade de adquirir experiência no mercado formal ou informal de trabalho (veja quadros baixo).

Preconceito - “A parceria tornou visível o preconceito do segmento empresarial com o Bolsa Família e com as mulheres”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Elaene Rodrigues. Ela revela que, inicialmente, alguns representantes do setor têxtil queriam que as mulheres qualificadas trabalhassem três meses sem remuneração para depois serem avaliadas. Essa proposta foi recusada pela Secretaria de Assistência Social.

“Os empresários não foram sensibilizados pelo Sindtêxtil, conforme previam as regras assumidas na parceria” revela a secretária. Lúcia Batista começou a trabalhar sem que houvesse indicação do sindicato. Assim como ela, as outras participantes do curso precisam de condições especiais para se inserirem no mercado de trabalho. “Algumas estão fora do mercado há muito tempo, outras nunca tiveram a carteira de trabalho assinada e existe uma parcela que nunca trabalhou”, avalia a mobilizadora social da Semas, Lucimeire Calandrini.

Outro problema identificado por Lucimeire é que a mulher é considerada mão-de-obra barata pelo segmento de confecção em Fortaleza. “Muitas empresas querem que as mulheres trabalhem por produção, pagando valores que variam entre R$ 0,10 e R$ 0,20 centavos por peça costurada”, conta a mobilizadora social. Nessas condições, segundo Lucimeire Calandrini, mesmo que a mulher trabalhe o mês inteiro consegue ganhar, no máximo, entre R$ 30,00 e R$ 40,00.

O curso de costura industrial foi realizado no período de junho a setembro de 2008, mas em janeiro de 2010 o sindicato não soube precisar quantas mulheres foram incluídas no mercado de trabalho por iniciativa da entidade. O presidente do Sindtêxtil, Ivan Bezerra Filho, negou que a indústria têxtil e confeccionista local pague valores tão baixos. “O setor de confecção cearense possui o hábito de remunerar seus colaboradores com benefícios como o “prêmio de produção”. Tal benefício, entretanto, não implica em prejuízo quanto aos valores salariais fixos mensais, que à época variavam entre R$ 400,00 e R$ 600,00”, observou Bezerra, em resposta encaminhada ao MDS por e-mail.

Explicações - A sensibilização do segmento empresarial foi feita pelo Sindtêxtil por meio de mala-direta às entidades parceiras. Segundo informações enviadas ao MDS, o sindicato delegou ao Sistema Nacional de Empregos (Sine) o encaminhamento das beneficiárias qualificadas às vagas de trabalho de acordo com a demanda existente. O Sindtêxtil também desconhece casos em que as mulheres qualificadas se recusaram a trabalhar para não perder o benefício do Bolsa Família. A qualificação das costureiras foi custeada pelo Governo Federal e pela Prefeitura de Fortaleza. O acordo de cooperação estabeleceu que do total de R$ 400 mil, R$ 388 mil foram recursos da União e R$ 12 mil do orçamento municipal.

Benefício e carteira assinada - Carteira assinada não impede a família de receber o benefício do Bolsa Família. O critério para inclusão no programa do MDS é renda mensal de até R$ 140,00 por pessoa. Uma família com quatro integrantes, que tem como renda um salário mínimo, por exemplo, pode acumular os valores do benefício e do trabalho, desde que tenha filho de até 17 anos freqüentando a escola. As famílias também podem permanecer no programa por dois anos, mesmo com variação de renda acima do limite instituído. Esse período é necessário para que a família tenha segurança de que a sua inserção no mercado de trabalho é sustentável.

A tentativa de mostrar que os valores transferidos pelo programa - que representam um incremento médio de 47% na renda das famílias - geram acomodação dos beneficiários não se sustenta. Segundo o IBGE, entre os beneficiários do Bolsa Família, o índice de pessoas trabalhando é de 77%, um pouco maior do que os não-beneficiários (73%). De acordo com o Ibase, 99,5% dos beneficiários não deixaram de fazer algum tipo de trabalho depois que passaram a receber o Bolsa Família. O programa atende cerca de 12,4 milhões de famílias em todos os Municípios brasileiros, transferindo a essa população mais de R$ 1,1 bilhão por mês. Estudos mostram que o Bolsa Família contribuiu para redução da pobreza, da desigualdade e garante acesso à alimentação da parcela considerada extremamente pobre.

Roseli Garcia
Tinha um outro texto muito bom, que mostrava que pra cada tanto que era gasto com o BF um tanto em porcentagem era acrescido ao crescimento do PIB, mas não encontrei mais este texto.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#10 Mensagem por Compson » 07 Fev 2011, 11:54

Apenas algumas notas histórico-ideológicas...

Não vamos esquecer que esse tipo de auxílio tem origem de centro-direita, no liberalismo clássico do século XX (Hayek, Friedman, não os neoliberais aloprados, claro), a partir do raciocínio de que o livre mercado é a melhor organização social democrática, mas, exatamente por ser livre, está sujeito a oscilações e distorções que devem ser compensadas pelo Estado.

A esquerda pra valer (não a esquerda mauricinha dos Suplicys da vida) sempre viu essas coisas com reticência, como um assistencialismo destinado pelo Estado burguês a postergar o advento da revolução ou, pelo menos, da distribuição efetiva da renda por meio do trabalho.

O Bolsa Família é bom como programa social (não sei se seu efeito de dinamização econômica é realmente significante), mas não deve ser visto como um direito e sim um quebra-galho (assim como outros programas "assistencialistas" como cotas sociais/raciais) até que exista uma situação de relativa igualdade.

Outro ponto que acho interessante (e que distingue o Bolsa Família das iniciativas anteriores) é o pagamento em dinheiro, o que respeita a autonomia de consumo do beneficiário e não o trata como um bicho que só precisa de ônibus, gás e comida...

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#11 Mensagem por Rover » 07 Fev 2011, 18:45

Um pouco acima temos a citação de uma matéria sobre a Paternidade do Bolsa Família, mas o único porém é que a fonte é a tendenciosa revista Carta Capital que, é claro, conclui o finalmente que o programa não seria nada sem o Lula.

Bem, felizmente, não quero dizer o meu nível de proximidade, mas pude acompanhar desde os andamentos de cada um dos programas antes de eles englobarem o Cartão Cidadão (Hoje Cartão Bolsa Família) e igualmente a criação dos Cadastro Único dos Programas Sociais, que era objeto de críticas dos petistas e depois engoliram o cadastro todo do jeitinho que estavam, inclusive elogiando-o (Também presenciei isso). No último mês do governo FHC, o cadastro único já estava engrenado e já atendiam mais de 6 milhões de famílias, portanto pegaram o programa com o seu andamento a todo vapor. O que o governo Lula fez? Apagou as marcas dos programas da gestão anterior unificando-os. mera estratégia de Marketing. Não precisava ter o trabalho de criar um programa novo para levantar a área social do governo, bastava simplesmente passar um pouquinho de maquiagem no que já existia e assumir a paternidade, como o fizeram. O governo do PT não teve nenhum mérito em relação a paternidade desse programa.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#12 Mensagem por Compson » 07 Fev 2011, 21:22

Não quis entrar no mérito da origem do Bolsa Família especificamente. Não posso falar muito, pois minha única informação a respeito provém do Reinaldo Azevedo... Mas acho que há uma diferença significativa entre dar um monte de auxílios específicos (gás, alimentação, escola) e dar dinheiro. Creio que a segunda opção respeita muito mais o benficiário...

Também quando disse que a esquerda acusava "assistencialismo", acho saudável as pessoas mudarem de ideia... Demonstra alguma conexão com a realidade. O que não pode é passar para o extremo oposto e achar que transferências de renda são uma panaceia.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#13 Mensagem por bullitt » 08 Fev 2011, 00:06

A Bolsa Família acabou dando certo, apesar de ser altamente populista e eleitoreira. Como foi citado pelo colega, é um quebra-galho. Aliás muita coisa que se inventa no Brasil é quebra-galho.

Os governantes brasileiros (seja lá qual for o partido) quase sempre optam pela saída mais fácil de resolver um problema, tanto é que assuntos prioritários para o país se arrastam por anos, como a tal da reforma tributária. Por sinal, uma reforma tributária não renderia votos do povão. E finalmente quando a coisa tá feia cria-se até um novo imposto, ao invés de cortar despesas.

O governo anterior foi bastante generoso com o dinheiro do contribuinte, entretanto nada de cortar na própria carne. Muito pelo contrário, por exemplo aumentaram-se os salários dos políticos de forma pornográfica. Ficou para a Dilma a tarefa ingrata de tomar medidas impopulares ou polêmicas, conter gastos, e tem que aguentar caladinha a enorme dívida interna sem ter que recorrer ao velho discurso da "culpa do governo anterior."

Outro exemplo, o governo alardeou o tal do trem bala porém pelo andar da carruagem nada de expandir os aeroportos e/ou construir um terceiro aeroporto em São Paulo. O que seria mais prioritário? Qual seria mais visível perante o eleitorado? Aliás, não daria para construir mais ferrovias normais?

Assim, dentro desse cenário, o Bolsa Família vai durar, e muito. Dá voto pra caramba.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#14 Mensagem por Bob Guccione » 09 Fev 2011, 09:06

Uma pena que o Bolsa-Família não esteja acompanhado de um programa sério e efetivo de planejamento familiar.

É vergonhoso o que acontece com as mulheres nos rincões do Brasil, usadas e abusadas como máquinas de procriar. Todo ano, uma gestação. Sem mencionar que os "garanhões" também arrumam filhos fora do casamento.

Isso é de uma irresponsabilidade atroz.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#15 Mensagem por Rover » 09 Fev 2011, 09:56

Particularmente eu não concorda com o Bolsa-Família da forma que está. Anteriormente, antes da unificação, o Bolsa Escola por exemplo, tinha mais condicionalidades do que agora, tinha mais critérios e incentivava mais a educação. Depois que unificaram, acabaram com certas contrapartidas, com certas exigências, claramente afim de facilitar a entrada de beneficiários no cadastro, ou seja, abriram as pernas.

Seria muito bom que tivessem no mínimo a volta de certas condicionalidades e programas de capacitação e de geração de renda para poder tornar desgrudar o cidadão dessa dependência do governo e aumentar sua auto-estima.

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